A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) realizou, nessa quarta-feira, 4, em Passos, uma reunião multidisciplinar com representantes da Polícia Militar e da prefeitura, buscando estabelecer projetos conjuntos para o combate à aporofobia, aversão aos pobres, e, ao mesmo tempo, enfrentar o tráfico de drogas. O encontro foi motivado por demanda de moradores após relatos de aumento da população de rua no bairro Belo Horizonte.
De acordo com o delegado regional em Passos, Marcos Pimenta, essa situação gerou denúncias distintas, como de tráfico de drogas, problemas patrimoniais, acúmulo de lixo nas ruas e sensação de medo. Para o delegado, a questão pode ser melhor atendida se integrada com outros responsáveis locais pelas áreas de segurança, saúde, assistência social, iluminação, etc. “A polícia é só um tijolo de uma casa. Se a casa for mal construída o tijolo não irá sustentá-la”, afirma o delegado.
Na reunião, presidida por Pimenta, foram discutidas e aprovadas propostas com foco no acolhimento e orientação de pessoas em situação de rua, estabelecimento de medidas urbanísticas, respeito à propriedade privada e à função social do imóvel, bem como combater o comércio ilícito de entorpecentes. Internação voluntária de dependentes químicos, melhoria na iluminação e limpeza públicas, investigações contra o tráfico de drogas e rede de vizinhos foram algumas das ações aprovadas.
Segundo informações da Polícia Civil, com o objetivo de promover o empoderamento da pessoa em situação de rua, foi destacada a possibilidade de inserção de eventuais interessados em cursos de alfabetização e ou profissionalizantes.
REDE
Foram enviados ofícios ao Ministério Público, ao Poder Judiciário, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para convidá-los a participar dos debates acerca do cenário social identificado. “Demais atores que não participaram da reunião e queiram somar esforços serão sempre bem-vindos na empreitada”, disse o delegado regional.
Além de Marcos Pimenta, pela PCMG participaram da reunião os delegados Ismael Jeronimo Soares, Felipe Capute e Matheus Ponsancini, o inspetor regional Gustavo Vilela e o subinspetor Lucas Barros. Também participaram o tenente da Polícia Militar João Pires, a secretária Municipal de Desenvolvimento Social Trabalho e Renda, Carla Alessandra Santos Pimentel, e o representante do Centro POP da Prefeitura de Passos, Carlos Henrique Lau.
APOROFOBIA
A aporofobia é um termo criado pela filósofa espanhola Adela Cortina Orts, durante os anos 90, que significa medo ou rejeição aos pobres. A palavra passou a ser difundida recentemente no Brasil com uma campanha do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, de São Paulo, contra as cidades que a praticam. (Clic Folha)