Jornal Folha Regional

Padre pede dispensa da Igreja Católica ao saber que vai ser pai em Franca

Padre Ferdinando Henrique Paiva Rubio pediu dispensa da Igreja Católica após informar a Diocese de Franca (SP) que vai ser pai — Foto: Reprodução/Pastoral Vocacional de Franca

A Diocese de Franca (SP) informou nesta quinta-feira (5) que dispensou um padre das obrigações sacerdotais e do celibato depois que o religioso informou que vai ser pai.

De acordo com a entidade, o pedido de dispensa partiu do próprio padre Ferdinando Henrique Pavan Rubio.

“A causa foi o envolvimento com uma pessoa, que resultou numa gravidez. A Igreja orienta que o sacerdote assuma a sua obrigação de paternidade”, comunicou a Diocese, em nota.

No início de setembro, a Cúria Diocesana De Franca publicou comunicado informando que o bispo Dom Paulo Roberto Beloto havia acolhido o pedido de dispensa do padre Ferdinando das obrigações clericais e de celibato, mas não informou o motivo.

“Mediante isso, acima de quaisquer especulações, unamo-nos em oração por este nosso irmão, a fim de que ele seja feliz nesta nova etapa de sua vida”, publicou a Diocese em seu perfil oficial no Instagram.

Com a dispensa, padre Ferdinando já deixou todas as funções que exercia à frente da Paróquia Santa Luzia em Franca.

Agora, ele deve recorrer ao Vaticano para validar a dispensa. Segundo o Direito Canônico, que rege a Igreja Católica, padres não podem ter relacionamentos amorosos nem se casar.

“Ele deixou de exercer o ministério sacerdotal e as suas funções pastorais. Está suspenso de Ordens, até que obtenha o rescrito [nome dado a um ato administrativo baixado por escrito pelo Papa] proveniente da Santa Sé.”

Ferdinando é natural de São José da Bela Vista (SP) e foi ordenado padre há oito anos. Ele era um dos líderes espirituais da Paróquia Santa Luzia, no bairro São Joaquim, desde janeiro de 2023. Antes, ele havia passado pelas paróquias São Pedro, no bairro Vila Europa, e Santa Gianna, em Franca. Ele também foi reitor do Seminário Propedêutico.

Mineira assassinada há 40 anos é beatificada pela Igreja Católica

A brasileira Isabel Cristina, mineira de Barbacena (MG) e falecida em 1982, foi beatificada na manhã do último sábado (10) na cidade onde nasceu. A celebração contou com a presença de cerca de 10 mil pessoas, segundo a imprensa local. Para a tarde de hoje (11) está prevista uma missa em Ação de Graças pela beatificação no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena. Após a missa, haverá a transladação dos restos mortais da Beata Isabel Cristina para a Capela dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, no centro da cidade.

O processo levou oito anos para ser concluído. Ele consistiu em coleta de depoimentos, juntada de documentos e tradução desses para o italiano. O Papa Francisco fez o reconhecimento por meio de decreto em outubro de 2020. A pandemia, no entanto, atrasou a realização da celebração.

Canonização x beatificação

A canonização representa um reconhecimento da santidade por toda a igreja. Assim, a Igreja Católica como instituição, desde o Vaticano até as igrejas espalhadas em todo o mundo, reconhecem e cultuam aquela pessoa como uma santa.

Por outro lado, quando uma pessoa é beatificada significa o reconhecimento, por demanda de uma diocese ou instituição eclesiástica específica, da santidade da vida daquela pessoa. E, assim, autoriza-se o culto público de sua honra nos limites daquela instituição e sua comunidade. Esse reconhecimento atesta que ela teve uma vida pautada nos ensinamentos cristãos em grau de excelência.

Mas, além disso, a beata, ou beato, precisa ter operado um milagre, geralmente uma cura, algo comprovado pela igreja católica após uma série de investigações. No entanto, existe outra forma de chegar à beatificação sem comprovar um milagre. Essa forma é a declaração do martírio. E assim é permitido o culto público em honra dessa pessoa no âmbito dessa instituição.

O martírio é classificado pela fé católica como “a morte voluntariamente aceita por causa da fé cristã ou por causa do exercício de outra virtude relacionada com a fé”. Foi justamente o caso de Isabel Cristina.

A moça, com 20 anos de idade na época, foi assassinada por um homem dentro de casa. O homem havia ido montar um guarda-roupa no apartamento de Isabel e tentou violentá-la. Ela resistiu e ele a golpeou na cabeça com uma cadeira. Em seguida, a amarrou e rasgou suas roupas. A moça continuou resistindo ao estupro e ele a matou com 15 facadas.

