O governador Romeu Zema (Novo), reeleito em Minas Gerais, não descartou a possibilidade de se candidatar à presidência nas eleições de 2026, mas disse que ainda é cedo para conversar sobre isso.
“Vamos conversar sobre isso daqui a três anos. Falo que quem faz o segundo andar de um prédio tem que estar preocupado é em bater a laje do terceiro. Mas estão me falando sobre a construção do vigésimo. Vamos falar disso no momento adequado. Meu foco agora é resolver os problemas de Minas”, disse. A fala de Romeu Zema foi dada em entrevista publicada nesta segunda-feira (10) pelo Jornal Folha de S.Paulo.
O governador ainda citou que a prioridade é concluir os dez hospitais regionais com obras interrompidas no Estado. Uma dessas obras, a do Hospital Regional de Divinópolis, na região Central, foi alvo de um comentário e uma promessa do candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista coletiva neste domingo, antes de um ato de campanha em Belo Horizonte, o ex-presidente comentou que esteve com um ex-prefeito de Divinópolis e garantiu que em seu governo, caso eleito, irá concluir as obras do hospital regional na cidade.
Zema também falou sobre a fusão do Novo com outro partido para conseguir fugir da cláusula de barreiras, que diminui recursos de partidos políticos que não atingiram um mínimo de votos nas eleições e desobriga o convite para participação de debates em emissoras de rádio e televisão.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou com aliados que pretende lançar candidatura ao Senado Federal em 2026, e estuda disputar a cadeira em alguma das localidades onde recebeu mais votos na eleição do ano passado, entre as opções está o Distrito Federal.
Segundo informações, o ex-presidente tem no horizonte uma possível condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o deixaria inelegível por oito anos. No entanto, ele acredita que pode reverter a decisão após a troca de postos na corte — o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, deixará o tribunal em junho de 2024. E os ministros indicados por Bolsonaro ao STF, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, estarão no TSE.
Além do DF, Rondônia e Mato Grosso são opções para Bolsonaro. Mas o DF é a principal opção. Além de ter mais facilidade na troca do endereço eleitoral — Bolsonaro tem residência fixa em Brasília — ele recebeu 58,81% dos votos na disputa do segundo turno na capital federal em 2022, contra 41,19% de Lula.
A eleição da ex-ministra Damares Alves também é uma prova da força do conservadorismo no DF. Vale lembrar que, em 2026, diferente do ano passado, cada Unidade da Federação terá disponível duas vagas ao Senado Federal.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pediu à Assembleia Legislativa de Minas Gerais que o seu salário e também os do vice-governador, secretários e secretários-adjuntos de estado sejam aumentados em até 258% a partir do próximo dia 1º.
Um projeto de lei prevendo os reajustes foi apresentado pela Mesa Diretora da Casa a pedido do governador na semana passada. O texto prevê ainda outros aumentos em 2024 e 2025.
Na sexta (24), o governador foi às redes sociais afirmar que fez o pedido ao comando da Assembleia e também agradecer pelo fato de ter sido atendido.
“Pra Minas continuar avançando é preciso atrair e manter os mais competentes nos quadros técnicos. São mais de 15 anos de congelamento dos salários dos secretários estaduais, situação incompatível com o cargo. Agradeço a Almg que apresentou, a meu pedido, PL (projeto de lei) que resolve o problema”, disse Zema na ocasião.
Caso o projeto seja aprovado, o salário do governador é o que terá maior reajuste, passando de R$ 10.500 para R$ 37.589,96, elevação de 258%. Os vencimentos do vice-governador sairão de R$ 10.250 para R$ 33.830,96, reajuste de 230%.
Secretários passarão de R$ 10 mil ara R$ 31.238,19 e secretários-adjuntos de R$ 9.000 para 28.114,37, alta de, em ambos os casos, aproximadamente 212%.
O texto prevê outros dois aumentos a partir do ano que vem. No caso do contracheque do governador, se o projeto seja aprovado, o valor passará de R$ 37.589,96 para R$ 39.717,69 em fevereiro de 2024 e para R$ 41.845,49 em fevereiro de 2025.
O vice-governador, secretários e secretários-adjuntos também terão aumentos nos próximos dois anos, caso a medida se concretize.
