A presidente da Câmara Municipal de Guapé (MG), Elizabete Florêncio, acompanhada da presidenta da Santa Casa, Maiza Vilela, juntamente com o prefeito Nelson Lara, receberam na tarde da última segunda-feira (8), o deputado federal, Reginaldo Lopes.
A reunião aconteceu no gabinete da prefeitura de Guapé e teve como principal objetivo discutir demandas para o desenvolvimento da cidade e melhorias na estrutura da Santa Casa de Misericórdia.
A presidente da Santa Casa, Maiza Vilela, apoiada pela presidenta da Câmara, Elizabete Florêncio, apresentaram de forma conjunta um pedido ao deputado Reginaldo Lopes, que compõem benfeitorias na estrutura e a compra de novos equipamentos para a entidade, exibiram um planejamento detalhado criado por elas e como as mudanças impactarão diretamente na melhora do atendimento a população guapeense.
Reginaldo prontamente entendeu o objetivo do plano de fortalecimento da Santa Casa e firmou o compromisso de destinar recursos para a construção de um novo telhado e também para a compra de um novo gerador de energia.
Para a presidenta da Câmara, Elizabete Florêncio a reunião foi produtiva e teve seu objetivo alcançado: “No início deste ano, fiz um compromisso com a diretoria da Santa Casa de Guapé, que atuaria de forma conjunta com eles para tornar ainda mais forte essa importante entidade de nossa cidade, criamos um plano de trabalho e dia após dia estamos avançando. A reunião com o deputado Reginaldo Lopes foi o nosso passo inicial, já observamos que estamos no caminho certo, os compromissos firmados hoje ajudarão e muito no atendimento de nossa população”. Destacou a presidenta.
Maiza enfatizou a importância das conquistas: “Sabemos como é importante a união e o esforço em conjunto, nossa Santa Casa e a população agradece as novas conquistas, só para se ter uma ideia, nosso telhado possui mais de 30 anos, é claro que houve reformas, todavia a construção de uma nova cobertura trará conforto e fortalecerá ainda mais nossa estrutura, já o novo gerador de energia será usado para atender todas as demandas sem impedir o andamento das operações e garantir o fornecimento de energia confiável e segura.” Salientou Maiza.
Guapé, localizado no Sul de Minas, é um pedacinho do paraíso cercado de um belo azul do Mar de Minas, com suas encantadoras cachoeiras, serras e paredões. Lugar de natureza exuberante, com belas vistas, um pôr do sol incomparável, festas culturais, deliciosas comidas típicas e um povo ilustre e acolhedor.
Sempre linda e harmoniosa, Guapé é conhecida por muitos como uma cidade de fé, onde Deus colocou a mão e não mais tirou.
Aqueles que visitam a cidade se enchem de emoção ao testemunhar os encanto que ali existem, entretanto, muitos que desfrutam disso, às vezes não fazem ideia do conflito que Guapé viveu no passado. Batalha dos moradores com aquele que um dia tiraria grande parte do que amavam e do que construíram: a Usina Hidrelétrica de Furnas. Mas antes de falar sobre Furnas vamos entender um pouco como surgiu nossa querida Guapé.
Em primeira análise, o nome Guapé se origina da planta aquática que se tinha em abundância, a Aguapé que na língua indígena significa “caminho sobre as águas”, pois recobre a superfície dos lagos e rios com suas folhas, formando uma espécie de tapete verde.
Bem antes do surgimento do município, a região era lar dos indígenas da nação Cataguá, que reza a lenda, podiam andar sobre os aguapés em busca da piracema, movimento migratório de peixes no sentido das nascentes dos rios, com fins de reprodução. Anos mais tarde com a chegada dos Bandeirantes e com iniciativa de Lourenço Castanho, fidalgo europeu, os destemidos indígenas foram domados e afastados, as fazendas se erguiam, e mais tarde através da fé em São Francisco de Assis surgia o futuro município de Guapé.
Conta-se que antes do surgimento da cidade, a região foi abalada por um terremoto e uma conterrânea de fé, Esméria Angelica da Pureza, esposa de Capitão José Bernardes, fazendeiro de muita posse, prometeu a São Francisco que se os tremores acabassem doaria um pedacinho de chão para a construção de uma capela em gratidão ao Santo. O pedido foi atendido e a promessa cumprida. Por volta de 1825 tendo também contribuição de Felisberto Martins Arruda e Cândida Soares do Rosário, foi doado as terras para o patrimônio da igreja e erguida a primeira capela à São Francisco de Assis, para os guapeenses, “O Protetor dos Terremotos”, e assim surgia um povoado.
Mais tarde, em 09 de maio de 1856 foi criada a Paróquia São Francisco de Assis e o arraial já com o nome de São Francisco de Aguapé, referenciando o padroeiro e a planta aquática. Ainda em maio de 1856 no dia 28 pela lei n°. 774, o povoado passa a ser distrito de Dores da Boa Esperança.
No dia 7 de setembro de 1923, sob intervenção do Senador Dominicano Augusto dos Passos Maia, o então governador de Minas Gerais Raul Soares de Moura, assina a Lei nº 843 que desmembra o distrito de São Francisco de Aguapé do município de Dores da Boa Esperança, elevando-o também a categoria de município, recebendo já o nome de Guapé e tendo como primeiro prefeito Dr. Passos Maia, o mesmo que interviu para a emancipação do município.
