Jornal Folha Regional

Passense volta para a guerra na Ucrânia

Um passense, de 43 anos, voltou para a Guerra na Ucrânia. Com sua experiência militar e compromisso pessoal, Fábio Júnior de Oliveira decidiu se unir à Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, com um grupo composto por estrangeiros que se voluntariou para defender o país em meio a uma situação de conflito com a Rússia.

Na região de Donetsk, Fábio é responsável pela logística de distribuição de armamento, essa função é crucial para o bom funcionamento das operações militares.

Fábio expressou o desejo de estar na linha de frente da batalha, mostrando um forte sentido de compromisso com a causa pela qual escolheu lutar.

É importante ressaltar que a situação na Ucrânia é muito complexa e perigosa. Envolvimento em conflitos militares internacionais pode ter implicações significativas e arriscadas, tanto legalmente quanto em termos de segurança pessoal.

A decisão de Fábio de deixar para trás seu trabalho como fotógrafo de casamentos e motorista de aplicativo em Passos para participar de um conflito internacional, é uma demonstração de grande coragem e dedicação.

Este caso realça a importância de buscar soluções diplomáticas para os conflitos internacionais, de modo a evitar a perda de vidas e o sofrimento que tais situações podem causar. Além disso, sublinha a necessidade de apoio e ajuda humanitária para as pessoas afetadas por tais conflitos.

A guerra da Ucrânia e a Rússia já dura quase um ano e quatro meses, tendo início no dia 24 de fevereiro de 2022. (Portal Hertz)

Passense chega à Ucrânia e treina para combate contra os russos

O motorista de aplicativos Fábio Júnior de Oliveira, de 42 anos, natural de Passos, com família em Itaú de Minas e morador de Poços de Caldas, reuniu dinheiro em vaquinha virtual e partiu para a Ucrânia para integrar a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, uma unidade militar formada por estrangeiros que queiram combater os russos no país.  

Chegou pela Polônia e integra uma base militar onde atua como tradutor da língua inglesa para os demais de língua hispânica durante os treinamentos de guerra de que participa.

Ex-militar, sargento formado pela Escola de Formação de Soldados, Fábio diz que sempre foi treinado para acudir o país em caso de necessidade. Assim que viu que a Ucrânia estava recebendo homens voluntários com experiência, ele não pesou duas vezes e resolveu ir.

“Entrei em contato com a Embaixada da Ucrânia na Polônia e recebi um e-mail deles confirmando o meu alistamento. Eu devo ir para a Cracóvia e lá tem um hotel da Legião Ucraniana esperando os voluntários”, disse há um mês, antes de ir.

Depois cruzou até à Ucrânia de caminhão do Exército porque o espaço aéreo está tomado.

Chegou em solo ucraniano na última sexta-feira (15), em Yavoriv, que já foi bombardeada. “Eu estou fazendo o mesmo treinamento de combatente, vou pro combate do mesmo jeito, só que eu estou fazendo as traduções de inglês, porque tudo aqui é em Inglês e ucraniano. E aqui nós temos um grupamento hispânico e português. São Pessoas que vieram para cá como voluntárias, exatamente como eu, só que não falam a língua inglesa”, conta.

Brasileiros dispensados por causa de Bolsonaro


A base militar onde Fábio está agora fica quase na divisa com a Polônia. “Aqui estamos em treinamento e não vimos nada demais. O que aconteceu de chato aqui hoje nessa base foi que nove brasileiros foram mandados embora anteontem porque os ucranianos cobraram uma postura em relação ao presidente, pelas posições dele no G-20. Hoje, se eu não tivesse sido firme e dissesse que as posturas dele não nos interessam e que estávamos ali para guerrear seriamente, seríamos mandados embora também”, conta.

Quatro soldados voluntários brasileiros conseguiram ficar nesta base, além de Fábio.

