Jornal Folha Regional

Prefeitura de Passos acaba com pomar e horta de verdura de escola e causa revolta

Pomar da Pré Escola Professora Ana Maria Ribeiro foi destruído para dar lugar a um CEMEI; Prefeitura diz que precisa da área para construir escola

por Luciene Garcia

A área na terra nua onde será erguido o Cemei não agradou a comunidade escolar e nem a população -Foto: Acervo pessoal

A decisão da Prefeitura de Passos (MG) de destruir um pomar e uma horta de verduras na Pré-Escola Municipal Professora Ana Maria Ribeiro, na Rua Guanabara, 875, bairro Jardim Polivalente, mexeu com a comunidade escolar, defensores da Ecologia e com a população em geral. No terreno onde ficavam essas benfeitorias será construído um Cemei (Centro Municipal de Educação Infantil). Se a intenção foi boa, não chegou assim aos olhos de muita gente.

Desde que motosserras e máquinas chegaram ao local, na semana passada a situação complicou. A Pré-Escola fica num espaço privilegiado, onde o ambiente propicia a paz. Foi construída numa antiga chácara com pomar e uma bela área verde.

Desde 2007 atende 250 crianças de 4 e 5 anos. A alfabetização ecológica é um trabalho já incorporado à prática dos docentes. Ao longo de 15 anos, além das árvores que ali existiam como, por exemplo uma mangueira de 40 anos, 6 jabuticabeiras, 2 amoreiras, abacateiro, goiabeiras, acerola, entre outros, a comunidade escolar, especialmente alunos e professores, foram plantando mais árvores, construíram uma casinha em uma delas, uma pracinha sensorial, gramaram o quintal da escola, tudo isso com recursos arrecadados pelo colegiado escolar.

Ocorre que, a partir de uma necessidade real da comunidade por mais vagas, a prefeitura decidiu destruir a grande área verde da escola e construir um Cemei, ou seja, uma escola dentro da outra, mesmo a contragosto da equipe e direção da escola.

”Foi tudo muito rápido e feito sem um amplo debate com a comunidade. O que me parece é que com um orçamento de R$ 4 miilhões para construção, a prefeitura decidiu economizar no terreno”, disse Giseli Barbosa de Melo Barbara, professora da escola por 13 anos e que hoje trabalha na Escola Municipal Coronel Azarias de Melo, na área rural de Passos.

Troncos de árvores frutíferas e ornamentais antes de serem tirados – Foto: Acervo Pessoal

“Não tinha necessidade. Tanto dava para construir sem prejudicar as árvores como dava para comprar outro terreno. A prefeitura certamente tem recursos pra isso”, falou a educadora, dizendo não ser contra a construção do Cemei, mas sim de usarem o espaço cheio de significados.

As crianças viram tudo e, como já têm consciência ecológica, sofreram muito vendo as árvores serem cortadas e passadas no triturador. Segundo relatos de profissionais, crianças e professores choraram muito. No Facebook, manifestações de lamento e revolta. “Nossa, que triste, minha filha participou da horta e hoje ela já tem 18 anos. Amo esta escola e tudo que faz principalmente a horta”, escreveu uma mãe.

”Lamentável! Como dizer que é em prol da comunidade? Se já chega com o marco da violência e desprezo por algo construído com a colaboração de pais, crianças e educadores? Não existe justificava boa o suficiente. Quando as benfeitorias em bairros de gente trabalhadora vão ser construídas, pensando no bem-estar dos moradores? Me lembro dos prêmios e reconhecimentos recebidos por todo o país, motivo de orgulho para todos os moradores do Santa Luzia e Jardim Polivalente, uma escola agradável e verde, passaram por cima e derrubaram tudo, sem nem pensar duas vezes assim como passam em vários outros sentidos”, relatou uma moradora da cidade que não quis se pronunciar.

Outro lado

De acordo com a Comissão de Educação, responsável por Construção e Ampliação, a decisão de construir um Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) ao lado da Pré-Escola Municipal Ana Maria Ribeiro se deu pela grande demanda de vagas para atender as crianças daquela localidade.

A nota explica ainda que, mesmo não se tratando de uma Área de Preservação Permanente (APP), tudo foi analisado com muita cautela, após estudo por equipe especializada, respeitando e preservando ao máximo os espaços naturais. A Comissão garante que a maioria das árvores será preservada e a horta será transferida para outro espaço, e que “o projeto foi ajustado às observações feitas pela direção e também pela comunidade”.

