Casal que desviou dinheiro de vaquinha feita para o filho com AME é preso para cumprir pena de 70 anos – Foto: redes sociais
Os pais de Jonatas, menino com Atrofia Muscular Espinhal (AME), foram presos na última quarta-feira (22), para cumprir as penas por estelionato e desvio de bens na campanha que buscava arrecadar recursos para o tratamento do filho. Renato Henrique Openkoski e Aline da Cunha Souza Openkoski, tiveram mandado de prisão expedido em abril deste ano após a sentença transitar em julgado na comarca de Joinville.
Juntos, as penas ultrapassam 70 anos. O filho, rosto da campanha AME Jonatas, morreu em janeiro de 2022 após complicações decorridas da doença.
Relembre a condenação
Os pais de Jonatas começaram a ser investigados após promoverem uma campanha de arrecadação, chamada AME Jonatas, em busca de recursos para custear o tratamento do filho, realizada em 2017. Eles teriam desviado parte do dinheiro para proveito próprio.
Em 2022, Renato, candidato a deputado estadual nas Eleições de 2022 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi condenado a 44 anos e 29 dias de reclusão, em regime fechado. Além do pagamento de 221 dias-multa, equivalente a R$ 8.104,07.
Aline foi condenada a 26 anos, 11 meses e 13 dias de reclusão, em regime fechado. Além do pagamento de 363 dias-multa, equivalente R$ 13.311,21.
Ambos também foram condenados ao pagamento das despesas processuais.
Portador de uma síndrome rara, Vinícius de Brito Samsel, de 3 anos, morreu no último dia 15 enquanto esperava o fornecimento do medicamento Zolgensma, o remédio mais caro do mundo, ao qual ganhou direito após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Infelizmente o nosso menino não resistiu e partiu para os braços de Deus”, escreveu a família nas redes sociais. Os parentes buscavam doações para o tratamento de Vinícius, que era portador de AME (atrofia muscular espinhal), uma doença genética degenerativa.
Vinícius foi internado no dia 14 em Campo Mourão (PR), a 500 km de Curitiba, mas não resistiu. “Você lutou até o último segundo filho, foi tudo tão rápido que ainda não conseguimos acreditar que você não estará mais entre nós”, continua a família, no texto das redes sociais.
Vinícius foi diagnosticado com AME aos quatro meses e, desde então, a família vivia uma batalha judicial pelo fornecimento do remédio, que custa R$ 7,2 milhões. No início de dezembro de 2022, o ministro do STF Edson Fachin determinou a liberação dos recursos para a compra do medicamento.
Ele deu 72 horas para que o Ministério da Saúde cumprisse a determinação, mas o prazo não foi cumprido. Há seis semanas, a família clamava por ajuda para cobrar da União a liberação dos recursos.
“Depois de tanta luta conseguimos, em dezembro do ano passado, a liminar favorável para compra do Zolgensna”, escreveram. “Porém, infelizmente isso ainda não aconteceu continuamos vivendo na angústia e no desespero vendo a AME levar um pouquinho do Vinícius todos os dias.”
Em nota, o Ministério da Saúde disse que “lamenta profundamente o falecimento de Vinícius de Brito Samsel” e que, após a decisão do STF “todas as providências administrativas foram tomadas pelo Ministério da Saúde com toda a celeridade que o caso demandava”.
O depósito judicial do valor do medicamento havia sido realizado em 9 de fevereiro de 2023, diz o ministério. O Hospital Angelina Caron, que seria responsável pela compra do remédio, diz que recebeu notificação sobre a transferência dos recursos apenas no dia 14 de fevereiro, um dia antes da morte de Vinícius.
A Folha ainda não conseguiu contato com a família do menino. O Zongelsma foi incorporado ao rol de cobertura obrigatória dos planos de saúde no início de fevereiro, em meio a protestos das operadoras: a Fenasaúde alega que 25% das empresas de pequeno porte, com até 20 mil vidas, não faturam esse valor no ano, e a decisão ameaça sua sustentabilidade.
A pequena Beatriz Elloá da Silva Santos, bebê de 6 meses que lutava contra a doença rara AME (Atrofia Muscular Espinhal), morreu no final da manhã desta quarta-feira (15), em Franca (SP).
