A Residência Senhor Pompeu: Casa Cachorro Sentado é o primeiro bem tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de São José da Barra (Compac). O decreto do tombamento foi assinado no último dia 8 pelo prefeito do município, Paulo Sérgio Leandro de Oliveira, o Serginho. Imóvel é o único remanescente de moradias construídas para abrigar moradores da Barra Velha devido ao enchimento do reservatório de Furnas que mantém a arquitetura original.
“São José da Barra tem cerca de 6,7 mil habitantes e foi construída na época da construção da Usina Hidrelétrica de Furnas, quando o antigo vilarejo, chamado atualmente de Barra Velha, foi alagado. As casas Cachorro Sentado são edificações residenciais construídas para antigos moradores da Barra Velha. Foram construídas aproximadamente 50 casas desse tipo. Alguns imóveis ainda são encontrados no centro da Barra, mas foram descaracterizados em relação à arquitetura original ou demolidos. O imóvel localizado na rua José Rosa de Andrade, 82, é o único remanescente dessas construções que mantém suas características originais, tornando-o o único exemplar de uma época da história da cidade”, afirma Serginho.
De acordo com o prefeito, o procedimento também deve ser realizado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) devido à relevância histórica do imóvel. O resultado da análise pelo Iepha deve ser anunciado até o final de julho de 2023 e, se aceito, o bem cultural será o primeiro tombamento estadual da cidade. Segundo o prefeito, em janeiro deve ser protocolado o dossiê de tombamento da Residência Senhor Pompeu.
“O imóvel está sob responsabilidade da Secretaria de Cultura, que conduz o processo de tombamento. É a primeira vez que São José da Barra realiza o tombamento de um bem cultural da cidade, visando a preservação para as próximas gerações. O dossiê do processo de tombamento foi construído com a participação de antigos moradores da Barra Velha, dos conselheiros municipais do patrimônio cultural, setor de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal com a consultoria da empresa Myra Assessoria”, relatou o prefeito.
Serginho afirma que a ação é um marco para a preservação da história do município e deve contar também para aumentar a pontuação da cidade no ICMS Patrimônio Cultural. Para ele, a ideia é ter capacidade para buscar recursos para a restauração do bem e a criação de um museu municipal no local.
A chefe do Departamento de Cultura e Turismo, Lorraine Oliveira Nunez, afirma que o tombamento do imóvel é garantia de que o bem cultural será preservado, uma vez que a Constituição Federal de 1988 define que esses bens guardam ‘referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos de formadores da sociedade brasileira.
“A casa possui um valor histórico e memorial importantíssimos para a cidade, pois serviu de abrigo aos moradores que tiveram que sair às pressas da Barra Velha. Quando chegaram na Barra Nova, foram alocados nessas casas, distante de tudo que eles conheciam, ou seja, a casa foi a primeira referência de lugar que eles tiveram. Para mim, essa casa me traz muitas emoções. Estamos há três anos lutando pela sua preservação e, enquanto fazíamos isso, escutamos os relatos de quem teve que fazer o percurso da Barra Velha para Barra Nova. Então, tem muita emoção envolvida. Durante muitos anos a história que se contava da Barra era apenas a da construção da Usina de Furnas. Com o tombamento da casa, poderemos contar a história de quem não está nos livros oficiais”, disse Lorraine.
Segundo ela, o próximo passo é enviar o processo de tombamento ao Iepha. (Clic Folha)