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Denúncias de exploração infantil na ilha de Marajó repercutem nas redes e famosos iniciam campanha; entenda caso

Denúncias de exploração infantil na ilha de Marajó repercutem nas redes e famosos iniciam campanha; entenda caso - Foto: reprodução
Denúncias de exploração infantil na ilha de Marajó repercutem nas redes e famosos iniciam campanha; entenda caso – Foto: reprodução

Voltou a repercutir nas redes sociais denúncias sobre suposta exploração sexual infantil na Ilha de Marajó, localizada no Pará, após a cantora paraense Aymeê abordar o assunto em sua música “Evangelho de fariseus”, apresentada no dia 15 de fevereiro durante a semifinal do programa “Dom reality”.

O programa é uma competição musical entre artistas do universo gospel, com transmissão no YouTube. A letra da música de Aymeê faz menção direta à Ilha de Marajó e um dos versos diz: “Enquanto isso, no Marajó / O João desapareceu / Uma criança morreu / Esperando os ceifeiros da grande seara / A Amazônia queima / Uma criança morre / Os animais se vão / Superaquecidos pelo ego dos irmãos”.

Após cantar a música, Aymeê explicou aos jurados que “Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora com turistas (a jovem se interrompe)… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5”.

A cantora ainda criticou a suposta insensibilidade da população brasileira sobre os casos de exploração infantil que estariam acontecendo na ilha. “Jesus me fala que às vezes nós, cristãos, terceirizamos muito para o governo o que é de responsabilidade nossa, como cristãos”, finalizou.

Repercussão

O relato de Aymeê repercutiu nas redes sociais e diversos artistas impulsionaram campanhas sobre o caso. A ex-BBB, apresentadora e atriz Rafa Kalimann afirmou que o vídeo da apresentação “reacendeu” um tema “tão delicado e urgente”. “É nosso dever, enquanto pessoas públicas, tornar esse caso ainda mais conhecido pelas pessoas. É nosso dever como cidadãos apontar o dedo e dar voz a uma causa tão absurda que pessoas em condições precárias estão passando”, completou.

A ex-BBB Juliette também se manifestou por meio do Instagram: “Clamamos aos políticos, autoridades e órgãos públicos ações e respostas. Aymeê, sua voz ecoou. Nós estamos juntos. Justiça por Marajó”.

O ex-BBB Eliezer também compartilhou o vídeo de Aymeê e disse: “Estou chorando, estou triste. Não estou conseguindo dormir. Meu Deus do céu”, lamentou ele. Em seguida, o influenciador digital de 34 anos acrescentou: “Eu não tinha conhecimento nenhum sobre o que acontece na ilha. Estou lendo tudo o que posso agora. E estou perplexo (…). Está acontecendo por anos debaixo do nosso nariz e ninguém faz nada para ajudar aquelas crianças”.

Denúncia sem provas

Essa não é a primeira vez que denúncias sobre suposta exploração infantil na Ilha de Marajó são feitas. Em 2020, durante um culto em Goiânia (GO), a então ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, chegou a afirmar que procurava soluções para relatos de mutilação e tráfico de crianças para exploração sexual na região.

Na ocasião, Damares ressaltou que crianças estavam sendo traficadas e tinham seus dentes “arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, e disse que possuía imagens que compravavam a denúncia.

Após a repercussão das falas da então ministra, o MPF (Ministério Público Federal) no Pará pediu para que Damares fornecesse informações detalhadas sobre o caso. Ela afirmou, porém, que as denúncias feitas no culto eram embasadas em relatos que ouviu “nas ruas” e que não conseguiria apresentar qualquer prova.

Com base nisso, o MPF concluiu que Damares teria propagado fake news e, com isso, causado danos sociais e morais coletivos à população da Ilha de Marajó. Então o órgão solicitou uma retratação pública e uma indenização de R$ 5 milhões.

Em meio à onda de denúncias, Petrobras promete investigar e punir assédio sexual

A Petrobras criou um grupo de trabalho para rever os procedimentos internos de recebimento e tratamento das denúncias de assédio e importunação sexual contra mulheres. De acordo com a estatal, esse grupo deve apresentar os resultados do diagnóstico e as medidas imediatas até o dia 20 deste mês.

