Jornal Folha Regional

Com alta no preço do café, ladrões miram lavouras e furtam grãos diretamente das plantações no interior de Minas Gerais

Com alta no preço do café, ladrões miram lavouras e furtam grãos diretamente das plantações no interior de Minas Gerais

Com o preço da saca de café atingindo níveis históricos em 2025, os produtores do Sul de Minas têm sofrido com uma ameaça às lavouras: os furtos diretamente das plantações.

Casos como o do homem preso em Campestre (MG) ao ser flagrado com sacos de café recém-colhidos e o de um suspeito que foi espancado e morto ao ser pego furtando café no pé em uma propriedade rural em Ibiraci (MG) são exemplos recentes dessas ações criminosas.

Isso tem mobilizado agricultores e associações rurais a investirem em alternativas que proporcionem mais segurança às lavouras, como câmeras de monitoramento e vigilantes particulares.

A percepção é unânime entre os produtores: o campo virou alvo, e a sensação de vulnerabilidade nunca foi tão alta.

A reportagem pediu à polícia dados recentes de registros desse tipo de crime, mas não tinha recebido até a última atualização desta reportagem. A Polícia Militar informou que vem realizando várias operações na tentativa de coibir a onda de furtos de café na região.

Alta nos preços, insegurança e prejuízos financeiros

A cafeicultora de Ilicínea, Alessandra Peloso, já foi furtada três vezes. Além do café, ela teve outros itens levados.

“Uma vez levaram duas trinchas (máquinas) e roubaram 20 sacas. Dessa última vez roubaram 163 ou 167, não lembro a quantidade certinha. Roubaram pneus, produtos agrícolas, roubaram bastante coisa”, contou a produtora.

Os prejuízos recorrentes desanimaram Alessandra com a produção, mas, apesar da frustração, ela mantém confiança no trabalho da polícia para resolver o último furto.

“Eu estou muito desanimada em mexer com a fazenda, não confio em mais ninguém. Está super complicado, a gente só vai levando prejuízo. (…) Dessa vez a polícia está em cima, eu acho que eles vão conseguir pegar, porque está bem adiantada a investigação”.

Segundo Ricardo Schneider, presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais (CCCMG), essa onda de furtos está relacionada à alta dos valores da saca de café. Para se ter uma dimensão, a inflação acumulada do café moído é a maior em 12 meses desde maio de 1995, quando o índice foi de 85,5%.

“Esse risco é aumentado na medida que o preço do café é maior. Então quanto mais caro ele fica, mais atrativo é para os ladrões interessados nisso, principalmente onde o café está mais vulnerável, que é nas propriedades, na própria lavoura”.

O presidente ainda explicou que essa variação dos preços é influenciada pelas condições climáticas e consequentemente pela oferta e demanda do produto.

“Atualmente, o mercado global de café registra preços historicamente elevados, impulsionados pela combinação de oferta restrita e demanda firme. Além dos problemas climáticos no Brasil e na Colômbia, a seca severa no Vietnã, maior produtor da espécie robusta, reduziu significativamente a produção, agravando a escassez global e pressionando os preços”.

Produtores clamam por mais segurança

Recentemente, um grupo de cafeicultores realizou uma manifestação na cidade de Campestre, reivindicando mais segurança no campo, devido ao aumento dos furtos de maquinários e de café registrados.

Em entrevista, eles expressaram o medo de serem vítimas e a indignação por perderem um trabalho feito com tanto sacrifício. “A gente está ‘na fila’, qualquer hora pode ser qualquer um de nós”, disse Luiz Fernando Muniz.

“Vale a pena continuar? Vale a pena a gente amanhecer cinco horas da manhã? Tem três anos que eu ‘tô’ aqui, mas esse pessoal aqui é a vida inteira, debaixo do sol, com a mão calejada. Qual é a segurança que a gente tem?” questionou o também produtor Giovanni Salomão.

Reforço na segurança

Em entrevista, a Tenente-coronel Bianca Grossi, comandante do 24º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, detalhou que a PM está realizando várias operações na tentativa de coibir a onda de furtos de café que vem acontecendo na região.

“Uma das medidas é a realização da Operação Agro-gerais Seguro. Nessa operação a gente cumpriu mandados de busca e apreensão, realizou diversas apreensões de armas de fogo, prisões de pessoas, e ela vem sendo executada algumas vezes, mais ou menos uma vez por mês a gente está fazendo essa operação”.

Ainda conforme a tenente-coronel, o contato com os produtores, sindicatos e associações de cafeicultores, é de extrema importância nesse processo, pois nesse contato são passadas orientações importantes de segurança.

“Nessas reuniões a gente tem dado orientações em relação à segurança. Inclusive, uma das coisas que tem dado muito resultado é o aumento na instalação de câmeras de segurança ou câmeras com a tecnologia que fazem a leitura de placas de veículos. Esses dados são colocados dentro de um sistema que a Polícia Militar já possui, e que tem ajudado muito na prevenção e repressão de crimes, sejam eles furtos ou roubos”.

Além das ações citadas, a PM também atua através da patrulha rural, onde dois militares são direcionados especificamente ao policiamento rural e tem contato direto com os produtores, mantendo uma lista de cadastro das propriedades monitoradas.

Fernando Barbosa, presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas Gerais, explicou que os produtores estão buscando mais opções para assegurar a proteção das propriedades. “Algumas associações estão se mobilizando internamente devido ao tamanho do território de cada município, contratando empresas particulares para fazerem esse monitoramento”, disse.

O presidente ainda ressaltou que a comunicação entre os produtores e as forças de segurança é de extrema importância para o combate aos furtos.

