
A Câmara Municipal de Três Corações (MG) realiza, nesta quarta-feira (4), às 14h, sessão Extraordinária que pode definir o futuro político do vereador Evandro Guimarães (PL). O parlamentar é alvo de uma Comissão Processante aberta após denúncia de possível quebra de decoro parlamentar relacionada a um inquérito policial por suspeita de violência sexual contra a filha de 14 anos.
A votação ocorrerá no plenário, com acesso restrito a pessoas que apresentarem documento oficial com foto, conforme comunicado divulgado pela Casa Legislativa. A ação foi pedida pelo presidente da Casa, Dj Wesley (Podemos), e busca garantir a segurança dos presentes e a ordem dos trabalhos, em uma sessão que deve atrair forte mobilização.
Comissão Processante
A comissão responsável pela apuração foi composta pelos vereadores Werbinho (PL) como presidente, Leo Vilela (PP) como relator e Ricardinho do Gás (Avante) como membro. Durante mais de dois meses, o grupo ouviu testemunhas indicadas pela acusação e pela defesa, além de solicitar documentos a órgãos públicos. O relatório final foi concluído e deve ser disponibilizado aos demais parlamentares antes da votação.
Evandro foi convocado duas vezes para prestar depoimento, mas não compareceu. Na primeira ocasião, apresentou atestado odontológico; na segunda, alegou troca de advogado. A defesa também tentou suspender o processo na Justiça, mas os pedidos foram negados.
Votação
Durante a sessão, o vereador e seu advogado terão direito à defesa oral. Em seguida, os demais 13 parlamentares votarão o parecer da comissão. Para que o mandato de Evandro Guimarães seja cassado, é necessário o voto de ao menos nove vereadores. Por estar diretamente envolvido, ele não poderá votar. Sua suplente, Cristian Timbó, será convocada para participar da deliberação e poderá assumir a cadeira de forma definitiva, caso a cassação seja aprovada.
Mesmo que tenha o mandato cassado, Guimarães poderá recorrer à Justiça.
O que diz Evandro
Pelas redes sociais, o vereador publicou um vídeo alegando ser alvo de perseguição política. Segundo ele, o processo foi construído com base em um documento sigiloso “rasurado” e vazado ilegalmente, o que, para ele, configura um crime. “Mesmo com tempo de sobra, a Comissão Processante, em claro atropelo ao devido processo legal e, sobretudo, ao contraditório e ampla defesa, encerrou seus trabalhos desprezando o meu depoimento”, afirma.
Evandro também aponta supostos conflitos de interesse. Segundo ele, o advogado da comissão recebeu R$ 30 mil de fundo eleitoral para atuar na campanha do PT em Três Corações em 2024. “Infelizmente, a esquerda se uniu e está usando a instituição da comissão processante e a nossa casa de leis para me atacar, para me perseguir politicamente.”
Ao final do vídeo, o parlamentar reafirma sua inocência e conclama seus eleitores. “O seu voto, você já pensou nisso? Amanhã, 1.214 votos tricordianos podem ser jogados no lixo. (…) Reafirmo categoricamente: sou inocente. E não há justificativa real para cassar o meu mandato.”
Entenda
Em março deste ano, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o vereador por suspeita de violência sexual contra a própria filha, de 14 anos. Segundo o boletim de ocorrência registrado pela mãe da adolescente, o caso teria ocorrido no dia 1º de março, durante o Carnaval, em Bom Sucesso (MG).
A denúncia aponta que o vereador teria tocado as partes íntimas da menina. A Polícia solicitou medida protetiva e segue apurando o caso. O inquérito motivou a abertura de uma Comissão Processante na Câmara Municipal.