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Inflação acelera com aumento na luz e acumula alta de 4,61% em 12 meses

Inflação acelera com aumento na luz e acumula alta de 4,61% em 12 meses – Foto: reprodução

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, subiu 0,23% em agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador voltou a acelerar em relação ao mês anterior, puxado desta vez por um aumento da energia elétrica residencial (4,59% no mês). Em junho, o IPCA fechou com alta de 0,12%. Já em agosto de 2022, o país havia registrado deflação de 0,36%, na esteira da desoneração de combustíveis.

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,61% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 3,23%.

Mesmo em trajetória de alta, o índice de preços veio levemente abaixo das projeções do mercado financeiro. A mediana das estimativas coletadas pelo Valor Data apontava alta de 0,29% no mês.

O IBGE mostra que houve alta em seis dos nove grupos que compõem o IPCA. O maior ganho vem do grupo Habitação (1,11%), que abriga o subitem de energia elétrica residencial. As contas de luz tiveram alta de 4,59% e impacto de 0,18 ponto percentual no índice geral.

O aumento das contas de luz tem relação com o fim da incorporação do bônus de Itaipu, um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu em 2022. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) havia anunciado R$ 405,4 milhões em bônus para o mês de julho.

Na ocasião, o grupo de Habitação havia registrado queda de 1,01% no mês, porque o bônus foi incorporado nas contas de luz de julho. Agora, ele sai da conta em agosto.

Por outro lado, o grupo de Alimentação e bebidas continua em queda, e registra deflação de 0,85% em agosto. É o terceiro mês consecutivo de quedas no grupo, puxados sempre pelos preços da alimentação no domicílio (-1,26% no mês).

Veja o resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: -0,85%;
  • Habitação: 1,11%;
  • Artigos de residência: -0,04%;
  • Vestuário: 0,54%;
  • Transportes: 0,34%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,58%;
  • Despesas pessoais: 0,38%;
  • Educação: 0,69%;
  • Comunicação: -0,09%.

Conta de luz puxa preços monitorados

De acordo com André Almeida, gerente de IPCA do IBGE, os produtos monitorados tornaram-se o destaque dos resultados de inflação nos últimos meses. São itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos.

Na janela de 12 meses, essa cesta de produtos acumula alta de 7,69%, acima do índice geral de inflação. No mês, houve aceleração de 0,46% em julho para 1,26% em agosto.

Em agosto, a energia elétrica carrega o aumento dos preços monitorados. Em agosto, todas as áreas de abrangência do IBGE mostram alta nas contas de luz. O maior ajuste veio de Vitória, com alta de 9,64%. Em seguida, Belém (8,84%) e Goiânia (7,05%) fazem o pódio de maiores aumentos.

Mas a cesta também foi influenciada neste mês pelo diesel. O combustível teve alta de 8,54% no mês, após mais um reajuste de preços por parte da Petrobras nas refinarias. Desde o dia 16, o litro do diesel subiu R$ 0,78 na venda para distribuidoras, que desemboca no preço da bomba.

A gasolina também teve uma alta de R$ 0,41 na ocasião, mas o aumento no IPCA foi menor, de 1,24%. Ainda assim, vem da gasolina o maior impulso do IPCA no ano. A alta no combustível foi de 13,02% em 2023, com participação total de 0,60 p.p. no índice geral.

Serviços seguem em desaceleração

A inflação de serviços segue em lenta desaceleração, aproximando-se do índice geral do IPCA. Na janela de 12 meses, a cesta de serviços acumula alta de 5,43%, com alta de apenas 0,08% no mês de agosto.

É o menor resultado para o grupamento desde janeiro de 2022, quando a alta acumulava 5,09%.

O principal destaque de queda foram os preços de passagens aéreas, que mantém uma forte oscilação mês a mês. Em agosto, houve queda de 11,69%. Em junho, havia registrado alta de 4,97%.

Tivemos redução da taxa de desocupação, com expansão do número de pessoas trabalhando, mas o que temos percebido é que o maior impacto na inflação tem vindo dos monitorados, como gasolina e energia elétrica, em vez de uma demanda nos serviços

— André Almeida, gerente de IPCA do IBGE

Alimentação e bebidas seguem caindo

Alimentação no domicílio enfrenta desaceleração desde abril, mas o destaque são as três deflações seguidas nos últimos meses.

As principais quedas constatadas pelo IBGE foram da batata-inglesa (-12,92%), do feijão-carioca (-8,27%), do tomate (-7,91%), do leite longa vida (-3,35%), do frango em pedaços (-2,57%) e das carnes (-1,90%). O item de maior alta foi o limão, com alta de 51,11%, produto que enfrenta redução de oferta.

De acordo com André Almeida, do IBGE, a queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por maior oferta dos produtos no mercado.

João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, destaca que o movimento de Alimentos e bebidas segue com uma dinâmica favorável e deve se manter assim no mês de setembro.

“As aberturas do dado de hoje reforçam a dinâmica positiva recente da inflação no país e o plano de voo do Banco Central no ciclo de cortes de juros”, afirma o analista.

