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Projeto de Lei propõe fim do teto de financiamento do Fies

Projeto de Lei propõe fim do teto de financiamento do Fies - Foto:: reprodução
Projeto de Lei propõe fim do teto de financiamento do Fies – Foto:: reprodução

Com a crescente insatisfação dos estudantes em relação ao limite de financiamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), um novo projeto de lei foi apresentado para eliminar o teto de cobertura atualmente estabelecido. Atualmente, estudantes de Medicina podem obter até R$60 mil por semestre, enquanto os demais cursos possuem um limite de R$42,9 mil. No entanto, ainda não há previsão para a votação do texto no Congresso.

O objetivo da medida é permitir que o financiamento cubra integralmente as mensalidades dos estudantes, evitando a necessidade de pagamentos adicionais. No caso dos cursos de Medicina, esses custos extras podem variar entre R$1 mil e R$2 mil mensais, chegando a ultrapassar R$4 mil em algumas instituições. Muitos alunos enfrentam dificuldades financeiras para arcar com esses valores, recorrendo a empréstimos ou, em casos mais extremos, precisando abandonar a graduação.

Para os cursos fora da área médica, a necessidade de complementação financeira é menos comum, principalmente para estudantes que se enquadram no Fies Social. Esse programa é voltado para alunos de baixa renda e oferece maior cobertura dos custos educacionais.

O projeto de lei, de autoria do deputado Dimas Gadelha (PT), busca garantir que nenhum aluno precise interromper seus estudos por falta de recursos, promovendo um acesso mais democrático ao ensino superior.

Sobre o Fies

Fies é um programa federal gerido pelo Ministério da Educação (MEC) que possibilita o financiamento das mensalidades a juros zero para estudantes com renda familiar per capita de até três salários mínimos. Dentro do programa, o Fies Social destina 50% das vagas para aqueles inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e cuja renda per capita não ultrapasse meio salário mínimo. Para esses beneficiários, o financiamento pode cobrir até 100% dos custos do curso, desde que respeitado o limite de financiamento vigente.

Após a conclusão da graduação, a devolução do valor financiado ocorre de acordo com a renda do recém-formado. Caso ele esteja desempregado ou sem renda suficiente, o pagamento fica restrito a um valor mínimo estabelecido pelo programa.

O texto do projeto de lei reforça que o Fies desempenha um papel crucial no acesso ao ensino superior, especialmente nos cursos de Medicina, que continuam sendo de difícil acesso para grande parte da população. Além disso, o diploma médico é visto como uma grande oportunidade de ascensão social, tornando o financiamento ainda mais necessário para quem deseja seguir essa carreira.

O deputado Dimas Gadelha argumenta que a ampliação do financiamento não deve gerar impacto negativo no orçamento da União, pois há uma quantidade significativa de vagas do Fies que não são preenchidas anualmente. Segundo ele, essas vagas já estão previstas no orçamento e poderiam ser melhor aproveitadas com a aprovação da nova medida.

“Todo semestre, há dezenas de milhares de vagas do Fies que não são ocupadas. Como já estão incluídas na previsão orçamentária do governo, não haveria um aumento real nos gastos públicos caso essa proposta fosse implementada”, defende o parlamentar.

Lula anuncia desconto de até 99% nas dívidas do Fies

Lula assina sanção ao Projeto de Lei n° 4172/2023, que altera a Lei do Fies. Foto: Ricardo Stuckert

Pouco mais de um mês após determinar que os beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BCP) não terão mais que pagar as prestações do programa Minha Casa, Minha Vida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, esta quarta-feira (1), que estudantes com dívidas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) poderão ter descontos de até 99% em um programa de renegociação para abater os débitos. Além disso, haverá perdão total com relação aos juros dessas dívidas. 

“Eu e o Camilo Santana [ministro da Eduação] temos uma novidade importante para o pessoal do Fies. Vamos criar condições mais favoráveis de renegociação para contratos celebrados até o fim de 2017 e com débitos vencidos e não pagos até 30 de junho de 2023”, escreveu Lula, através das redes sociais, logo após sancionar o Projeto de Lei nº 4172/2023, que altera a Lei nº 10.260/2001 (Lei do Fies). 

Segundo o Palácio do Planalto e o Ministério da Educação, a lei funcionará da seguinte maneira: serão criadas condições mais favoráveis de amortização das dívidas de estudantes com contratos do Fies celebrados até o fim de 2017 e com débitos vencidos e não pagos em 30 de junho de 2023. 

No caso de estudantes inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), o desconto nos débitos vencidos e não pagos até 30 de junho de 2023 poderá chegar a até 99%. Para os demais estudantes, o abatimento será de até 77%.

“Quem já se formou e está devendo o Fies poderá ter descontos de quase 100% da dívida. É a possibilidade de esses estudantes colocarem suas contas em dia. É mais uma ação importante do governo federal para os jovens brasileiros”, disse o ministro da Educação, Camilo Santana.

“Quem está devendo, quem está inadimplente poderá, a partir de agora, saldar a dívida com desconto. Queremos que nossos jovens estudem pagando o mínimo necessário”, declarou Lula, por sua vez. 