A decisão foi tomada após virem à tona, por meio de reportagem, diversas denúncias de assédio moral e sexual. Os autores são funcionários da petrolífera, maior empresa do Brasil. Os casos ocorreram dentro e fora do ambiente de trabalho, de acordo com os relatos. Muitos foram ignorados pelos órgãos de controle interno.

A nova gestão da companhia informou que serão revistos os processos de proteção às denunciantes e de aplicação de punições, assim como as atribuições das áreas que são responsáveis pela apuração dos casos. Também serão propostas ações para conscientização e prevenção de assédio em toda a companhia.

O grupo será coordenado pela gerente executiva de saúde, Meio Ambiente e Segurança, Daniele Lomba, que se reportará diretamente à Diretoria Executiva e terá representantes das áreas administrativas e operacionais.

Por meio desses registros, a companhia poderá tomar as medidas cabíveis para apuração e aplicação de sanções e reforçar seu compromisso com a proteção às vítimas e a privacidade e o acolhimento às denúncias, de acordo com nota da estatal.

A Petrobras divulgou ainda um canal de denúncia para as funcionárias que tenham passado ou estejam vivenciando situações de assédio sexual.

Mulheres temiam segurança nas plataformas de petróleo, por causa de assédio
A denúncia de um empregado da Petrobras por assédio sexual no fim de março trouxe à tona uma série de relatos de petroleiras que afirmam terem sido assediadas, levando a direção da estatal a prometer investigações e medidas para enfrentar o problema.

Nos relatos, divulgados inicialmente pela Globonews, as mulheres dizem ter passado por situações de assédio por superiores ou outros colegas de trabalho, em alguns casos durante os períodos embarcados em plataformas de produção.

Em um deles, uma empregada diz que tinha que fechar a porta com uma cadeira para evitar a entrada de homens nos quartos. Ela diz também que uma amiga encontrou um colega mexendo em suas calcinhas.

Outra diz ter sido agarrada por um gerente quando voltavam juntos de uma festa. Em outro relato, uma mulher afirma que a chefia deixou de agir quando uma recepcionista teve o seio apalpado por um funcionário.

Os casos vieram a público depois que o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou um empregado do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) por assédio e importunação sexual contra uma mulher que prestava serviços à estatal.

De acordo com a denúncia, ele se aproveitava de ter cargo hierárquico superior ao da vítima e costumava exibir seu crachá e “passava a constrangê-la de forma insistente, mesmo com a sua recusa”. Por três vezes, teria esfregado seu pênis nas nádegas da vítima, diz a Promotoria.

A denúncia foi feita em 22 de março. No último sábado (1º), após o surgimento de novos relatos, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, convocou uma reunião com gerentes da empresa para debater o problema.

Ele prometeu que denúncias internas “terão garantias de não retaliação, proteção da privacidade das vítimas, investigação rigorosa e aplicação de sanções quando for o caso”. “Não toleraremos nenhum tipo de violência”, afirmou, em carta aos empregados.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou na segunda (3) comunicado cobrando a direção da estatal. “Não adianta a empresa fazer campanha para incentivar a denúncia se ela própria não lida de forma sensata com a situação”, diz a diretora da federação Cibele Vieira.

“Quando uma mulher denuncia um abuso, seja físico ou emocional, ela tende a ser desacreditada pelas pessoas à sua volta”, acrescenta, no comunicado, a diretora do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, Bárbara Bezerra.

“Eu mesma já passei por situações do tipo dentro da plataforma e a primeira pergunta que fizeram é se eu estava ‘paquerando’ alguém. É um desrespeito absurdo! Nós só queremos trabalhar em paz.”

Na carta divulgada no sábado, Prates prometeu novas medidas de prevenção e combate ao assédio. “Onde houver oportunidade de melhoria e mais rigor nesse enfrentamento, promoveremos mudanças”, disse.

Em nota, a Petrobras diz que o empregado denunciado por assédio foi desligado da companhia. “Imediatamente após receber as denúncias, a Petrobras abriu uma apuração interna e adotou as medidas cabíveis dentro do âmbito administrativo”, afirma.