Na justificativa para apresentação do projeto, o texto afirma que o objetivo é adequar as remunerações do governador, vice, secretários e secretários-adjuntos.
“É preciso destacar que o projeto é deflagrado nesta Casa em decorrência do comando previsto na Constituição do Estado, em seu artigo 61, parágrafo 21, segundo o qual compete à Assembleia Legislativa dispor, com a sanção do governador, sobre a fixação dos subsídios do governador, vice-governador e dos secretários de estado.”
A justificativa diz ainda que a apresentação de texto dessa natureza é atribuição da Mesa Diretora. O projeto afirma que a proposta visa recomposição das perdas decorrentes da inflação acumulada no período, “considerando-se o fato de que os valores atualmente pagos estão em vigor desde janeiro de 2007”.
A inflação acumulada pelo IPCA no período é de cerca de 150%.
DOAÇÃO
Empresário, o governador Zema, na sua primeira campanha pelo governo de Minas, em 2018, afirmou que não receberia o salário previsto para seu cargo. Ao assumir, anunciou que doaria o valor para instituições de apoio social.
A reportagem perguntou à assessoria do governador se a decisão será mantida caso o novo valor seja aprovado pela Assembleia, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
A oposição criticou a decisão do governador de tentar aumentar o seu salário e o de auxiliares.
“O governador fala que o estado está em crise e quer aumentar o seu salário? Será que ele quer aumentar para doar? Não seria melhor fazer políticas sociais?”, questionou o líder da minoria na Assembleia, deputado Doutor Jean Freire (PT).
O líder do bloco Minas em Frente, Cássio Soares (PSD), da base do governador na Casa, afirmou que os salários do governador e auxiliares já passaram da hora de serem reajustados. “O percentual não é alto. A defasagem é que é alta”, declarou.
Disse ainda que não haverá problemas na aprovação do texto pela Casa. “Existe um bom senso muito grande para aprovar esse projeto”, afirmou.
O projeto deverá ser encaminhado às comissões do Legislativo nos próximos dias.
O Republicanos de São José da Barra (MG) está sob novo comando. O ex-vereador e ex-vice-prefeito Marcelo Rodrigues da Silva foi nomeado o novo presidente do partido no município após o convite do ex-prefeito João Alves Passos.
Marcelinho Silva recebeu o convite do ex-prefeito de São José da Barra, do senador Cleitinho Azevedo e do deputado federal Lafayette de Andrada.
Recentemente o Republicanos comunicou outras mudanças de comando de presidências estaduais já ocorridas, como em Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Maranhão e São Paulo.
Foto: Marcelinho Silva e senador Cleitinho Azevedo – Arquivo pessoal
Na última sexta-feira (17), Marcelinho esteve em Belo Horizonte encontrando com o deputado Lafayette para oficializar o compromisso em filiar oficialmente e presidir o diretório municipal.
Três vereadores da atual legislatura e diversos líderes políticos de São José da Barra também já sinalizou a filiação ao partido e irão compor a executiva municipal.
Marcelinho por anos foi filiado no PL (Partido Liberal), pelo qual concorreu ao cargo de prefeito nas eleições 2020.
Foto: Marcelinho Silva e João Alves Passos – Arquivo pessoal
“Agradeço o PL por ter me recebido por anos, e após o convite de Joao Passos, do Cleitinho e do Lafayette decidi trilhar novos caminhos”, disse Marcelinho.
O atual presidente, também agradeceu o trabalho feito pelo ex-presidente, que permanceu à frente do Republicanos a anos. “Agradeço ao João Passos, que esteve à frente do cargo nos últimos anos e agora terá uma nova missão. Convido todos barrenses para filiar ao partido Republicano”, finalizou Marcelinho.
Foto: Marcelinho Silva e Deputado Federal Lafayette de Andrada – Arquivo pessoal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (17) para apresentar a proposta detalhada sobre a nova regra fiscal que deverá substituir o atual teto de gastos como regra de controle para o crescimento dos gastos e da dívida pública.
Haddad disse a jornalistas, na quarta-feira (15), que já conversou com o presidente Lula sobre o assunto, e que a reunião desta sexta servirá para Lula “validar os parâmetros e o desenho, para que possa autorizar a redação do projeto de lei complementar que vai para o Congresso”.
O documento inicial, conforme apurou o analista da CNN Gustavo Uribe, foi entregue pelo ministro da Fazenda ao presidente nesta semana.
