O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” venceu o prêmio de melhor filme internacional no Oscar® 2025, no último domingo (2), em Los Angeles (EUA). Histórico, o momento marca a primeira vitória do Brasil no Oscar.
Dirigido por Walter Salles, “Ainda Estou Aqui” disputava o troféu com “A garota da agulha” (Dinamarca), “Emilia Pérez” (França), “A semente do fruto sagrado” (Alemanha) e “Flow” (Letônia). A categoria foi anunciada pela atriz Penélope Cruz.
“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tão autoritário, decidiu nao se dobrar e resistir… Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Walter Salles durante seu discurso e agradecimento.
Ele também citou os nomes de Tom Bernard e de Michael Baker, executivos da Sony Pictures Classic, principal produtora internacional do filme.
“Ainda Estou Aqui” é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. “Que emblemático termos recebido o nosso primeiro Oscar e tantos outros prêmios importantes no ano em que celebramos 100 anos de Globo. ‘Ainda Estou Aqui’ é um filme brilhantemente contado e executado, com performances excepcionais que conquistaram essa ascensão tão bonita. Investir, viabilizar e abrir espaço para o talento brasileiro é a missão da Globo há tantos anos e é motivo de grande orgulho ver esse talento ser reconhecido entre os melhores do mundo. Essa vitória é do nosso cinema e de todos nós, brasileiros!”, celebra Manuel Belmar, Diretor de Produtos Digitais, Finanças, Jurídico e Infraestrutura da Globo.
O longa conta a história real de Eunice Paiva (papel de Fernanda Torres), advogada e ativista que passou 40 anos procurando a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello). O ex-deputado federal foi assassinado durante a ditadura militar.
Além de melhor filme internacional, o filme concorreu em outras duas categorias no Oscar: melhor atriz (Fernanda Torres) e melhor filme. Mas perdeu para “Anora” em ambas.
‘Ainda Estou Aqui’ vence Oscar de melhor filme internacional e faz história na premiação – Foto: reprodução
Live-action de Chico Bento estreia e traz o influenciador sul mineiro Isaac Amendoim como protagonista – Foto: divulgação
“Que mundo é esse que troca goiaba por ‘asfarto’?”. O questionamento é de um menino que usa calças curtas, chapéu de palha e bota e que ama a natureza. O nome dele: Chico Bento. Pois uma das criações mais queridas do universo de Mauricio de Sousa acaba de (literalmente) ganhar corpo na pele de um mineirinho de 11 anos, o carismático influenciador e ator Isaac Amendoim. Natural de Cana Verde, no Sul de Minas, ele é o protagonista do primeiro live-action do personagem dos quadrinhos, que chega nesta quinta (9) aos cinemas de todo o país.
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” traz já no título e na sinopse a preocupação do caipirinha mais amado do Brasil com a causa ambiental, algo que se tornou não só uma inquietação de toda a humanidade, mas uma questão de sobrevivência, sobretudo nos últimos tempos.
Na história – produzida pela Biônica Filmes, responsável pelos outros live-actions da “Turma da Mônica”, com coprodução da Mauricio de Sousa Produções, Paris Entretenimento e Paramount Pictures –, Chico Bento precisa unir toda a sua turminha para “sarvá” a goiabeira do Nhô Lau (Luis Lobianco) da ganância do progresso. “A gente sentia que tinha um abismo que a gente estava tateando que era tentar pegar uma pauta ambiental, um discurso meio pronto, e tentar colocar no filme. A gente tentava sempre encontrar um caminho, mas o Chico Bento não é uma Greta Thunberg (ativista ambiental sueca), o Chico é o Chico. Ele não tem essa consciência; para ele, isso (a preocupação com o meio ambiente) é natural. Então, quando conseguimos reduzir esta história de uma criança tentando salvar uma árvore, enxergamos, ao mesmo tempo, essa discussão expandida e a verdade desse personagem. Tem esta frase: ‘Fale especificamente da tua vila que você estará falando do mundo’. Então vamos falar especificamente da vila do Chico, que é a Vila Abobrinha”, analisa o diretor Fernando Fraiha (“Bem-Vinda, Violeta”), que assina ao lado de Elena Altheman e Raul Chequer o roteiro do longa.
A produção se inicia com um ritmo ao estilo do campo, mais devagar. O filme demora um “cadinho” para engatar, mas aos poucos vai prendendo a atenção dos espectadores, sobretudo pelo magnetismo dos personagens e, principalmente, dos seus intérpretes. A começar pelo próprio Isaac Amendoim. O garoto, que foi escolhido dentre cerca de 3.500 crianças, é o próprio Chico Bento. E escutar isso é um grande elogio para ele.
