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Hipertensão: Pressão 12 por 8 passa a ser considerada alta

Hipertensão: Pressão 12 por 8 passa a ser considerada alta - Foto: reprodução
Hipertensão: Pressão 12 por 8 passa a ser considerada alta – Foto: reprodução

Por décadas, a pressão arterial considerada ideal era 12/8 (120/80 mmHg), mas as novas diretrizes europeias, apresentadas no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) 2024, trazem uma mudança significativa.

Os médicos agora apontam que níveis abaixo dessa marca podem ser ainda mais benéficos, especialmente para reduzir o risco de doenças cardiovasculares (DCV).

As orientações, coordenadas pelo Prof. John William McEvoy, da Universidade de Galway, e pela Profª Rhian M. Touyz, da Universidade McGill, destacam que o risco associado à pressão arterial (PA) segue uma escalada contínua, não binária.

Ou seja, mesmo a pressão moderadamente elevada, como 120-129 mmHg para a pressão sistólica e 70-89 mmHg para a diastólica, aumenta o risco de DCV, o que levou à criação da nova categoria de “PA elevada”.

Hipertensão: Por que a mudança?

As evidências mais recentes demonstram que níveis elevados de PA, mesmo abaixo do limite tradicional de hipertensão (140/90 mmHg), podem aumentar o risco de problemas cardíacos.

Assim, a meta para pacientes que tomam medicamentos de controle de pressão foi ajustada para uma pressão sistólica de 120-129 mmHg.

Segundo os especialistas, essa faixa ideal é mais eficiente na redução de DCV, embora seja flexível para que médicos e pacientes decidam juntos sobre o tratamento, considerando aspectos como estilo de vida e tolerância.

Qual é a nova meta de tratamento?

Uma nova recomendação propõe que a maioria dos pacientes seja tratada para atingir uma pressão sistólica entre 120-129 mmHg logo de início, ao invés de adotar o método anterior que só visava essa meta após um primeiro controle em 140/90 mmHg. Se a redução intensiva não for tolerada, um objetivo mais moderado é indicado.

Em idosos com menos de 85 anos e sem fragilidade moderada ou grave, o tratamento segue as mesmas diretrizes que para adultos mais jovens, desde que bem tolerado.

Estilo de vida e medicação

Para indivíduos com “PA elevado”, recomenda-se, inicialmente, uma intervenção baseada no estilo de vida por três meses.

Caso o risco de DCV seja superior a 10% em 10 anos e os níveis de PA continuem elevados (≥ 130/80 mmHg), o uso de medicamentos é recomendado para reduzir o risco de complicações.

Estudo

Com o envelhecimento populacional e a alta prevalência de hipertensão, as diretrizes reforçam a necessidade de controlar a PA de forma mais rigorosa e precoce, aponta o estudo.

A nova abordagem visa, principalmente, garantir que a maioria das pessoas sejam especializadas para prevenir resultados fatais, como infartos e derrames.

O foco, portanto, não é apenas reduzir a pressão, mas promover a saúde cardiovascular de forma mais ampla e preventiva, destaca a pesquisa.

Por fim, essa mudança de paradigma coloca a pressão 12 por 8 como um ponto de atenção, com os médicos agora buscando níveis ainda mais baixos para garantir uma vida longa e saudável.

Entenda os novos entendimentos:

