Jornal Folha Regional

Agressões físicas entre morador e prefeito de Alpinópolis são registradas pela PM

Agressões físicas entre morador e prefeito de Alpinópolis são registradas pela PM – Foto: Rafael Freire/redes sociais

Uma gravação, realizada por um morador de Alpinópolis (MG), resultou em agressões envolvendo o prefeito Rafael Freire. O caso aconteceu na tarde da última quarta-feira (26).

Segundo a Polícia Militar, Rafael relatou que estava em um salão de cabeleireiro, localizado na Avenida Governador Valadares, quando tomou conhecimento que um homem teria gravado um vídeo em seu desfavor e divulgado em grupos de ‘WhatsApp’. Nas imagens, Guilherme José de Oliveira Filho, de 26 anos, alega que o prefeito estaria usando um veículo da prefeitura para fins particulares.

Rafael disse que realmente saiu da prefeitura por volta das 17h, com destino ao estabelecimento, quando Guilherme passou a gravar o vídeo. O pai de Rafael teria visto o jovem fazendo a gravação e o informou.

De acordo com Rafael, ele entrou em contato com a Polícia Militar informando que iria até a residência de Guilherme para esclarecer a situação e solicitou uma viatura no local. Ele foi orientado a não procurar o autor da gravação até a chegada dos militares. Em seguida, o prefeito desligou o telefone e foi dialogar com Guilherme, perguntando sobre o motivo da filmagem.

Conforme Rafael, ao tentar conversar com Guilherme, ele proferiu diversos xingamentos e insultos, como: ”vou acabar com sua vida Rafael”. Posteriormente, o autor da gravação teria ficado agressivo e tentou agredir o prefeito. A mãe de Rafael, S. F. V. S. F., de 49 anos, interveio, tentando apenas impedir que Guilherme continuasse realizando gravações da família, visto que ele estava com o aparelho celular em mãos e filmando.

O prefeito informou que a mãe foi pega pelas costas e na cintura por Guilherme, jogada no chão e agredida. Diante das agressões, Rafael e seu pai, M. W. S. F., de 49 anos, tentaram segurar o autor, sem êxito, sendo necessário fazer uso de força moderada para conte-lo. Durante a confusão, a mãe desmaiou e foi socorrida até o Pronto Socorro Municipal.

O prefeito frisou que há tempos Guilherme vem o difamando.

O pai de Rafael relatou que estava saindo de um supermercado quando viu Guilherme realizando a filmagem e ligou para a esposa afim de contar a situação. Nesse momento, a mãe de Rafael ligou para ele e informou sobre o acontecido. O prefeito disse que ia até a residência de Guilherme, e seus pais foram ao seu encontro.

Segundo PM, o pai de Rafael, disse que ao chegar no local, se deparou com Guilherme bastante agressivo. Ele teria partido para cima do prefeito, momento que sua mãe interveio e foi agredida. O pai ainda informou que tentou amenizar a situação para que não houvesse confusão ou briga.

Em sua versão, Guilherme relatou que estava transitando pela Avenida Governador Valadares, por volta das 17h33, quando percebeu que o veículo oficial da prefeitura estava estacionado próximo a uma barbearia, tendo ainda visualizado o prefeito Rafael dentro do estabelecimento.

De acordo com Guilherme, devido às circunstancias, resolveu gravar um vídeo para denunciar um possível crime contra administração pública, ou seja, um veículo oficial sendo usado para fins particulares. Após gravar o vídeo, enviou em grupos de ‘WhatsApp’, tendo ainda enviado o vídeo para assessoraria do prefeito.

Em seguida, Guilherme se deslocou até a sua residência, momento em que percebeu que o prefeito estava em um veiculo conversando ao celular. Após desligar a ligação, desembarcou do veículo e disse: “vou resolver do meu jeito”. Em continuidade, Rafael teria dado voz de prisão em flagrante a Guilherme, o qual disse que ele não era autoridade para prende-lo, vindo então Rafael a investir contra ele.