“Eu acho que somos parecidos porque ele mora na roça, e eu também moro aqui no interior. Ele gosta da natureza, e eu também gosto muito da natureza. Tenho vários bichinhos que também têm nome e amo meus bichos. Adoro comer goiaba. A natureza é uma paz e a melhor coisa do mundo. É ‘bão’ demais escutar que sou parecido com o Chico Bento. Fazer parte desse filme é uma emoção que eu não sei nem explicar”, celebra Isaac, com seu cativante mineirês do interior.
Calopsita
Fernando Fraiha nunca se esqueceu do dia em que conheceu pessoalmente o jovem artista. Primeiro, teve contato com um dos vídeos do influenciador mirim que bombam na internet, em que ele mostra aos seus milhões de seguidores sua rotina no sítio onde mora com a família e o dia a dia dos seus animais. “Antes de fazer a chamada pública para os testes, o Luciano Baldan, nosso produtor de elenco, mandou o Instagram do Isaac, que já era gigante, mas não conhecíamos. E já ficamos impressionados com o carisma e o tempo cômico dele. Depois o próprio Isaac mandou um vídeo para a gente, e foi maravilhoso”, recorda o diretor. No primeiro encontro presencial, em São Paulo, o garoto chegou acompanhado dos pais, Márcia e Adriano, e de uma caixa de sapato. “Dentro havia uma calopsita que tinha acabado de ter filhote, e o Isaac não queria deixar os filhotes sozinhos em Cana Verde. Então eles já entraram no teste carregando uma caixa de sapato cheia de passarinhos (risos). O Isaac é muito natural, tem uma espontaneidade, um carisma que é absurdo. Acho que ele é uma criança que desde muito cedo começou a fazer uma coisa que é muito encantadora”, analisa.
Um dos destaques de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, assim como dos outros filmes e séries live-action do universo de Mauricio de Sousa, é como os atores que encarnam os personagens parecem ter saído das histórias em quadrinhos. Para Fraiha, a escalação representa 80% do trabalho. “O Luis Lobianco já tinha muito ali dentro o Nhô Lau, assim como a Débora (Falabella) tinha uma Marocas (a professora); assim como o ótimo Pedro Dantas tinha o Zé Lelé. E a caracterização se soma a isso. Mas o segredo é a escalação. Você encontrar a Mônica, a Magali, o Chico Bento, o Zé Lelé, a Rosinha. O segredo está em achar a pessoa certa”, opina.
Sem dúvidas, um dos pontos altos da narrativa é o encontro de Chico Bento com a outra protagonista, a Goiabeira, interpretada por Taís Araujo, que, aliás, também está em cartaz nos cinemas como a Compadecida em “O Auto da Compadecida 2”. Os diálogos e as aventuras da dupla certamente vão fascinar não só as crianças, como também os adultos.
Sobre a primeira experiência como ator, Isaac Amendoim frisa que não poderia ter tido uma estreia melhor e revela que quer seguir no ofício. “Eu gostei de tudo no filme, principalmente de subir na goiabeira, porque eu gosto muito de subir em árvore. Eu gostei de fazer quase todas as partes. Tudo é novo para mim, e é bom demais. O mais complicado foi chorar, mas decorar acabou sendo fácil, porque a gente fazia uns exercícios brincando, e aí ficou mais tranquilo. Eu quero muito seguir essa carreira de ator”, assegura o mineirinho, que passou a gostar de ler após o filme. “A minha mãe desde pequenininha já gostava do Chico Bento e lia os gibis, mas eu nunca gostei. Não lia nada (risos). Mas, depois do filme, fui aprendendo a gostar de ler, porque tive que ler as minhas falas, decorar os textos… Foi bom demais da conta estar nesse grande universo do Mauricio de Sousa”, ressalta.
Momento especial
Em uma semana especial, em que Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro, inédito para uma atriz brasileira, e milhões de espectadores estão lotando as salas para assistir a “Ainda Estou Aqui” e “O Auto da Compadecida 2”, o diretor de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, Fernando Fraiha, celebra a atual fase do cinema nacional.
“Neste período pós-pandêmico, eu não me lembro de ter sentido o que eu estou sentindo agora, toda essa temperatura, esses feitos… Até no período pós-pandemia, às vezes a gente sentia que o cinema não estava acontecendo muito, mas notava que o teatro estava lotado. A Débora (Falabella), minha esposa, estava em cartaz com uma peça que estava lotando todos os dias, e todas as outras peças estavam lotadas todos os dias também. Mas os filmes não tinham engatado ainda. Então, dá a sensação de que a gente está vendo esse renascimento do cinema, ou seja, de que finalmente, depois da pandemia, as pessoas estão embarcando neste programa. Não é somente sobre assistir a filmes, porque você pode assistir em casa. É sobre você sair com seus amigos, ir àquela sala, e isso ser o seu programa de lazer daquele dia. Ou seja, ir ao cinema em vez de ir tomar cerveja num bar. É a experiência coletiva. E tudo isso é muito lindo de ver”, festeja.
