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Golpistas prometem devolver valor descontado para beneficiários do INSS; saiba como se proteger

Golpistas prometem devolver valor descontado para beneficiários do INSS; saiba como se proteger - Foto: reprodução
Golpistas prometem devolver valor descontado para beneficiários do INSS; saiba como se proteger – Foto: reprodução

Associados das entidades investigadas pelas fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sofrem tentativas de golpes que prometem a devolução do valor descontado. Golpistas veiculam anúncios em redes sociais, como o Facebook, e usam vídeos com inteligência artificial e sites falsos do governo.

Na estratégia denominada “deepfake”, os cibercriminosos usam o rosto e a voz de uma pessoa pública muito conhecida para distorcer uma notícia e conduzir as vítimas a realizarem um procedimento, como o envio de dados, de acordo com Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da Eset no Brasil.

Os principais anúncios encontrados utilizam vídeos publicados pelo jornalista César Tralli, com a voz e a imagem manipuladas para dizer notícias falsas, como a suposta liberação de uma lista de nomes dos associados afetados ou a de uma indenização oferecida pelo governo.

O vídeo começa com informações verídicas – como a de que a Polícia Federal está investigando descontos nas aposentadorias do INSS que envolvem valores de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

Mas as frases são apelativas para causar emoção no ouvinte. A voz de Tralli é modificada para dizer que trata-se de “mais um capítulo importante na luta contra crimes financeiros” e que os afetados são “cidadãos que contribuíram com anos de trabalho honesto”.

Depois dessa introdução, o vídeo afirma que parte dos valores está sendo devolvida e que milhares de pessoas podem ter direito a uma indenização entre R$ 2.000 e R$ 8.000, em uma verificação “simples, gratuita, que pode ser feita pela internet em poucos minutos”.

A vítima, então, é instruída a clicar em um link para “saber mais”. Em alguns casos, ela é direcionada para um site de notícias legítimo, que não traz nenhuma das informações mencionadas no vídeo. Porém, certos anúncios a levam para sites falsos do governo que pedem dados pessoais, como o CPF.

Daniel Barbosa diz que costumam existir dois desfechos para o golpe a partir deste ponto. Os criminosos podem se ater a coletar informações das vítimas, como nome completo, CPF, RG, endereço, senhas e quaisquer outros dados que possam permitir alguma utilização maliciosa.

Também pode acontecer de o usuário ser levado a fazer o download de algum vírus. “Ele costuma estar disfarçado de um arquivo inofensivo, seja por estar compactado e protegido por senha, seja por ser um arquivo intermediário, que baixará o conteúdo malicioso no futuro”, afirma o pesquisador.

“Os arquivos maliciosos podem ter inúmeros propósitos, sendo os mais comuns o ‘ransomware’, que bloqueia o acesso a todos os arquivos e só os libera mediante pagamento de resgate, ou o ‘trojan’, que se infiltra no sistema e costuma não causar nenhum tipo de efeito negativo visível, mas permite que o cibercriminoso se conecte ao dispositivo da vítima à distância e tenha acesso a tudo o que existe nele.”

Em ambos os cenários, caso a vítima siga os procedimentos, os cibercriminosos conseguirão tirar proveito da situação proposta e completar o ataque.

No link analisado pela reportagem, o site ainda trazia falsos comentários positivos, de pessoas que supostamente teriam conseguido sacar o valor prometido. Essas estratégias de manipulação são comuns nesse tipo de golpe. No caso do deepfake, por exemplo, o foco principal é a percepção das vítimas sobre o conteúdo apresentado.

“Usando esse tipo de ferramenta, os cibercriminosos conseguem utilizar o viés da autoridade, uma estratégia de persuasão bastante conhecida, para fazer com que as vítimas atribuam mais credibilidade ao conteúdo veiculado”, afirma Daniel. Às vezes, segundo ele, a vítima se rende tanto a essa estratégia que sequer cogita que aquilo possa se tratar de um golpe.

Os usuários também devem ficar atentos ao endereço do site acessado e ao tempo que ele existe na internet. Em muitos anúncios analisados, os golpistas simulavam o design e o nome de jornais legítimos para transmitir a informação falsa, mas a URL era diferente da oficial e o perfil havia sido criado recentemente, há menos de uma semana.