O vice-presidente e também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, também já recebeu o documento nesta semana, de acordo com Haddad.
O ministro da Fazenda reforçou que a palavra final sobre a ferramenta é do presidente, mas disse que, caso aprovada, pode ser redigida “dentro de 24 horas”.
Até que Lula dê essa aprovação, entretanto, Haddad tem evitado dar detalhes sobre a aguardada legislação, seja para não desrespeitar o presidente, seja para não provocar movimentações precipitadas nos mercados.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que a nova regra fiscal preparada pelo governo federal está equilibrada e voltou a afirmar que a proposta “agrada a todos”, inclusive o mercado.
Em entrevista à CNN na sexta-feira (10), o ministro Haddad afirmou que a proposta que estava sendo elaborada tem sido “muito bem recebida” por economistas e especialistas. Sem dar mais detalhes, Haddad também afirmou que o novo arcabouço fiscal “não é uma regra de dívida”. “Não acredito que isso funcionaria nas condições locais”, disse.
A possibilidade de atrelar o controle de gastos à evolução da dívida pública, no lugar ou em complemento a uma meta de limite para as despesas, foi uma das propostas que chegaram a ser sugerida por vários especialistas quando começaram as discussões acerca de uma nova regra fiscal.
O governo brasileiro não aderiu a uma declaração conjunta de mais de 50 países que denunciaram os crimes de Daniel Ortega e se manteve em silêncio diante das denúncias na Nicarágua, durante uma reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU na sexta-feira (03). A decisão do Itamaraty de não pedir sequer a palavra para comentar a crise no governo de Daniel Ortega chamou a atenção tanto de governos da América Latina como de capitais em outras partes do mundo.
O Itamaraty está acompanhando a situação de perto e chegou a fazer parte da negociação do texto final. O governo sugeriu uma nova linguagem que mantivesse espaço para um diálogo. Mas a proposta não foi aceita e o país optou por não aderir ao texto, considerado como inadequado.
Na lista da declaração conjunta estavam tradicionais potências ocidentais, como EUA, Austrália, Canadá, Alemanha ou França.
Mas também assinaram o documento governos de esquerda da América Latina como Chile e Colômbia. O líder progressista chileno, Gabriel Boric, chegou a chamar Ortega de “ditador”. Peru, Guatemala, Paraguai e Equador também assinaram a declaração conjunta.
Fim do silêncio?
Dentro do Itamaraty, há uma expectativa de que o governo emita sua posição na segunda-feira, quando a ONU examina os resultados da primeira investigação independente realizada pela instituição.
Peritos da ONU concluíram que o regime de Daniel Ortega cometeu crimes contra a humanidade e que “violações generalizadas dos direitos humanos que equivalem a crimes contra a humanidade estão sendo cometidas contra civis pelo governo da Nicarágua por razões políticas”.
O grupo apela para que a comunidade internacional imponha sanções às instituições ou indivíduos envolvidos. “Os supostos abusos – que incluem execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer no próprio país – não são um fenômeno isolado, mas o produto do desmantelamento deliberado das instituições democráticas e da destruição do espaço cívico e democrático”, disse o relatório.
“Estas violações e abusos estão sendo perpetrados de forma generalizada e sistemática por razões políticas, constituindo os crimes contra a humanidade de assassinato, prisão, tortura, incluindo violência sexual, deportação e perseguição por motivos políticos”, disse o especialista independente Jan Simon. “A população nicaraguense vive com medo das ações que o próprio governo possa tomar contra eles”.
“As altas autoridades do governo conseguiram instrumentalizar os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Eleitoral para desenvolver e implementar uma estrutura legal destinada a reprimir o exercício das liberdades fundamentais e perseguir pessoas contrárias”, acrescentou Simon. “O objetivo é eliminar, por diferentes meios, qualquer oposição no país.”
O relatório identificou um padrão de execuções extrajudiciais realizadas por agentes da Polícia Nacional e membros de grupos armados pró-governamentais que agiram de forma conjunta e coordenada durante os protestos ocorridos entre 18 de abril e 23 de setembro de 2018. O governo obstruiu qualquer investigação relativa a estas e outras mortes.
Desde dezembro de 2018, pelo menos 3.144 organizações da sociedade civil foram fechadas, e praticamente todas as organizações independentes de mídia e de direitos humanos operam a partir do exterior.