INPC tem alta de 0,20% em agosto

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,20% em agosto. Em julho, houve queda foi de 0,09%.

Assim, o INPC acumula alta de 2,80% no ano e de 4,06% nos últimos 12 meses. Em agosto de 2022, a taxa foi de -0,31%.

“Os produtos alimentícios apresentaram variação de -0,91% em agosto, após queda de 0,59% em julho. Nos produtos não alimentícios, foi registrada alta de 0,56%, acima do resultado de 0,07% observado em julho”, destaca o IBGE.

Argentina congelará preços de 1.500 bens de consumo em meio a inflação galopante

O governo argentino anunciou nesta sexta-feira (11), um acordo com supermercados e fornecedores de bens de consumo de massa para congelar ou regular os preços de cerca de 1.500 produtos, na tentativa de conter uma inflação que deve chegar a 100% este ano.

O governo peronista de centro-esquerda está lutando contra uma queda na popularidade e protestos de rua, enquanto os preços em espiral minam o poder de compra dos consumidores, mesmo conforme um déficit acentuado e reservas em moeda estrangeira cada vez menores criam riscos para a economia.

O Ministério da Economia disse em um decreto formal que um novo programa de “Preços Justos”, abrangendo bens de consumo de alimentos e bebidas a produtos de limpeza, ajudará a “estabilizar os preços dos produtos em favor do consumidor”.

Alguns itens terão alta de 4% antes de entrarem no esquema de congelamento de preços por quatro meses, enquanto outros iniciarão o programa nos valores atuais, mas poderão aumentar em até 4% ao mês.

Antes das eleições do próximo ano, a insatisfação tem começado a crescer, com os níveis de pobreza perto de 40%. Milhares protestaram na quinta-feira contra o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que emprestou bilhões de dólares ao país latino-americano.

“Temos inflação de três dígitos. O aumento dos preços dos alimentos é bárbaro e estamos diante de um dezembro brutal”, disse a manifestante Monica Sulle.

Foto: Vendedor pesa produtos em mercado de Buenos Aires; inflação argentina deve chegar a 100% neste ano

Inflação atinge 0,59% e volta a subir após três meses de queda no Brasil

Após três meses consecutivos de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a subir em outubro, informou nesta quinta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador oficial de inflação do país teve alta de 0,59% no mês passado. A taxa ficou acima das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg, que esperavam avanço de 0,49%. O novo resultado veio após quedas de 0,29% em setembro, de 0,36% em agosto e de 0,68% em julho.

Em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 6,47% até outubro, apontou o IBGE. O avanço era de 7,17% até setembro. Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 8 tiveram alta em outubro. A maior contribuição do mês, de 0,16 ponto percentual, veio de alimentação e bebidas (0,72%), que havia recuado 0,51% em setembro.

Na sequência, vieram saúde e cuidados pessoais (1,16%) e transportes (0,58%), com impactos de 0,15 ponto percentual e 0,12 ponto percentual, respectivamente. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 73% do IPCA de outubro. A maior variação do mês foi do grupo vestuário: 1,22%. Para tentar conter a carestia no ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou em cortes de impostos.

Nesse sentido, Bolsonaro sancionou em junho o teto para cobrança de ICMS (tributo estadual) sobre combustíveis, entre outros itens. A medida veio acompanhada pela redução dos preços praticados nas refinarias da Petrobras. Em conjunto, os dois fatores levaram os combustíveis para baixo, o que puxou a deflação do IPCA às vésperas das eleições. A trégua nas bombas dos postos, contudo, agora dá sinais de esgotamento.

A inflação elevada afetou produtos sensíveis ao bolso dos brasileiros mais pobres, como os alimentos, e serviu como munição para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista venceu Bolsonaro no segundo turno das eleições. Mesmo com o recente alívio no acumulado de 12 meses, o IPCA caminha para estourar a meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) pelo segundo ano consecutivo.

O mercado financeiro projeta alta de 5,63% até dezembro, conforme a mediana do boletim Focus divulgado na segunda (7) pelo BC. O centro da meta é de 3,50% em 2022. O teto é de 5%. Para 2023, a estimativa do Focus sinaliza IPCA de 4,94%. O mercado ainda aguarda a montagem da equipe econômica de Lula para avaliar os possíveis rumos do novo governo a partir do próximo ano.

Na visão de analistas, um dos principais desafios petistas será conciliar responsabilidade fiscal com pagamento de benefícios sociais prometidos durante a campanha, incluindo a manutenção do valor mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil, que deve ser rebatizado como Bolsa Família.

Mais da metade da inflação é resultado da disparada dos combustíveis, energia e carne

Os combustíveis, a energia elétrica e a carne estão entre os itens que mais têm pesado no bolso do brasileiro e na inflação oficial do país, que chegou a 9,68% no acumulado em 12 meses até agosto.

Se os preços desses itens tivessem permanecido estáveis em vez de dispararem, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estaria abaixo de 5% e ainda dentro da meta fixada pelo governo para o ano. É o que mostra levantamento do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV).