Conforme a versão de Guilherme, nesse momento, os pais do prefeito desembarcaram de outro veículo e também passaram a agredi-lo fisicamente, Guilherme relatou que o pai de Rafael pegou o celular de sua mão. O autor das gravações ainda disse que estava muito machucado devido as agressões sofridas pelo prefeito e seu pai.

Agressões físicas entre morador e prefeito de Alpinópolis são registradas pela PM – Foto: Guilherme José de Oliveira Filho/divulgação

Ainda de acordo com a PM, os envolvidos foram conduzidos para o Pronto Socorro local para atendimento e lavratura de Auto de Exame de Corpo de Delito (AECD).

Os exames constataram:

Rafael: hematomas, edema e luxação no punho direito;

Pai: edema e luxação em membros superiores;

Mãe: edema no 5° dedo do pé, associado a hematoma e dor interna, possuindo edema e luxação em ombro;

Guilherme: escoriação discreta no joelho direito e arranhadura cervical e rosto.

A Polícia Militar orientou devidamente as partes sobre as medidas cabíveis e providências recorrentes. Conforme a polícia, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo, não foi imposto o auto de prisão em flagrante.

Gravação mostra como minoritário organizou conselho da Eletrobras

A gestora 3G Radar é um minoritário da Eletrobras com 1,3% do capital total. A posição é irrelevante no que se refere ao poder de decisão. Tem 0,05% das ações ordinárias, que dão direito a voto. Destaca-se no acesso aos resultados, com 10,88% das ações preferenciais, que têm prioridade para receber dividendos.

No entanto, a gravação de uma reunião interna, deixa clara a habilidade da gestora para ocupar posições no conselho de administração da companhia, que define a diretoria e traça estratégias.

Qualquer acionista ou grupo de acionistas pode sugerir uma chapa para ser avaliada em assembleia. O que chama a atenção no caso é que dos9 conselheiros, 3 contaram que foram convidados para o posto por um acionista da 3G Radar, o sócio fundador da gestora Pedro Batista de Lima Filho, que também se tornou conselheiro após a privatização, indicado pelos preferencialistas.

A 3G Radar também afirma que “todas as indicações para a composição da diretoria da Eletrobras foram feitas em comum acordo entre os conselheiros de administração, como mandam as práticas de governança da companhia”.

A gestora foi fundada em 2013 por Batista e Mario Cunha Campos. Batista havia feito carreira nos bancos Pactual e UBS, além de ter participado da criação da gestora Vinci Partners. No novo empreendimento eles tinham como sócio a 3G Capital Partners, do trio de empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

O formulário de referência mais recente da 3G Radar, de 2022, destaca que no seu bloco de controle estão Batista, Campos e 3G Capital. Em nota, a área de relações com investidores da Radar informou ter 15 sócios, e o 3G Capital é um minoritário que não participa da tomada de decisões.

O trio deixou de ser sócio da 3G Capital em junho do ano passado, mas permanece entre os investidores, segundo assessorias dos empresários.

Batista é conhecido e respeitado como um analista de energia técnico, que foi além dos números. Aprendeu como as empresas funcionam. É estudioso dedicado. Amigos contam que é do tipo que vai à praia e leva para ler alguma nova normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica.

A avaliação é que por ter um pé no mercado financeiro e outro no setor de energia, ele sabe o que os investidores querem da Eletrobras. É apontado como um conselheiro “planilheiro” da companhia porque quer entender até a vírgula de cada decisão. Faz pressão por resultado.

Em Brasília, é apontado como ator atuante na privatização desde que o governo de Michel Temer (MDB) começou a avaliar a venda da estatal. A 3G Radar produziu análises e projeções sobre o tema. Na reunião na Eletrobras reproduzida na gravação, Batista contou que passou anos estudando a empresa.