Termos para renegociação das dívidas 

• Estudantes com débitos vencidos e não pagos havia mais de 90 dias, em 30 de junho de 2023, terão desconto de até 100% sobre encargos (juros e multas pelo atraso no pagamento) e de 12% sobre o valor financiado pendente, para pagamento à vista; ou parcelamento em até 150 parcelas mensais e sucessivas do valor financiado pendente, com desconto de 100% dos encargos (juros e multas pelo atraso no pagamento), mantidas as demais condições do contrato (ou seja, ficam mantidas as condições de garantia e eventuais taxas de juros do contrato). 

• Estudantes com débitos vencidos e não pagos havia mais de 360 dias, em 30 de junho de 2023, que estejam inscritos no CadÚnico ou que tenham sido beneficiários do Auxílio Emergencial 2021, terão desconto de até 99% do valor consolidado da dívida, inclusive principal, por meio da liquidação integral do saldo devedor em até 15 prestações mensais e sucessivas. 

• Estudantes com débitos vencidos e não pagos havia mais de 360 dias, em 30 de junho de 2023, que não se enquadrem na hipótese prevista no item anterior, terão desconto de até 77% do valor consolidado da dívida, inclusive principal, por meio da liquidação integral do saldo devedor em até 15 prestações mensais e sucessivas. 

Veja abaixo vídeo em que Lula e Camilo Santana explicam a medida: 

PF e CGU fazem operação contra faculdades suspeitas de fraude no Fies

A Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral da União (CGU) realizam nesta quarta-feira (12) uma operação contra fraudes no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os investigadores apuram irregularidades em operações de recompra de títulos no âmbito do programa por meio de inserções de dados falsos no sistema informatizado do programa, o SisFies. A ação, batizada de Falsa Tutela, cumpre 22 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Bahia, Goiás e Sergipe. Entre os alvos estão pelo menos 20 faculdades cujos nomes não foram revelados. O prejuízo aos cofres públicos passa de R$ 21 milhões.

De acordo com a CGU, as investigações se iniciaram após envio de pedido do Ministério da Educação ao órgão. “As análises desta Controladoria e da PF indicaram que servidores públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsáveis pela operacionalização do SisFIES, juntamente com funcionários de empresas terceirizadas à época, inseriam no sistema liminares judiciais falsas que permitiam que instituições privadas de Ensino Superior recomprassem títulos da dívida pública, mesmo que as referidas entidades não se enquadrassem nos requisitos estabelecidos em normativos do MEC”, destaca a controladoria.

De acordo com a CGU, há também indícios de que escritórios de advocacia foram intermediários entre as instituições de ensino superior beneficiadas e os agentes públicos envolvidos.

“Os pedidos irregulares de recompras de títulos da dívida pública por parte das instituições de ensino superior ocasionaram um dano à União de mais de R$ 20 milhões, valor que poderia financiar cerca de 50 alunos em cursos com duração de 10 semestres, ou em diversos outros programas relacionados à pasta do Ministério da Educação”, aponta a CGU.

A ação contou com a participação de 77 policiais federais e quatro agentes da CGU. Ao determinar as buscas, a Justiça também autorizou bloqueios de bens no valor de R$ 21.282.729,85.

A fraude

No programa, um aluno já matriculado em faculdade vai até um banco público (Caixa ou Banco do Brasil) e contrata o financiamento. De outro, a instituição adere ao programa e disponibiliza os valores que serão convertidos em bolsas de estudo, posteriormente, concedidas aos estudantes beneficiados pelo financiamento. Em contrapartida, essa instituição é remunerada mensalmente pela União, por meio de títulos da dívida pública, certificados do Tesouro Nacional. “Os títulos são intransferíveis e ficam custodiados junto à Caixa Econômica Federal, podendo ser utilizados para o adimplemento de obrigações previdenciárias e contribuições sociais. Caso a IES não possua débitos previdenciários, os certificados podem ser utilizados para o pagamento de qualquer tributo administrado pela Receita Federal. Por fim, caso não possua qualquer débito passível de compensação, há a possibilidade de recompra do saldo de CFT-E excedente das mantenedoras”, explica a PF.

A recompra desses  títulos de faculdades só é possível caso elas não tenham quaisquer débitos junto à União. Um dos requisitos é a apresentação de Certidão Negativa de Débitos – CND. “A outra possibilidade de liberação decorre de decisões judiciais que permitem que a IES, apesar de inadimplentes, participem do processo de recompra por meio da obtenção de liminar”, enfatiza PF.

Todo esse processo é feito por meio do SisFIES. “Nesse escopo, as condutas investigadas decorrem, sobretudo, da inserção de dados fraudulentos junto ao SisFIES e que, por consequência, implicaram na recompra indevida de diversos títulos públicos em favor de diferentes instituições de ensino superior”.

A PF afirma que identiuficou a participação de então servidores do Fundo Nanacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), que recebia propina para cadastrar liminares falsas em favor das faculdades que não possuíam CND e, tampouco, ordens judiciais que lhes permitissem a recompra dos títulos. 

“Além do cadastramento indevido de liminares, também foram identificadas inconsistências quanto ao cadastramento extemporâneo de financiamentos com fins a beneficiar estudantes de modo individual. Em um dos casos, uma empregada terceirizada do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -FNDE alterou, de modo indevido, o seu próprio processo de financiamento e o de seu companheiro”, afirma a Polícia Federal.

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