Ucraniano de 6 anos é morto a tiros em fuga: “Mamãe, eu não quero morrer. Sou novo demais”

“Mamãe, eu não quero morrer. Eu sou novo demais”, foi uma das últimas frases do ucraniano Maxym Franko, de seis anos. Momentos depois, a criança estava morta, quando a família tentava fugir do bairro de Vynohradar, perto de Irpin, uma cidade satélite que se tornou uma linha de frente na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A morte do menino ocorreu em 26 de fevereiro e a mãe dele, Anna Chechelnytska, fez um relato comovente dos momentos de terror que seus familiares passaram após serem atingidos sem nenhuma razão pelo fogo russo.

Maxym Franko partiu de sua curta vida inocente em total pânico, como qualquer outra criança na Ucrânia, que viu a vida confortável se transformar em um inferno.

Anna Chechelnytska contou ao Daily Mail que ela e os dois filhos – Maxym e Alina, de 13 anos, frutos de dois casamentos que terminaram em divórcios – haviam sido convidados pelo primo dela, Oleksandr, para ficar no apartamento da família no bairro de Vynohradar, perto de Irpin. “Mas o bombardeio lá rapidamente se tornou intenso”, contou.

Como as crianças estavam muito assustadas, as duas famílias decidiram deixar a cidade juntas e ir para a casa de parentes em Revne, no oeste da Ucrânia.

Seis pessoas estavam no carro de Olexandr, entre eles a família de Anna. Maxym levou inclusive o hamster Bodia e o gato branco Sniezhka. Todas as crianças estavam no banco de trás do carro, Maxym no colo de Anna.

“Passamos com sucesso por dois postos de controle militares ucranianos. Mas quando estávamos em uma estrada de acesso bem em frente ao Ministério da Infraestrutura, o carro ficou sob fogo pesado.” A fuzilaria era pesada e à queima-roupa.

Momentos de pânico e dor

Oleksandr, dirigindo, foi morto instantaneamente. Anna levou um tiro na cabeça, perto da orelha. Alina foi atingida por balas na mão direita e no joelho esquerdo. Mas Maxym já estava morto quando foi tirado do carro.

“Saí do carro carregando meu filho e fiquei andando com ele gritando até que em algum momento perdi a consciência. Quando acordei, pude ouvir outras pessoas gritando e elas estavam andando ao meu redor enquanto eu estava deitada ali”. Alguém chamou a ambulância e ela chegou em 25 minutos, segundo Alina, que permaneceu calma o tempo todo, mesmo estando ferida.

“Não entendo por que fomos baleados. As janelas do carro eram transparentes. Quem quer que fosse com certeza podia ver que carregava mulheres e crianças. Oleksandr nem estava indo rápido”, lamentou a mulher.

Todos os feridos foram levados para o Hospital Infantil Ohmatdyt, nas proximidades. O gato e o hamster de Maxym fugiram quando as portas do carro foram abertas e ainda estão desaparecidos. A família conta que o corpo de Oleksandr permaneceu no carro por vários dias antes de ser resgatado.

Criança é enterrada

Anna não teve permissão para ver Maxym por vários dias, até que foi levada ao necrotério para identificar o corpo. A criança foi baleada na lateral do corpo ou nas costas por sete balas.

A mulher foi transferida para um hospital na distante Lviv, onde, dez dias após o ataque, foi submetida a uma cirurgia para remover a bala na cabeça. Agora ela está em Revne com Alina, no apartamento de seu irmão.

Maxym foi enterrado enquanto Anna ainda estava sendo tratada. “Meu filho foi enterrado ao lado do meu pai pelo meu ex-marido. Ele nem era pai de Maxym, mas ele fez isso por mim.”

O pai biológico de Maxym não respondeu às mensagens de coração partido de Anna.

Jogador de São Sebastião do Paraíso, chega ao Brasil após conseguir deixar a Ucrânia

O jogador de futsal Juninho Bernardes chegou ao Brasil três dias após conseguir deixar a Ucrânia. O voo do atleta saiu da Polônia e teve escala no Catar, chegando ao Brasil no último sábado (5).

