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Campanha de vacinação contra gripe começa em MG; imunizante será distribuído durante todo o ano

Campanha de vacinação contra gripe começa em MG; imunizante será distribuído durante todo o ano - Foto: reprodução
Campanha de vacinação contra gripe começa em MG; imunizante será distribuído durante todo o ano – Foto: reprodução

A campanha de vacinação contra a gripe começou em todo o Estado nesta terça-feira (8). O público-alvo inclui crianças, idosos, gestantes e trabalhadores da saúde. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), mais de dois milhões de doses da vacina serão distribuídas para as 28 Unidades Regionais de Saúde (URS). Neste ano, o imunizante ficará disponível ao longo de todo o ano para a população elegível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Em Minas Gerais, mais de dois milhões de doses serão distribuídas. A novidade, a partir deste ano, é que o imunizante passa a integrar o Programa Nacional de Imunizações (PNI), estando disponível durante todo o ano nas UBS e nos vacimóveis para o público elegível. A vacina de 2025 poderá ser administrada junto a outras vacinas do Calendário Nacional de Imunização e protegerá contra os tipos H1N1, H3N2 e B

Os grupos prioritários incluem crianças de seis meses a menores de seis anos, gestantes, puérperas, idosos a partir de 60 anos, povos indígenas, quilombolas, pessoas com doenças crônicas, trabalhadores da saúde, professores e outros profissionais essenciais. De acordo com a SES-MG, a prioridade para crianças, idosos e gestantes se dá porque esses grupos correm maior risco de contrair a doença e estão mais suscetíveis a complicações graves, que podem levar a morte.

A meta é atingir 90% de cobertura vacinal, protegendo cerca de 9,4 milhões de pessoas em Minas Gerais. “A cobertura vacinal geral do público prioritário mineiro no ano passado foi de 60,7%. Estamos confiantes de que, neste ano, vamos atingir a meta de 95% por meio das estratégias de ampliação da vacinação que colocamos em prática”, pontua o subsecretário Eduardo Prosdocimi, no material enviado.

Cenário da doença

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a influenza ou gripe é uma infecção viral que provoca febre, tosse, dor de garganta e pode levar a complicações graves e até ao óbito. De acordo com dados do SUSFácil, sistema de regulação estadual, houve 2.105 internações devido a complicações causadas pela gripe em 2024, e 507 nos primeiros três meses de 2025. O Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) registrou 157 óbitos em 2024, e dez mortes causadas pela doença entre janeiro e março de 2025.

“Agora estamos no outono, momento em que pode haver aumento de casos de doenças respiratórias e, por isso, é fundamental que as pessoas se vacinem contra a influenza para garantir a proteção antes da chegada do inverno. Leve sua carteira de vacinação a uma UBS e vacine-se”, orienta o subsecretário Eduardo Prosdocimi, no material enviado.

Número de atendimentos de pacientes com síndromes gripais aumenta 300% na semana em Passos

O número de atendimentos de pacientes com síndromes gripais aumentou em 300% nesta semana em Passos (MG). Por causa disso, o município determinou a ampliação do horário de funcionamento de alguns centros de saúde para responder à demanda de pacientes com sintomas respiratórios.

Só na Santa Casa da cidade, 18 crianças estão internadas com sintomas da gripe. Segundo a secretária de Saúde, Vanessa Cristina Silva Freire, ainda não é possível dizer se há um surto, mas um caso da variante H3N2 da gripe já foi confirmado.

“A gente está em alerta, ainda não sabe falar ao certo se realmente é um surto, mas a gente já tem um caso confirmado no município de H3N2, então a gente já estava em alerta, é muito preocupante no momento, em alerta, e fazendo uma análise, reorganizando o serviço para fazer todo esse atendimento”, disse a secretária.

Ainda segundo ela, é preciso uma confirmação laboratorial para se saber se a nova variante é a que está elevando os casos de gripe na cidade.

“A gente ainda não tem confirmado no município via laboratorial, a suspeita ainda é clínica, a gente deve ter a notícia nos próximos dias, a gente já mandou algumas amostras para o laboratório, estamos coletando mais algumas que a gente vai enviar, então a gente tem que esperar essa certeza via Funed, mandando esses relatórios para gente via laboratorial”, disse a secretária.

A secretária disse que as unidades de saúde do município estão se readequando para dar conta de atender a todas as demandas de pacientes com síndromes gripais.

“Esta semana a gente teve um aumento muito significativo mesmo, então a gente fez uma estratégia nova nas unidades de saúde, colocou um horário reservado para atendimentos em síndromes gripais no período da tarde, a nossa unidade de pronto-atendimento teve uma procura muito grande, então a gente montou essa estratégia nova para ajudar. A gente precisa confirmar realmente qual é o vírus que está em circulação, a gente ainda não tem a certeza que é a H3N2”, completou.

Variante Delta do coronavírus tem sintomas de gripe; saiba o que observar

Alta de casos no Brasil faz médicos aumentarem a testagem de pacientes com coriza, ardência na garganta e dor de cabeça.