  • Mudança no termo: A pressão arterial elevada (PA) é agora vista como um espectro contínuo, não é uma escala binária de normotensão versus hipertensão.
  • Nova categoria: Introdução da categoria “PA elevada”, definida como PA sistólica de 120–139 mmHg e PA diastólica de 70–89 mmHg.
  • Meta mais rigorosa: A nova meta de tratamento para a maioria dos pacientes é uma PA sistólica de 120–129 mmHg, diferente da abordagem antiga que visava inicialmente <140/90 mmHg.
  • Flexibilidade no tratamento: O tratamento para PA mais baixo pode ser ajustado para pacientes que não toleram metas tão agressivas.
  • Estilo de vida primeiro: Para pacientes com “PA elevado”, é recomendado tratamento com mudanças de estilo de vida por 3 meses antes de considerar a medicação.
  • Medicamento para alto risco: Após 3 meses de intervenções no estilo de vida, se o PA se mantiver ≥ 130/80 mmHg e o risco de DCV para alto (≥ 10% em 10 anos), medicamentos são indicados.
  • Idosos: Em pessoas com menos de 85 anos sem fragilidade moderada ou grave, as metas de tratamento são as mesmas que para adultos mais jovens, desde que bem toleradas.
  • Foco em resultados clínicos: As recomendações para medicamentos são baseadas em evidências de redução de eventos cardiovasculares fatais e não fatais, não apenas na redução da PA.

Conceitos médicos

  • Pressão arterial (PA): É a força que o sangue exerce nas paredes das artérias enquanto circula pelo corpo. A medição é dada em dois números: o maior (sistólica) é a pressão quando o coração bate, e o menor (diastólica) é a pressão entre os psicológicos. Exemplo: 120/80 mmHg.
  • Doença cardiovascular (DCV): Refere-se a problemas que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como infarto (quando o coração não recebe sangue suficiente) e AVC (acidente vascular cerebral, quando o cérebro tem falta de sangue ou oxigênio).
  • Hipertensão: É o termo médico para pressão alta, quando a força do sangue contra as paredes das artérias é consistentemente alta, o que pode causar problemas de saúde, como doenças cardíacas.
  • Sistólica e diastólica: A pressão sistólica é o número mais alto e representa a pressão quando o coração está bombeando sangue. A pressão diastólica é o número mais baixo, mostrando a pressão quando o coração está em tranquilidade entre os corações.
  • Meta de tratamento: Refere-se ao objetivo que os médicos tentam alcançar para controlar a pressão arterial do paciente. A meta recomendada agora é uma pressão sistólica entre 120 e 129 mmHg para reduzir o risco de doenças cardíacas.

Minas Gerais tem o pior índice de médicos da região Sudeste

Levantamento mostra que o Estado tem apenas 2,91 médicos a cada mil pessoas - Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Levantamento mostra que o Estado tem apenas 2,91 médicos a cada mil pessoas – Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Seis meses de espera e 12 kg a menos. Cibele Aparecida de Almeida, 39, sofre diariamente com um nódulo no pescoço. Desde que percebeu os sintomas, a auxiliar de serviços gerais tenta descobrir a causa do martírio. Mas nem mesmo o ultrassom ela conseguiu marcar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A explicação é numérica: com 20,5 milhões de habitantes, Minas Gerais é o Estado do Sudeste com o pior índice de médicos por mil habitantes, segundo pesquisa divulgada pela Associação Médica Brasileira. Um levantamento que O TEMPO conseguiu com exclusividade junto à Secretaria de Estado de Saúde mostrou ainda que alguns profissionais, como broncoesofalogista, foniatra e hansenologista, inexistem no Estado com o maior número de cidades do país.

Os dois estudos se complementam. A pesquisa “Demografia Médica no Brasil 2023” mostrou que Minas Gerais tem 2,91 médicos a cada mil pessoas. No Espírito Santo, esse índice é de 3; em São Paulo, é de 3,5; e no Rio de Janeiro, o número chega a 3,77. Esse levantamento mostrou ainda que a situação é ainda mais difícil para quem vive longe dos grandes centros. Nas capitais brasileiras, a média de profissionais a cada mil pessoas é de 6,13. Nos interiores, passa a ser 1,84, índice três vezes menor.

Quando avaliado por especialidades, o quadro se torna mais crítico. Dados levantados pela SES-MG, via Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que, das 70 especialidades médicas listadas pela pasta, 18 contavam, em janeiro de 2024, com menos de cem profissionais especialistas do SUS para todo o Estado. O que no papel são apenas números, para Cibele representa uma pior qualidade de vida. Durante o período em que tenta um diagnóstico, o nódulo descoberto cresceu, e ela não consegue mais se alimentar corretamente. “O caroço está comprimindo as amígdalas. A dor é constante, a garganta dói, e sinto queimação no pescoço”, diz.