Os anos se passavam, a cidade crescia, tudo seguia às mil maravilhas, Guapé era uma cidade bela e acolhedora, de arquitetura exuberante e próxima ao Rio Grande, com uma praça deslumbrante, muito florida e arborizada, uma igreja matriz majestosa que com sua grandiosidade encantava a todos que passavam por ali. Havia também escolas, mercearias, farmácias, um grande cinema, crianças alegres brincando nas ruas, jovens namorando na praça, e no entardecer com os toques do sino, o dia se encerrava com uma bela missa de domingo.
Guapé era tudo que uma boa cidade tinha que ser, para seus moradores era um pedacinho do céu, entretanto mais tarde tudo isso mudaria.
Em fevereiro de 1957, as rádios anunciavam a maior tristeza que um mineiro poderia ouvir, tudo aquilo que amavam, que com seu empenho construíra, desapareceria, é dada a largada, Furnas viria com tudo.
Idealizada por Juscelino Kubitschek, a Usina Hidrelétrica de Furnas, que seria construída no Rio Grande, com capacidade para armazenar 23 bilhões de m³ de água e gerar 1.216 MW de energia, traria mais progresso ao Brasil acabando com a crise de energia, mas para isso 32 cidades nas proximidades do rio teriam que ser sacrificadas, dentre elas estava Guapé.
Era um momento de angústia, não demorou muito e os engenheiros de Furnas chegaram em Guapé junto com as manchetes nos jornais de que em breve Guapé não passaria apenas de um retrato na parede.
Montando três escritórios no município, os Furneiros, como eram chamados pelo povo, iniciaram o seu trabalho em Guapé, desapropriando terras, demarcando território, comprando as casas à força, e anunciando que a água viria alcançando a altura do relógio da igreja matriz.
Muitos moradores desacreditaram, pois para eles era impossível uma água subir a tal nível e por amor a suas moradas recusavam a todo custo deixá-las, assim naquela cidade calma se iniciava o conflito entre Furnas e o povo.
No dia 9 de janeiro de 1963, em uma noite serena onde o único som que se ouvia era o canto calmo dos sapos e dos grilos, o relógio bate 00 horas, neste exato momento Furnas fecha as comportas bloqueando a saída da água do rio, iniciando a primeira etapa de inundação. Na manhã seguinte, ouvem-se os gritos de um morador: as águas vinham. O povo se reuniam nas fachadas de suas residências para conversarem e se lamentarem sobre, enquanto isso as águas subiam sem piedade, bloqueando caminhos, inundando plantações e casas. Dois dias depois a represa ja atingira o alicerce do prédio do correio que ficava a 100 metros da igreja Matriz, se interrompendo ali por um bom tempo, dando oportunidade e esperança àqueles que ainda viviam pouco acima.
Após este intervalo, se inicia a segunda etapa de inundação, agora em direção ao formoso centro da cidade, tudo parecia mais um dilúvio, a água vinha com tudo, junto com a dor, sofrimento e tristeza dos moradores, que na pressa já começavam a demolir suas casas. Em poucos dias aquela tão maravilhosa cidade cheia de história, já havia se tornado um tenebroso cenário de guerra, com a água invadindo, pessoas desamparadas se abrigando na escola e clube, ruas cobertas de escombros, utensílios domésticos espalhados, crianças chorando entre as ruínas, pai e mãe inconformados, centenas de pessoas carregando malas sem ter pra onde ir, pois a indenização paga na época por Furnas aos guapeenses era mínima e injusta, para muitos não era o suficiente para um recomeço.
Em meio a tanta destruição a torre da igreja Matriz ainda de pé trazia uma luz de fé e esperança para aquele povo que se agonizava.
Em alguns meses, 206 km² do município havia desaparecido dando lugar a um grande mar azul, quase metade de seus habitantes mudaram para outras cidades, a fim de refazer a vida, e assim a história dividia-se em duas partes, antes e depois das águas.
Furnas ergueu uma nova cidade no alto do morro ligada às áreas que sobrou da antiga, porém na época bem inferior em relação à velha Guapé, e para esta nova localização mudaram a população que aqui ficaram.
Com o passar dos anos, com o empenho do povo guapeense que se ousaram a ser mais fortes do que a dor da perda, souberam reunir forças para ressurgir acima das águas, uma cidade tão bela quanto a antiga. Rapidamente, o lago que um dia foi visível como um flagelo dos mineiros, passou a ser visto como uma fonte de beleza e turismo, trazendo vários benefícios ao município.
Hoje Guapé é uma cidade encantadora que se desenvolvendo cada vez mais, sendo cercada pela imensidão azul do mar de minas, engrandecida por uma paisagem incomparável e rica em cultura, história, beleza e fé, sendo também cidade palco das mais belas festas culturais de minas, tais como o congado, Carnaval, moçambique, dentre outras, além das pousadas e hotéis grandiosos com vistas para o lago que oferecem a melhor hospitalidade que o turista pode desejar.
Guapé, é uma joia valiosa do tesouro Minas, uma cidade exemplo de resistência, que com o seu povo seguiu, segue, e seguirá firme sem afundar, honrando com orgulho o lema de sua bandeira e que cada guapeense carrega no peito, o lema “Fluctuat ne Mergitur”: Flutuar não afundar.
Correspondente Eduardo Martins de Guapé para o Jornal Folha Regional
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