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Organização criminosa atuou contra três prefeituras de Minas e gerou prejuízo de quase R$ 30 mi, aponta Polícia Federal

Delegado Felipe Baeta, da Polícia Federal, diz que servidores públicos facilitaram fraudes em municípios mineiros - Foto: TV Globo/Reprodução
Delegado Felipe Baeta, da Polícia Federal, diz que servidores públicos facilitaram fraudes em municípios mineiros – Foto: TV Globo/Reprodução

A conclusão de um inquérito da Polícia Federal (PF) que indiciou 27 pessoas por suspeita de envolvimento no desvio de R$ 23 milhões dos cofres da Prefeitura de Betim durante a pandemia de Covid-19 lança luz sobre um esquema que pode ter provocado rombos milionários nas contas de ao menos três prefeituras mineiras entre 2020 e 2021. Desdobramentos da operação “Entre Amigos”, que já chega à terceira fase, apontam que, além de Betim, a organização criminosa supostamente comandada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) teria fraudado contratos de prestação de serviços em saúde e superfaturado a compra de materiais em Divinópolis, na região Centro-Oeste, e em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH. O rombo aos cofres municipais chega a ao menos R$ 27,5 milhões.

O delegado Felipe Baeta, responsável pela operação, afirma que os responsáveis pelo IBDS se infiltraram nas prefeituras com auxílio de servidores municipais para burlar os processos de seleção de prestadores de serviços e firmar contratações fraudulentas para gerir estruturas de atendimento a pacientes com Covid-19. A investigação do esquema, descoberto inicialmente em Divinópolis, revelou uma organização com ramificações em outras duas cidades mineiras e resultou no desdobramento das investigações, que já duram quatro anos. “Várias das fraudes em Divinópolis foram repetidas em Betim e Ribeirão das Neves. O modus operandi era o mesmo”, conta Baeta.

Em Divinópolis, os contratos para a gestão de uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) e de um hospital de campanha chegaram a R$ 100 milhões. Desse total, foi comprovado desvio de R$ 3,5 milhões, mas a PF estima que o prejuízo pode chegar a até 20% do montante contratado. A operação na cidade já resultou no indiciamento de 11 suspeitos, entre pessoas ligadas ao IBDS, servidores da prefeitura e indivíduos que teriam sido beneficiados com contratos fraudados. Desse total, cinco já se tornaram réus na Justiça Federal, acusados de desvio de recursos públicos ou organização criminosa. Em agosto deste ano, Ministério Público Federal (MPF) solicitou a instauração de novos inquéritos, a fim de desmembrar a investigação em Divinópolis para oferecer denúncias separadas.

Fraude se alastrou para outros municípios


Foi durante a investigação em Divinópolis que a Polícia Federal encontrou indícios de que a fraude supostamente conduzida pelo IBDS estaria sendo replicada em contratos firmados junto à Prefeitura de Betim. Conforme relatório da operação “Entre Amigos II”, encaminhado ao MPF na quinta-feira (5), o então secretário de Saúde Guilherme Carvalho Paixão e o servidor Paulo Maia, então diretor de saúde, teriam facilitado a contratação da entidade, sem licitação.

Segundo levantamento da Prefeitura da Betim, os contratos para a gestão de equipamentos de saúde durante a pandemia resultaram em um repasse de mais de R$ 99,5 milhões ao IBDS. De acordo com o delegado Baeta, ao saber sobre a fraude, o próprio município contratou auditoria independente, que comprovou desvio de R$ 23 milhões. Ainda segundo o policial, “a participação da prefeitura nesse caso foi descartada”. 

Em novo desdobramento das investigações, a PF encontrou evidências de que o mesmo esquema criminoso foi repetido em contratos firmados com a Prefeitura de Ribeirão das Neves. “É o mesmo tipo de fraude, com ao menos 20 envolvidos, incluindo os responsáveis pelo IBDSocial e servidores do município”, explica Baeta. 

Com o inquérito da terceira fase da operação ainda em andamento, a estimativa inicial é de que 20% dos valores previstos em contratos do IBDS com a Prefeitura de Ribeirão das Neves tenham sido desviados. “O prejuízo aos cofres da cidade chega a pelo menos R$ 1 milhão”, calcula o delegado, que prevê concluir as investigações até o fim do primeiro semestre de 2025. A reportagem tentou contato com o IBDS, mas não teve retorno. O espaço permanece aberto.

Integrantes de grupo que realizava assaltos em rodovias e sítios de Carmo do Rio Claro são condenados por roubo e organização criminosa

Município de Carmo do Rio Claro - Foto: reprodução
Município de Carmo do Rio Claro – Foto: reprodução

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) obteve na Justiça a condenação de sete integrantes de uma organização criminosa que atuava em Carmo do Rio Claro (MG), cometendo roubos em propriedades rurais e em rodovias próximas ao Lago de Furnas, mediante o uso de armas de fogo e o emprego de violência física e psicológica contra às vítimas. As penas dos condenados variam de 12 a 26 anos de prisão.  
 
Em janeiro deste ano, a Promotoria de Justiça de Carmo do Rio Claro, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), regional de Passos e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) deflagrou uma operação contra os integrantes da organização criminosa. Denominada Ponte Torta, a ação cumpriu sete mandados de prisão e seis de busca e apreensão nas cidades de Carmo do Rio Claro, Alterosa e Piumhi. 

De acordo com as investigações, os envolvidos no esquema criminoso atuavam na região, ao menos desde 2023, praticando os crimes. Um deles ocorreu em 23 de março do ano passado na rodovia BR-265, próximo a Ponte Torta, na zona rural do município, quando o grupo roubou, usando arma de fogo, um Toyota Corolla, telefones celulares e outros pertences das pessoas que estavam no veículo.  
 
Outros roubos ocorreram em  março de 2023, na MG-184, após o trevo de acesso à rodovia BR-265, quando integrantes da organização criminosa armados tentaram, mas não conseguiram, roubar um chevrolet Silverado e, após, roubaram o condutor de um veículo Toyota Yaris. Depois, no dia 11 de abril, o grupo invadiu um sítio situado no bairro Rural Mendonça e roubaram equipamentos avaliados em R$ 40 mil. O dono do imóvel foi amarrado, agredido e torturado pelos assaltantes. Uma sobrinha dele, que participou do roubo, foi condenada a 12 anos de prisão. 
 
Outro crime ocorreu em 5 de outubro de 2023, no sítio Três Barras, onde seis integrantes do grupo roubaram uma TV 32”, celulares, soprador costal, joias, uma motocicleta e uma fiat Toro.

A sentença foi prolatada pela Vara Única da Comarca de Carmo do Rio Claro.

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