Chico mineiro
Em entrevista em 2021, quando Chico Bento completou 60 anos, Mauricio de Sousa revelou que o personagem tem um “quê de mineiro”. Isso, porque o desenhista nasceu e cresceu em cidades do interior de São Paulo que fazem divisa com Minas Gerais. “O Chico nasceu da intersecção entre São Paulo e Minas Gerais, no Sul de Minas, perto da serra da Mantiqueira. O pessoal que inspirou o sotaque caipirês é dessa região, então a gente pode dizer que o Chico Bento – e eu também – é um pouco mineiro (risos)”, afirmou na ocasião.
E o filme que chega agora aos cinemas não deixa de carregar um pouco da essência das Gerais, já que, além do protagonista vivido por Isaac Amendoim, o elenco conta com mais duas atrizes mineiras, Débora Falabella (Professora Marocas) e Thais Garayp (Vó Dita). Por falar no pai de Chico, de Mônica e cia., como vem acontecendo nos outros live-action de “Turma da Mônica”, numa espécie de Hitchcock, que sempre fazia uma aparição em seus próprios filmes, Mauricio de Sousa – que completa 90 anos em outubro – faz uma pontinha na produção de Fernando Fraiha.
O filme “Marte Um”, do mineiro Gabriel Martins, foi escolhido para representar o Brasil na categoria Melhor Filme Internacional (antiga Melhor Filme Estrangeiro), no Oscar 2023. A decisão foi anunciada na manhã desta segunda-feira (5) pela Academia Brasileira de Cinema e Artes.
Ao todo, 28 filmes concorreram para participar da 95ª edição da premiação anual promovida pela Academy of Motion Pictures Artes and Sciences, marcada para 12 de março de 2023. Na semana passada, além de “Marte Um”, cinco filmes foram pré-selecionados, sendo eles “A Mãe”, “A Viagem de Pedro”, “Carvão”, “Pacificado” e “Paloma”.
“A escolha do filme para representar o Brasil no Oscar 2023 foi uma decisão importante do júri e democrática. ‘Marte Um’ trata de afeto e de esperança, além da possibilidade de seguir sonhado em meio a tantas dificuldades políticas e econômicas. O longa sintetiza bem o cinema nacional, com qualidade narrativa e técnica, que vem sendo realizada hoje, representando a diversidade do país”, disse Bárbara Cariry, presidente da comissão.
Filme foi gravado em Contagem
O longa-metragem, gravado em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, conta a história de um menino negro no interior de Minas Gerais, filho de um porteiro e uma prestadora de serviços de limpeza, que sonha virar astronauta da Nasa. Por isso, o garotinho passa o dia assistindo palestras e vídeos sobre astronomia na internet.
Com produção da Filmes de Plástico, em coprodução com o Canal Brasil, “Marte Um” estreou, em janeiro, no Festival de Sundance (EUA), e chegou aos cinemas brasileiros no último dia 25. O filme também recebeu quatro prêmios no Festival de Gramado: o de Melhor Filme do Júri Popular, Melhor Roteiro, Prêmio Especial do Júri e Melhor Trilha Musical.
O Produtor do filme, Thiago Macêdo Correia, disse que o diretor o procurou com a ideia para “Marte Um” quando o país estava sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff. “O filme foi feito por causa de um fundo público de 2016. Este era direcionado aos diretores negros e às narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas cineastas de grupos minoritários. Fizemos o longa em outubro de 2018, durante as eleições, o que também influenciou na narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois”, disse.
Esse é o segundo filme do cineasta Gabriel Martins — o primeiro solo, sem a parceria de Maurilio Martins, com quem fez “No coração do Mundo”.
Ao todo, 19 jurados participaram da escolha de hoje: André Pellenz, Barbara Cariry, Cavi Borges, David França Mendes, Eduardo Ades, Guilherme Fiúza Zenha, Jeferson De, João Daniel Tikhomiroff, João Federici, José Geraldo Couto, Juliana Sakae, Marcelo Serrado, Maria Ceiça de Paula, Patricia Pillar, Petra Costa, Renata Almeida, Talize Sayegh, Waldemar Dalenogare Neto e Zelito Viana. (EM)
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