
A alta de 5,18% no preço da gasolina comum nas refinarias da Petrobras deve reverter as quedas no preço médio do combustível em Passos e São Sebastião do Paraíso, verificadas em maio e junho. O aumento entrou em vigor neste sábado e equivale a R$0,20 por litro. Em Passos, o preço médio da gasolina comum caiu 7,05% em maio e 0,63% até o dia 11 deste mês. Em Paraíso, as quedas foram de 0,26% e 0,65%, respectivamente.
De acordo com informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina em Passos variou de R$7,40, em janeiro, a R$7,30 até o último dia 11. O valor chegou a R$7,68 em março e R$7,90 em abril, quando foram registradas as maiores altas desde o início do ano, 4,06% e 2,88%, respectivamente.
Nos postos de combustíveis de Paraíso, a variação foi de R$7,28, em janeiro, a R$7,64, até o dia 11 de junho. Em Março, o valor do litro da gasolina comum no município chegou a R$7,68, com alta de 6,1% em relação fevereiro, e a R$7,71 em abril, com aumento de 0,4% na comparação com março.
O preço médio do litro do óleo diesel teve queda 1,24% em Passos no último levantamento realizado pela ANP, até o 11 deste mês, e ficou em R$6,83. Em maio, o preço médio do combustível chegou a R$6,92, o maior até o período. Em janeiro, o preço médio do diesel era R$5,61 no município.
Em Paraíso, o preço médio do diesel até o dia 11 de maio estava em R$6,92, mesmo valor registrado no mês anterior. Desde o início de janeiro, o preço médio do diesel na cidade variou de R$5,57 a R$6,92, com maior índice de aumento no mês de março, 11,63% em relação a fevereiro.
REAJUSTES
O litro da gasolina está R$ 0,20 mais caro desde ontem, 18, nas refinarias da Petrobras. O preço do combustível vendido para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06, aumento de 5,18%. O litro do diesel subiu de R$ 4,91 para R$ 5,61, alta de 14,26%.
O preço final da gasolina, cobrado do consumidor, inclui ainda impostos, a mistura obrigatória de etanol anidro e as margens das distribuidoras e dos postos de gasolina. Segundo a Petrobras, a parcela da empresa no preço final ao consumidor passou de R$ 2,81 para R$ 2,96 por litro.
De acordo com a estatal, o combustível não era reajustado desde 11 de março, portanto, há 99 dias. Assim como acontece com a gasolina, o preço final do diesel, cobrado do consumidor, inclui impostos, margens de distribuidoras e postos de combustíveis e a adição obrigatória de biodiesel.
Segundo a empresa, a parcela da Petrobras no preço cobrado ao consumidor passará de R$ 4,42 para R$ 5,05 a cada litro vendido na bomba. O último reajuste ocorreu em 10 de maio, ou seja, há 39 dias.

Reajustes devem anular cortes no ICMS
SÃO PAULO – O reajuste nos preços dos combustíveis anunciado nesta sexta-feira, 17, pela Petrobras, elimina apenas parte do efeito da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pretendido pelo governo. Mas, como são esperados novos aumentos ainda este ano, o corte tributário pode ser anulado, avalia a economista da Tendências Consultoria e pesquisadora associada do Ibre-FGV, Juliana Damasceno.
A alta para a gasolina a partir deste sábado, por exemplo, será de R$ 0,15 por litro, enquanto simulações do governo apresentadas ao Congresso indicam que as desonerações, tanto de ICMS quanto de impostos federais, podem significar redução de R$ 1,65 no litro da gasolina.
“Novos reajustes são previstos para o futuro próximo, seja por conta da pressão cambial ou do preço internacional dos combustíveis”, ressalta Juliana. Ela lembra ainda que a política de desonerações evita, de certa forma, uma inflação hoje, mas que pode ser devolvida no ano que vem.
Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, o reajuste era esperado em razão da crise do petróleo por causa do câmbio – aprofundada com a guerra na Ucrânia. O que reverbera mais, em sua opinião, é a ingerência que o governo quer fazer na Petrobras e na sistemática de preços de combustíveis no País.
“Cada vez que o governo tenta interferir na política de preço como tem feito, a expectativa de inflação se mantém ou até aumenta”, afirma Vale. A MB ainda mantém previsão de 8,7% de inflação neste ano, mas a tendência é de ficar acima disso. Para 2023, as projeções são de 5%. “Tudo o que o governo tem feito na boa intenção de tentar ajudar tem tido efeito contrário”, acrescenta ele.
O controle de preços nunca deu certo, nem no Brasil nem nas experiências internacionais, acrescenta Juliana. Segundo ela, para fazer isso o governo precisa subsidiar as empresas, ou seja, vai estar indiretamente financiando esse controle de preços, o que não é sustentável no longo prazo.
“Em algum momento esse preço vai ser solto, como aconteceu no governo Dilma, e a inflação vem com toda força logo em seguida”, afirma Juliana. “Nenhum país no mundo conseguiu controlar, no longo prazo, preço de combustível na força”.
Juliana ressalta que a Petrobras não está errada em fazer esse reajuste, pois está seguindo a boa prática internacional, necessária para manter a operação.
DESONERAÇÃO
Em relação ao corte do ICMS, Juliana vê a medida como não eficaz, por ser uma desoneração generalizada. “Uma pessoa mais rica tem acesso ao mesmo benefício que uma pobre, ou seja, a pessoa que vai abastecer sua Mercedes tem o mesmo incentivo do que aquela que abastece um carro popular, e isso não faz muito sentido”, diz.
Em sua opinião, o que faria mais sentido é a adoção do benefício focalizado, similar ao que tem sido feito em diversos países da Europa. “Teria mais efeito em termos de retorno, além de custar menos porque poderia ser feito de forma temporária, o que permitira maior controle sobre o orçamento que seria impactado”
Na visão de Vale, o governo fez a opção errada de política para tentar contrapor a alta de preço de petróleo. Uma alternativa, diz ele, seria a criação de um “pool de recursos” entre o governo, via dividendos da Petrobras, e Estados, cujas arrecadações aumentaram no último ano por conta do combustível.
Esses recursos seriam direcionados para a população que mais precisa, seja por meio de um vaucher ou aumento específico e parcial de renda para a população mais pobre. “Seria uma política pública de curto prazo com instrumentos de curto prazo que faria muito mais sentido e teria efeito de popularidade maior porque não afetaria a política fiscal de longo prazo”, explica Vale.
Via: Clic Folha.