
A chuva que atingiu São José da Barra (MG), na madrugada da última quarta-feira (20), deixou rastros de destruição em diversos pontos da cidade. Entre eles, as residências de duas famílias, que tiveram uma surpresa ao abrirem a porta de casa.
Sthefania Azevedo Severino, de 27 anos, conta que ouviu um forte barulho de chuva e foi surpreendida pelo enorme lamaçal em sua residência.
‘’Acordei às 2h da manhã, fui para a porta da minha casa, foi quando a água entrou tudo. Eu desesperei e comecei a ligar para a minha vizinha, porque na casa dela já estava cheio d’água, aí ela atendeu e abriu a porta, quando ela abriu a água também entrou tudo, ela até começou a pedir socorro. Comecei a ligar para a polícia para tentar pedir alguma ajuda. Foi horrível, se não tivesse sido o Pietro e a Márcia para me ajudar eu não sei o que faria.’’
Devido ao nervosismo da moradora, os policiais não conseguiram entender o que estava acontecendo, então ela precisou ir embaixo de chuva até a delegacia, mas encontrou os militares no meio do caminho.
‘’Fomos até a casa da Márcia e acabamos de ajudar ela lá. Ficamos a noite inteira, tirando a água e limpando. Entrou muita lama, lá em casa ainda tá cheio, na da Márcia também, a minha varanda tem que tirar a quantidade com a enxada”, informou Sthefania.

Segundo Márcia Marçal de Lima, de 42 anos, que também teve sua casa inundada, a lama e a água suja estragou diversos itens do imóvel. ‘’Perdi roupa, perdi sofá, perdi parte do guarda roupa que ia montar, materiais de escola do meu filho, eles vão sem nada hoje para a escola’’.
Sthefania diz que é a primeira vez, em um ano e três meses morando no local, que isso acontece.
‘’Ali em cima tem uma cachoeirinha, ali deve ter tido uma pequena cabeça d’água. Porém, já faz mais de um ano e três meses que moro lá e nunca aconteceu isso. Teve chuvas piores e foi a primeira vez que aconteceu, foi só começar a obra do muro do cemitério. Se for lá agora dá para ver o sinal da água que veio do muro do cemitério. Dá para ver que veio da obra da prefeitura’’.
De acordo com Márcia, elas chegaram a ir até às autoridades responsáveis.
‘’Nós fomos no Crás, as meninas de lá mandaram a gente conversar com a Keila (Secretária Municipal de Assistência Social), elas nem foram na nossa casa, nem perguntaram se tinha entrado muita água, só mandaram a gente ir para a prefeitura. Fomos na Keila, ela disse para procurarmos o Secretário de Obras, aí eu perguntei sobre as coisas que ela tinha perdido, ela respondeu que só por doação’’.
As moradoras ainda dizem que a água, que passou pelo cemitério, além de lama, ainda trouxe animais peçonhentos. Elas ainda dizem que o medo maior é da água estar contaminada.
‘’Quando formos limpar a casa apareceu até um escorpião, matamos e colocamos em um potinho. A vigilância disse que até iam lá. A gente não sabe o que veio junto, porque é uma água que passou no cemitério. Conversamos com um advogado e ele disse para tomarmos cuidado, com leptospirose (doença causada pela urina do rato) e com o vírus da Covid-19, já que ali tem gente que foi enterrada com a doença. A minha cachorra estava vomitando agora’’

O Secretário de Obras, Antônio Ivanei, esteve no local.
‘’Eu mostrei uma rachadura causada pela chuva e ele disse que não tinha perigo da casa cair, pois estava sendo segurada por uma ripa, e não disse mais nada’’, contou Sthefania.
Em nota, a Secretária de Assistência Social, Keila Oliveira, informou que conversou com as moradoras, e as orientou a procurar o Secretário de Obras do Município. E afirmou que as mesmas estão sendo acompanhadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
‘’As senhoras Márcia Marçal de Lima e Stefania Azevedo Severino conversaram com a Secretária Municipal de Assistência Social, que as orientou a procurar a Secretaria de Obras, para providências devido ao alagamento. Ciente do fato ocorrido, a equipe do CRAS prontamente realizou visita às residências, sendo observado que a água realmente adentrou os imóveis, não causando grandes prejuízos materiais. Salientamos que as casas são alugadas e, segundo Márcia e Stefania, elas já relataram o ocorrido ao proprietário do imóvel. As famílias já são acompanhadas pelo CRAS, o qual já oferta e continuará ofertando todo suporte necessário às referidas famílias’’.