O avião saiu da Polônia na sexta-feira (4) e, após a escala no Catar, chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos no último sábado. Após chegar ao Brasil, Juninho partiu para São Sebastião do Paraíso (MG), cidade natal dele. Juninho já até publicou uma foto nas redes sociais ao lado da mãe.

Saída da Rússia


Ao lado de outros três atletas brasileiros, Rodriguinho, Léo Barboza e Jean Carlos, ele cruzou de trem o país em guerra com a Rússia. Juninho estava em Slavyansk, segunda maior cidade da Ucrânia. Todos eles defendem o De Trading, clube do município ucraniano.

Inicialmente, eles iriam ficar na cidade. No entanto, com o passar dos dias, decidiram, na terça-feira (1º), que deixariam o país. Os brasileiros viajaram de trem até Lviv, município que fica a cerca de 70 quilômetros da Polônia.

Eles chegaram a Lviv na quarta-feira (2) após uma viagem de aproximadamente 40 horas. Os brasileiros conseguiram cruzar a fronteira logo em seguida e iniciaram o planejamento para retornarem ao Brasil.

Guerra na Ucrânia: jogador de futsal sul-mineiro chega à Polônia e fica perto de retorno ao Brasil

O jogador de futsal Juninho Bernardes conseguiu deixar a Ucrânia e chegou à Polônia. O atleta, que é natural de São Sebastião do Paraíso (MG), agora está perto de voltar ao Brasil. Ao lado de outros três atletas brasileiros, ele cruzou de trem o país em guerra com a Rússia. Ele deve embarcar ao Brasil nesta sexta-feira (4).

Juninho estava em Slavyansk, segunda maior cidade da Ucrânia, onde defende o De Trading. O sul-mineiro e os também brasileiros Rodriguinho, Léo Barboza e Jean Carlos viajaram de trem até Lviv, município que fica a cerca de 70 quilômetros da Polônia.

Juninho Bernardes publicou a chegada à Polónia nas redes sociais  — Foto: Reprodução/Redes sociais

Eles chegaram a Lviv na quarta-feira (2) após uma viagem de aproximadamente 40 horas. Os brasileiros conseguiram cruzar a fronteira logo em seguida e agora aguardam para retornarem ao Brasil.

Conforme Juninho publicou nas redes sociais, ele e os demais brasileiros retornam ao Brasil em voo marcado para esta sexta. A chegada ao país deve ocorrer na manhã de sábado (5), assim como Rodriguinho informou ao ge Prudente e Região.

Juninho Bernardes, jogador de futsal pelo De Trading, da Ucrânia  — Foto: Divulgação/De Trading

A mudança de planos

Inicialmente, Juninho os outros três brasileiros iriam ficar na cidade ucraniana. No entanto, com o passar dos dias, eles decidiram, na terça-feira (1º), que deixariam o país.

A viagem que levaria 25 horas de trem até Lviv durou um dia e meio para ser concluída. Os jogadores começaram de trem a ida à cidade que fica a 70 km da Polônia de trem, por volta das 5h (de Brasília) do dia 1º de março. A informação sobre a chegada ao destino foi registrada pelo jogador, em suas redes sociais, por volta das 17h30 (de Brasília) de quarta.

A chegada a Lviv também foi registrada pelo companheiro de clube Rodriguinho. Na publicação do também brasileiro, o atleta está dentro de um carro e destaca que foram mais de 40 horas de viagem.

Crianças russas são presas após protestarem com cartaz pedindo o fim da guerra, em Moscou

Cinco crianças entre 7 e 11 anos foram presas, na última terça-feira (1º), após participarem de um protesto antiguerra, em Moscou, na Rússia. As crianças seguravam flores e cartazes com a frase “No war” (Não à guerra, em tradução livre), em frente à Embaixada da Ucrânia.

A professora universitária Alexandra Arkhipova foi a primeira a compartilhar a história. Segundo ela, duas mulheres, mães das crianças, também foram presas.

