Jornal Folha Regional

Vídeo: criança é forçada a engolir lesma e a beber água com cuspe no Sul de Minas

Cercada, recebendo ameaças e socos, uma criança de 12 anos foi obrigada a beber água com cuspes e a engolir um caracol por outros três adolescentes da mesma escola em Poços de Caldas, no Sul de Minas, no último dia 7 de novembro. 

O vídeo com essa sessão de tortura circulou na internet e provocou muitas manifestações de indignação e solidariedade ao menino. A Polícia Civil investiga o caso de bullying.

De acordo com informações apuradas pela reportagem, os agressores têm 12, 15 e 16 anos, são da mesma escola da vítima, mas a tortura e as agressões ocorreram fora da instituição de ensino. Por serem menores, o inquérito corre em sigilo.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que está investigando um caso envolvendo adolescentes, com idades de 12, 15 e 16 anos, suspeitos de praticarem atos infracionais análogos à ameaça, constrangimento ilegal, perigo para a vida e saúde, e injúria contra um colega de escola, de 12 anos. “Conforme apurado, os adolescentes teriam, mediante ameaças, forçado a vítima a comer uma lesma, expondo sua saúde a risco”.

A ingestão de lesmas pode representar um risco à saúde devido à possibilidade de contrair doenças, como a angiostrongilíase meningoencefálica, também conhecida como meningite eosinofílica. Em algumas situações (1% a 3%) a infecção pode ser grave, causando complicações neurológicas severas e até mesmo o óbito, segundo dados do Ministério da Saúde.

Segundo relato da criança agredida, ele tinha saído da escola e foi abordada pelo trio na Avenida Irradiação, próximo ao Centro da cidade. Sob ameaças, o menino de 12 anos foi levado até o chamado escadão do Bairro São José, uma escadaria que liga a Avenida Fosco Pardini à parte alta, na Rua Camélias.

O primeiro vídeo mostra uma roda de adolescentes com um copo de água na mão. Eles cospem no copo e depois obrigam o menino a beber o líquido. “Se não beber, vai tomar (apanhar)”, diz um dos adolescentes. “Mistura um pouco de terra (na água)”, sugere outro, para piorar a humilhação.

Em outro vídeo, o menino recebe uma lesma marrom do tamanho de um dedo polegar e é obrigado a colocar o invertebrado na boca. “É para comer. Se não comer, vai tomar”, diz um dos adolescentes para a vítima. “E tem que morder”, exige outro adolescente.

O garoto coloca o animal na boca e não o engole, mas mostra uma contagem com os dedos insinuando que vai só ficar com o bicho na boca por um tempo. Os adolescente agarram o menino e ficam repetindo que é para engolir a lesma.

Enojado, o garoto cospe o animal de volta para a sua mão. A mão do menino é levada novamente à boca por um dos adolescentes e ele tenta engolir a lesma mais uma vez, mas cospe, expondo a língua e fechando a expressão em uma demonstração de nojo.

Por desobedecer, ele recebe um soco na cabeça. Gemendo de dor, o menino esfrega a mão no local do ferimento. Em seguida, o menino engole a lesma e começa a sentir enjoo e ter reações de vômito, até que os adolescentes permitem que ele cuspa o animal na mão e o mostre para a câmera.

A família tomou conhecimento dos vídeos por meio de uma vizinha. O menino passou mal e precisou ser atendido em um hospital da cidade com náuseas e vômitos.

A escola informou que a situação foi repassada ao responsável pela criança agredida e que não havia registros de bullying contra ele na instituição. O Conselho tutelar vai requerer medidas de proteção à criança na escola. 

Segundo a Lei nº 14.811/2024, o bullying e o cyberbullying são crimes acrescentados ao artigo 146-A do Código Penal, definindo o bullying como intimidação sistemática, com pena de multa ou reclusão de 1 a 3 anos e o cyberbullying sendo o mesmo por meio virtual, podendo ser punido com prisão de 2 a 4 anos e multa. Pelas baixas penas, os crimes permitem penas comutadas a regimes semiaberto ou aberto.

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.