Antes desse episódio, Isabel estudava, namorava e se divertia, mas tinha uma vida de oração, de fé e planejava ser médica pediatra para ajudar crianças carentes. Segundo testemunhos colhidos pela igreja, era uma moça sensível com os mais pobres, idosos e crianças.

Na cerimônia realizada ontem, o bispo arquidiocesano de Mariana (MG), Dom Airton, fez a leitura da solicitação feita ao Papa Francisco para inscrição de Isabel Cristina como a mais nova beata da Igreja Católica. A proclamação da beatificação foi assinada pelo Papa.

“Através de nossa autoridade apostólica evidenciamos que a venerável serva de Deus Isabel Cristina, fiel leiga, mártir, alegre testemunha da caridade evangeliza pelos enfermos por amor de Cristo até a efusão do sangue defendeu sua virgindade e dignidade seja invocada de agora em diante com o nome de Beata Isabel Cristina e possa ser celebrada no dia 01º de setembro, dia em que ela nasceu para o céu”, escreveu o Santo Padre.

Padre suspeito de abuso sexual é flagrado agredindo ex-seminarista

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o padre Ismael Almeida Santana, de 31 anos, ex-reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora do Socorro, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), ameaçando e agredindo o ex-seminarista João (nome fictício). As agressões aconteceram dentro das dependências da instituição.


A vítima, de 28 anos, acusa o padre de violência sexual. As imagens foram gravadas em fevereiro deste ano. O ex-seminarista fez denúncia ao tribunal eclesiástico da diocese de Mogi das Cruzes no dia 26 de fevereiro, que suspendeu e afastou o padre de suas funções na mesma data. Segundo a Igreja, o caso é grave e há uma investigação canônica em andamento.

Nas imagens que registraram as agressões, João pede para sair do local em que está com o padre Ismael, que é a casa do clérigo dentro do seminário. Chorando, ele anda de um lado para o outro e insiste que o padre Ismael abra a porta. O padre puxa João pelo braço e o empurra. “Você está me machucando!”, repete três vezes. O padre pega no queixo de João, aperta e o empurra novamente.


Em outra cena, o padre Ismael tranca a porta, tira a chave e apaga a luz enquanto João caminha pelo cômodo, no escuro. Em uma terceira parte, o padre pega novamente o homem pelo pescoço. “Você está me enforcando. Você vai me matar”, fala João. O padre o derruba e a tela fica preta.

Ismael, que é padre desde 2018, acumulava os cargos de reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora do Socorro, de notário atuário do tribunal eclesiástico diocesano, de membro da comissão diocesana de tutela de menores, de responsável pelo programa semanal da diocese na Rádio Metropolitana FM e de assessor diocesano da Pastoral do Menor.

Em seu depoimento ao tribunal eclesiástico, o padre diz que teve envolvimento afetivo com o ex-seminarista. Afirma que João não aceita o fim do relacionamento e por isso teria feito as denúncias. O padre reconheceu que errou, se disse profundamente arrependido e pediu perdão à igreja, segundo os documentos da investigação interna da Igreja. O padre nega que tenha tido relacionamento sexual com outros seminaristas.


Além de denunciar o padre à diocese de Mogi das Cruzes na expectativa de um desfecho no âmbito da Igreja Católica, João entrou com processos na Justiça contra a própria diocese de Mogi das Cruzes, contra o bispo dom Pedro Luiz Stringhini e contra o vigário geral da cúria, monsenhor Antônio Robson Gonçalves. Ele alega que há acobertamento por parte dos clérigos e da instituição.

Em nota enviada à reportagem, a diocese de Mogi das Cruzes afirma que “o sacerdote foi imediatamente suspenso do uso de ordens e destituído dos ofícios eclesiásticos por tempo indeterminado e até que sejam devidamente apurados os fatos e responsabilidades mediante procedimentos jurídicos canônicos imediatamente instaurados e em andamento” e que as decisões das esferas eclesiástica e civil serão acatadas pela diocese.


Leia aqui os decretos de suspensão de funções dentro da Igreja Católica, emitidos pela diocese de Mogi das Cruzes (SP).

A defesa do padre Ismael disse que “o processo tramita em segredo de Justiça e somente se manifestará no curso do processo”. Os advogados ameaçaram recorrer ao Judiciário caso alguma reportagem sobre o caso seja publicada.


Acusações e ameaças

O ex-seminarista João e o padre Ismael se conheceram em 2019, por meio de contatos nas redes sociais. Naquele ano, João estudava no Seminário Propedêutico, da Arquidiocese de São Paulo, e o padre era reitor do seminário de Mogi das Cruzes.


