Um entregador foi impedido por uma moradora de um condomínio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, de usar o elevador social do prédio. João Eduardo Silva de Jesus fazia uma entrega de garrafas de água mineral quando a mulher impediu que ele subisse junto com ela e exigiu que ele usasse o equipamento “de serviço”.
O caso ocorreu no último domingo (11) e foi registrado na delegacia como injúria por preconceito.
Imagens feitas pelo próprio entregador mostram a mulher, que foi identificada por testemunhas como Cláudia, dizendo para ele usar o elevador “de serviço”. A lei municipal do Rio 3.629/2003 proíbe qualquer tipo de discriminação no uso dos elevadores na cidade, seja em virtude de raça, sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e doença não contagiosa.
O vídeo gravado pela vítima mostra o seguinte diálogo:
– Moradora: Você não vai subir aqui não.”
– Entregador: “Por que não vou subir?”
– Moradora: “Pela sua ousadia.”
– Entregador: “Me diz onde está a ousadia.”
– Moradora: “[Falou] que não existe elevador de serviço.”
Entregador citou lei municipal
Durante a discussão no elevador, mantido com a porta aberta enquanto a mulher impedia o entregador de subir junto com ela, a vítima citou a lei municipal de 2003. “Isso é uma lei agora. A senhora não sabe? Se a senhora não sabe, está sabendo agora. E eu vou subir sim”, afirmou João.
“Eu sou condômina. Eu pago condomínio. Você paga?”, disse a moradora em outro momento da discussão. João retrucou: “Tu paga condomínio… Qual diferença tem se tu é condômina ou não? Tu é melhor que eu? (sic)”, respondeu João.
Enquanto a moradora e o entregador discutiam, mais pessoas chegaram para usar o elevador. Uma mulher identificada como Sharlene foi ao prédio para visitar o namorado, acompanhada da mãe. As duas viram a cena e tentaram ajudar João, momento em que ele pediu para o porteiro ser chamado.
Segundo as testemunhas, além de impedir o entregador de subir, a agressora gritou com elas e as xingou.
A moradora Hildeia Magalhães França contou nunca ter visto antes no condomínio um caso assim, com um entregador sendo barrado no elevador. Ela também disse que a placa do elevador “de serviço” foi substituída por outra com a palavra “funcional”., mas que o uso do equipamento é comum, para todos.
No prédio, há dois elevadores e um botão pra chamar. Normalmente funciona assim: o que chegar primeiro a pessoa usa, nao importa se for um morador ou um entregador.
Mesmo assim, Cláudia continuou impedindo que João subisse com ela.
A lei também obriga os condomínios a colocar uma placa dentro os elevadores vedando qualquer forma de discriminação. A equipe do RJ2 não encontrou nenhuma placa no elevador do prédio.
A confusão só terminou quando o porteiro pediu pra que João saísse do elevador pra evitar desgastes.
Ocorrência de injúria por preconceito
O registro na delegacia foi feito por injúria por preconceito artigo 11 da lei do racismo prevê prisão de 1 a 3 anos para quem impedir o acesso às entradas sociais de edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escadas de acesso.
“Ela fez tanta questão de uma coisa tão fútil, sabe? Um pouco pela minha cor também e pela classe social, talvez por eu ser entregador. É triste, é desgastante também. Desgaste emocional, to um pouco abalado. A gente acorda cedo para trabalhar, para correr atrás do pão de cada dia e se depara com pessoas assim”, disse o entregador.
A equipe do RJ2 tentou falar com a moradora, mas foi informada que ela não estava em casa.
O condomínio residencial Aroazes lamentou o ocorrido, disse que não concorda com esse tipo de atitude e que os elevadores são liberados pra todos, sem discriminação.
Quanto à ausência das placas nos elevadores com essa informação, obrigatórias por lei, a síndica afirmou que vai providenciar as placas amanhã.
O que a Sra sindica deveria fazer é procurar esse entregador e se desculpar pela falta de placas.Talvez essa imbecil só entenda lendo.
Fala sério.Isso tá claro que foi racismo.
O porteiro errou em fazer o rapaz descer, tinha que fazer valer a lei.
A sra que descesse , já que estava tão incomodada, tem que processar essa senhora mesmo.
Porteiro despreparado.