Mãe de dois adolescentes, de 14 e 15 anos, Cibele não conseguiu se afastar do trabalho: “Preciso pagar as contas, o aluguel”. Para além da condição física, a angústia se instaurou dentro da casa da mulher. “Eles (filhos) ficam assustados, só têm a mim. Eu sou a mãe e o pai deles”, completa. Cibele vai precisar se consultar com um endocrinologista, mas não faz ideia de quando vai conseguir, uma vez que o Estado tem apenas 997 especialistas da área atuando no SUS. Eles são demandados em tratamentos de doenças relativamente comuns, como hipotireoidismo e diabetes.

“Nós temos em Minas Gerais uma fila de 30 mil pessoas esperando uma consulta por oftalmologista. E isso inclui desde casos muito simples até situações que envolvem riscos para o paciente. A gente prioriza os atendimentos de urgência porque envolve risco de morte, mas, quando essa pessoa precisa de acompanhamento de algum especialista, ela fica dez anos esperando. Algumas não resistem”, afirma o coordenador de Vigilância em Saúde da Macrorregião Oeste, Alan Rodrigo da Silva.

Parte da solução passa por investimento, como explica o médico e ex-secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado: “A maioria dos especialistas não se interessa pela carreira pública, porque a remuneração é muito aquém daquela que eles recebem na rede particular. Isso é sério, porque não há como atrair mais profissionais sem conseguir oferecer a mesma remuneração”.

Falta de patologistas trava diagnósticos

O câncer é a principal causa de morte em 115 cidades mineiras, o equivalente a 17,5% do Estado. Em 2023, 80,85 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença em Minas, e 26,95 mil morreram pelo agravamento do câncer.

Mas a detecção do tipo de tumor para início do tratamento é um desafio em função da falta de estrutura diagnóstica. Um dos gargalos é a falta de profissionais especializados. Os dados são do levantamento Câncer Brasil feito pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, com dados do Instituto Nacional do Câncer e do Ministério da Saúde.

Quem faz a análise do material da biópsia para avaliação do tipo de tumor são os anatomopatologistas. Na rede do SUS em Minas existem 251 desses médicos. Eles precisam processar o material, colocá-lo em lâminas para depois, em um trabalho de observação por microscópios, gerar os laudos.

Minas Gerais tem o pior índice de médicos da região Sudeste - Foto: divulgação
Minas Gerais tem o pior índice de médicos da região Sudeste – Foto: divulgação

“É preciso, no mínimo, 48 horas até que se forme a lâmina. Depois têm outros procedimentos, como o uso de colorações que precisam de mais 48 horas. E tem uma fila a seguir. Estamos conseguindo liberar os resultados em dez dias, mas no SUS a espera chega a 70”, explica Pedro Neves, médico Patologista do Hermes Pardini e responsável técnico do serviço de Anatomia Patológica do Grupo Fleury em Minas. 

Para Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, o câncer precisa ser tratado com “senso de urgência” por meio da prevenção e do diagnóstico precoce. Um avanço nesse sentido seria investir na ponta, na qualificação dos agentes comunitários. “Eles estão dentro das casas das pessoas, conhecem a rotina e podem perceber sintomas, indícios (do câncer) e orientar o paciente”.

Pai e filha, médicos do Sul de Minas, morrem em acidente na Fernão Dias

Pai e filha, médicos do Sul de Minas, morrem em acidente na Fernão Dias - Foto: PRF/redes sociais
Pai e filha, médicos do Sul de Minas, morrem em acidente na Fernão Dias – Foto: PRF/redes sociais

Na tarde do último sábado (3), pai e filha morreram após o carro em que estavam capotar no km 931, na Rodovia Fernão Dias, em Extrema (MG). Ambos eram médicos e residiam em Pouso Alegre. A mãe e esposa também estava no veículo e ficou ferida.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o veículo seguia sentido São Paulo a Belo Horizonte quando colidiu contra uma mureta e capotou. A família ia de Campinas (SP) para Pouso Alegre.