“Para o safrista que vem de outras regiões, a orientação que está sendo passada é entrar em contato, principalmente com a polícia, para poder identificar se esses safristas que estão vindo já têm passagem pela polícia, para que pelo menos sejam monitorados. (…) Comunicação é o melhor mecanismo para poder pelo menos frear ou até mesmo inibir”.

Sobre as investigações das ocorrências, a Polícia Civil de Minas Gerais respondeu que tem atuado de forma contínua na apuração e resolução dos crimes ocorridos em áreas rurais, e que foram criadas Delegacias Especializadas nessas investigações em todas as unidades regionais pertencentes ao 18º Departamento de Polícia de Poços de Caldas.

Via: G1

3ª Colheita Cultural leva cultura e lazer para as lavouras de café em MG/SP, neste fim de semana

Festival de dois dias acontece entre os municípios de Guaxupé (MG) e Tapiratiba (SP) com atividades culturais gratuitas para todas as idades

Grupo Catavento Cantante - Foto: André Magalhães Fernandes
Grupo Catavento Cantante – Foto: André Magalhães Fernandes

Neste fim de semana, 13 E 14 de julho, a histórica Fazenda Tulha, localizada entre os municípios de Guaxupé (MG) e Tapiratiba (SP), na divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo, será palco da 3ª Colheita Cultural.

O evento de dois dias promete uma imersão cultural em uma vasta gama de atividades gratuitas, celebrando a rica herança cultural e agrícola da região. A Fazenda Tulha é uma típica fazenda cafeeira do Sul de Minas, fundada na segunda metade do século XIX e que tem transitado para modelos mais sustentáveis de produção, integrando valores culturais do território.

A programação inclui apresentações musicais, peças de teatro, capoeira, artes visuais, além de workshops sobre cafeicultura sustentável, agroecologia e artesanato.

Dança, ciclismo, gastronomia e sessões de cinema também fazem parte do evento.

3ª Colheita Cultural leva cultura e lazer para as lavouras de café em MG/SP, neste fim de semana - Foto: divulgação
3ª Colheita Cultural leva cultura e lazer para as lavouras de café em MG/SP, neste fim de semana – Foto: divulgação

O festival vai oferecer ainda, atividades lúdicas e interativas como muralismo (arte em mural), aulas de viola caipira, forró, rodas de conversa e oficinas criativas, com o objetivo de promover a educação ambiental e a valorização da cultura rural.

Veja a programação completa: @colheitacultural

“É um evento com programação para toda a família, todos podem participar”, ressalta a coordenadora do evento, Carolina Garcia Marques.

Carolina destaca ainda que o festival Colheita Cultural adotou medidas de acessibilidade como libras e audiodescrição em vários espetáculos, além de equipe capacitada para atender PCDs.

O local também foi vistoriado para verificar a acessibilidade do evento em diversos aspectos, como o acesso de cadeiras de rodas aos espetáculos e atividades.

A 3ª Colheita Cultural é uma produção do ponto de cultura “Tulha Cultural”, organizado pelo coletivo Mamulengo Flor do Cafezal, com apoio do Circuito Cultural Canastra-Rio Grande e através do Edital LPG 10/23 – Mostras, Festivais e Feiras Multiculturais – Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) de Minas Gerais e do Ministério da Cultura/Governo Federal.

3ª Colheita Cultural leva cultura e lazer para as lavouras de café em MG/SP, neste fim de semana - Foto: divulgação
3ª Colheita Cultural leva cultura e lazer para as lavouras de café em MG/SP, neste fim de semana – Foto: divulgação

Vivência nos cafezais

A 3ª Colheita Cultural tem como objetivo integrar agricultura, educação ambiental, agroecologia e arte rural. Além das atividades artísticas, os participantes poderão desfrutar dos diversos espaços da Fazenda Tulha.

As vivências nas lavouras de café estão entre as atividades mais aguardadas do evento. Todos os anos, na Colheita Cultural, os visitantes são convidados a conhecer como se constrói as qualidades sensoriais da bebida do café na roça.

“É para mostrar como o manejo da roça, o manejo da planta, a forma de colher, o tempo de colher influenciam nas qualidades sensoriais do café que as pessoas bebem em casa, para elas poderem entender porque às vezes um café é mais amargo, um café é mais doce, um café é mais forte ou mais fraco, então a gente introduz o público a conhecimentos básicos sobre as qualidades da bebida do café”, explica o agrônomo Vítor Ribeiro, um dos coordenadores do evento e responsável pela Fazenda Tulha.

Grupo Mamulengo Flor do Cafezal - Foto: Pulsa Comunicação e Cultura
Grupo Mamulengo Flor do Cafezal – Foto: Pulsa Comunicação e Cultura

Feira de Artesanato e Gastronomia

Durante o evento, expositores locais e regionais participarão de uma feira de artesanato e haverá também uma feirinha de comes e bebes, com comidas típicas em uma experiência gastronômica autêntica da região.

Apoio e Participação

A 3ª Colheita Cultural oferece uma oportunidade imperdível de vivenciar a riqueza cultural e natural da região, em um ambiente que celebra a união entre tradição e sustentabilidade.

Para participar do evento, os interessados devem retirar seus ingressos gratuitamente através do link: www.sympla.com.br/evento/3-colheita-cultural/2488571.

O projeto é viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, mas também conta com ações mantidas por meio de contribuições voluntárias. Quem desejar apoiar pode fazer uma doação de qualquer valor através do PIX: [email protected]

Atrações Artísticas

Estão confirmadas pelo menos 16 atividades, entre atrações artísticas, oficinas e vivências. Conheça um pouco sobre os artistas/ responsáveis pelas atividades confirmados:

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