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Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024

Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024 - Foto: reprodução
Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024 – Foto: reprodução

“Sabe qual é o segredo pra aguentar a noite todinha? Tadalafila! Tadalafila!”. O trecho da música “Tadalafila”, da banda Barões da Pisadinha, que já alcançou quase 6 milhões de visualizações em dois anos no YouTube, dá o tom do uso indiscriminado e sem recomendação médica do composto entre homens brasileiros, o que tem preocupado a comunidade médica. Há relatos de quem usa o medicamento para melhorar o desempenho sexual ou até como pré-treino em academias.

O consumo indevido da tadalafila – indicada para tratar disfunção erétil, entre outras patologias – pode explicar o fato de a venda do remédio ter disparado no Brasil. Em 2024, o genérico foi o quinto mais comercializado no país, com mais de 61,2 milhões de unidades vendidas, conforme a pesquisa Pharmaceutical Market Brasil (PMB), da IQVIA, divulgada pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos). Foi a primeira vez que o medicamento ficou entre os cinco mais consumidos.

Com um aumento crescente nos últimos quatro anos, Minas Gerais foi o segundo Estado brasileiro que mais vendeu tadalafila em 2024, com mais de 7,6 milhões de unidades, o equivalente a 12,44% do total nacional e a uma alta de 47,3% em relação a 2023. São Paulo, com mais de 12,7 milhões (20,82%), lidera o ranking.

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O temor dos médicos é que o uso da tadalafila sem prescrição médica é um risco à saúde. Urologista do Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais, Maxmillan Alkimin explica que, por ser um dilatador dos vasos sanguíneos, a tadalafila é indicada para tratar a disfunção erétil, a hipertensão arterial pulmonar e os sintomas da hiperplasia prostática benigna. 

“Temos observado uma maior procura entre os homens mais jovens, de 20 a 35 anos, sem nenhuma patologia, que querem performar melhor durante as relações sexuais. E isso é extremamente preocupante, já que pode trazer muitos efeitos colaterais, como dor de cabeça, alteração cardíaca e até dependência”, afirma o especialista.

Apesar dos riscos, a tadalafila é um medicamento de fácil acesso e pode ser comprada em qualquer farmácia, como explica a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), Márcia Alfenas. “Mesmo que haja a necessidade de apresentar prescrição médica para comprá-la, a receita não fica retida com o farmacêutico, o que acaba facilitando a compra”, comenta.

Facilidade confirmada por Marcelo*, que é jornalista. Morador de BH, foi em 2023, com 29 anos, que ele decidiu tomar tadalafila mesmo sem orientação médica. “Tive curiosidade de saber como seria minha performance e também queria estender as relações. Funcionou e continuei tomando. Meu desempenho melhora, e a ereção permanece por bastante tempo”, conta.

Segundo Marcelo, que atualmente tem 30 anos, ele costuma fazer uso do remédio em “ocasiões especiais” e consome doses pequenas para evitar efeitos colaterais. “Na primeira vez que usei, tive certo receio. Mas depois fiquei mais tranquilo”, afirma.

*Nome fictício para preservar a identidade.

Venda ilegal pode gerar punição

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que medicamentos só podem ser vendidos em farmácias e drogarias devidamente regularizadas, seja fisicamente ou por seus sites. O órgão também disse que a fiscalização in loco de estabelecimentos, para verificar a venda de remédios para fins diferentes dos indicados, é realizada pelas vigilâncias sanitárias municipais e lembrou, ainda, das responsabilidades do profissional farmacêutico, que, entre outras atribuições, deve zelar pelos controles exigidos à dispensação de cada medicamento.

Por fim, a Anvisa ressaltou que as punições para estabelecimentos que estejam infringindo as leis podem variar de acordo com a situação encontrada, o potencial do risco gerado e o porte da empresa, podendo haver multas de R$ 2.000 até R$ 1,5 milhão, interdição parcial ou total do estabelecimento e cassação do alvará de funcionamento.

Presidente do CRF-MG defende conscientização

Márcia Alfenas, presidente do CRF-MG, defende que a principal medida para evitar o uso indevido da tadalafila é a conscientização da população. Segundo ela, dificultar a venda não inibiria o uso indevido e geraria transtornos para quem precisa do remédio. 

“Mudar a tarja e o tipo de receita não é a melhor solução. As pessoas precisam ter acesso aos medicamentos, mas elas precisam entender que o remédio deve ser utilizado apenas para o que ele é destinado. Também estamos orientando os farmacêuticos sobre o uso indiscriminado”, explica.

