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Fábrica clandestina em MG produzia 16 mil cigarros por minuto e mantinha paraguaios e brasileiros em situação análoga à escravidão

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Fábrica clandestina em MG produzia 16 mil cigarros por minuto e mantinha paraguaios e brasileiros em situação análoga à escravidão – Foto: divulgação/Polícia Federal

No interior de Minas Gerais, galpões com muros altos, câmeras de segurança e até bloqueadores de celular escondiam um esquema de trabalho análogo à escravidão. As imagens de drone mostra um momento de descanso dos funcionários de uma fábrica de cigarros falsificados em Divinópolis, a 118 quilômetros de Belo Horizonte. O pátio era um dos poucos espaços a que eles tinham acesso.

Segundo as investigações, os trabalhadores passavam até 50 dias sem sair da fábrica e dormiam em alojamentos precários. Ao todo, 28 paraguaios e dois brasileiros foram resgatados em situação análoga à escravidão.

Em abril deste ano, outra fábrica de cigarros falsificados foi encontrada em Cláudio, também em Minas. Lá também havia paraguaios trabalhando em condições precárias. A suspeita é de que a fábrica seja da mesma organização criminosa.

O delegado o delegado da Polícia Federal Daniel Souza Silva explica que na fábrica de Cláudio, por exemplo, os equipamentos podiam produzir 16 mil cigarros por minuto. “É realmente uma produção industrial, desde os geradores até a separação do fumo, encartonar o maço de cigarro, fazer a colocação de filtro. Tudo isso de forma industrial, não é uma produção artesanal”, conta.

“Nessa [fábrica] de Divinópolis foram apreendidos muito maquinário, tem várias imagens e só de maço de cigarro são 3 milhões e meio de maço de cigarros apreendidos. Se você colocar aqueles eram vendidos a R$ 5 cada maço, então, só dessas mercadorias são R$ 17,5 milhões”, conta o superintendente-adjunto da Receita Federal de Minas Gerais, Rodrigo Brito.

Em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também funcionava uma fábrica com galpões alugados pela quadrilha. As características eram parecidas com a fábrica de Divinópolis e, segundo a polícia, até bloqueadores de celulares foram encontrados.

Aliciamento

Ainda de acordo com a investigação, os trabalhadores vinham de ônibus de diferentes cidades do Paraguai, passavam por São Paulo até chegar ao terminal rodoviário de Belo Horizonte. Lá, eles eram recebidos por um integrante da quadrilha e tinham celulares confiscados e os olhos vendados.

Eram transportados até as fábricas em vans de carga com compartimentos fechados. Segundo a polícia, o aliciamento ocorria de várias formas.

Um paraguaio vítima da quadrilha conta que viu o anúncio na internet e conta como foi a abordagem.

“Quando me pegaram para trazer, quando tiraram o meu celular, foi quando suspeitei que não era bom, que fui enganado”.

Grupo criminoso

Mulher que seria companheiro de investigado mostra dinheiro esparramado. — Foto: TV Globo/Reprodução
Mulher que seria companheiro de investigado mostra dinheiro esparramado. — Foto: Reprodução

A investigação da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério do Trabalho também desarticulou a quadrilha responsável por trazer os paraguaios e manter fábricas em outros estados. Além de Minas, houve operações em 19 cidades de cinco estados, resultando na prisão de 16 pessoas, entre elas o suspeito de ser o chefe da quadrilha: o empresário Arinaldo Oliveira, de Barueri (SP).

Arinaldo foi preso em uma fazenda no Pará, onde mantinha carros de luxo. Em um vídeo, uma mulher que a polícia diz ter um relacionamento com ele, esbanja o dinheiro obtido pela quadrilha.

O grupo é investigado por vários crimes, entre eles:

  • tráfico de pessoas;
  • trabalho análogo à escravidão;
  • lavagem de dinheiro.
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