Ministério da Saúde vai pedir inclusão de vacina contra chikungunya no SUS – Foto Paulo Pinto/Agência Brasil
Após a aprovação da vacina contra a chikungunya pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta segunda-feira (14), o Ministério da Saúde solicitará que o imunizante seja incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde).
O pedido será encaminhado à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), responsável por avaliar a adoção de novas tecnologias na rede pública de saúde.
Caso a incorporação seja aprovada e haja capacidade de produção, a vacina será incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI), com aplicação prevista para a população adulta a partir dos 18 anos.
O imunizante foi desenvolvido pelo laboratório franco-austríaco Valneva, em parceria com o Instituto Butantan. Esta é a primeira vacina contra a doença autorizada no país -o pedido de aprovação havia sido submetido à Anvisa em dezembro de 2023.
A vacina demonstrou segurança e eficácia imunológica em dois estudos clínicos de fase 3 realizados no Brasil e nos Estados Unidos. A etapa brasileira foi coordenada pelo Instituto Butantan e apresentou produção de anticorpos neutralizantes em 98,8% dos participantes.
O instituto tem um segundo pedido sendo analisado pela Anvisa, para a aprovação de uma versão do imunizante que será formulado, liofilizado e rotulado no Brasil. Com custos menores, ele poderá ser incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde).
A chikungunya é uma arbovirose transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da zika. A doença provoca febre alta e dores intensas nas articulações, podendo evoluir para quadros crônicos de dor em alguns casos.
O vírus foi introduzido no Brasil em 2014 e, atualmente, há registro de casos em todos os estados do país. Até 14 de abril deste ano, o Brasil contabilizou 68,1 mil casos e 56 mortes confirmadas pela doença.
MG confirma segunda morte por chikungunya, e óbitos por dengue saltam 44% no fim de semana – Foto: reprodução
O governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria da Estado de Saúde (SES), confirmou nessa segunda-feira (10 de março) a segunda morte por chikungunya. A nova vítima é um idoso entre 80 e 89 anos que morava em Ipatinga, no Vale do Aço.
Conforme a pasta da saúde do Estado, o idoso tinha comorbidades, como diabetes e hipertensão. A outra morte pela doença era uma idosa, da mesma faixa etária, moradora de Arceburgo, com as mesmas comorbidades. No momento são 4.985 casos prováveis de chikungunya.
No último balanço da SES, o número de mortes por dengue também saltou. Eram nove na última sexta-feira (7 de março), contra 13 nessa segunda-feira. Os óbitos em investigação caíram, passando de 42 para 41. Uberlândia agora tem cinco vítimas por dengue, o maior número disparo em todo o Estado. Em seguida aparecem as cidades de Areado, Carmo do Paranaíba, Itapagipe, Iturama, Monte Carmelo, Ponte Nova, Uberaba e União de Minas.
Apesar do aumento, os números ainda estão bem abaixo do que foi registrado no mesmo período de 2024, o ano da pior epidemia da história. Nas 11 primeiras semanas do ano passado, foram 575 mortes por dengue e 81 óbitos por chikungunya.
Minas Gerais confirma a primeira morte por chikungunya em 2025 – Foto: reprodução
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou a primeira morte por chikungunya neste ano. A vítima é uma idosa com idade entre 80 e 89 anos na cidade de Arceburgo, no Sul de Minas. A mulher apresentava comorbidades, segundo a pasta de saúde.
O Estado ainda investiga outra morte suspeita da doença. Até essa quarta-feira (5 de fevereiro), eram 2.174 casos prováveis de chikungunya em Minas Gerais. A cidade com mais casos prováveis da doença é Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com 1.301.
Em relação a outras arboviroses, Minas Gerais segue com duas mortes por dengue e outros 13 óbitos em investigação. Os casos prováveis para essa doença são 22.710, conforme a última atualização do Estado nessa quarta-feira. Uberlândia também lidera os casos de dengue, com 2.029 casos prováveis. Já a zika tem dois casos confirmados e 11 prováveis. Nenhuma morte foi confirmada para essa doença.
O que é a febre chikungunya?