Arkhipova afirmou que as crianças e as mulheres foram, eventualmente, liberadas da delegacia e receberam multas.

Um vídeo compartilhado pela professora mostra uma das crianças, ainda detida, chorando.

O ministro do Exterior ucraniano, Dmytro Kuleba, compartilhou as imagens no Twitter e afirmou que o presidente russo Vladimir Putin está “em guerra contra as crianças”.

Até o momento, a estimativa é que cerca de 7 mil pessoas já tenham sido presas na Rússia por protestas contra a invasão da Ucrânia. Entre elas, está a sobrevivente da Segunda Guerra Mundial Yelena Osipova, de 77 anos, presa na última quarta-feira (2) após participar de uma manifestação. Ela carregava cartazes condenando a ameaça de guerra nuclear feita pelo governo russo.

Enquanto famílias fogem, homens são instruídos a ficarem na Ucrânia

Dezenas de milhares de ucranianos, a maioria mulheres e crianças, cruzaram a fronteira para Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia nesta sexta-feira (25), quando mísseis russos atingiram a capital Kiev. Homens entre 18 e 60 anos, entretanto, foram orientados a permanecer e lutar.

Muitos esperaram horas em condições congelantes para deixar a Ucrânia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma invasão. Iryna, de 36 anos, partiu de Kiev na quinta-feira (24) com a mãe e as duas filhas, de 2 e 4 anos, antes de cruzarem para Ubla, na Eslováquia.

“Deixamos meu marido lá, então ele ainda está lá apoiando nosso governo”, disse ela nesta sexta-feira em um hotel na cidade fronteiriça de Snina. “Oramos pela Ucrânia e espero que tudo fique bem”.

Na Polônia, que tem a maior comunidade ucraniana da região, com cerca de 1 milhão de pessoas, as autoridades disseram que o tempo de espera para cruzar a fronteira variava de 6 a 12 horas em alguns lugares.

Em Medyka, no sul da Polônia, a cerca de 85 km de Lviv, no oeste da Ucrânia, as estradas estavam cheias de carros, policiais orientando o trânsito e pessoas abraçando entes queridos depois que chegaram ao lado polonês. Um site de mapas na internet mostrou um terço do caminho congestionado com tráfego intenso.

Marta Buach, de 30 anos, disse que seu marido não teve permissão para cruzar a fronteira com ela. “Em Lviv está tudo bem, mas em outras cidades é realmente uma catástrofe. Kiev foi bombardeada, outras pequenas cidades foram bombardeadas, ouvíamos bombardeios em todos os lugares.”

As agências de ajuda das Nações Unidas dizem que a guerra pode levar até 5 milhões de pessoas a fugirem para o exterior. Segundo elas, combustível, dinheiro e suprimentos médicos estão acabando em partes da Ucrânia.

Autoridades de fronteira disseram que 29 mil pessoas entraram na Polônia vindas da Ucrânia na quinta-feira, e cerca de metade indicou que estava fugindo da guerra. Na Romênia, mais de 10 mil ucranianos chegaram na quinta-feira e quase 3.000 na Eslováquia.

O vice-ministro do Interior da Polônia, Paweł Szefernaker, afirmou que os motoristas de ônibus ucranianos não podem atravessar a fronteira porque os homens em idade de alistamento estão sendo retidos na Ucrânia.

Michał Mielniczuk, porta-voz da região de Podkarpackie, no sul da Polônia, disse que acomodações temporárias estão sendo oferecidas às pessoas que chegam.

“A grande maioria continua para outros lugares da Polônia depois de receber uma refeição quente”, disse ele à agência de notícias PAP.

Na fronteira com a Romênia, mulheres choravam ao se despedir de entes queridos do sexo masculino, partindo para Sighetu Marmatiei, uma cidade remota às margens do rio Tisa, disse uma testemunha da Reuters.