“A 3G completa dez anos em 2023, e somos há dez anos acionistas da Eletrobras. Foi uma das primeiras ações que a gente comprou, e em 2013 era um momento complicadíssimo da Eletrobras”, lembrou aos presentes.

“Mas a gente tinha um visão muito clara do valor da companhia, sabia dos problemas e dos riscos. E por que a gente sabia disso? Desde 1997, eu descobri que não tem como a gente entender o setor elétrico sem entender a Eletrobras, dada a relevância dessa empresa para o setor elétrico [..] Eu estudei Eletrobras desde 1997 e só fui investir em 2013.”

A reunião ocorreu em 26 de janeiro e foi convocada para apresentar os conselheiros aos gestores da companhia e dar um norte sobre os rumos da reestruturação após a privatização.

O conselheiro e consultor Vicente Falconi, por exemplo, comentou que teve experiência em muitos conselhos, e o trabalho era mais instigante onde encontrava problemas para resolver. Para ilustrar o ponto de vista, fez uma analogia entre a cervejaria Ambev e a Eletrobras pós-privatização.

“Eu fiquei no conselho da Brahma, e depois, no da Ambev, durante 25 anos. Então, eu peguei o conselho da Brahma lá no começo, e era um conselho, assim, muito parecido com o nosso atual”, afirmou.

“Ou seja, eram três banqueiros que compraram uma empresa de bebidas, embora não entendessem nada, e começamos a organizar a empresa, a colocar algumas pessoas para dentro. Então, a ênfase, nos primeiros anos daquele conselho, era resolver problema. Problemas grandes da empresa. Mesma coisa aqui hoje.”

Falconi disse que já havia se retirado da companhia. Teve mandato como conselheiro de abril de 2019 a abril de 2021, e renunciou em 2020. Porém, disse que Batista o chamou.

“Na verdade eu já tinha saído do jogo, sabe? Para mim, tinha terminado. Eu pendurei a chuteira. Estava no vestiário”, disse ele. “Mas apareceu o Pedro lá. ‘Falconi, vamos voltar para o jogo aí. Joga mais uns dez minutos aqui’.”

Felipe Vilela Dias, no conselho desde abril de 2019, também atribui a Batista o seu ingresso na Eletrobras.

Depois de dez anos na gestora Squadra Investimentos, queria novos desafios. Narrou a saída estressante como conselheiro em outra companhia e como veio o convite para a Eletrobras.

“Eu já era amigo do Pedro, convivemos no mercado. E ele falou: ‘Pô cara, você está saindo de uma roubada, mas vou de te botar em outra. ‘Queria te indicar como representante dos preferencialistas, mas você vai para o comitê de auditoria, que é um negócio pesado’. Comitê de auditoria é sempre pesado”, disse Dias na reunião.

O presidente do Conselho, Ivan Monteiro, contou que só vira Batista uma vez na vida, mas que recebeu um telefonema dele no dia em que a capitalização havia sido aprovada. Monteiro fez carreira no Banco do Brasil e foi presidente da Petrobras. Na área de energia elétrica, passou pelos conselhos da CPFL e Light. Agendaram conversar para a noite.

“A gente foi jantar. Ele é o autor da frase. ‘Queria te convidar para um projeto nos próximos dez anos.’ Adorei. Eu definitivamente não sou velocista. Sou maratonista. A conversa foi extremamente agradável. Ele mencionou alguns nomes. Ali a gente começou a arquitetar o sequestro do Wilson”, disse Monteiro.

Wilson Ferreira Jr. havia sido presidente da mesma Eletrobras de 2016 a 2021 e estava na Vibra. Voltou à companhia em setembro de 2022.

A 3G Radar também indicou Elvira Baracuhy Presta. Ela entrou no conselho em 2018 como representante dos minoritários. Agora, é vice-presidente executiva financeira e de relações com investidores.

