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MP pede que Alexandre Nardoni volte imediatamente à prisão

MP pede que Alexandre Nardoni volte imediatamente à prisão - Foto: reprodução
MP pede que Alexandre Nardoni volte imediatamente à prisão – Foto: reprodução

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com um recurso contra a decisão que beneficiou Alexandre Nardoni com a progressão de pena para o regime aberto. Em documento assinado pelo promotor de Justiça Thomás Oliver Lamster, o órgão pede o “imediato regresso de Alexandre Nardoni ao regime semiaberto”.

Para o MP-SP, Nardoni, que tem o término de cumprimento de pena previsto somente para 31 de outubro de 2035, teria permanecido em regime intermediário somente por cinco anos e que a progressão de pena seria desproporcional em relação à condenação.

“O que almeja o ora agravado, em verdade, é voltar a viver em sociedade, cumprindo mais de 11 (onze) anos de sua pena após o brutal e covarde crime cometido, em liberdade — sendo que, até hoje, não há demonstração de um pingo de arrependimento do ora agravado pelo crime praticado!”, diz trecho do documento.

Ainda não há data prevista para que o recurso apresentado pelo MP-SP seja analisado. Dessa forma, a medida cautelar pede que a decisão que concedeu a progressão de pena seja suspensa até o julgamento do mérito.

O advogado Roberto Podval, que representa Nardoni no processo, alega que o recurso não tem cabimento e que acredita que o tribunal manterá o posicionamento.

Crime hediondo

A promotoria considera que Alexandre Nardoni “praticou crime hediondo bárbaro ao matar a filha de 5 anos, tendo demonstrado frieza emocional, insensibilidade acentuada, caráter manifestamente dissimulado e ausência de arrependimento”.

O documento cita ainda indicação psiquiátrica de que o réu possui “impulsividade latente”, além de exibir elementos de transtorno de personalidade. No recurso, o MP-SP pede que Nardoni seja submetido ao teste de Rorschach e a exame psiquiátrico profundo e conclusivo.

A defesa de Nardoni alega que não foi contra o exame criminológico e que como o resultado não foi o que a promotoria esperava, resolveram recorrer.

“Primeiro pediram o exame criminológico e a defesa não foi contra. Depois que o resultado vem positivo eles recorrem de forma transloucada. Tudo sem fundamento jurídico ou lógico”, disse.

Manifestação anterior

Essa não é a primeira vez que o Ministério Público se manifesta de forma contrária à progressão de pena de Alexandre Nardoni. Antes do benefício ser concedido, o órgão havia alegado que o preso não preenchia os requisitos subjetivos para a progressão.

Em resposta à demanda anterior do MP-SP, o juiz de execução criminal, José Loureiro Sobrinho manteve a decisão de progressão de pena argumentando que Nardoni mantém boa conduta carcerária, cumpriu mais da metade da pena, entre outros requisitos.

O magistrado também apontou que o condenado encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio e que não há registro de faltas disciplinares durante o cumprimento da sentença, preenchendo assim os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela Lei para a obtenção do benefício.

Alexandre Nardoni reduz pena em mil dias com trabalho na cadeia e leitura

Alexandre Nardoni conseguiu ‘abater’ 2 anos e 9 meses da pena aplicada a ele — Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo

Alexandre Nardoni, condenado a mais de 30 anos de prisão pela morte da filha Isabella, pode sair da prisão a partir de abril para cumprir pena em regime aberto. O detento mantém uma rotina de trabalho e leitura que o ajudou a reduzir em quase 1 mil dias o tempo que ficará atrás das grades.

Atualmente, Nardoni cumpre pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior de São Paulo. Chamada de P2, a penitenciária é conhecida por ter ‘presos famosos’.

Em setembro do ano passado, a Justiça decidiu favoravelmente a – mais um – pedido de redução de pena, feito pela defesa de Alexandre: com a nova decisão, foram eliminados 96 dias da pena de Nardoni.

A justificativa da defesa de Alexandre foram os trabalhos realizados por ele num período de 277 dias – o que abateu 92 dias da pena. Outros quatro dias foram eliminados após a leitura do livro ‘Carta ao Pai’, de Franz Kafka.

No entanto, o total de dias ‘recém-eliminados’ por Alexandre compõe um acumulado ainda maior: de acordo com o Tribunal de Justiça, Nardoni conseguiu eliminar, ao todo, 990 dias da pena.

Além dos 96 dias eliminados em 2023, Alexandre conseguiu excluir outros 894 dias da pena, que é cumprida desde 2008. De acordo com o cálculo de pena do Tribunal de Justiça, o total eliminado corresponde a 2 anos e 9 meses.

Os 894 dias, segundo o TJ, foram eliminados enquanto o processo corria de forma física. A reportagem apurou que todos os dias foram eliminados devido a trabalhos e estudos realizados dentro da prisão.

Cálculo de pena de Alexandre Nardoni, que conseguiu remir 2 anos e 9 meses de prisão — Foto: Reprodução
Cálculo de pena de Alexandre Nardoni, que conseguiu remir 2 anos e 9 meses de prisão — Foto: Reprodução

O trabalho de Nardoni é realizado na Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). Dentro da P2 funcionam fábricas de carteira e cadeiras escolares, fechaduras e de pastilhas desinfetantes para vaso sanitário.

Os detentos podem trabalhar diariamente na Funap, com jornadas de horas variadas. O programa tem como objetivo ajudar na ressocialização do detento, ensinando um ofício, além de ser uma forma de reduzir a pena.

Pelo programa de remição de pena pelo trabalho, a cada três dias trabalhados, o preso pode abater um dia de pena, desde que seja autorizado pela Justiça.

