
Foto: Assessoria vereador Francisco Sena
O diretor clínico da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Passos (MG), médico Flávio Ferreira, participou na manhã desta terça-feira (29) de uma sabatina com a Comissão de Saúde da Câmara Municipal para se defender das acusações feitas na tribuna livre na segunda-feira da semana passada (21) pelo ex-diretor administrativo Antônio Carlos da Silva. Segundo ele, as denúncias são infundadas e são da esfera pessoal.
A Comissão de Saúde é formada pelos vereadores Francisco Sena (PODEMOS), Gilmara Silveira de Oliveira (PDT) e Dirceu Soares Alves (PSD), que sabatinaram o médico. Depois, foi dada abertura para que outros vereadores fizessem perguntas. Flávio foi taxativo a dizer que se trata de questões pessoais e não do âmbito profissional.
Sobre a denúncia que os médicos ortopedistas dormem e esperam juntar mais gente para descer e atender, Flávio negou que seja assim. Segundo Antônio Carlos os médicos recebem bilhetes para descer e atender na UPA.
“Eu gostaria de ver esse bilhete. O CRM dá direito a uma hora de descanso a cada plantão de 12 horas. A ortopedia que é uma esfera que não tem competência clínica para atender patologias, fica à noite. O médico está ali 24h para atender; se não tem paciente, ele não atende. Quando o irmão dele (Antônio Carlos), era ortopedista não tinha reclamação”, disse.
Quanto ao quarto confortável que os médicos dormem, com ar condicionado, Flávio disse que tinham ganhado um aparelho de um colega e fizeram o rateio para instalar. O aparelho deu problema por duas vezes e novos rateios foram feitos para consertá-lo, até que na prefeitura tinham comprado aparelhos de ar condicionado e tinha sobrado um, os médicos pediram e ganharam mas a instalação foi feita do próprio bolso deles.
Confusão
Sobre as denúncias de que ele (Flávio) vai à UPA uma vez por semana, durante o seu plantão, o médico diz que são infundadas. “Há uma confusão muito grande entre diretoria técnica e diretoria clínica, se a diretoria técnica se enquadra no cargo de diretor técnico responde diuturnamente pela UPA, que está sem agora. Eu cumpro os meus plantões e ainda ajudo como coordenador , que é aquele médico que resolve os problemas de escalonamento de plantões e outros mais”, falou.
Segundo Flávio, Antônio Carlos ficou afastado da UPA por 4 ou 5 anos e quando retornou queria os mesmos plantões que fazia. O seu desafeto entrou na Justiça e um mandado de segurança judicial o impediu de retomar os plantões. Depois que participei de uma reunião com ele, o dr Lucas, eu não fiquei sabendo de mais nada. “O mesmo deveria voltar de acordo com a necessidade da UPA. Diante o ato de diretor técnico e trouxe para si de maneira antiética, retirou os médicos sem os avisar”, falou.
“Antonio Carlos foi tirado da UPA por 4 ou 5 anos, fala-se que ele foi tirado pelo dr Hugo, mandado de segurança que retornou à UPA, vamos conversar com o dr Lucas, fizemos uma reunião com o diretor administrativo, A.C., tinha direito a retornar aos mesmos plantões, isso foi apresentado a ele. Eu, Flávio Ferreira, não sei de mais nada. Depois, continuou a secretaria e o advogado. O mesmo deveria voltar de acordo com a necessidade da UPA. Diante o fato de diretor técnico trouxe para si de maneira antiética, retiro os médicos e me coloco. Foi até ele e disse que colocaria 7 médicos – a UPA atende 24h”, disse.
Falta especialização
Sobre a acusação de que Flávio estaria ocupando irregularmente o cargo de diretor, sem ter o título de ortopedista, Flávio se defendeu. “Quando passei no concurso da prefeitura não havia exigência de titulação. Frequentei a especialização em ortopedia por três anos e só não passei na prova. Voltei para Passos de Ribeirão Preto e soube que teria concurso para médico na prefeitura e tinha cargo para médico ortopedista, então fiz o concurso e passei. E médico formado ele pode atuar sem a especialização. Suponhamos que ele é um clínico e resolve atender cardiologia. Ele pode”, comparou.
Sobre o recebimento da prefeitura de recursos de R$ 125 mil por mês para treinamento dos médicos, Flávio disse desconhecer e que nunca fez treinamento algum. “Esse assunto deve ser tratado com o secretário de Saúde, que é o gestor, e não com o diretor clínico”, disse. Francisco Sena disse que irá convidar também o secretário de Saúde para explicar sobre isso.
Oxigênio
Um dos assuntos mais graves, o do fechamento da válvula de oxigênio para “matar pessoas”, em outubro e nos dias 16 e 17 de novembro, Flávio Ferreira disse que a Polícia Civil já abriu um inquérito e que tem que ser apurado mesmo. “No dia 17, passei a madrugada com a minha filha; no outro dia meu filho apresentou sintomas de Covid, minha esposa teve Covid e apresentou sintomas também. Como eu não tive Covid e sábado e domingo eu estaria de plantão, resolvi consultar com o dr Luiz Baião, diante de sintomas que eu estava tendo. Ele me afastou. Voltei para casa e dormi, quando acordei vi que tinham muitas ligações da UPA. Retornei para a enfermeira chefe e ela me conotou do problema do oxigênio novamente. O plantão dele seria às 19h e eram 17h30 ainda. Solicitei que fossem trocadas as chaves, que ficam de posse de enfermeiros, do senhor Clayton, uma pessoa extraordinária. Quando falta oxigênio apita lá dentro e graças a Deus nenhum paciente estava entubado”, afirmou.
A UPA vem sendo alvo de furtos. Furtaram 5 torneiras na semana passada e outras duas ontem, sem contar o furto de documentos da eleição da diretoria que foram levados sem que ninguém tenha visto. “Lá precisa de câmeras de segurança, só assim. Se for por imperícia, crime, a Polícia está apurando. Como diretor clínico, eu não posso fazer”, narrou o diretor clinico.
Projeto
Na reunião ordinária da tarde de ontem, os vereadores aprovaram, por unanimidade, um projeto de lei do prefeito Diego Oliveira (União Brasil) que pode resolver conflitos na direção da UPA. Os projeto cria a função gratificada para o cargo de Diretor Técnico da UPA em Passos.
Por Luciene Garcia