Medicamento mostra 100% de eficácia na prevenção do HIV

Medicamento mostra 100% de eficácia na prevenção do HIV - Foto: RF._.studio
Medicamento mostra 100% de eficácia na prevenção do HIV – Foto: RF._.studio

Recentemente, um novo marco foi alcançado na luta incansável contra o HIV. Um inovador medicamento injetável, conhecido como lenacapavir, demonstrou uma eficácia impressionante de 100% na prevenção do vírus em mulheres cisgênero. Este desenvolvimento revolucionário possui o potencial de transformar completamente as estratégias de prevenção ao HIV ao redor do mundo.

O estudo clínico PURPOSE 1, que testou essa nova abordagem, foi realizado em diversos locais na África do Sul e Uganda. Os resultados destacam não apenas a eficácia do lenacapavir, mas também a sua segurança e a possibilidade de reduzir drasticamente as novas infecções pelo HIV, que ainda são uma grande preocupação global.

O que é o Lenacapavir e como ele atua?

O lenacapavir atua de maneira distinta dos métodos tradicionais de profilaxia pré-exposição (PrEP). Trata-se de um inibidor de fusão capside, que interfere diretamente na estrutura protetiva do HIV, impedindo a replicação do vírus no corpo humano. A grande vantagem deste tratamento está na sua aplicação, necessária apenas duas vezes por ano, o que representa um grande avanço em termos de conveniência e adesão ao tratamento.

Por que a eficácia do Lenacapavir é uma notícia tão importante?

Nos resultados apresentados pelo estudo PURPOSE 1, o lenacapavir impediu a infecção por HIV em todas as 2.134 mulheres que receberam o tratamento, evidenciando sua eficácia de 100%. Em contraste, outras opções de PrEP na forma de pílulas diárias mostraram taxas de eficácia menores. Esses números são particularmente expressivos quando consideramos os esforços globais para reduzir as novas infecções por HIV.

Impacto potencial do Lenacapavir na adesão ao PrEP

Além de sua eficácia, o lenacapavir pode melhorar significativamente a adesão ao tratamento de PrEP. Segundo Linda-Gail Bekker, do Desmond Tutu HIV Center, a administração semestral do medicamento pode facilitar a aceitação e integração do tratamento na rotina das pessoas, combatendo também o estigma e a discriminação associados ao uso diário de comprimidos.

Próximos passos na pesquisa

As investigações sobre o lenacapavir continuam com o estudo PURPOSE 2, que inclui uma gama mais diversa de participantes. Os resultados desse estudo ampliado são aguardados com grande expectativa, pois podem ampliar ainda mais o uso do lenacapavir em diferentes populações e comunidades.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e reguladores de diversos países estão de olho nestes resultados, que poderão definir novas diretrizes e recomendações de uso do lenacapavir como uma ferramenta essencial na prevenção do HIV. A luta contra a AIDS pode estar prestes a conhecer um dos seus mais eficazes aliados no combate a esta epidemia global.

SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência

SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência - Foto: reprodução
SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência – Foto: reprodução

O Ministério da Saúde publicou, na última sexta-feira (21), a portaria de incorporação da rivastigmina, único medicamento com registro em bula no país para tratamento de pacientes com doença de Parkinson e demência. Com recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) , o tratamento tem se mostrado eficaz para o controle dos sintomas cognitivos da doença e sua oferta no SUS representa um grande ganho para pessoas que convivem com a condição.

O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, sendo menos frequente apenas do que a doença de Alzheimer – condição que já conta com a rivastigmina na rede pública de saúde. Dados do relatório avaliado pela Conitec revelam que há entre 100 e 200 casos de doença de Parkinson para cada 100 mil indivíduos com mais de 40 anos, e essa quantidade aumenta significativamente depois dos 60 anos de idade.

Cerca de 30% das pessoas que vivem com a doença desenvolvem demência por associação. Nesse caso, não havia, até o momento, tratamento medicamentoso disponível no SUS. A demência causa lentidão cognitiva, déficits de atenção e memória, bem como alucinações, delírios e apatia.

Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde , Carlos Gadelha, a decisão de incorporação tem foco em melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares. “Sabemos que o envelhecimento da nossa população já é uma realidade. A doença de Parkinson não tem cura e tem afetado parcela significativa de brasileiros e essas pessoas, seus familiares e cuidadores precisam contar com o SUS para terem acesso a tratamentos que propiciem uma vida melhor”, afirmou.

De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Parkinson, os principais objetivos do tratamento são deter a progressão da doença e diminuir os sintomas. A rivastigmina, recentemente incorporada, estará indicada para pacientes com demência associada, mas o SUS já conta com tratamentos medicamentosos e fisioterapêuticos, implantes de eletrodos e geradores de pulsos para estimulação cerebral para pessoas que vivem com a doença de Parkinson.