Alexandre Nardoni foi condenado pela morte da filha. — Foto: Reprodução

Progressões

Alexandre Nardoni foi condenado a mais de 30 anos de prisão no dia 27 de março de 2010. Inicialmente, o regime proposto para o cumprimento da pena do pai de Isabella Nardoni, que morreu após ser jogada do sexto andar do prédio onde morava, em SP, era o fechado.

Pouco mais de nove anos depois da sentença condenatória, Alexandre conseguiu progredir para o regime semiaberto. A decisão da Justiça aconteceu em 29 de abril de 2019.

Durante o período, Alexandre também usufruiu de saídas temporárias — as chamadas ‘saidinhas’. O benefício é concedido pela Justiça durante o cumprimento da pena e usado como forma de ressocialização dos presos e manutenção de vínculo deles com o mundo fora do sistema prisional.

De acordo com a lei, os presos em regime semiaberto têm direito a quatro saídas ao ano. Agora, a progressão para o regime aberto está prevista para o dia 6 de abril.

A partir desta data, o detento terá direito de solicitar a progressão ao regime mais brando. O pedido ainda terá que ser analisado e autorizado pela Justiça antes de ser concedido.

Regime aberto

No regime aberto, o condenado cumpre pena fora da prisão e pode trabalhar durante o dia. À noite, deve se recolher em endereço autorizado pela Justiça.

A legislação determina que o preso se recolha no período noturno em uma casa de albergado – modelo prisional que abriga presos que estão no mesmo regime -, mas o Estado de São Paulo não dispõe desse tipo de unidade prisional. Por isso, na prática, os presos vão para casa.

Para não perder o benefício, o condenado precisa seguir algumas regras, como:

  • permanecer no endereço que for designado durante o repouso e nos dias de folga;
  • cumprir os horários combinados para ir e voltar do trabalho;
  • não pode se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial;
  • quando determinado, deve comparecer em juízo, para informar e justificar suas atividades.

Mesmo seguindo essas condições básicas, o juiz pode estabelecer outras condições especiais, de acordo com cada caso.

Isabella Nardoni — Foto: Reprodução

O crime

O assassinato de Isabella Nardoni, crime de grande repercussão que chocou o país, aconteceu no dia 29 de março de 2008, quando a menina de apenas cinco anos foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento na capital.

Isabella caiu do sexto andar do apartamento onde morava o casal Nardoni, no Edifício London. Para a justiça , porém, não foi uma queda acidental, mas sim um homicídio. A menina foi agredida e, depois arremessada.

Condenado a mais de 30 anos de cadeia, o pai da menina Isabella cumpre pena desde 2008 na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé.

Alexandre Nardoni atualmente cumpre pena no regime semiaberto. O regime mais brando dá direito a ele às saidinhas temporárias, benefício usado como forma de ressocialização dos presos e manutenção de vínculo deles com o mundo fora do sistema prisional.

Isabella Nardoni — Foto: Reprodução

Alexandre Nardoni pede redução de pena por trabalho e leitura de livro na prisão em Tremembé

Alexandre Nardoni pede redução de pena por trabalho e leitura de livro na prisão em Tremembé – Foto: divulgação

Alexandre Nardoni pediu redução da pena que cumpre em Tremembé, no interior de São Paulo, por dias trabalhados e por um livro lido na prisão. O pedido foi feito à Justiça de São Paulo no dia 24 de agosto e ainda não foi analisado.

Condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha Isabella em um crime que chocou o país em 2008 , Nardoni já cumpriu cerca de 15 anos da pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2.

A solicitação feita pela defesa do detento prevê a redução de 96 dias da pena. A maior parte do pedido, de 92 dias, é por conta de 277 dias que Nardoni trabalhou na unidade, entre maio de 2022 e junho de 2023.

O detento pede ainda a remição de mais quatro dias pela leitura do livro ‘Carta ao Pai’, de Franz Kafka, em maio deste ano. A leitura faz parte do programa de incentivo chamado ‘Lendo a Liberdade’.

Além disso, no pedido feito a justiça, a defesa de Alexandre menciona ainda que ele tem ‘boa conduta carcerária e nenhuma falta disciplinar grave’.

Redução de pena

Pelo programa de remição de pena pelo trabalho, a cada três dias trabalhados, o preso pode abater um dia de pena, desde que seja autorizado pela Justiça.

No caso de Nardoni, a reportagem apurou que ele teve a pena reduzida em mais de dois anos e cinco meses, com ao menos oito pedidos de remições ao longo do cumprimento da pena.

A pena inicial de Alexandre Nardoni era de 30 anos, 2 meses e 20 dias. A reportagem acionou o Tribunal de Justiça para saber qual a pena atualizada de Nardoni e ainda aguarda resposta.

Por nota, o Ministério Público informou que pediu que fossem elaborados os cálculos “a fim de excluir eventuais pedidos coincidentes sobre o mesmo período” e que a remição está em trâmite.

Crime chocou o país há 15 anos

Alexandre Nardoni pede redução de pena por trabalho e leitura de livro na prisão em Tremembé – Foto: divulgação

O assassinato de Isabella Nardoni, crime de grande repercussão que chocou o país, aconteceu no dia 29 de março de 2008, quando a menina de apenas cinco anos foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento na capital.

Isabella caiu do sexto andar do apartamento onde morava o casal Nardoni, no Edifício London. Para a investigação, porém, não foi uma queda acidental, mas sim um homicídio. A menina foi agredida e, achando que estava morta, foi arremessada.

Condenado a mais de 30 anos de cadeia, o pai da menina Isabella cumpre pena desde 2008 na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé.

Alexandre Nardoni atualmente cumpre pena no regime semiaberto. O regime mais brando dá direito a ele às saidinhas temporárias, benefício usado como forma de ressocialização dos presos e manutenção de vínculo deles com o mundo fora do sistema prisional.

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