De acordo com a PRF, as vítimas fatais foram socorridos pela ambulância da concessionária Arteris, mas vieram a óbito enquanto recebiam atendimento médico. Já a mulher de 51 anos, mãe e esposa das vítimas, teve ferimentos leves e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

As vítimas fatais foram identificadas como Kalil Yunes Nadur, de 67 anos, cardiologista; e Amanda Nadur, de 34 anos, psiquiatra.

Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Pouso Alegre.

Vídeo: mulher entra de moto em UPA para ‘acordar médicos’ e receber atendimento

Viralizou na última terça-feira (25) o vídeo que mostra uma mulher invadindo uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, em Guanambi, na Bahia. Ela não queria mais aguardar atendimento e, ao perceber que os médicos estavam dormindo, resolveu fazer uma coisa que certamente os acordaria.

A mulher, identificada como paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), entrou com uma moto ligada na unidade de saúde por volta de 00h do dia 23 de maio e começou a acelerar o veículo para fazer barulho. Apesar do caso ter acontecido há mais de um mês, só agora as imagens ganharam projeção na internet.

Um segurança da UPA conseguiu conter a paciente. A Polícia Militar foi chamada. Depois da comoção, ela conseguiu ser atendida e medicada. O comportamento pouco comum da mulher foi atribuído a um surto provocado pela falta de medicação. Ela foi entregue aos cuidados da família e não sofreu nenhuma acusação criminal.

Em nota, a prefeitura de Guanambi disse que a paciente recebe tratamento e medicação adequadas através do Caps do município.

Médicos retiram massa ovariana de 13kg de mulher em MG

A equipe médica do Hospital São Vicente de Paulo de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha, realizou a retirada de uma massa ovariana de 13kg de uma mulher. O procedimento raro e de alto risco já havia sido rejeitado em outros hospitais da região. A mulher é da cidade de José Gonçalves de Minas, que fica próxima a Turmalina.

A paciente era obesa e, depois de ter perdido muito peso, o tamanho da barriga começou a chamar a atenção, já que não reduziu da mesma forma que o restante do corpo, ficando desproporcional.

Um ultrassom solicitado pelo ginecologista identificou a massa volumosa, no entanto, não foi possível medir o volume pelo aparelho de ultrassom. Ese fato levou o médico a encaminhar a paciente com urgência para cirurgia às macrorregionais de saúde, ontem, porém, ela teve o atendimento recusado.

“Como é uma massa muito volumosa, ela comprime os órgãos, como o pulmão, e fica difícil de operar. A chance dessa paciente evoluir para um óbito durante a cirurgia era muito grande. Possivelmente não aceitaram por isso”, explicou o diretor clínico do Hospital São Vicente de Paulo, Adson Alves Coutinho.

Os médicos conversaram com a família, expuseram os riscos, e os parentes autorizaram que a cirurgia fosse realizada em Turmalina.

O procedimento durou cerca de duas horas. A paciente ficou quatro dias na internação para o pós-operatório e 30 dias em atendimento ambulatorial.

A biópsia apontou que o material era benigno. “A partir de agora, é vida normal e só mesmo fazer o acompanhamento ginecológico de rotina”, comemora o médico.

A cirurgia foi feita em 17 de setembro do ano passado, mas o trabalho desenvolvido pelos profissionais de todos os setores que se envolveram nesse feito inédito do Hospital São Vicente Paulo só pôde ser divulgado no final de dezembro de 2022.

O diretor administrativo da instituição, Douglas Cordeiro dos Santos, explica que a demora na divulgação do procedimento ocorreu “por se tratar de uma cirurgia complexa”. “Quisemos preservar a paciente deixando-a tranquila para a recuperação e para dar publicidade o resultado da biópsia era de suma importância.”

