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Live-action de Chico Bento estreia e traz o influenciador sul mineiro Isaac Amendoim como protagonista

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Live-action de Chico Bento estreia e traz o influenciador sul mineiro Isaac Amendoim como protagonista - Foto: divulgação
Live-action de Chico Bento estreia e traz o influenciador sul mineiro Isaac Amendoim como protagonista – Foto: divulgação

“Que mundo é esse que troca goiaba por ‘asfarto’?”. O questionamento é de um menino que usa calças curtas, chapéu de palha e bota e que ama a natureza. O nome dele: Chico Bento. Pois uma das criações mais queridas do universo de Mauricio de Sousa acaba de (literalmente) ganhar corpo na pele de um mineirinho de 11 anos, o carismático influenciador e ator Isaac Amendoim. Natural de Cana Verde, no Sul de Minas, ele é o protagonista do primeiro live-action do personagem dos quadrinhos, que chega nesta quinta (9) aos cinemas de todo o país.

“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” traz já no título e na sinopse a preocupação do caipirinha mais amado do Brasil com a causa ambiental, algo que se tornou não só uma inquietação de toda a humanidade, mas uma questão de sobrevivência, sobretudo nos últimos tempos. 

Na história – produzida pela Biônica Filmes, responsável pelos outros live-actions da “Turma da Mônica”, com coprodução da Mauricio de Sousa Produções, Paris Entretenimento e Paramount Pictures –, Chico Bento precisa unir toda a sua turminha para “sarvá” a goiabeira do Nhô Lau (Luis Lobianco) da ganância do progresso. “A gente sentia que tinha um abismo que a gente estava tateando que era tentar pegar uma pauta ambiental, um discurso meio pronto, e tentar colocar no filme. A gente tentava sempre encontrar um caminho, mas o Chico Bento não é uma Greta Thunberg (ativista ambiental sueca), o Chico é o Chico. Ele não tem essa consciência; para ele, isso (a preocupação com o meio ambiente) é natural. Então, quando conseguimos reduzir esta história de uma criança tentando salvar uma árvore, enxergamos, ao mesmo tempo, essa discussão expandida e a verdade desse personagem. Tem esta frase: ‘Fale especificamente da tua vila que você estará falando do mundo’. Então vamos falar especificamente da vila do Chico, que é a Vila Abobrinha”, analisa o diretor Fernando Fraiha (“Bem-Vinda, Violeta”), que assina ao lado de Elena Altheman e Raul Chequer o roteiro do longa.

A produção se inicia com um ritmo ao estilo do campo, mais devagar. O filme demora um “cadinho” para engatar, mas aos poucos vai prendendo a atenção dos espectadores, sobretudo pelo magnetismo dos personagens e, principalmente, dos seus intérpretes. A começar pelo próprio Isaac Amendoim. O garoto, que foi escolhido dentre cerca de 3.500 crianças, é o próprio Chico Bento. E escutar isso é um grande elogio para ele.

“Eu acho que somos parecidos porque ele mora na roça, e eu também moro aqui no interior. Ele gosta da natureza, e eu também gosto muito da natureza. Tenho vários bichinhos que também têm nome e amo meus bichos. Adoro comer goiaba. A natureza é uma paz e a melhor coisa do mundo. É ‘bão’ demais escutar que sou parecido com o Chico Bento. Fazer parte desse filme é uma emoção que eu não sei nem explicar”, celebra Isaac, com seu cativante mineirês do interior.

Calopsita

Fernando Fraiha nunca se esqueceu do dia em que conheceu pessoalmente o jovem artista. Primeiro, teve contato com um dos vídeos do influenciador mirim que bombam na internet, em que ele mostra aos seus milhões de seguidores sua rotina no sítio onde mora com a família e o dia a dia dos seus animais. “Antes de fazer a chamada pública para os testes, o Luciano Baldan, nosso produtor de elenco, mandou o Instagram do Isaac, que já era gigante, mas não conhecíamos. E já ficamos impressionados com o carisma e o tempo cômico dele. Depois o próprio Isaac mandou um vídeo para a gente, e foi maravilhoso”, recorda o diretor. No primeiro encontro presencial, em São Paulo, o garoto chegou acompanhado dos pais, Márcia e Adriano, e de uma caixa de sapato. “Dentro havia uma calopsita que tinha acabado de ter filhote, e o Isaac não queria deixar os filhotes sozinhos em Cana Verde. Então eles já entraram no teste carregando uma caixa de sapato cheia de passarinhos (risos). O Isaac é muito natural, tem uma espontaneidade, um carisma que é absurdo. Acho que ele é uma criança que desde muito cedo começou a fazer uma coisa que é muito encantadora”, analisa.