A febre chikungunya é causada por um vírus (CHIKV), que é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti. A doença pode apresentar um perfil de infecção crônica nos indivíduos infectados, limitante em muitos casos, causando distanciamento do trabalho e das atividades de rotina do indivíduo acometido, devido principalmente a dores intensas nas articulações. Alguns pacientes podem apresentar casos atípicos e graves da doença, que podem evoluir para óbito com ou sem outras doenças associadas, sendo considerado óbito por chikungunya.
A principal forma de transmissão do vírus CHIKV, causador da chikungunya, é pela picada do mosquito fêmea da espécie Aedes aegypti. É importante ressaltar que somente as fêmeas que já estejam infectadas pelo vírus serão capazes de transmiti-lo para outro ser humano.
Os sintomas mais característicos da doença são as dores articulares, dificuldades de movimentos e locomoção, devido à inflamação das articulações. Esses sintomas podem desaparecer em poucas semanas, no entanto, em alguns indivíduos, o quadro pode permanecer por meses ou anos.
Os outros sintomas da febre chikungunya são semelhantes aos da dengue, sendo eles: febre alta, dor muscular intensa, dor de cabeça, enjoo, fadiga e manchas avermelhadas pelo corpo. O que difere as duas doenças, são as fortes dores nas articulações, classificadas como poliartralgia. Caso perceba algum dos sintomas citados, procure uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e não use medicamentos sem orientação médica.
Mortes por chikungunya disparam em Minas Gerais – Foto: reprodução
Considerada menos mortal do que a dengue, a chikungunya vem apresentando um aumento alarmante de mortes em Minas Gerais. De acordo com boletim epidemiológico divulgado na última segunda-feira (13) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), 62 pessoas perderam a vida devido a complicações da doença neste ano, representando um aumento de 77,14% em relação ao total de 35 óbitos confirmados até 15 de abril. O número já é superior às 56 mortes registradas ao longo de todo o ano de 2023, que até então era considerado o pior período epidêmico dessa arbovirose no estado.
Além da disparada de óbitos confirmados no intervalo de um mês, o boletim informa que, atualmente, seguem em investigação 31 mortes, número próximo dos 34 óbitos em análise que a SES-MG registrava em 15 de abril. Minas Gerais ainda concentra mais de 60% dos casos prováveis e das mortes por chikungunya no Brasil, conforme dados do Painel de Monitoramento de Casos de Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizados ontem. Com 177.541 casos prováveis – ou seja, os notificados, exceto os descartados – da doença em todo o país, Minas lidera com 111.289, no balanço da pasta, o que corresponde a 62,6% do total nacional. E a soma lançada no boletim da SES é ainda maior.
Especialistas atribuem o aumento das mortes pela doença à explosão de arboviroses no estado e à intensa circulação do mosquito Aedes aegypti, também transmissor da zika e da dengue. Com 112.980 casos prováveis de chikungunya registrados pela SES-MG entre 1º de janeiro e ontem, em menos de cinco meses o estado já ultrapassou os 102.205 registrados durante todo o ano de 2023, que era o recordista na enfermidade em Minas Gerais. O médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Geraldo Cunha Cury, alerta que os números elevados indicam que o surto ainda não foi superado. “O risco está aí presente, ainda temos inúmeros focos de proliferação do mosquito”, destaca.
Diferentemente da dengue, cuja gravidade pode ser acentuada pela desidratação, a chikungunya não possui fatores de agravamento intrínsecos à doença. No entanto, o risco é potencializado quando há comorbidades dos pacientes, como diabetes e hipotireoidismo. “Ela tem um perfil um pouco diferente da dengue; embora possa piorar também, usualmente não é uma doença fatal. Mas, quando a pessoa tem alguma doença associada, o que chamamos de comorbidades, ela está mais vulnerável. A causa da morte é a chikungunya, porém agravada por esses outros fatores”, aponta o especialista.
Recentemente, um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na revista “The Lancet Infectious Diseases”, trouxe uma nova camada de preocupação sobre as implicações de médio e longo prazo da chikungunya, doença identificada pela primeira vez no território mineiro em 2014. A pesquisa revelou que o risco de morte persiste por até três meses após o início dos sintomas da doença, que apresenta sua fase aguda nos primeiros 14 dias. Para Cury, essa descoberta sinaliza uma mudança de paradigma na leitura da doença, antes vista como pouco letal. “Isso precisa ser considerado. Adicionalmente, temos uma série de incertezas sobre os padrões futuros da virose e os desafios que podem surgir em decorrência das mudanças climáticas”, observa.
