
O prefeito de São Sebastião do Paraíso (MG), Marcelo Morais (PSD) quer transformar a cidade do Sul de Minas na “capital da congada no Brasil” e a Festa das Congada e Moçambique na maior celebração da cutura afro-brasileira no país. Morais, já reeleito para o segundo mandato, foi o responsável por transportar a festa da praça da igreja Matriz para a avenida José de Oliveira Brandão, no Jardim Mediterranèe, conhecida como “avenida do Novo Fórum”. Nesta edição, a festa contou com a participação do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira. Impressionado, Oliveira definiu o evento como a “maior festa de congada de Minas Gerais”.

A festa, que surgiu juntamente com a fundação da cidade, termina nesta segunda-feira (30/12) com a apresentação de 17 grupos. Iniciada na quinta (26), o evento dura cinco dias e une fé, arte e cultura em uma celebração histórica e emocionante. A previsão da prefeitura é que a festa, umas mais tradicionais de Minas, terpa participação de mais 60 mil pessoas neste ano. “Para se ter uma ideia, só neste sábado, a festa reuniu 15 mil pessoas, muitas delas turistas vindo da região e de São Paulo”, fala o prefeito.
Uma estrutura com arquibancadas, praça de alimentação administrada por feirantes e instituições, banheiros e área de exposição de artesanato, além de rampas de acessibilidade, foi montada pela administração municipal para os cinco dias de apresentações, com início às 19h40 e encerramento na madrugada. O investimento é de R$ 600 mil, dois terços deles oriundos do Fundo Municipal de Cultura. São Sebastião do Paraíso tem cinco ternos de moçambique e 11 ternos de congada.

“Juntando os 16 ternos com uma média de 120 pessoas cada um, estamos falando de mais de 2.000 pessoas que dançam o congado e o moçambique em São Sebastião do Paraíso, o que justifica o investimento”, salienta Morais. “O que precisamos demonstrar nos próximos anos é que a festa tem magnitude para atrair muito mais turistas para região e se tornar uma referência no país”, acrescenta.
Registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do município desde 2010, a Festa das Congadas e Moçambique remonta os primórdios da fundação da cidade, em 1821, e é um reflexo da rica herança afrodescendente. Os 16 ternos de congada e moçambique que participam da celebração são liderados por capitães e benzedores que preservam tradições seculares, celebrando oito santos de devoção, como Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

A festa destaca também uma corte simbólica, composta pelo Rei Congo, Rainha Conga, princesas e príncipes, que representam a ancestralidade e a resistência do povo negro em um ritual que mistura devoção religiosa e celebração cultural.
Além de preservar uma tradição secular, a festa também dialoga com o turismo e a economia local. Integrada ao Circuito Turístico Montanhas Cafeeiras de Minas, a cidade se destaca como porta de entrada para rotas como a Cafés Refinados das Montanhas de Minas, que combina cultura cafeeira e hospitalidade.

A ordem dos desfiles começa com os ternos de moçambique, que abrem a noite com suas músicas religiosas, seguidos pelos ternos de congada, que encerram a celebração com alegria e ritmos vibrantes. Com cunho sincrético religioso e cultural, a festa afrodescendente rememora o passado dos ancestrais em São Sebastião do Paraíso, embora atualmente não seja de exclusividade dos negros como outrora.
Embora não existam registros históricos, a Festa de Congada e Moçambique está diretamente ligada à fundação da primeira igreja da cidade em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, mas evidências também mostram ser contemporânea à edificação da Igreja Matriz de São Sebastião, padroeiro da cidade.