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Chacina de Sinop: atirador que matou 7 pessoas é condenado a 136 anos de prisão

Chacina de Sinop: atirador que matou 7 pessoas é condenado a 136 anos de prisão - Foto: reprodução
Chacina de Sinop: atirador que matou 7 pessoas é condenado a 136 anos de prisão – Foto: reprodução

A Justiça de Mato Grosso condenou nessa terça-feira (15) Edgar Ricardo de Oliveira, 32, a 136 anos de prisão pela morte de sete pessoas, incluindo uma adolescente, em um bar em Sinop (MT). A chacina, ocorrida em fevereiro de 2023, foi cometida por Edgar e Ezequias Souza Ribeiro, que foi morto pela polícia após o crime. O preso disse que vai recorrer da decisão.

A condenação foi de 136 anos, 3 meses, 20 dias de reclusão e 31 dias-multa. A decisão dos jurados do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri foi proferida na noite desta terça-feira (15). O julgamento começou na manhã desta terça no Fórum da Comarca de Sinop com sessão foi presidida pela juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, da 1ª Vara Criminal da Comarca.

A Justiça determinou que o cumprimento da pena seja em regime inicial fechado. Edgar já está preso preventivamente (por tempo indeterminado) na Penitenciária Central de Mato Grosso, em Cuiabá.

A decisão também determinou que o preso pague um valor mínimo para reparação dos danos causados. Conforme a magistrada, a quantia mínima deve ser de R$ 200 mil a serem dividida entre as famílias das vítimas. O preso não terá que pagar o valor das custas processuais porque foi representado pela Defensoria Pública Estadual.

Ele confessou o crime. O preso participou da sessão por meio de videoconferência após manifestar interesse em não participar de forma presencial. A defesa de Edgar foi representada pela Defensoria Pública Estadual, que compareceu ao plenário do júri presencialmente.

À justiça, Edgar declarou que “nunca se importou com o dinheiro” dos jogos de sinuca que disputava. Ele argumentou que as competições eram um passatempo para ele, que se considerava um jogador, assim como era atirador. Segundo a versão do acusado, ele levava R$ 20 mil e até mesmo R$ 30 mil para os jogos e não se importava em perder valores.

O acusado reforçou por diversas vezes o argumento de que era empresário. Edgar afirmou que trabalhava na gestão de “10, 15” obras ao mesmo tempo e voltou a rebater as informações de que a chacina teria ocorrido devido a ele e Ezequias terem perdido a aposta da sinuca: “é tudo julgamento que estão colocando sem saber dos fatos, do que aconteceu”.

“Eu não vivia do jogo. Eu tinha meu ganho fora. Era empresário. Então, nada desses fatos que dizem que ‘ai, ele só saiu matando todo mundo’. Não é assim. Ninguém morre de graça, não”, declarou Edgar Ricardo de Oliveira.

Questionado por um dos advogados de acusação sobre a fala “ninguém morre de graça”, o preso disse que “cada um fez por si”. Então, o defensor questiona se a frase inclui a vítima Larissa Frazão de Almeida, 12, e Edgar nega, acrescentando que o disparo que atingiu a garota foi acidental e que não mirou na menina “em momento algum”.

O homem alegou que foi insultado durante a partida de sinuca e em situações anteriores por algumas das vítimas. Conforme relato de Edgar, na manhã do dia do crime, ele teria sido ameaçado com uma arma pela vítima Orisberto Pereira Sousa.

Durante as partidas da aposta, o acusado também disse que era alvo de “piadinhas” dos presentes no bar. Ele apontou Maciel Bruno de Andrade Costa, outra vítima, como o responsável por criar situações e fazer outras pessoas serem cúmplices de ações contra ele.

Edgar ainda afirmou ter feito uso de cocaína, oferecida por Ezequias, pouco antes da ação criminosa. Ele falou que usou a droga anteriormente uma vez e que não repetiu o consumo porque teria passado mal no primeiro, mas decidiu usar a substância oferecida pelo amigo no bar após a insistência dele.

“Aí eu juntei o ápice da raiva com tudo o que tinha acontecido. As sugestas [enviar uma mensagem de forma que somente uma pessoa entende a referência] do Bruno e aí estourou, foi e aconteceu. Foi só a hora que a bomba explodiu, mas ela tinha sido acesa muito antes. Eu só não sei como eu saí do controle a ponto de fazer aquilo, porque eu sempre me controlei. Eu nunca saquei uma arma para ninguém, nunca na minha vida, em lugar nenhum.”

RELEMBRE O CASO

Edgar é um dos autores de uma chacina que deixou sete mortos em Sinop (MT). Entre as vítimas, estavam seis adultos e uma adolescente. O crime aconteceu em 22 de fevereiro de 2023.

O crime foi cometido com ajuda de Ezequias Souza Ribeiro, 27, e, segundo as autoridades, foi motivado por uma aposta de R$ 4.000. Eles jogavam baralho e sinuca em um bar e foram “alvo de chacota” após perderem o valor, apontou a investigação.