A chikungunya pode deixar sequelas graves nos pacientes, como dores articulares crônicas, que podem incapacitar total ou parcialmente por meses ou anos. O tratamento precoce, incluindo fisioterapia, é fundamental para aliviar os sintomas e minimizar as complicações a longo prazo. Os sintomas evoluem por fases, iniciando na fase aguda, com dores intensas nas articulações, passando pela subaguda e podendo chegar à fase crônica, quando as dores permanecem após meses da infecção. “A pessoa acha que tem que ficar parada, mas, na verdade, é o contrário. Começar a fisioterapia o mais rápido possível pode ajudar “, recomenda Cury.
DENGUE
Este ano, Minas enfrenta não só o terceiro período consecutivo de epidemia de dengue, como aquele que é assinalado como o pior da história do estado. Até o momento, são 430 mortes confirmadas. Minas acumula 1.364.180 casos prováveis da doença, mais de 318 mil deles registrados no intervalo de um mês. São 6.637 casos por 100 mil habitantes, segunda maior incidência no país, atrás do Distrito Federal (8.853,8/100 mil). Em números absolutos, o estado lidera.
Casos de chikungunya crescem 624% em 2023 e período chuvoso acende alerta em MG – Foto: reprodução
Se em 2022 os 853 municípios de Minas Gerais registraram 13.137 casos prováveis de chikungunya, no ano passado esse dado saltou para 95.152, um aumento de 624% entre os dois períodos. O dado faz parte do Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas (Dengue, Zika e Chikungunya), divulgado esta semana pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Apesar de ser a cidade mais populosa do Estado, Belo Horizonte não lidera o ranking dos municípios com mais casos da doença. Montes Claros, no Norte de Minas, registrou um total de 11.628 casos prováveis de chikungunya em 2023. Em seguida aparece Ipatinga, no Vale do Aço, com 5.975 registros. Os dois municípios registraram 7 e 3 mortes, respectivamente.
BH só aparece na terceira colocação, com 5.975 casos prováveis da doença e duas mortes confirmadas. Na lista aparecem em quarto lugar Sete Lagoas, na região Central, com 5.541 casos prováveis, e Contagem, na região metropolitana, com 3.686 registros.
O infectologista Unaí Tupinambás explica que o aumento nos casos de chikungunya já era sentido desde o verão de 2023, mas que, neste ano, o vírus dá indícios de que também será muito importante. “A orientação é a mesma da dengue. Precisamos eliminar os criadouros do Aedes aegypti para ficar livres de três doenças (zika, dengue e chikungunya). Por isso precisamos ficar muito atentos neste período chuvoso”, alertou o especialista.
A SES-MG foi procurada pela reportagem para falar sobre o aumento expressivo nos casos de chikungunya no Estado e, também, acerca das ações para frear o avanço da doença. Entretanto, até a publicação desta reportagem a pasta ainda não havia se posicionado. Assim que a resposta for recebida, ela será incluída no texto.
Sintomas da doença podem perdurar por até 1 ano
A chikungunya é uma doença causada pelo vírus de mesmo nome e que é transmitida tanto pelos mosquitos que passam a dengue e como pelos responsáveis pela febre amerela (Aedes albopictus). Os sintomas aparecem depois de uma semana de infecção, causando febre e dor nas articulações que surgem subitamente. Entre os sintomas também aparecem a dor muscular, dor de cabeça, fadiga e erupção cutânea.
Segundo Unaí Tupinambás, apesar da maioria das pessoas verem os sintomas desaparecerem em cerca de uma semana, outras experimentam o chamado quadro “pós-infeccioso”.
“Algumas pessoas têm dores articulares, às vezes até incapacitantes, e precisam de medicação mais prolongada e de controle médico especializado. Esse quadro pode se arrastar durante seis meses a até um ano, com o paciente necessitando de medicamentos reumáticos para reduzir as dores”, concluiu o infectologista.