Longas filas se formaram enquanto os carros esperavam para embarcar em uma balsa sobre o rio Danúbio para Isaccea, uma cidade entre a Moldávia e o Mar Negro, mostrou a mídia local na Romênia.

Em toda a Europa central, no flanco leste Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), voluntários estavam colocando mensagens nas mídias sociais para organizar alojamento e transporte para pessoas que chegam das fronteiras.

Ativistas estavam montando pontos de distribuição de alimentos e bebidas quentes e veterinários se ofereciam para cuidar de animais de estimação.

Putin inicia guerra contra a Ucrânia; Kiev e Otan falam em invasão total

Após quatro meses de crise com o Ocidente, a Rússia decidiu atacar a Ucrânia nesta quinta-feira (24), naquilo que Kiev e a Otan (aliança militar ocidental) chamaram de invasão total. É a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a maior operação do gênero desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.

O presidente Vladimir Putin foi à TV para dizer que faria uma “operação militar especial” no Donbass, a área de maioria russa étnica no leste do vizinho. Seu comando militar, contudo, confirmou que “armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas ucranianas”.

Além disso, o comando militar das repúblicas rebeldes afirma que está avançando com suporte russo rumo às fronteiras que consideram suas, violando assim território ucraniano que estava sob Kiev. O nome disso é guerra, invasão ainda que não total. No fim da tarde, o órgão disse que 70 alvos militares haviam sido atingidos, além de 11 pistas de pouso, 1 base naval e 3 centros de controle.

Não há estimativa de mortos, mas estão na casa das dezenas ou centenas. Kiev disse ter matado ao menos 50 soldados russos, o que Moscou nega, e derrubado cinco aviões e um helicóptero —o Kremlin admite apenas um caça perdido, num erro de pilotagem. Já um avião de transporte ucraniano caiu perto da capital.

TVs mostraram tanques que estariam invadindo o norte do país a partir da Belarus, sem confirmação independente. Imagens ao vivo mostraram o bombardeamento de Kharkiv com mísseis disparados de Belgorod, na Rússia.

Por outro lado, Moscou falou inicialmente que forças ucranianas “não estão resistindo a unidades russas”, sem dizer onde.

A ação começou por volta das 4h30 (horário de Kiev, 23h30 de quarta em Brasília). Às 5h45 (de Moscou, 23h45 de Brasília), Putin foi à TV e anunciou uma “operação militar especial” para “proteger a população do Donbass”, região do vizinho na qual ele reconheceu áreas rebeldes pró-Rússia na segunda (21).

Ele disse que quer trazer à justiça quem cometeu o que chamou de “genocídio” e “crimes” contra russos nas áreas, além de “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia.

Há sinais claros de um ataque amplo, mas não se sabe se é uma invasão total nos termos colocados por Kiev e pelo Ocidente. Putin disse estar cumprindo o que havia prometido: enviar tropas para apoiar as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e negou que irá ocupar território.

O governo em Kiev pensa diferente. “A invasão da Ucrânia começou”, afirmou por sua vez o ministro do Interior ucraniano, Denis Monastirski, citando ataques com artilharia e mísseis. “É uma invasão total”, disse seu colega chanceler, Dmitro Kuleba, no Twitter. O país decretou lei marcial e fechou seu espaço aéreo.

O presidente Volodimir Zelenski divulgou vídeo afirmando que os russos atacaram pontos de fronteira e infraestrutura militar do país. “Fiquem calmos”, disse, afirmando que o presidente Joe Biden prometeu apoio dos EUA. Mais tarde, ele fez um pronunciamento dizendo que as forças ucranianas estavam resistindo, pedindo doações de sangue para soldados e afirmando que os próximos passos da guerra dependiam de Putin —um truísmo, dada a desproporção de poderio militar de lado a lado.

“Por tudo o que estamos vendo até aqui, e é preciso mais clareza, parece mesmo ser uma invasão”, disse por telefone um dos principais analistas militares russos, Ruslan Pukhov, diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, de Moscou.