Uma câmera de segurança gravou ação. Nas imagens, é possível ver que um dos atiradores usou uma pistola 380 e o outro uma espingarda calibre 12 para disparar contra os presentes. Os dois ficaram foragidos e Ezequias foi morto pela polícia em uma área de mata, próxima ao aeroporto de Sinop. Edgar se entregou na delegacia dois dias após o crime e depois saber da morte de Ezequias.

Quem são as vítimas da chacina:

  • Getúlio Rodrigues Frazão Junior, 36 – Adversário da dupla na partida de sinuca
  • Larissa Frazão de Almeida, 12 – Filha de Getúlio, foi morta ao ser atingida por um tiro nas costas enquanto tentava fugir
  • Orisberto Pereira Sousa, 38
  • Adriano Balbinote, 46
  • Josué Ramos Tenório, 48
  • Maciel Bruno de Andrade Costa, 35
  • Elizeu Santos da Silva, 47

Autor de chacina se entrega à polícia e diz que ideia era “poupar vidas”

Um dos homens apontados como autor da chacina que deixou sete mortos em Sinop, Mato Grosso, se apresentou à polícia nesta quinta-feira (23). Ele estava em uma casa no bairro Califórnia e foi preso pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da cidade.

Edgar se entregou após negociação intermediada por seu advogado Marcos Vinicius Borges. O suspeito pediu garantias de que sua integridade física seria preservada.

O atirador estava foragido desde a última terça-feira (21), quando ele e o comparsa Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, morto em confronto com a polícia na quarta, executaram as vítimas em um bar.

À imprensa local, Edgar afirmou que chegou a dizer para o amigo Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, morto na quarta-feira (22) em confronto, que deviam “poupar vidas”. Ele argumenta ainda que não tinha a intenção de matar nenhuma criança.

Após a chegada do advogado à delegacia, o suspeito enviou via aplicativo de mensagem onde estava se escondendo. Investigadores acompanharam Marcos Vinicius até o local onde o homem está escondido.

A Polícia Civil não informou quais serão os próximos trâmites, se ele vai ser ouvido, se vai passar por audiência de custódia, bem como onde deverá ficar preso. “Ele tá arrependido né, mas não entrei nesse mérito com ele, mas é visível o estado que ele conversa e sem dúvida ele está bem arrependido”, afirmou o advogado do suspeito logo após a prisão.

Negociação

A decisão de se entregar à polícia aconteceu após o outro suspeito de envolvimento no crime, Ezequias , morrer após ser baleado em confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na tarde desta quarta (22).

Segundo informações preliminares, Ezequias chegou a ser socorrido e encaminhado ao Pronto Socorro do município em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos.

Homens matam sete pessoas após perderem jogo de sinuca; autor morre em confronto com a polícia

Dois homens são suspeitos de matar sete pessoas no município de Sinop, no Mato Grosso, depois que as vítimas zombaram deles por terem perdido um jogo de sinuca. Uma adolescente de 12 anos está entre as vítimas.

O crime aconteceu na terça-feira (21), em um bar no bairro residencial Lisboa. Os dois homens estavam jogando sinuca com as vítimas e teriam perdido uma quantia significativa de dinheiro no jogo. Eles foram identificados como sendo Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos.

Depois que as vítimas começaram a zombar da dupla, os dois foram embora em uma caminhonete branca e retornaram armados com uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12.

Segundo as informações da Polícia Civil, o homem com a pistola colocou as vítimas em uma parede e os dois começaram a disparar contra elas.

Quando a Polícia Civil chegou ao local após ser acionada, seis das vítimas já estavam mortas. Uma delas ainda estava viva, foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada até o hospital regional, mas não resistiu.

As sete vítimas são Larissa Frazão de Almeida, de 12 anos; Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos; Josué Ramos Tenório, de 48 anos; Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36 anos; Adriano Balbinote, de 46 anos; Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos; e Elizeu Santos da Silva, de 47, que morreu no hospital.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil está responsável pela investigação do caso.

Morte do autor do crime

Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, um dos autores da chacina, morreu na última quarta-feira, após entrar em confronto com a polícia local.

O enfrentamento ocorreu uma área de mata, afastada do centro da cidade. Ezequias foi encaminhado ao Hospital Regional de Sinop, mas não resistiu aos ferimentos.

O outro responsável pelas mortes, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, ainda está sendo procurado.

A polícia apreendeu, também nesta quarta-feira, a caminhonete, armas e munições utilizadas no caso.

“Ao ser realizada a busca veicular, a equipe encontrou uma espingarda calibre 12 dentro do compartimento do motor, sob o capô. Foi encontrada, ainda, uma bolsa preta, pequena, contendo 14 munições calibre .40 e 14 munições gauge 12”, diz a nota da Polícia Militar do estado, que também encontrou certificados de registro de armas de fogo entre os itens apreendidos.

“As forças de segurança do estado trabalham em conjunto para localização dos suspeitos do crime, que já foram identificados pela Polícia Civil. Uma força-tarefa foi criada para buscas aos autores do crime”, diz a PM na nota.

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