
As medidas adotadas pelo governo federal contra o risco de racionamento de energia no Brasil podem ampliar a crise econômica que já afeta o maior balneário turístico de Minas Gerais, o Lago de Furnas.
O governo avalia editar uma MP (medida provisória) que vai priorizar o uso da água nas barragens das usinas para o setor elétrico. No caso de Furnas, já existe um embate entre soltar mais água —para abastecer outras hidrelétricas rio abaixo— ou segurá-la, para preservar as atividades econômicas atreladas ao lago, como o turismo.
Como a crise hídrica está comprometendo a oferta de energia, a nova MP já é vista como ameaça pelos prefeitos dos municípios cuja economia gravita no entorno do reservatório.
O lago se espalha por 34 municípios. Segundo dados da Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas), o turismo na região já deixa de faturar R$ 53,8 milhões por ano por causa da redução no nível do reservatório.
O turismo sofreu um forte baque durante a pandemia do novo coronavírus. Agora, quando a vacinação avança e a imunização pode trazer de volta os turistas, é a crise energética que ameaça a atividade.
O prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva (PP), afirma que a cota considerada ideal para garantir a atividade econômica voltada para o turismo no entorno do lago é de 762 metros acima do nível do mar. No entanto, ela foi reduzida e um novo limite, menor, seria insustentável.
O presidente do senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apadrinhou os prefeitos da região e busca garantir a cota mínima para preservar o turismo e outras atividades econômicas.
Furnas, em nota, afirmou que as usinas hidrelétricas brasileiras integram o Sistema Interligado Nacional que sua operação é planejada e programada pelo ONS, “também responsável por operar o conjunto de reservatórios brasileiros de forma integrada, com o objetivo de garantir a segurança energética”.
Conforme a empresa, o reservatório da usina atualmente está na elevação 758,14 metros, o que representa um volume útil de 33,45%.
“A usina está operando conforme despacho do Operador Nacional do Sistema (ONS), com uma geração em torno de 800 MW, o que corresponde a 65,8% da capacidade instalada”, afirmou.