Chikungunya explode em MG com aumento de 979% nos casos e de 1550% nas mortes – Foto: reprodução
Os casos de febre chikungunya explodiram 979% em Minas Gerais entre janeiro e junho deste ano. Foram mais de 61.700 casos da doença, contra 5.700 registrados no mesmo período de 2022. Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses. Especialista avalia que o aumento da população do mosquito Aedes aegypti pode ser a explicação para a disparada dos casos de arboviroses.
O levantamento também aponta uma disparada de 1550% no número de mortes por chikungunya. Ao todo, 33 mineiros morreram pela doença nos primeiros seis meses do ano. Em 2022, dois óbitos foram registrados. Os dados mostram ainda que 14 mortes estão em investigação, e 83.600 foram classificados como prováveis.
Efeitos da doença Os casos ligam o alerta para os efeitos da doença. O chefe de processos Tiago Stofel, de 38 anos, teve chikungunya em maio. Ele sentiu dores em todo o corpo, sobretudo nos joelhos, febre e calafrios. Três meses depois, ele ainda sofre com dores intensas, que são aliviadas apenas com injeções de corticoide, aplicadas a cada 15 dias, e anti-inflamatório após o efeito do injetável.
“Quando comecei a ter os sintomas, já imaginei que fosse (chikungunya) por causa de relatos de amigos. O médico tirou um raio-x do tórax e disse que eu estava muito gripado, pediu que eu fizesse um teste de Covid, mas que não fiz. Nunca imaginei que a doença tinha tantos efeitos. Sabia que causava dor nas articulações, mas nunca pensei que fosse com tanta intensidade”, lamenta.
Sequelas
As sequelas descritas pelo chefe de processos podem durar meses e até anos. É o que alerta o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o médico Adelino de Melo Freire Junior. “As populações mais vulneráveis, como imunossuprimidos e idosos, podem ter a forma mais severa levando até mesmo ao óbito. A complicação de longo prazo pode acometer qualquer pessoa, que são dores articulares persistentes ou intermitentes que podem durar anos. Isso ainda gera a preocupação do aumento consumo de medicamentos, como corticoides, anti-inflamatórios e analgésicos.
Morador de Belo Horizonte, Tiago relata que diversos amigos também contraíram a febre. A percepção do chefe de processos é comprovada nos números da capital. Ao todo, 4.405 casos foram confirmados na cidade no primeiro semestre de 2023, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O número representa aumento de 4849%, quando comparado ao mesmo período do ano passado, no qual 89 casos foram somados. Uma pessoa morreu pela doença neste ano.
O infectologista explica que a disparada dos casos está ligada a múltiplos fatores. “A febre é uma doença que está circulando no Brasil há menos de 10 anos. Ela começou no Nordeste, este é o primeiro ano que temos um ciclo mais forte em Minas, então temos uma população mais suscetível. A imunidade para a doença é transitória e pode demorar alguns anos, mas diferentemente da dengue, é possível ter ela novamente”, explica.
Aumento do mosquito
A explosão dos casos também pode estar associada ao aumento da população do Aedes aegypti no Estado. “Fatores naturais como o aquecimento global, anos mais quentes aumentam a proliferação e o tempo de vida dos mosquitos. Estamos tendo um inverno quente neste ano e isso favorece a infestação dos mosquitos”, pontua. Outro fator, segundo o médico, é o aumento da testagem.
“Houve um aumento expressivo na testagem, número maior do que em anos anteriores. Quando testamos conseguimos testar mais pessoas infectadas, isso pode relacionar a mais pessoas doentes ou a maior visibilidade também. Acho que isso é legado da pandemia, essa percepção que precisamos testar as viroses sem pensar que vai passar sem diagnóstico preciso”, pontua.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) disse que mantém, durante todo o ano, as ações de vigilância e combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Os agentes de combate a endemias percorrem os imóveis reforçando as orientações sobre os riscos do acúmulo de água e que podem se tornar potenciais criadouros do mosquito, além de orientar sobre como eliminar estes criadouros e, se necessário, fazer a aplicação de biolarvicidas”.
A reportagem questionou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) sobre as ações de combate às arboviroses, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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