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Estudo inédito revela perfil de acidentes de trânsito em Minas Gerais para apoiar ações preventivas

Estudo inédito revela perfil de acidentes de trânsito em Minas Gerais para apoiar ações preventivas - Foto: divulgação
Estudo inédito revela perfil de acidentes de trânsito em Minas Gerais para apoiar ações preventivas – Foto: divulgação

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), realizou um estudo inédito com mais de 2 milhões de registros de acidentes de trânsito entre 2019 e 2025. A iniciativa é fruto de um acordo de cooperação entre os dois órgãos.

Para o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, os dados reforçam a importância de políticas públicas de prevenção. “O Maio Amarelo é o mês da consciência no trânsito. A SES-MG e o Corpo de Bombeiros fizeram uma análise profunda da dinâmica dos acidentes: onde ocorrem, quais os mais comuns e letais. Isso nos permite direcionar ações integradas com municípios, governo e sociedade”, afirma.

Segundo o levantamento, cerca de 70% dos acidentes ocorrem em áreas urbanas, mas os mais letais estão nas rodovias — onde a chance de morte é 2,7 vezes maior. Homens jovens lideram as estatísticas: 71% das vítimas são do sexo masculino, e 23% têm entre 20 e 29 anos.

A frequência de acidentes cresce a partir de sexta-feira, com pico aos sábados. A mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte lidera em número de ocorrências. Já o Norte de Minas tem a maior taxa de letalidade, e a Zona da Mata concentra os acidentes mais graves.

Outro ponto de atenção são os acidentes com produtos perigosos, que ocorrem majoritariamente nas BR-262, BR-040 e BR-116, durante o dia e em dias úteis, representando risco ampliado para a população e o meio ambiente.

“Esses dados são estratégicos não só para saúde, mas também para a mobilidade e segurança pública. Por isso, atuamos junto ao DER-MG, localizando zonas quentes, com mais registros, e implementando ações como redutores de velocidade e melhorias nas pistas. Nos municípios, fomentamos medidas como faixas exclusivas para motocicletas, para agir antes que o pior aconteça”, salienta Fábio Baccheretti.

“Trabalhar de forma integrada com instituições como Bombeiros, Polícia Militar, PRF e Samu é fundamental para enfrentarmos o problema com inteligência e coordenação”, completa.

O gestor Evandro Lana, da Assessoria de Tecnologia e Informação da SES-MG, explica que a iniciativa é um desdobramento da integração entre instituições, fortalecida durante a pandemia. “É um estudo de médio e longo prazo, em constante aprimoramento. Com ele, vamos propor políticas mais precisas, com atuação pontual e coordenada”, destaca. 

A vida por um fio 

Lucimeire da Costa Pereira, de 40 anos, viu sua vida mudar em segundos no início da manhã de 3/1 de 2025. Ela seguia de moto para o trabalho em Nova Lima quando sofreu um grave acidente no Anel Rodoviário, resultando na amputação das duas pernas.

“Foram segundos. Eu caí, e logo depois veio o baú. Ele passou por cima das minhas pernas. Em seguida, mais dois carros. Quando dei por mim, já não sentia nada. Eles seguiram viagem”, relembra.

Ela ficou internada por 52 dias e passou por cinco cirurgias. Desde então, é atendida no Hospital das Clínicas da UFMG e aguarda reabilitação para uso de próteses.

Acostumada à rotina de trabalho e cuidados com a filha Sofia, hoje luta pela reabilitação e reconstrução de sua vida. Ela compartilha sua história nas redes sociais e promove campanha para conseguir as próteses que precisa. 

Lucimeire faz um apelo por mais consciência no trânsito. “Eu peço que o maior cuide do menor: do caminhoneiro de carreta bi-trem até o pedestre. Eu tenho uma filha com síndrome de Down de 5 anos para criar. Minha vida mudou completamente, mas sigo tentando me adaptar, aceitar e viver o melhor possível”.

 Maio Amarelo 

 A SES-MG promove, em 2025, a campanha Maio Amarelo, com o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, que visa conscientizar sobre a importância da redução de velocidade e comportamentos seguros, especialmente entre motociclistas, ciclistas e pedestres. 

A ação integra o movimento internacional Maio Amarelo, criado para estimular a sociedade a refletir sobre os acidentes de trânsito. Em Minas, é coordenada pela Diretoria de Vigilância de Condições Crônicas da SES-MG, com apoio das Unidades Regionais de Saúde.

Comitê intersetorial 

Na próxima semana, o Governo de Minas deve publicar uma Resolução Conjunta que formaliza o Comitê de Governança e Gestão do Programa Mineiro para Vida no Trânsito (PMVT). O grupo é coordenado pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e envolve as secretarias de Estado da Saúde, EducaçãoInfraestrutura e MobilidadeJustiça e Segurança PúblicaComunicação Social, além do DER-MG, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.

Entre as atribuições do Comitê estão o planejamento e avaliação das ações do programa, articulação entre os órgãos, fomento a parcerias com a sociedade civil e instituições de ensino, e estratégias de comunicação para ampliar o alcance das iniciativas, visando a redução de mortes e lesões no trânsito.

Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo

Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo - Foto: reprodução
Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo – Foto: reprodução

O Brasil ainda não se recuperou, na educação, dos impactos gerados na pandemia. O acesso à educação, que vinha melhorando, teve piora durante a pandemia e ainda não recuperou o mesmo patamar observado em 2019. A alfabetização das crianças, que tiveram as aulas presenciais suspensas, piorou e o percentual daquelas que ainda não sabem ler e escrever aos 8 anos de idade aumentou consideravelmente entre 2019 e 2023.ebcebc

As informações são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023, lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira 16. O estudo, que é baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação à educação, analisou as privações de acesso à escola na idade certa e alfabetização.

Os dados mostram que em relação ao acesso, ao longo dos anos houve oscilações, com avanços e retrocessos, muitos deles ocorridos no período de pandemia. Em 2017, 8,5% das crianças e adolescentes de até 17 anos estavam privados de educação de alguma forma. Essa porcentagem caiu para 7,1% em 2019, subiu para 8,8% em 2021 e caiu para 7,7% em 2023.

Ao todo, são quatro milhões de crianças e adolescentes que estão atrasados nos estudos, que repetiram de ano ou que não foram alfabetizados até os 7 anos. Apesar de representarem um percentual inferior a 2017, o país ainda não retomou o patamar que havia alcançado em 2019.

O estudo mostra ainda que há no país 619 mil crianças e adolescentes em privação extrema da educação, ou seja, que não frequentam as escolas. Eles correspondem a 1,2% daqueles com até 17 anos. Esse percentual, que chegou a 2,3% em 2021, na pandemia, é inferior ao registrado em 2019, 1,6%.

No Brasil, a educação é obrigatória dos 4 até os 17 anos é obrigatória no Brasil de acordo com a Emenda Constitucional 59 e com o Plano Nacional de Educação (PNE).

“Sabemos que na educação, leva-se muito mais tempo recuperar os impactos. Então, essa faixa é a que mais sofreu e os dados mostram realmente a importância de que se façam políticas mais focadas e se fortaleçam as que estão sendo implementadas”, diz a chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea.

Alfabetização

Já em relação à alfabetização, a pesquisa mostra que cerca de 30% das crianças de 8 anos não estavam alfabetizadas em 2023. Uma piora em relação a 2019, quando esse percentual era 14%.

“Esta disparidade sugere que as crianças que tinham entre 5 e 7 anos de idade em 2020, e que, consequentemente, experimentaram interrupções educacionais críticas durante a pandemia, enfrentam um dano persistente em sua alfabetização. O ensino remoto e as dificuldades associadas a ele, como falta de acesso a recursos educacionais adequados e suporte pedagógico, podem ter contribuído para essa defasagem significativa”, destaca o estudo.

O estudo também mostra que há maior disparidade entre as crianças que vivem em áreas rurais. “Notavelmente, para crianças de 7 a 8 anos de idade em áreas rurais, o percentual de analfabetismo em 2023 atinge cerca de 45%, demonstrando uma grave deficiência no acesso ou na qualidade da educação inicial nessas localidades”, diz o texto.

Renda familiar

Há ainda desigualdades de aprendizagem de acordo com a renda das famílias. Segundo a pesquisa, em 2019, os 25% mais pobres da população apresentaram um percentual de analfabetismo de 15,6%, enquanto o quintil (medida estatística) mais alto, ou seja, os 20% mais ricos, registrava apenas 2,5%. Em 2023, essa diferença aumenta. O quintil mais baixo passa para cerca de 30%, e o quintil mais alto aumenta ligeiramente para 5,9%.

“Este padrão sugere que crianças de famílias de menor renda foram desproporcionalmente afetadas pelas interrupções na educação causadas pela pandemia de Covid-19, enquanto aquelas em situações econômicas mais favoráveis tiveram mais recursos e resiliência para mitigar os impactos negativos no aprendizado. A crescente disparidade entre os quintis de renda destaca a necessidade urgente de intervenções educacionais direcionadas que possam fornecer suporte adicional às crianças das famílias mais vulneráveis”, diz o estudo.

A meta do Brasil de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece o que as crianças e os adolescentes devem aprender a cada etapa de ensino na escola, é que todas as crianças estejam alfabetizadas ao fim do 2º ano do ensino fundamental, ou seja, aos 7 anos de idade.

Em 2023, o governo federal instituiu o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, para garantir o direito à alfabetização na idade certa e também para recuperar as aprendizagens das crianças do 3º, 4º e 5º ano do ensino fundamental afetadas pela pandemia.

O estudo diz que há indicações de “progressos significativos”, nos últimos dois anos. A taxa de analfabetismo entre crianças de 8 anos caiu de 29,9%, em 2022, para 23,3%, em 2024. Entre as crianças de 9 anos, houve uma redução de 15,7%, em 2022, para 10,2%, em 2024.

“É urgente que se tenha políticas públicas coordenadas em nível nacional, estadual e municipal para reverter o problema do analfabetismo e retomar essa aprendizagem. Muitas políticas e programas estão sendo desenvolvidos nos últimos anos. Como vimos, leva mais tempo para recuperar o que foi o impacto da pandemia, mas é importante continuar investindo nesses programas, como, por exemplo, o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que justamente tem como finalidade garantir o direito à alfabetização das crianças até o fim do segundo ano de ensino fundamental”, defende Chopitea.

Pobreza Multidimensional

Além da educação, o estudo, analisou outras dimensões que considera fundamentais para garantir o bem-estar de crianças e adolescentes: renda, acesso à informação, água, saneamento, moradia, proteção contra o trabalho infantil e segurança alimentar. Esta é a quarta edição desta pesquisa, realizada pelo Unicef.

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