Para os peritos, a situação continua a piorar. Em fevereiro de 2023, as autoridades nicaraguenses privaram 222 indivíduos de vários perfis de sua nacionalidade e os expulsaram do país, acusando-os de serem “traidores à pátria”. No mesmo mês, o Tribunal de Apelações de Manágua declarou outras 94 pessoas residentes na Nicarágua e no exterior traidores da pátria e decidiu impor a perda da nacionalidade e ordenar o confisco de seus bens em favor do Estado.
Silêncio incômodo
De acordo com famílias de vítimas e ativistas da Nicarágua, além de governos estrangeiros, o silêncio do Brasil causou um incômodo. “Parece que o discurso de defesa da democracia se limita à situação interna do país”, afirmou uma fonte na ONU, indignada com a postura de Lula.
Outra voz que se levanta pedido ação do Brasil é de Bianca Jagger. Em entrevista exclusiva ao UOL, a ativista social e política nascida na Nicarágua fez um apelo para que Lula se pronuncie durante da repressão instaurada no país e defenda a democracia.
Para os ativistas, está na hora de o Brasil se posicionar. “Eu conheci o presidente Lula há muitos anos”, relatou Bianca Jagger. “Trabalhei com as causas dos povos indígenas, entre eles o bloco yanomami, guarani e outros”, disse. Bianca foi casada com Mick Jagger, dos Rolling Stones. Há vários anos ela milita pela democracia em seu país e agora quer uma atitude mais ativa por parte do governo brasileiro.
Foto: Reprodução
“Por isso, quero fazer um chamado ao presidente Lula: que por favor se pronuncie de uma forma clara e contundente em apoio a povo da Nicarágua, aos prisioneiros políticos, como o bispo Rolando José Alvarez”, afirmou.
“Não se esqueçam: nós precisamos do Brasil. O país precisa assumir um papel importantíssimo em relação aos nicaraguenses”, disse a ativista. “Estou confiante de que ele vai fazer isso e quero ir logo ao Brasil”, completou.
Brasil quer esgotar diálogo antes de ampliar pressão
O governo brasileiro, porém, ainda quer explorar canais de diálogo com o regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, enquanto aumenta a pressão internacional para que medidas sejam impostas contra o governo centro-americano por abusos de direitos humanos e violações.
Entre diferentes governos ocidentais, a orientação é de pressionar para que a crise nicaraguense ganhe um outro status dentro da ONU. Até agora, a decisão era de incluir o debate sobre o país dentro dos itens relacionados à cooperação. A meta era de não criar um constrangimento maior sobre Ortega e, portanto, permitir que ele ouvisse as recomendações dos especialistas internacionais em direitos humanos.
Mas nada disso ocorreu e, para muitos países da região latino-americana e para o Grupo Ocidental, está na hora de retirar a Nicarágua do capítulo de cooperação e colocar o país na agenda internacional de violadores de direitos humanos.
Na diplomacia brasileira, porém, a preferência é para que o país continue sendo tratado no capítulo da agenda que lida com a cooperação entre estados e o sistema da ONU. O governo Lula teme que, se colocado sob uma pressão ainda maior, Ortega amplie a repressão.
Foto: Governador de MG Romeu Zema e deputado estadual Antônio Carlos Arantes
Por meio da indicação do deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PL), o Governo de Minas Gerais e a Escola Estadual de Furnas em São José da Barra (MG), assinaram um convênio de R$ 1,3 milhões para a construção da quadra na instituição de ensino.
Segundo Arantes, esse investimento foi solicitado por Marcelinho Silva e pelos vereadores Deusmar Raimundo, Mateuzinho da Serrinha, Régis da Imobiliária, Darci Cardoso e Érica Machado.
“É compromisso com os parceiros e com a população barrense. Agradeço ao Governador Romeu Zema e sua equipe pelo empenho e os investimentos feitos em todo o nosso Estado. Estamos fazendo muito pelo nosso povo e vamos fazer ainda mais. Contem conosco!” Informou o deputado.
Nesta sexta-feira (17), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito instaurado para apurar os crimes de racismo e xenofobia cometidos por um vereador de Passos (MG), por meio de postagem em rede social.