O nariz escorre, a cabeça dói, a garganta arranha: será que é Covid, resfriado, gripe, alergia ou sinusite? A dúvida logo preocupa quem identifica em si ou em uma pessoa próxima esses sintomas. E não é para menos, alertam médicos. O coronavírus, principalmente no começo da infecção, facilmente se confunde com esses problemas já bem conhecidos pela população e, com a chegada da variante Delta ao Brasil, a indefinição tende a ser ainda maior.

A cepa, identificada inicialmente na Índia e hoje espalhada por todos os continentes, mudou o perfil dos sintomas de parte dos pacientes, como relatam profissionais do Reino Unido e dos Estados Unidos, entre outros locais. Às observações deles se somam as de médicos do Brasil, onde a proporção de casos provocados pela Delta tem crescido nos levantamentos. Se, em junho, ela estava em 2,3% dos casos no país, em julho, já havia passado para 21,5%, segundo dados da Rede Genômica Fiocruz.

O avanço dessa linhagem do vírus, que demonstra ser mais transmissível, é notado especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em ambos os estados, a maior parte das amostras sequenciadas geneticamente ainda é da variante Gama (também chamada de P1 ou “de Manaus”), mas a fatia da Delta está aumentando nas últimas semanas.

Na cidade do Rio, no estudo mais recente, revelado no dia 3 de agosto pela Secretaria de estado da Saúde, 45% das amostras já são da Delta. No território fluminense como um todo, a cepa indiana responde por 26%. Na Grande São Paulo, de acordo com dados do Instituto Adolfo Lutz divulgados no começo do mês, a Delta aparece em 23% dos casos da região.

Coriza (nariz escorrendo, na linguagem popular), dor de cabeça e ardência na garganta têm aparecido com maior frequência entre os pacientes que testam positivo, observam médicos ouvidos pela reportagem no Rio de Janeiro e em São Paulo. Perda de olfato, perda de paladar, tosse e falta de ar, por outro lado, não são mais tão relatadas nos atendimentos das últimas semanas, observam esses profissionais.

— Essa variante parece bastante com sintomas gripais simples, então a gente tem que testar sempre o paciente. A partir do terceiro dia de sintomas, a gente já recomenda que faça o teste RT-PCR, para confirmar ou descartar essa possibilidade — conta Antonino Eduardo Neto, gerente médico do hospital Badim, no Rio de Janeiro. — Já está claro que alguns pacientes, para os quais você não pensaria com muita força em Covid no ano passado, tem que pensar agora — completa.

A mudança no perfil dos sintomas do início da doença segue o que foi observado antes na linha de frente de países em que a Delta gerou uma explosão de casos. Por isso, ela tem sido interpretada aqui como um efeito prático da entrada da variante no Brasil, ainda que não haja estudos abrangentes classificando esses sintomas e que não seja possível avaliar com que cepa cada paciente está. No país, a identificação só ocorre por amostragem, para acompanhamento da vigilância sanitária.

No Rio, a situação também é percebida no Hospital São Lucas Copacabana, conta o pneumologista Alexandre Pinto Cardoso.

— Os sintomas rinossinusais parecem mais frequentes e mais intensos do que antes — diz. — Mas quando evolui para sintomas mais graves, a forma é absolutamente a mesma — destaca.

Dificuldade para respirar, queda na saturação de oxigênio e quadros de trombose, entre outros problemas graves, continuam sendo vistos nas pessoas com maior comprometimento.

Na prática, ter sintomas mais parecidos com os de gripe ou resfriado no começo da doença não impõe um desafio ao tratamento da Covid, que continua o mesmo, afirmam os médicos, mas reforça a necessidade de certos protocolos. No Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, por exemplo, as equipes da recepção já receberam orientação para ficarem atentas aos sintomas da Delta desde a chegada do paciente à porta, evitando, na triagem, que ele se misture com outros que não apresentam esses sintomas, conta o otorrinolaringologista Arnaldo Tamiso.

E, fora do ambiente hospitalar, controlar a transmissão vira um problema maior ainda. Diante de desconfortos que não acendem um alerta tão forte, por serem considerados banais, a tendência é que as pessoas circulem mais enquanto estão contaminadas e, assim, espalhem o vírus. Por isso, a testagem deveria ser reforçada neste momento.

— Por estarmos diante de uma variante bastante contagiosa, quanto mais rápida essa identificação, melhor é o bloqueio e a redução da disseminação — alerta Isabella Albuquerque, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio, onde as queixas dos pacientes também têm mudado no começo dos quadros.

Nas últimas semanas, de meados de julho para cá, tem sido comum ainda que os pacientes até se surpreendam com o pedido para fazer teste de Covid e, na sequência, mais ainda, quando se deparam com um resultado positivo, nota o otorrinolaringologista Antonio Celso Ávila da Costa, sócio das clínicas Spot, na capital paulista.

— Eles chegam ao consultório dizendo ‘Estou só com uma sinusite ou com um resfriado, é aquilo de sempre’. Alguns querem até repetir o teste porque não acreditam [no resultado] — conta. — Ficou na percepção de muita gente que, para estar com Covid, tem que perder o olfato, o paladar, ter tosse e falta de ar — avalia.

Mudar esses conceitos é um novo desafio, assim como também reforçar a necessidade de afastamento diante de sintomas brandos.

— A gente tem que ser mais liberal para afastar as pessoas do trabalho e das atividades — conclui João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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