A Otan, por sua vez, chamou o ataque de “invasão por diversas frentes” e um “ato brutal de guerra”. Segundo seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, é uma “invasão planejada há muito tempo”. Ele voltou a dizer que a aliança militar de 30 membros manterá alta vigilância no Leste Europeu —mas, também previsivelmente, não irá mexer uma palha militar para defender a Ucrânia.

Houve explosões em torno de Kiev e de Kharkiv, importante centro no leste do país. Sirenes antiaéreas começaram a soar na capital às 7h06 locais (2h06 em Brasília), mas até agora não houve relatos de bombardeio diretos da cidade. Moradores da capital se esconderam no sistema de metrô da capital, herança soviética profunda para servir de bunker.

O comando militar russo disse que não está mirando civis.

O governo em Kiev afirma que blindados russos chegaram perto da capital, e um aeroporto ao norte cidade foi tomado por forças aerotransportadas por helicópteros Mi-8 com apoio de modelos de ataque Ka-52, todos vindos de Belarus.

Segundo disse por telefone um morador de Rostov-do-Don à Folha, Mariupol ficou sob fogo também. A cidade portuária no mar Negro fica a 180 km da capital da região de Rostov e é um ponto importante perto da chamada linha de contato, a fronteira de 430 km entre os rebeldes pró-Rússia e as forças de Kiev. Segundo Kiev, morreram ao menos duas pessoas lá.

É incerto o que acontece lá: se os russos estão fazendo o que Putin anunciou, “desmilitarizar” a região em torno das ditas repúblicas rebeldes, ou se é o prenúncio de uma ocupação generalizada. Esta é a questão central que preocupa planejadores ocidentais desde a segunda.

O cenário desenhado até aqui é o de incapacitação das Forças Armadas ucranianas, em um grau semelhante ao imposto à Geórgia pelo mesmo motivo de aproximação com o Ocidente em 2008, restando saber até onde o Kremlin pretende ir. Os sinais não são auspiciosos para Kiev.

“As repúblicas do Donbass nos procuraram e pediram ajuda. O objetivo [da “operação militar especial] é proteger o povo do abuso e do genocídio a que ele vem sido submetido pelo regime de Kiev. Para isso, vamos buscar desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, e levar à justiça aqueles que cometeram numerosos crimes sangrentos contra um povo pacífico, incluindo cidadãos russos”, disse Putin.

É uma declaração que promete caçar membros do governo ucraniano. O Donbass é talvez 80% russófono e tem cerca de 4 milhões de pessoas nas áreas rebeldes. Desses, 800 mil têm passaporte de Moscou.

Nessa fala, o presidente russo delineou a justificativa da ação para seu público interno. A “desnazificação” a que ele se refere ressoa fortemente na Rússia, já que de fato há elementos nas Forças Armadas da Ucrânia com associações neonazistas —como o famoso Batalhão Azov, que usa insígnia da SS nazista. Os alemães lutaram contra os soviéticos pelo controle da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial.

O presidente Zelenski, contudo, é judeu e sempre que pode lembrar disso ao comentar as acusações russas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que só Putin determinará o limite da operação. Ele só reafirmou que não há intenção de ocupar a Ucrânia. Sugeriu a derrubada do governo: “Idealmente, você liberta a Ucrânia e se livra dos nazistas. O futuro pertence ao povo ucraniano”.

O presidente americano, Joe Biden, que desde janeiro fala em “invasão iminente” dos russos, afirmou que o país “será responsabilizado” pelos ataques. Em pronunciamento, anunciou um pacote novo de sanções contra os russos, assim como a União Europeia, agora focadas em transações do governo em moedas estrangeiras e bloqueios a ativos de quatro grandes bancos.

“Vamos limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios envolvendo dólares, euros, libras e ienes”, disse, sem dar detalhes de como isso se dará. “Eu não tenho planos de falar com Putin […] Ele é o agressor. Putin escolheu essa guerra e agora ele e seu país suportarão as consequências.”

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