Com essa construção, ainda conforme explicou a Comissão, também se tentará coibir o número de animais peçonhentos, que eram motivos de inúmeras ocorrências relatadas pela direção e pelos pais de alunos. “Tudo está sendo feito de forma muito respeitosa e criteriosa para causar o mínimo de impacto e atender o máximo de crianças, atualmente sem escola”, finaliza a nota.

Prefeitura de Capitólio lança projeto de Arborização Urbana

Imagem: Prefeitura Municipal de Capitólio

Uma ação inédita na região, foi lançada pela prefeitura municipal de Capitólio (MG), o projeto “Arborização Urbana”.

O projeto tem como objetivo plantar árvores nas vias públicas da cidade. Os moradores poderão ligar no telefone (37) 3373-1411 e solicitar o plantio na porta de sua residência ou comércio.

O Departamento de Meio Ambiente conta com um profissional habilitado que fará uma visita visita técnica para avaliar a viabilidade do plantio.

Os prejuízos ambientais em São José da Barra

Fotos: Luiz Júnior

Recentemente o município de São José da Barra (MG), viveu uma das piores queimadas na história da cidade.

A espécie humana vem evoluindo e aperfeiçoando suas técnicas de exploração dos recursos naturais. Nos lembramos constantemente da água como recurso vital, mas nos esquecemos do fogo.

A descoberta do fogo permitiu, à primitiva humanidade, o deslocamento para outras regiões do planeta. Empurrado pela necessidade, com a caça e a coleta escassa, o homem descobriu uma nova forma de obter alimentos. Surgia a partir de então a agricultura. Sem motivos para mudar de lugar, o homem tornou-se sedentário. Cabia agora desenvolver técnicas e meios que proporcionassem o uso do solo a fim de facilitar e propagar as fronteiras agrícolas.

No Brasil, as queimadas estão associadas aos sistemas de produção mais primitivos, como os de caça e coleta dos indígenas e de pequenos produtores rurais. A falta de informação sobre métodos menos agressivos à natureza, provoca confusão entre as queimadas tropicais e os incêndios florestais.

Mais de 98% das queimadas praticadas no Brasil são de natureza agrícola. O agricultor decide quando e onde queimar. É uma prática controlada, desejada e faz parte do sistema de produção. Já os incêndios florestais são de natureza acidental, indesejados e difíceis de controlar, pois assolam, na maioria das vezes, os parques nacionais, geralmente localizados em regiões remotas e de difícil acesso.

O impacto ambiental das queimadas e incêndios florestais vem preocupando há décadas a comunidade científica, ambientalistas e a sociedade em geral, pois interferem na harmonia da biodiversidade e na saúde humana. Tais práticas também estão presentes em outras regiões do globo, sobretudo na savana africana, nas estepes russas e da Ásia central. A legislação brasileira, através da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, tem como instrumento de proteção dos recursos naturais um mecanismo denominado “avaliação de impactos ambientais”, cuja função é a elaboração de um estudo antes de qualquer ação humana sobre o meio ambiente.

Nesse ínterim, o Direito Ambiental Internacional está em franco desenvolvimento e aceitação, servindo para dirimir os problemas de caráter global relacionado às atividades que causem conflitos de conseqüências ambientais entre países. Isto porque a poluição é transfronteiriça, ou seja, não respeita fronteiras. A fumaça de uma queimada em um estado poderá atingir outro, e até mesmo outro país, como acontece com a poluição das águas.

Estas queimadas afetam o solo, o ar, as águas, os mananciais, a fauna e a flora, atingindo amplamente o ecossistema, o que fere frontalmente as leis ambientais. A Organização das Nações Unidas comprovam que a grande porcentagem da emissão de dióxido de carbono na atmosfera brasileira é decorrente das queimadas, colocando nosso país entre os dez maiores poluidores do mundo.

Recentemente, um incêndio florestal em São José da Barra (MG), colocou o o município em estado de emergência, provocando um forte aumento nas reclamações por meio da população, devido à densa fumaça negra que se deslocou em direção a zona urbana.

Desenvolver técnicas que substituam a utilização do fogo como agente de “limpeza” do terreno para o plantio é, sem dúvida, um grande desafio, sobretudo nos países do hemisfério sul, cuja prática é amplamente utilizada, e a indisponibilidade de recursos financeiros é um agravante dessa situação. É preciso apresentar soluções concretas ao agricultor, aliadas a políticas públicas que demonstrem eficiência e domínio do Poder Público na efetiva fiscalização e aplicação das leis.

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