A família está bastante abalada com a notícia. A madrinha da criança, Valéria Cristina Borges Pasqual, disse que Bia estava em casa depois de um período internada no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto. “Que dor enorme!”, disse Valéria.
A família mantia uma campanha de arrecadação de recursos para a compra de um remédio para Beatriz. Várias ações, como pedágios, vinham sendo feitas para arrecadar dinheiro para comprar remédios. A campanha principal tinha o objetivo de arrecadar R$ 7 milhões, preço do remédio considerado mais caro do mundo.
Na rede social oficial de Beatriz Elloa a família postou: “Com muita dor que comunicamos que a Bia virou anjinho. Coração despedaçado. Oração para a mãe e toda família”.
A família ainda não decidiu sobre velório e sepultamento.
Campanha
A história de Beatriz Elloá comoveu Franca, a partir da luta da família para conseguir um medicamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e criando uma vaquinha para a compra de um remédio de custo alto que interrompe a evolução da doença.
Degenerativa, a doença interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores. (CP Notícias Cássia MG)
Uma família de Santo Antônio do Amparo (MG) tenta na Justiça um medicamento que custa R$ 12 milhões para tratar a Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1 do pequeno Caio, de 1 ano e 9 meses. Uma campanha está sendo feita para tentar ajudar a família.
Caio precisa ficar pelo menos 10 horas por dia ao lado de um aparelho para tentar respirar melhor. A mãe dele só deseja que ele possa ter uma vida normal como a maioria das crianças.
“Desde a gravidez a gente sonha de ver seu filho correr, brincar e receber esse diagnóstico é muito triste, saber que seu filho não pode correr, brincar, ver outras crianças correr e ele não poder é muito triste. Outras crianças chamam ele pra brincar, ele até quer, joga o corpinho pra ir, mas ele não pode, ele vê as outras crianças correndo, ele fica doidinho pra ir”, disse a mãe do Caio, a dona de casa Kauany Victória Ribeiro Santos.
A família começou uma corrida contra o tempo para tentar levantar o dinheiro do medicamento, considerado o mais caro do mundo. Agora já são inúmeras campanhas para conseguir o dinheiro. Carreatas e campanhas no comércio estão sendo feitas para tentar levantar a quantia.
A mãe aguarda que o medicamento “Zolgensma” seja liberado de graça pela Justiça, porque ele não existe no SUS, mas o processo costuma ser demorado.
“Quando à documentação, tanto o Zolgensma quanto outros medicamentos que não estão inclusos em atos normativos do SUS, é necessário apresentar a negativa administrativa da concessão do medicamento, um laudo médico fundamentado escrito pelo médico que acompanha o paciente, explicando porque esse medicamento é muito mais eficaz para o tratamento desse caso específico, do que os outros que são fornecidos pelo SUS. É necessário também apresentar documentação que comprove a incapacidade financeira de arcar com os custos do medicamento prescrito, o que no caso do Zolgensma essa comprovação fica mais facilitada por se tratar de um medicamento de elevadíssimo valor e também um comprovante de registro do medicamento na Anvisa”, explicou a advogada especialista em direito médico, Bárbara Abreu.
A AME é uma doença degenerativa e progressiva, que gradualmente vai comprometendo as funções vitais. A taxa de mortalidade é de 90%. Para a AME tipo 1, a expectativa de vida é de só 2 anos. Os pais precisam ficar atentos aos sinais de músculos fracos e atrofiados logo nos primeiros meses de vida.
“Neste mês de fevereiro a orientação médica é que a gente alerte a sociedade no que a gente chama de Fevereiro Roxo e Laranja. A gente conversa sobre essas questões para ficar atentas a alguns sinais, no caso da Atrofia Muscular Espinhal, a musculatura vai ficando muito fraca, a criança não consegue ficar em pé, a criança começa a atrofiar a musculatura, ter dificuldade respiratória, você põe em pé, não fica em pé, ou até muitas vezes em pessoas de média idade costuma acontecer também, é uma doença rara, acontece mais ou menos em uma, duas pessoas a cada 30 mil habitantes”, disse o médico neurologista Ítalo Venturelli.
“Estamos na Justiça, entramos na Justiça, mas até que chegue o resultado, a gente precisa da ajuda de todos comigo, o pouco já é muito pra gente, meu filho precisa, eu preciso, eu quero que me ajude a salvar a vida do meu filho”, concluiu a mãe.
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