Fonte: Estado de Minas

Médicos acusados de retirada ilegal de órgãos em Poços de Caldas vão a júri popular

Os médicos acusados no ‘Caso Pavesi’ serão julgados por meio de júri popular. A decisão é do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Ribeiro Dantas. Ele manteve o acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que declarou a nulidade da condenação dos médicos de Poços de Caldas (MG) pelo crime de remoção de órgãos seguida de morte, para que eles sejam julgados pelo tribunal do júri por crime doloso contra a vida.

O ‘Caso Pavesi’ ocorreu em abril de 2000, quando os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época tinha 10 anos. Eles chegaram a ser condenados por envolvimento na retirada ilegal de órgãos de Paulinho, como era conhecido.

Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.

Na nova decisão do STJ, o ministro Ribeiro Dantas explicou que não há controvérsia a respeito dos fatos denunciados e reconhecidos na sentença que foi anulada pelo TJMG, pois, tanto para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) quanto para as instâncias ordinárias, os médicos removeram os órgãos da vítima, causando-lhe dolosamente a morte como consequência.

Os quatro negam qualquer irregularidade, tanto nos exames, quanto nos transplantes aos quais o garoto foi submetido. O caso foi desmembrado e transferido de Poços de Caldas para Belo Horizonte em agosto de 2014, a pedido do Ministério Público, devido ao clamor público.

O júri popular dos quatro médicos envolvidos no ‘Caso Pavesi’ aconteceria no dia 6 de abril de 2016 em Belo Horizonte, mas foi suspenso.

Data marcada para três médicos

De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG), o júri popular está marcado para o dia 28 de janeiro de 2021, às 9h, no I Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte. O Tribunal do Júri será para três dos quatro médicos: José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca.

Já no caso de Álvaro Ianhez, segundo o TJ-MG, o processo foi desmembrado em relação a ele. Isso porque, na decisão, há um agravo que necessita ser julgado. Com isso, o caso dele segue suspenso até o trânsito em julgado deste agravo que aguarda julgamento.

O Caso Pavesi

O caso aconteceu em abril de 2000 e ganhou repercussão internacional. Na ocasião, Paulinho, como era conhecido, caiu de uma altura de 10 metros do prédio onde morava e foi levado para o pronto-socorro do Hospital Pedro Sanches. Ainda de acordo com o Ministério Público, o menino teria sido vítima de um erro médico durante uma cirurgia e foi levado para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde teve os órgãos retirados por meio de um diagnóstico de morte encefálica, que conforme apontaram as investigações, teria sido forjado.

Após receber uma conta hospitalar no valor de R$ 11.668,62, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi, questionou as cobranças e deparou-se com dados que não condiziam com o que havia sido feito, inclusive com a cobrança de medicamentos para remoção de órgãos, que oficialmente é custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A descoberta de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas fez com que a Santa Casa da cidade fosse descredenciada para a realização de transplantes e remoção de órgãos no ano de 2002. A entidade que geria os trabalhos na cidade, MG Sul Transplantes, também foi extinta no município. Quatro médicos: José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado do menino Pavesi.

Na denúncia, consta que cada um cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal, que resultou em erro médico, e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.

Ainda na época, o médico Álvaro Ianhez foi denunciado por chefiar a entidade MG Sul Transplantes, que realizava as retiradas dos órgãos e os encaminhava aos possíveis receptores. A organização foi apontada pelo Ministério Público como “atravessadora” em um esquema de tráfico de órgãos humanos.

Outra linha de investigação é de que os órgãos retirados do garoto foram transplantados de maneira irregular. As córneas do menino foram levadas para Campinas (SP), quando deveriam ter sido transplantadas em pacientes da lista de espera de Minas Gerais, já que se trata de um procedimento regionalizado. O “Caso Pavesi”, também chamado de “Caso 0”, deu origem a uma investigação que inclui outros 8 processos em que irregularidades na retirada de órgãos de pacientes também teria ocorrido.

Fonte: G1

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