Dias antes de a capitalização ser aprovada no Senado, em 17 de junho de 2022, um grupo de investidores na Eletrobras, do qual Batista fazia parte, foi recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. O encontro foi registrado na agenda oficial. O grupo levou a lista com os executivos da chapa proposta para compor o novo conselho. A relação também foi apresentada no Ministério da Economia.

Em 5 de agosto de 2022, a Assembleia Geral Extraordinária dos Acionistas aprovou e elegeu a chapa, que tem trabalhado intensamente. Já realizou 39 reuniões.

Um dos desafios é lidar com a Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada pela Advocacia-geral da União no Supremo Tribunal Federal. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz questão de que a União volte a ter poder de voto proporcional à sua participação na companhia.

Conselheiros foram eleitos em assembleia de acionistas, diz Eletrobras

A assessoria de imprensa da Eletrobras disse em nota que a reunião em 26 de janeiro ocorreu em modelo híbrido e foi acompanhada por 230 gestores dentro da total transparência que faz parte dos princípios da companhia.

Destacou ainda que os nomes indicados para o conselho de administração preencheram os requisitos previstos no Estatuto Social e no Regulamento de Indicações, foram avaliados pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração, responsável por verificar se os candidatos atendem aos requisitos de elegibilidade exigidos. Por fim, foram eleitos em Assembleia Geral de Acionistas.

A nota lembra que Eletrobras é gerida pelo modelo “corporation”, ou seja, não há acionistas controladores do capital. É vedado a qualquer acionista ou grupo de acionistas exercer o direito de voto com mais de 10% das ações com direito a voto, independentemente de sua participação no capital social.

“Todas as decisões relevantes da empresa precisam ser aprovadas por maioria em conselho, justamente para impedir que um determinado acionista tenha maior ingerência nos temas da companhia”, afirmou o texto.


Quem são os conselheiros da Eletrobras

Chapa oficialmente apresenta por 3G Radar, SPX, Vinci Equities, XP, e Banco Clássico, que juntos têm cerca de 5% da Eletrobras, e eleita na assemblei de acionistas

Ivan Monteiro
Ex-presidente da Petrobras, ex-conselheiro de CPFL e Light
Indicação nova; 3G Radar

Pedro Batista de Lima Filho
Cofundador do 3G Radar
Indicação nova; eleito em separado por indicação dos preferencialistas

Vicente Falconi Campos
Consultor especializado em gestão, 25 anos conselheiro da Ambev
Retornou a empresa, depois de ser conselheiro de abril de 2019 a julho de 2020, quando renunciou; 3G Radar

Felipe Vilela Dias
Sócio da Visagio Consultoria e ex-sócio da Squadra Investimentos
Reconduzido; conselheiro desde abril 2019; 3G Radar

Daniel Alves Ferreira
Advogado, ex-conselheiro na Cemig
Reconduzido; era conselheiro desde abril de 2019; Banco Clássico

Marcelo Gasparino da Silva
Advogado especializado em governança com mais de 30 mandatos como conselheiro independente
Voltou à empresa: foi conselho entre 2012 e 2014 e em 2016; Geração Futuro

Marisete Dadald Pereira
ex-secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia
Indicação nova; União

Marcelo de Siqueira Freitas
Ex-procurador Federal da Advocacia‐Geral de União de 2008 a 2015
Reconduzido; conselheiro desde abril de 2019; União

Carlos Eduardo Rodrigues Pereira
Engenheiro, funcionário da Eletrobras desde 2010
No conselheiro desde abril de 2021; indicado dos trabalhadores
Cadeira dos trabalhadores será extinta em 2024

Foram indicados e eleitos, mas não se apresentaram:

Carlos Augusto Leone Piani
Ex-presidente do conselho da Equatorial Energia e ex-conselheiro da Light
Foi eleito presidente do conselho da Equatorial Energia em 28 de abril de 2023

Octavio Cortes Pereira Lopes
Ex-Cemar antes de ser consolidada como Equatorial Energia
Foi eleito presidente da Light em 15 de agosto de 2022

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