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Moraes usou o TSE de forma extraoficial para investigar bolsonaristas, diz jornal

Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Carlos Moura/SCO/STF
Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes solicitou de forma extraoficial que o Tribunal Superior Eleitoral produzisse relatórios para subsidiar decisões contra bolsonaristas no Inquérito das Fake News, em tramitação no STF, segundo mensagens relevadas nesta terça-feira 13 pelo jornal Folha de S.Paulo.

O material, formado por cerca de 6 gigabytes, abrange mensagens trocadas entre agosto de 2022 e maio de 2023. Os interlocutores são Airton Vieira, juiz e assessor de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, perito que à época comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE.

Segundo o conteúdo obtido pelo jornal, os casos não traziam a informação de que o relatório surgiu de uma demanda de Moraes, mas de um juiz auxiliar do TSE ou de denúncia anônima.

Um dos casos específicos diz respeito ao jornalista bolsonarista Rodrigo Constantino, com dois pedidos de produção de relatórios sobre postagens nas redes sociais.

“Quem mandou isso aí, exatamente agora, foi o ministro e mandou dizendo: vocês querem que eu faça o laudo? Ele tá assim, ele cismou com isso aí. Como ele está esses dias sem sessão, ele está com tempo para ficar procurando”, disse Vieira em áudio enviado a Tagliaferro em 28 de dezembro de 2022. “É melhor por [as postagens], alterar mais uma vez, aí satisfaz sua excelência.”

O assessor do TSE respondeu que alteraria o documento e incluiria a postagens, embora avaliasse que o conteúdo encaminhado inicialmente já seria suficiente.

“Concordo com você, Eduardo”, devolveu Vieira. “Se for ficar procurando, vai encontrar, evidente. Mas como você disse, o que já tem é suficiente. Mas não adianta, ele [Moraes] cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia.”

Em 1º de janeiro de 2023, Vieira enviou a Tagliaferro a cópia de duas decisões – sigilosas – de Moraes no Inquérito das Fake News emitidas com base no relatório encaminhado.

Horas após a publicação da reportagem da Folha de S.Paulo, o gabinete de Alexandre de Moraes emitiu uma nota a afirmar que o ministro, no âmbito do Inquérito das Fake News e do Inquérito das Milícias Digitais, expediu determinações a “inúmeros órgãos”, inclusive ao TSE, “que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de Estado e atentado à democracia e às instituições”.

Segundo o comunicado, os relatórios apenas “descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas às investigações de milícias digitais”.

“Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República.”

O jornal diz ter obtido o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, sem interceptação ilegal ou participação de um hacker.

Em mais um caso de ‘fake news’, prefeito de Carmo do Rio Claro registra Boletim de Ocorrência contra áudio gerado por IA e divulgado nas redes sociais

Na última segunda-feira (8), o prefeito de Carmo do Rio Claro (MG), Filipe Carielo, registrou um Boletim de Ocorrência contra um áudio divulgado nas redes sociais. No conteúdo, gerado por inteligência artificial, o prefeito estaria chamando os carmelitanos de ‘ignorantes’. É o segundo caso de ‘fake news’ em poucos dias envolvendo prefeitos da região’

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Filipe relatou o fato e disse que tomará as medidas cabíveis para que as pessoas envolvidas na produção e compartilhamento do conteúdo sejam punidas.

”Clara montagem [o áudio]. Quem tiver um pouquinho de noção, vê que não tem nada a ver com a minha voz, não tem nada a ver com a minha fala, não é o jeito de eu conversar. Muito triste um negócio desse. Não só me ofendem, mas ofendem todo o povo carmelitano, querendo mostrar uma situação inverídica”, disse Carielo.

Outro caso

No dia 3 de julho, a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do Delegado Dr. Luan Maturano Dutra e a Investigadora de Polícia, Grace Renata Cunha de Paula, da Delegacia de Alpinópolis (MG), concluiu nesta quarta-feira (3), o inquérito policial que apurava injúrias preconceituosas contra o prefeito Rafael Freire e outro homem.

Sete pessoas foram indiciadas pelo crime.

A polícia investigava um caso de ‘fake news’, também através de áudio gerado por IA, envolvendo o prefeito Rafael e outro homem.

Segundo a polícia, o responsável pela criação do áudio é um jovem morador de Passos (MG). Ele relatou que a produção do conteúdo, feito através de inteligência artificial, não tem motivação política, e que foi apenas uma ‘brincadeira de mal gosto’ com seu sócio, que possui o mesmo nome que a outra vítima. O autor disse ainda que teria compartilhado o áudio em um grupo com apenas três pessoas.

A Polícia Civil identificou também a pessoa que teria associado o foto da vítima com o referido áudio. O responsável, segundo o delegado, não revelou o motivo de ter vinculado a imagem com o áudio, mas disse que não teria nenhum cunho político.

Voluntário emociona ao relatar história de criança no RS

Um áudio que circula nas redes sociais relata o drama de um homem que parece ser voluntário no resgate às vítimas da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Em uma gravação de áudio, ele conta, bastante emocionado, que havia três crianças com ele em um barco, e uma delas lhe pediu para que pegasse uma boneca que boiava. Mas ao tentar alcançar o brinquedo, ele percebeu que era o corpo de um bebê levado pelas enchentes.

“Eu parei, nao tenho mais coracao para isso hoje”, disse o homem não identificado. “Estou indo embora; chega”, comunicou, enquanto chorava.

O vídeo não diz em qual cidade se passou o episódio, mas narra a gravidade da situação no Estado. O homem afirma que “eles” foram todos para Canoas, município localizado na Grande Porto Alegre. “Acabou o resgate; que quem saiu, saiu; quem não saiu, não sai mais”, lamentou.

Ele disse ainda que não iria para Mathias, referindo-se ao bairro Mathias Velho, onde a população era resgatada por meio de pequenas embarcações. “Tem muita gente boiando morta, os guris falaram de ir para lá, mas eu não vou”.

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