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Coronavírus derruba o turismo e hotéis começam a fechar as portas

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Setor emprega 380 mil trabalhadores diretos e 1,3 milhão indiretos

O mais recente hotel que fechou as portas é o Hotel Matsubara, no bairro Paraíso em São Paulo (SP). Levantamento da Prefeitura de SP mostra que outros 27 hotéis fecharam definitivamente em 2020 por conta da pandemia e que arrecadação do setor caiu 64% na comparação com 2019.

O último hóspede do Matsubara fez as malas e se despediu do hotel no bairro do Paraíso, Zona Sul de São Paulo, no dia 31 de março de 2021. Desde a última quinta-feira (1º), os mais de 160 quartos do hotel, que já receberam delegações esportivas internacionais e executivos de multinacionais, estão todos vazios.

Com prejuízos acumulados por conta da pandemia de Covid-19, o local fechou as portas no dia 1º de abril e se juntou a outros 27 hotéis que fecharam definitivamente na cidade São Paulo no ano passado, segundo um levantamento da prefeitura. De acordo com o Relatório de Impactos da Pandemia de Covid-19 no Turismo, outros 12 hotéis fecharam temporariamente em 2020 na capital.

Próximo à Avenida 23 de Maio e ao Parque do Ibirapuera, o hotel Matsubara ocupa um edifício de esquina que agora fica apagado. Os proprietários do hotel não quiseram comentar o fechamento. Ex-funcionários do local também disseram que não poderiam se pronunciar.

Em um comunicado enviado a hóspedes, a administração disse que “em razão dos significativos impactos no setor de turismo e de hotelaria em decorrência da pandemia Covid-19” comunica “o encerramento das atividades a partir de 1 de abril de 2021”. Na mensagem, o hotel diz ainda que o processo de encerramento das atividades “é difícil, mas inevitável.”

A pandemia de Covid-19 afetou duramente o setor de turismo da capital. A taxa de ocupação dos hotéis da cidade caiu 58,7% no ano de 2020 em comparação com 2019. Com isso, a arrecadação desses estabelecimentos foi 64,3% menor.

A crise resultou em 6,6 milhões de diárias a menos vendidas em 2020 e, segundo pesquisa da Prefeitura de São Paulo, 68% dos estabelecimentos demitiram funcionários no segundo semestre de 2020.

Efeitos da pandemia

O desemprego causado pelo fechamento de um hotel de grande porte como o Matsubara vai além dos funcionários do estabelecimento, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) em São Paulo, Ricardo Roman Jr.

“Cada hotel deste porte tem cerca de 250 funcionários, em empregos diretos, mas há ainda os indiretos. O nosso setor movimenta uma cadeia de fornecedores muito grande: materiais de limpeza, enxoval, alimentos e bebidas, manutenção predial, entre outras. Então, o número de pessoas afetadas pode ser até cinco vezes maior”, disse Roman Jr.

Segundo a ABIH, o turismo da cidade de São Paulo deve ser mais afetado pela pandemia do que o de outras cidades do estado por conta do perfil dos visitantes da capital, que depende mais do turismo de negócios.

“A hotelaria tem basicamente três tipos de público: lazer, corporativo e eventos. Na retomada imediata após a pandemia, você tem o retorno de apenas um tipo de público, que é o de lazer. No turismo corporativo e de eventos, nós não temos a expectativa de retornar ao que era, vai levar no mínimo uns quatro anos para voltarmos aos níveis de 2019”, avalia o presidente da associação.

O relatório elaborado pela prefeitura sobre o turismo na capital destaca estratégias para a recuperação do setor, mas reconhece obstáculos para a retomada.

No documento, a prefeitura avalia que o turismo de estrangeiros na capital, por exemplo, deve continuar em baixa porque, apesar de o dólar estar valorizado em relação ao real, o que barateia os custos para o turista internacional, o cenário atual não é favorável para o turismo no Brasil.

“O país está com a imagem arranhada pela questão política e pelos altos índices de contaminados e mortos [pela Covid-19]”, afirma a prefeitura em relatório.

Passageiros nos aeroportos

Com as restrições de viagem implementadas em diversos países, o fluxo de passageiros internacionais que chegam aos aeroportos que atendem a cidade de São Paulo (Congonhas, Guarulhos e Viracopos) caiu mais do que o fluxo de passageiros nacionais.

Em 2020, apenas 4,5 milhões de estrangeiros chegaram a São Paulo por esses três aeroportos, contra 15,7 milhões em 2019, uma queda de 71%. Já a redução de passageiros nacionais foi de 50%. Ao todo, 41,5 milhões de passageiros deixaram de circular nos aeroportos que servem a capital paulista.

O número de países conectados a São Paulo por voos diretos também diminuiu: foi de 35 países acessados por voos diretos em janeiro para 26 em dezembro de 2020.

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