O parlamentar foi indiciado pelo crime previsto no artigo 20 da Lei de Racismo, visto que a publicação foi entendida como ofensiva à identidade regional do povo do estado da Bahia, acarretando exposição indevida e discriminatória.
Em novembro de 2022, o vereador publicou em seu perfil que um dos candidatos à presidência da República havia assustado os baianos com promessas de emprego e, consequentemente, saiu derrotado naquele colégio eleitoral.
O vereador Luis Carlos do Souto Junior (Dentinho), publicou no story de sua rede social “BOLSONARO também é foda, foi falar na Bahia que ia gerar um milhão de empregos… Assustou o Povo!!!
Em seu depoimento, o político nega qualquer prática de preconceito ou xenofobia e que não tem nada contra o povo da Bahia, os quais, inclusive admira muito.
“Na publicação não tinha nenhum discurso de ódio contra ninguém. Não tenho nenhum tipo de preconceitos contra baianos ou qualquer tipo de população”, informou Dentinho em seu depoimento à PC.
O Legislativo acredita que o inquérito será arquivado, pois não houve crime.
Luis Carlos do Souto Junior (Dentinho) – Foto: Arquivo pessoal
O PSOL pediu a cassação do mandato da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). A representação é motivada pela crise humnitária dos indígenas Yanomami e foi protocolada nesta quinta-feira (9) no Conselho de Ética do Senado. Como o partido não tem senadores eleitos, o documento foi assinada pelo presidente, Juliano Medeiros, com o aval de toda a bancada na Câmara, composta por 13 deputados.
Os indígenas Yanomami, especialmente localizados em Roraima, passam por uma crise humanitária agravada pela invasão de garimpeiros ilegais em seus territórios. Há casos de malária e desnutrição, além de outros problemas causados por contaminação por mercúrio. Nos últimos quatro anos, 570 crianças Yanomamis morreram de fome na região.
Damares foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos entre 2019 e 2022, período em que a crise foi amplamente agravada. A denúncia do PSOL cita relatório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aponta a rejeição a recomendações de órgãos e entidades nacionais e internacionais, o descaso diante de denúncias feitas sobre a situação das comunidades Yanomami e a ausência de visitas ao território.
O PSOL cita, ainda, que o órgão coordenado por Damares ignorou a denúncia da primeira morte por Covid-19 entre os Yanomami, sugeriu veto à obrigação do fornecimento de água e equipamentos básicos para as comunidades durante a pandemia e negou planejamento assistencial em favor de crianças e adolescentes indígenas. Com isso, o partido entende que o Ministério comandado por Damares se eximiu da responsabilidade delegando o problema para outros órgãos ou “simplesmente manifestando não ser o tema de sua atribuição”.
“A ministra Damares basicamente não deu a menor atenção às diversas denúncias feitas por órgãos e entidades nacionais e internacionais a respeito da crise humanitária do povo Yanomami. O relatório demonstra que o Ministério da Damares tinha consciência plena do que estava acontecendo lá. Havendo conhecimento, fica registrada a omissão do Ministério. Nós entendemos que é possível a tipificação penal do crime de genocídio”, declarou o deputadi Henrique Vieira (PSOL-RJ).
Na denúncia, o PSOL pede ainda que sejam colhidos depoimentos, na condição de testemunhas, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-presidente da Fundação Nacional do Índio, Marcelo Xavier, do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Atualmente, Salles e Pazuello são deputados federais.
“É uma oportunidade muito importante para a gente perceber quem são aqueles parlamentares da Câmara ou do Senado que estão de fato comprometidos com a investigação desse crime contra os povos originários. É crime de prevaricação quando um agente público deixa de agir, seja por ação ou omissão, frente a uma atribuição que é sua”, frisou a deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP).
“Damares, na nossa opinião, prevaricou, porque ela tinha o dever de agir e não agiu. O resultado que a gente vê é catastrófico de genocídio e de morte. […]Tem que apurar os responsáveis, sejam eles ex-ministros, ex-militares, ou quem for”, completou.