Pacientes com mais uma opção de tratamento

Na última semana, foi publicada a incorporação do pamoato de pasireotida, medicamento para controle de tumor, dos sintomas e redução de complicações em pacientes com acromegalia. O medicamento será incluído no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença para pessoas que não conseguiram respostas ou possuem contraindicação em realizar as demais opções de tratamento disponibilizadas no SUS, incluindo a cirurgia para retirada do tumor e o tratamento medicamentoso.

A acromegalia é uma doença rara e crônica de desenvolvimento lento e silencioso, causada pela produção excessiva de hormônios de crescimento. Essa alteração hormonal pode causar efeitos diversos, sendo mais característico o crescimento exagerado de partes do corpo como mãos, pés, nariz, lábios, língua, queixo, testa e orelhas. A doença também pode provocar alterações visuais, paralisia de nervos cranianos, dores de cabeça, insuficiência cardíaca, entre outros. A maior parte dos casos da acromegalia são decorrentes de tumor benigno na hipófise, glândula responsável pela síntese de hormônios de crescimento.

A condição reduz a expectativa de vida em até dez anos e afeta bastante a qualidade de vida. Pessoas com acromegalia tendem a lidar com limitações importantes na rotina e na realização das atividades cotidianas e, consequentemente, com a perda de autonomia.

O tratamento com a passireotide busca controle dos hormônios e da proteína relacionada ao crescimento e redução do tamanho tumoral, reduzindo sintomas e comorbidades dos pacientes com a doença. O medicamento demonstrou benefícios nessa linha de tratamento, como redução do tumor e controle da doença para pacientes com contraindicação ou sem boa resposta com os demais tratamentos ofertados, contribuindo para melhora na qualidade de vida.

Santa Casa de Passos gasta R$ 330 mil com medicamento em falta

Santa Casa de Passos gasta R$ 330 mil com medicamento em falta – Foto: reprodução

O Hospital Regional do Câncer (HRC), unidade oncológica da Santa Casa de Passos, enfrenta dificuldades para encontrar o medicamento Trastuzumabe, utilizado no combate ao câncer de mama. Segundo a instituição, a preocupação é crescente devido à falta no fornecimento do remédio, que é considerado vital para os pacientes. Para evitar interrupção nos tratamentos, a Santa Casa desembolsou R$ 330,9 mil para comprar 228 frascos.

O HRC, atualmente, atende 79 pacientes que necessitam de tratamento contínuo com o Trastuzumabe 150 mg. Este medicamento, essencial no enfrentamento do câncer de mama, é fornecido pelo Ministério da Saúde por meio das secretarias de Saúde dos estados. Contudo, desde julho deste ano a instituição tem cobrado repetidamente a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) sobre a deficiência no fornecimento do medicamento.

De acordo com o HRC, no dia 10 de julho, o hospital solicitou 220 frascos de Trastuzumabe para o tratamento de 69 pacientes que já estavam em tratamento contínuo com a medicação.

No entanto, apenas 84 frascos foram liberados pela SES, quantidade insuficiente para atender a todos os pacientes que dependem desse tratamento essencial. Posteriormente, em 9 de agosto, o hospital fez uma nova solicitação, desta vez para 300 frascos, mas nenhuma quantidade do medicamento foi liberada.

No decorrer do mês de agosto e início setembro de 2023 houve a indicação de outros 10 pacientes, totalizando 79 pacientes que dependem do Trastuzumabe, seja para manter seus tratamentos em andamento ou para o início casos novos.

Essa situação coloca em evidência a urgente necessidade de uma solução para garantir o fornecimento constante e adequado desse medicamento fundamental para o enfrentamento contra o câncer de mama, aponta a Santa Casa.

Segundo a instituição, como medida para evitar a interrupção do tratamento de pacientes que já haviam iniciado o uso do Trastuzumabe, a Santa Casa assumiu os custos e desembolsou R$ 330.995,80 para adquirir 228 frascos, que foram utilizados para garantir que os pacientes continuem a receber o tratamento. Neste momento a instituição aguarda a restituição da medicação.

Ministério

O Ministério da Saúde informa, em nota, que um pedido de antecipação da próxima entrega já foi feito ao laboratório, que está atento ao cumprimento dos prazos contratuais e ao cronograma de abastecimento de medicamentos e que vai repassar as doses que faltam a Minas Gerais no prazo.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclareceu que, sobre alguns medicamentos oncológicos, como o caso do Trastuzumabe, o Ministério da Saúde assumiu a aquisição centralizada e distribui esse item trimestralmente aos estados, e que a SES faz apenas a logística de distribuição. (Clic Folha)

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