COMO SABER SE HÁ DESCONTO ILEGAL NO BENEFÍCIO DO INSS?

O governo não divulgou uma lista com todos os beneficiários afetados por descontos indevidos. Para saber se houve desconto ilegal em sua aposentadoria, o segurado precisa ter uma conta no portal Gov.br e acessar o extrato de benefício no aplicativo ou site Meu INSS.

No documento, constam todos os descontos feitos na aposentadoria. Os segurados que desejarem consultar o extrato devem seguir o seguinte passo a passo:

  1. Acesse o aplicativo ou site Meu INSS
  2. Faça login com CPF e senha do Gov.br
  3. Na página inicial, clique em “Extrato de benefício”
  4. Depois, clique sobre o número do seu benefício
  5. Será aberto o extrato, onde constará o valor do benefício e os descontos, se houver

COMO PEDIR RESSARCIMENTO DE DESCONTOS INDEVIDOS?

Não existe nenhum site oficial para saque do dinheiro descontado ou de indenização. Espera-se que a devolução seja feita diretamente na conta dos beneficiários, a depender das discussões internas do governo.

Atualmente, todos os descontos estão suspensos, e os segurados não precisam solicitar o cancelamento. Também não é necessário ir a uma agência do INSS.
Mensalidades associativas que tenham sido descontadas de aposentadorias e pensões no mês de abril serão devolvidas na folha de pagamento de maio.

ENTENDA A FRAUDE

Uma investigação feita pela Polícia Federal e pela CGU (Controladoria-Geral da União) sobre possíveis fraudes em descontos de aposentadorias e pensões do INSS suspeita de desvio de dinheiro, envolvimento de servidores, adesões de aposentados sem consentimento e falsificação de assinaturas.

Segundo a auditoria, sindicatos e associações cadastravam indevidamente aposentados e pensionistas e passavam a aplicar descontos em seus benefícios diretamente da folha de pagamentos.

Entre 2019 e 2024, a soma dos valores descontados de benefícios do INSS chega a R$ 6,3 bilhões, mas ainda será apurado qual porcentagem é ilegal, segundo a Polícia Federal. No total, 11 associações e entidades estão sendo investigadas na operação Sem Desconto.

Golpistas internam idosa à força para vender casa avaliada em R$ 1,2 milhão

Uma idosa de 75 anos teve a própria residência invadida por suspeitos que se passaram por enfermeiros para interná-la à força em uma clínica de Santa Isabel, na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo a polícia, pelo menos quatro homens armaram a internação para tentar vender a casa em que a vítima vive no bairro da Lapa, na zona oeste da capital paulista. Eles foram presos no endereço da residência no sábado (26).

Os suspeitos invadiram a casa da mulher, avaliada em R$ 1,2 milhão, afirmando que tinham um mandado judicial para levá-la para fazer exames. Ela entrou em uma ambulância e foi levada para uma clínica no município de Santa Isabel.

O caso foi descoberto após um investigador da Polícia Civil, que é vizinho da vítima, desconfiar da movimentação dos suspeitos na residência.

Eles teriam se identificado como novos proprietários da casa, contratando até mesmo uma caçamba para retirar os objetos pessoais da vítima do local.

“O policial desconfiou da situação porque o imóvel pertencia a uma senhora, falecida em 2019. Desde então, sua cuidadora estaria residindo no local. Porém, a mulher não estava por lá”, afirma trecho do boletim de ocorrência.

À polícia, após ser liberada, a vítima informou que foi levada à clínica porque se recusou a assinar papéis dados pelos suspeitos quando eles invadiram a casa dela.

Em entrevista, um membro da clínica afirmou que pessoas se passando por representantes da vítima informaram que ela tinha problemas de saúde mental e ficaria no local por três meses enquanto a casa dela era limpa.

Ao longo do período de internação, porém, eles desconfiaram que ela não tinha qualquer problema.

Segundo o boletim de ocorrência do caso, os homens foram detidos por apropriação indébita, sequestro e cárcere privado. Eles não tiveram a identidade revelada.

O caso é investigado pelo 91º Distrito Policial (Ceasa).

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