Em janeiro deste ano, quando foram feitas as denúncias, ela se defendeu ao afirmar que a pasta que comandava não coordenada a política indigenista, mas que “esteve ‘in loco’ inúmeras vezes para levantar informações”. Ainda de acordo com Damares, “a desnutrição entre crianças indígenas é um dilema histórico e foi agravada pelo isolamento imposto pela pandemia”.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse na manhã da última quinta-feira (2) que desistiu de renunciar ao mandato. Durante a madrugada, ele havia anunciado em uma rede social o afastamento do Senado e a saída definitiva da política. O parlamentar negou ainda que o então presidente Jair Bolsonaro tenha sugerido um plano para dar um golpe de Estado. Segundo ele, a proposta teria partido do então deputado Daniel Silveira (RJ), na presença de Bolsonaro, que não teria se manifestado sobre o assunto.
De acordo com o senador, a publicação sobre uma eventual renúncia se deu “em um momento de muita raiva”, após ter sido chamado de “traidor” por internautas. Na noite de quarta-feira (1), integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) teriam criticado Marcos do Val por supostamente apoiar o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a Presidência do Senado.
― Foi aquele desabafo. Quando você está nervoso, você fala coisas. Como em qualquer discussão de casal, depois você se arrepende do que fala. Nunca fui político. Quando você entra aqui, tem hora que a gente fica com vontade de ir embora. Foi um desabafo na minha rede social. Quando disse isso, eu estava praticamente decidido mesmo a reunir a equipe e tomar a decisão. Naquela hora que eu postei, se fosse num horário comercial, eu teria saído. Mas, quando acordei, comecei a falar: “Se eu sair, não vou mostrar o resultado do meu trabalho”. Minha equipe me pediu para que eu ficasse ― disse em entrevista coletiva.
Gravação
O senador contou que no dia 9 de dezembro, uma sexta-feira, encontrou-se com Daniel Silveira e Bolsonaro. Na conversa, o então deputado teria sugerido que Marcos do Val fizesse uma gravação clandestina do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
— A ideia é que eles colocariam um equipamento de gravação, teria um veículo já próximo ao STF captando o áudio, e eu, nessa reunião com o ministro Alexandre, eu conduzindo, para ele falar que em alguns dos processos dele ele ultrapassou as linhas da Constituição — explicou o senador.
Bolsonaro teria ouvido a proposta sem se pronunciar, segundo o senador. Marcos do Val disse que “pensaria” e que depois “faria contato”. Mas ao sair, mandou uma mensagem a Alexandre de Moraes relatando a reunião. Dias depois, foi ao encontro do ministro no Supremo e detalhou o encontro.
— Fiz o meu papel de não prevaricar. Fui e comuniquei ao ministro. E me coloquei à disposição como testemunha.
O senador mandou mensagem para o celular de Daniel Silveira dizendo que “não cumpriria a missão”. A revista Veja, segundo Marcos do Val, o procurou porque teve acesso ao texto da mensagem e quis saber do que se tratava. Ele então decidiu tornar pública toda história e fez uma transmissão ao vivo na internet, na madrugada desta quinta, anunciando o que seria “uma bomba”.
Repercussão
No Plenário, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que as acusações atribuídas a Marcos do Val são “de extrema gravidade”.
― O Congresso Nacional deve acompanhar a par e passo. Suponho que o ministro Alexandre de Moraes e o STF devem instalar algum tipo de investigação específica sobre isso. Até porque, se for verdadeira essa informação pelo senador Marcos do Val, há indícios extremamente fortes da participação direta do ex-presidente da República em uma tentativa de golpe ― afirmou.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu a apuração do caso. Mas disse que a situação narrada pelo senador Marcos do Val “não configura nenhuma espécie de crime”.
― O senador Marcos do Val já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso iriar ser trazido a público, contudo numa linha de que essa reunião, que aconteceu, seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam nesta reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal. O que peço aqui, obviamente, é que todos os esclarecimentos sejam feitos. Não digo abertura de inquérito porque a situação narrada não configura nenhuma espécie de crime ― disse.
Vandalismo
Marcos do Val diz estar investigando os ataques de 8 de janeiro nas sedes dos três Poderes e defende a criação de uma CPI para investigar os atos de vandalismo. Ele disse que tem muito a falar sobre os mandantes, mas como os dados são sigilosos, só podem ser revelados em uma comissão de inquérito.
— Não posso tornar público porque é sigiloso, por isso estou cobrando [o presidente do Senado, Rodrigo] Pacheco para a abertura da CPI, aí eu posso divulgar. Claro que já tenho todos os nomes, mas só na CPI posso apresentar.
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