Justiça Eleitoral recebe 150 denúncias contra o parque Beto Carrero sobre campanha que incentiva ausência de petistas nas urnas

A Justiça Eleitoral recebeu mais de 150 denúncias contra uma promoção do Beto Carrero World que ofereceu desconto de 25% a quem fosse vestido de vermelho e permanecesse no parque durante todo o horário de votação do segundo turno. Após as denúncias, o parque apagou a publicação e alegou que a promoção seria uma ‘piada’.

A promoção foi anunciada nesta quarta-feira (26), em uma rede social. O parque prometeu um passaporte promocional com o nome ‘Para Todos’, com as iniciais destacadas, fazendo alusão ao PT.

A publicação dizia ainda que a promoção era válida para “o amigo que não gosta de verde e amarelo”. A regra para o desconto era chegar ao local antes das 8h e sair depois das 17h – horário da votação. O desconto valia apenas para o domingo de eleições (31).

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desde a publicação, feita há 17 horas, são mais de 150 denúncias apontando crime eleitoral. De acordo com o órgão, as denúncias chegaram pelo aplicativo Pardal e foram encaminhadas ao Ministério Público Eleitoral.

O MPF foi acionado pela reportagem, mas informou que se houver representação sobre o caso, será encaminhada para a PGR, já que é a instância correta para analisar denúncias relativas à eleição presidencial. O Partido dos Trabalhadores (PT) também se manifestou.

O que disse o PT

A Coligação Brasil da Esperança, da chapa Lula e Alckmin, entrou nesta quinta-feira (27/10) com uma notícia-crime junto à Procuradoria-Geral Eleitoral, apontando crime eleitoral na conduta do responsável pela empresa Beto Carrero World, que ofereceu vantagem (desconto de 25%) para conseguir abstenção do eleitorado do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva no próximo domingo (30/10), dia do segundo turno das eleições.

Em sua conta no Instagram, a empresa oferece promoção às pessoas que forem ao parque no dia das eleições usando roupa vermelha — mas desde que entrem antes das 8h e saiam após às 17h — o que resultaria no não comparecimento às urnas.

A vantagem oferecida é um desconto de 25% no valor do “Passaporte para Todos” – a propaganda ressalta as iniciais das palavras de forma a remeter ao Partido dos Trabalhadores. “É certo que a empresa Beto Carrero World almeja impedir o comparecimento de pessoas no dia de votação a partir da realização de promoção no passaporte para entrada do parque”, afirma o documento enviado à Procuradoria-Geral Eleitoral.

Poucos dias atrás, a Beto Carrero World havia feito uma promoção para quem fosse vestido “de verde e amarelo”, em referência a eleitores do candidato Jair Bolsonaro.

O Código Eleitoral, em seu artigo 299, diz que é crime: “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”.

A Coligação Brasil da Esperança, que tem como candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é formada pelos partidos PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros.

O que diz o parque

Após as denúncias e repercussão do caso, o Beto Carrero apagou a publicação e pediu desculpas.

“Muita gente não entendeu a piada, não abrimos o parque antes das 8h ou controlamos o horário de entrada e saída. Todos são muito bem-vindos aqui, independente do horário ou da cor da camisa. O Beto Carrero World vem pedir desculpas publicamente pelo mal-entendido. Antes ou depois de vir se divertir vá exercer o seu direito de votar. Pense no futuro do Brasil”, disse o parque em nota.

Além da promoção alvo de denúncias, o parque havia feito um anúncio em que oferecia 25% de desconto a quem fosse ao local com a camiseta verde e amarela. Na legenda, no entanto, disse que era em referência a Copa do Mundo. A promoção foi mantida.

Ilícito eleitoral

Segundo o Código Eleitoral, o voto é obrigatório no Brasil. Especialista procurada pelo g1, alega que a promoção é irregular e configura crime eleitoral. Para o advogado Paulo Fretta, membro da Comissão de Assuntos Eleitorais da OAB de Santa Catarina, a promoção é irregular e configura crime eleitoral.

“A compra de voto pode ser configurada, não só com a oferta de dinheiro, mas também presentes e qualquer favorecimento. O crime pode ser punido com até quatro anos de prisão e pagamento de multa”, destacou Fretta.

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