João conta que desde pequeno queria ser padre. “Era a minha vocação”, diz. Cursou direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a pedido da família, antes de entrar para a vida na Igreja, em fevereiro de 2019. Ele afirma que se tornou próximo do padre Ismael e que foi se envolvendo. O padre também cativou sua família. Sua mãe chegou a trabalhar como faxineira no seminário onde Ismael era reitor e de quem recebia cestas básicas.

Com a proximidade, começaram as agressões. Segundo João, ele era obrigado a se submeter a violações sexuais e se sentia impotente para reagir. “Eu não conseguia revidar as agressões do Ismael porque na minha cabeça ali não estava um homem qualquer. Para nós, católicos, para mim, ali estava a pessoa do Cristo, não estava apenas o padre Ismael. Aí eu não conseguia bater nele ou revidar. Eu fugia para ele não me pegar. Eu acreditava que aquilo ia cessar.”


João afirma que “ele não era ruim sempre, era uma pessoa ótima com minha família”. Relata que as agressões aconteciam toda vez que ele se negava a ter relações sexuais com o padre. “Quando eu não fazia, ele apertava o meu pescoço e eu desfalecia. Ele me batia, me fragilizava emocionalmente. Se ainda assim ele não conseguisse o ato sexual, ele me batia, me deixava mole e conseguia tudo o que ele queria.”

Quando retomava a consciência, conta, o padre se mostrava arrependido e triste. “Não tinha um monstro do meu lado. Tinha um cara chorando e me pedindo perdão. Mas na semana seguinte ele faria de novo”, afirma. Com o passar dos meses, João diz que o padre Ismael mudou e afirmava que ele merecia passar pela violência. Não se dizia mais arrependido.


“Ele dizia que se eu o denunciasse, nada aconteceria com ele”. Segundo João, ele afirmava ter influência no Judiciário local e na diocese de Mogi. O padre Ismael ameaçava se matar e, segundo João, o intimidava dizendo que caso morresse, a culpa seria dele.

Em 26 de fevereiro deste ano, João decidiu denunciar à Igreja a situação que vivia. “Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo da arquidiocese de Mogi das Cruzes, disse que rezaria por mim. Meu intuito não era expor a imagem da Igreja, era que eles fizessem a Justiça sem precisar expor as mazelas, que eles impedissem que pelo menos pelas mãos do padre Ismael ninguém mais fosse abusado, fosse obrigado a se submeter sexualmente e sofresse intimidações e ameaças.”

Assista ao vídeo abaixo divulgado pelo UOL:

Padre é acusado de violência e assédio sexual contra pelo menos 8 monges no Sul de Minas

A Polícia Civil instaurou inquérito policial na última terça-feira (5) para apurar denúncias de assédio e violência sexual que teriam sido praticados pelo padre Ernani Maia dos Reis, de 54 anos, contra monges em um mosteiro de Monte Sião (MG).

Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2011 e 2018. Segundo a polícia, outras informações serão prestadas em momento oportuno para não atrapalhar o andamento da investigação.

Na semana passada, o promotor de Justiça Marco Antônio Meiken enviou ao delegado de polícia da comarca de Monte Sião uma notícia de fato e um pedido de abertura de inquérito policial sobre o caso.

As denúncias

O padre teria violentado e assediado sexualmente ao menos oito monges, entre os anos de 2011 até 2018, quando ele se afastou do mosteiro. As vítimas eram homens, com idades entre 20 e 43 anos, quando o assédio começou. Outras 11 pessoas, entre elas 10 mulheres, teriam sofrido constrangimentos e agressões verbais.

As denúncias teriam sido recebidas pela Igreja Católica, mas o padre só foi afastado depois que ele mesmo pediu para sair do mosteiro.

A Arquidiocese de Pouso Alegre informou que o padre foi afastado da comunidade em 2018. A nota diz ainda que o próprio citado quis a renúncia ao clero e que foi dispensado do celibato e de todas as outras obrigações pelo Papa Francisco. A Arquidiocese orientou, na nota, que os fiéis não devem procurar o religioso para solicitar sacramentos.

A Arquidiocese também informou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e que as possíveis vítimas foram acolhidas em confissão, apoio financeiro e também psicológico.

Em 2018, Ernani foi afastado por um ano por causa das acusações de abuso sexual e conduzido para uma clínica de reabilitação espiritual no Paraná, onde ficou por seis meses. Após este período, Ernani renunciou ao celibato.

Ainda de acordo com o chanceler, Ernani não pode ser punido pela igreja, uma vez que não é mais padre. Apesar de ter assinado a renúncia ao celibato em 2018, a Arquidiocese de Pouso Alegre informou que na última semana recebeu a confirmação de que o Papa Francisco dispensou oficialmente Ernani do celibato e das demais obrigações inerentes ao estado clerical.

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