Um dos destaques de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, assim como dos outros filmes e séries live-action do universo de Mauricio de Sousa, é como os atores que encarnam os personagens parecem ter saído das histórias em quadrinhos. Para Fraiha, a escalação representa 80% do trabalho. “O Luis Lobianco já tinha muito ali dentro o Nhô Lau, assim como a Débora (Falabella) tinha uma Marocas (a professora); assim como o ótimo Pedro Dantas tinha o Zé Lelé. E a caracterização se soma a isso. Mas o segredo é a escalação. Você encontrar a Mônica, a Magali, o Chico Bento, o Zé Lelé, a Rosinha. O segredo está em achar a pessoa certa”, opina.

Sem dúvidas, um dos pontos altos da narrativa é o encontro de Chico Bento com a outra protagonista, a Goiabeira, interpretada por Taís Araujo, que, aliás, também está em cartaz nos cinemas como a Compadecida em “O Auto da Compadecida 2”. Os diálogos e as aventuras da dupla certamente vão fascinar não só as crianças, como também os adultos.

Sobre a primeira experiência como ator, Isaac Amendoim frisa que não poderia ter tido uma estreia melhor e revela que quer seguir no ofício. “Eu gostei de tudo no filme, principalmente de subir na goiabeira, porque eu gosto muito de subir em árvore. Eu gostei de fazer quase todas as partes. Tudo é novo para mim, e é bom demais. O mais complicado foi chorar, mas decorar acabou sendo fácil, porque a gente fazia uns exercícios brincando, e aí ficou mais tranquilo. Eu quero muito seguir essa carreira de ator”, assegura o mineirinho, que passou a gostar de ler após o filme. “A minha mãe desde pequenininha já gostava do Chico Bento e lia os gibis, mas eu nunca gostei. Não lia nada (risos). Mas, depois do filme, fui aprendendo a gostar de ler, porque tive que ler as minhas falas, decorar os textos… Foi bom demais da conta estar nesse grande universo do Mauricio de Sousa”, ressalta.

Momento especial

Em uma semana especial, em que Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro, inédito para uma atriz brasileira, e milhões de espectadores estão lotando as salas para assistir a “Ainda Estou Aqui” e “O Auto da Compadecida 2”, o diretor de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, Fernando Fraiha, celebra a atual fase do cinema nacional.

“Neste período pós-pandêmico, eu não me lembro de ter sentido o que eu estou sentindo agora, toda essa temperatura, esses feitos… Até no período pós-pandemia, às vezes a gente sentia que o cinema não estava acontecendo muito, mas notava que o teatro estava lotado. A Débora (Falabella), minha esposa, estava em cartaz com uma peça que estava lotando todos os dias, e todas as outras peças estavam lotadas todos os dias também. Mas os filmes não tinham engatado ainda. Então, dá a sensação de que a gente está vendo esse renascimento do cinema, ou seja, de que finalmente, depois da pandemia, as pessoas estão embarcando neste programa. Não é somente sobre assistir a filmes, porque você pode assistir em casa. É sobre você sair com seus amigos, ir àquela sala, e isso ser o seu programa de lazer daquele dia. Ou seja, ir ao cinema em vez de ir tomar cerveja num bar. É a experiência coletiva. E tudo isso é muito lindo de ver”, festeja.

Chico mineiro 

Em entrevista em 2021, quando Chico Bento completou 60 anos, Mauricio de Sousa revelou que o personagem tem um “quê de mineiro”. Isso, porque o desenhista nasceu e cresceu em cidades do interior de São Paulo que fazem divisa com Minas Gerais. “O Chico nasceu da intersecção entre São Paulo e Minas Gerais, no Sul de Minas, perto da serra da Mantiqueira. O pessoal que inspirou o sotaque caipirês é dessa região, então a gente pode dizer que o Chico Bento – e eu também – é um pouco mineiro (risos)”, afirmou na ocasião.

E o filme que chega agora aos cinemas não deixa de carregar um pouco da essência das Gerais, já que, além do protagonista vivido por Isaac Amendoim, o elenco conta com mais duas atrizes mineiras, Débora Falabella (Professora Marocas) e Thais Garayp (Vó Dita). Por falar no pai de Chico, de Mônica e cia., como vem acontecendo nos outros live-action de “Turma da Mônica”, numa espécie de Hitchcock, que sempre fazia uma aparição em seus próprios filmes, Mauricio de Sousa – que completa 90 anos em outubro – faz uma pontinha na produção de Fernando Fraiha.

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