Segundo o estudo, elaborado pelo economista e professor Robson Gonçalves, os itens gasolina, etanol, diesel, gás de botijão, energia elétrica e carnes vermelhas foram responsáveis por mais da metade da taxa acumulada em 12 meses até agosto, respondendo por 5,31 pontos percentuais do IPCA. Ou seja, sem esses 6 itens, a inflação seria de 4,37%, em vez dos atuais 9,68%.

“A inflação está concentrada em itens que são do consumo cotidiano das famílias e essa inflação claramente penaliza mais a baixa renda”, afirma Gonçalves, destacando que inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que se refere às famílias com renda até 5 salários-mínimos, está acima dos dois dígitos e atingiu 10,42% no acumulado em 12 meses até agosto.

O levantamento do economista mostra ainda que, se os preços dos combustíveis, energia e da carne tivessem permanecido estáveis, o INPC estaria em 4,91% no período de 12 meses até agosto, em vez dos atuais 10,42%.

“Essa inflação tem um aspecto que é difícil fugir dela. E a implicação disso que é que outros itens acabam sendo sacrificados para que se consiga pagar conta de energia, o botijão de gás, e assim por diante”, acrescenta.

Inflação muito acima da meta para o ano

Desde março, o IPCA acumulado em 12 meses tem ficado cada vez mais acima do teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação par 2021, que é de 5,25%. A inflação persistente em meio a um cenário de piora da crise hídrica e de tensão política tem levado diversos economistas a preverem uma inflação maior para este e o próximo ano.

No último boletim Focus — levantamento semanal de expectativas do mercado realizado pelo Banco Central — a projeção para a inflação em 2021 passou de 7,58% para 8%. Para 2022, a previsão foi elevada de 3,98% para 4,10%.

Gasolina e energia são itens com maior peso na inflação

A disparada da gasolina e da energia elétrica tem um agravante extra pois são gastos essenciais e com maior peso na composição do IPCA entre os mais de 400 itens e subitens monitorados pelo IBGE para o cálculo da inflação oficial.

gasolina tem um peso de 5,98% na taxa e a energia elétrica, 4,81%. Considerando a soma dos 6 itens da cesta do levantamento do ISAE/FGV, o peso chega a 16,23%. É por isso que a alta destes itens impacta tanto na inflação e na percepção de perda de poder aquisitivo.

“Os itens que mais estamos vendo aumento de preços são incompressíveis, ou seja, não tem como fugir deles. Você tem uma possibilidade de economia de energia elétrica muito limitada. Um motorista de aplicativo tem uma possibilidade quase nula de redução do consumo de gasolina ou etanol. As famílias têm uma possibilidade quase nula de redução de consumo de gás de cozinha”, explica Gonçalves.

O cenário de preços nas alturas e de desemprego elevado tem reduzido a qualidade do prato feito dos mais pobres. Para as famílias com renda de um salário mínimo, o preço da cesta básica de alimentos passou a consumir 65,32% dos ganhos mensais, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

“Num contexto de aumento da energia elétrica, do botijão de gás e dos combustíveis, o consumidor acaba cortando a carne bovina por duas razões: primeiro porque está cara e, segundo, porque está sobrando menos dinheiro mesmo”, destaca o economista.

Alta da cesta básica é pontual e não podemos falar em inflação de alimentos

De acordo com o analista de mercado da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, ainda não podemos falar em inflação de alimentos. O cenário, segundo ele, é de uma situação conjuntural e temporária.

“Temos altas muito fortes em arroz, feijão, óleo de soja, o leite longa vida e seus derivados. Isso está ligado primeiro ao câmbio, que elevou estas cotações no mercado internacional e isso foi repassado ao mercado interno. E [temos] também o movimento de exportações do Brasil, [que] foi muito forte, gerando escassez de matéria prima no país”, analisa.

Além disso, Cogo adiciona que algumas culturas, como arroz e feijão, tiveram queda de área plantada por bastante tempo. “É uma combinação de fatores, sendo alguns de ordem estrutural, de área plantada e outros totalmente conjunturais, ligados a uma entressafra. Ainda teve a pandemia que trouxe uma elevação de consumo de produtos da cesta básica e, também, a ajuda emergencial do governo, que auxiliou a todos para que pudessem se abastecer”, afirma.

O analista projeta que alguns preços estão no limite da alta e que a entrada da nova safra no final do ano deve encerrar processo de aumento dos produtos. Cogo considera que os recordes na cotação vão incentivar uma grande safra para 2021. Dessa forma, os preços tendem a cair quando o país tiver uma recuperação da oferta interna.

Por fim, a expectativa de Cogo é que o governo retire a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação alguns produtos agrícolas como arroz, soja e milho. Porém, de acordo com ele, o efeito nos preços de soja e milho é muito pequeno ou quase nulo e apenas no arroz poderíamos observar algum impacto. No entanto, o analista faz um importante alerta: se o governo decidir pela retirada da TEC, é importante que defina desde o primeiro momento as datas de vigência e os volumes de importação específicos. Pois, caso isso não seja feito, a rentabilidade do produtor poderia ser prejudicada.

Fonte: Canal Rural

Confira vídeo de um agricultor desabafando referente aos comentários sobre alta dos produtos:

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