A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fizeram na manhã desta quinta-feira (18) uma operação contra uma associação criminosa que fraudava a fabricação e comercialização de mel no Sul de Minas. Segundo as investigações, o grupo usava açúcar invertido, mais conhecido como xarope de açúcar, para produzir mel adulterado.
Foram expedidos 14 mandados de busca e apreensão e sequestro de bens em Campestre e Poços de Caldas. A operação foi nomeada de “Xaropel”.
“Foram coletadas amostras em várias fases da fabricação do produto, que vão ser analisadas pela Polícia Federal e auditores do Ministério da Agricultura. Foram encontradas também embalagens com rótulos falsos contendo selos de inspeção federal falsos, rótulos sem qualquer identificação de onde era feito o produto. Ficou muito evidente o descaso para com o consumidor final. É um produto que em tese deveria ser recomendado por médicos para fins terapêuticos, mas é altamente danoso para a saúde pública e a população”, afirmou o delegado da Receita Federal, Fabrício Diogo Braga.
Os suspeitos distribuíam mel falsificado em estabelecimentos da região e no estado de São Paulo. Segundo o delegado da Polícia Federal, a maior parte do produto era distribuída para a cidade de São Paulo. Além de fraudar a fabricação do mel, os integrantes da organização criminosa adulteravam o registro do Sistema de Inspeção Federal (SIF).
Segundo a Polícia Federal, os envolvidos poderão responder pelos crimes de associação criminosa; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios; invólucro ou recipiente com falsa indicação e falsificação de selo ou sinal público. Se condenados, os suspeitos poderão cumprir até 22 anos de prisão e multa.
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As investigações
Segundo a Polícia Federal, durante as investigações foi descoberto que o grupo produzia e comercializava mel desde 2018 por meio de três empresas sediadas em Campestre. Uma destas empresas foi interditada pelo MAPA durante uma fiscalização por causa de irregularidades.
“Elas se valiam por diversas marcas, que ficavam no mercado por pouco tempo. Na medida que o consumidor não gostava do produto, iam abandonando a marca. Desta forma a empresa não investia na marca em si, mas no produto falsificado. A marca era facilmente substituída no varejo”, explicou.
Mesmo interditada, o MAPA recebeu informações e reclamações de produtos comercializados pela empresa no Sul de Minas. Ainda de acordo com a PF, com o auxílio da Receita Estadual foi constatado que o estabelecimento comercializou cerca de 60 toneladas de mel. A quantidade coincide com o volume adquirido de xarope de açúcar.
Segundo a Polícia Federal, levantamentos realizados nos últimos três anos revelaram que as empresas investigadas adquiriram cerca de 800 toneladas de açúcar invertido (xarope de açúcar), utilizado como matéria prima para a produção do mel adulterado.
Imagens aéreas feitas na sede das empresas mostraram o descarte de tambores com logotipo da empresa fornecedora de açúcar invertido.
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