
O mistério do sumiço de um sino doado pela família imperial no século 19 continua. Há 15 dias a peça foi retirada de dentro da Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Itamonte, e não foi mais encontrada. Além do sino, pelo menos 75 itens sacros estão desaparecidos na região e constam em uma lista do Ministério Público.
Os itens são catalogados pelo Sistema de Objetos Mineiros Desaparecidos, Recuperados e Restituídos (SOMDAR), onde consta toda a relação de objetos com valor religioso e histórico que estão desaparecidos de Minas Gerais.
Muitas dessas peças vão parar no mercado clandestino; outras chegam ser derretidas e vendidas também por valores irrisórios diante do valor patrimonial, memorial e também histórico que elas representam.
Campanha, um dos municípios mais antigos do Sul de Minas, é a cidade com mais itens nesta lista. São quase 30 itens sacros desaparecidos do Museu Regional desde 1994; todos furtados no mesmo dia. Entre as peças, estão itens em madeira, prata ou que possuem metais preciosos.
“Não tem como calcular financeiramente [o prejuízo]. É mais pelo bem patrimonial, o que ele significa para a comunidade de Campanha e de toda a região do Sul de Minas”, explica a representante da Secretaria de Cultura e Turismo de Campanha, Flávia Tegon.
Quatro das peças furtadas há quase 30 anos já foram recuperadas e restituídas ao Museu de Campanha:
- a imagem de Santa Cecília, recuperada em 1998;
- a imagem de Santa Bárbara, recuperada em 2003;
- a imagem de São Vicente Ferrer, em 2004;
- e a última peça restituída ao município, Nossa Senhora da Apresentação, em 2021.
Além da cidade, outros municípios possuem bens com valor histórico e religioso desaparecidos. Ao total, são 76 objetos, segundo o Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Bens Móveis e Integrados desaparecidos do Sul de Minas
Cidades | Qtd. de Itens |
Campanha | 30 |
Ibituruna | 23 |
Nazareno | 14 |
Bom Sucesso | 2 |
Passos | 2 |
Lavras | 1 |
Pratápolis | 1 |
São Tomé das Letras | 1 |
Serranos | 1 |
Itamonte | 1 |
Total | 76 |
O Museu Regional de Campanha passa por reformas e deve retornar às atividades em cerca de 90 dias. Segundo a gestão de Cultura do município, o ambiente contará com completo sistema de segurança, câmera e alarme, para evitar esse tipo de roubo.
Conforme o Código Penal Brasileiro, o crime contra o patrimônio histórico não prescreve, ou seja, não existe uma data para deixar de ser válido. A pessoa que levou o objeto sacro pode responder pelo crime mesmo após vários anos.
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Denúncias
As denúncias sobre itens sacros e bens móveis desaparecidos podem ser feitas pelo site do Sistema de Objetos Mineiros Desaparecidos, Recuperados e Restituídos (SOMDAR). (Clique aqui)
Na plataforma é possível colaborar com a lista incluindo alguma informação adicional aos bens cadastrados ou informar um fato ou situação irregular que queira dar conhecimento às autoridades, como: o desaparecimento de um bem, a localização de um bem desaparecido, a comercialização ilegal de bens ou o mal estado de conservação de acervos documentais.