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Pacientes com câncer que perderam cordas vocais voltam a falar com ajuda de ‘laringe eletrônica’ em MG

Pacientes recebem laringe eletrônica no Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), em BH. — Foto: Janaína de Oliveira/ACS da Fhemig

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer de cabeça e pescoço podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica.

O equipamento foi entregue, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde (Sus) de Minas Gerais, a oito pacientes do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), em Belo Horizonte, na última terça-feira (11).

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda da laringe eletrônica.  — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig
Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda da laringe eletrônica. — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig

A laringectomia total é o procedimento cirúrgico adotado nos estágios avançados da doença e consiste na extração da laringe e das pregas vocais, o que faz com que a pessoa perca a capacidade de falar.

A recuperação da linguagem, então, só é possível por meio da laringe eletrônica. O aparelho portátil, com baterias recarregáveis, emite ondas sonoras contínuas ao encostar no pescoço e, a partir do movimento dos músculos, reproduz a voz eletronicamente.

“A laringe eletrônica permite a comunicação desses pacientes. O retorno da voz, ainda que seja eletrônica, é uma reintegração social, reintegração de vida mesmo. Cada aparelho custa cerca de R$ 2,2 mil. É um investimento relativamente pequeno aos olhos do Sus”, afirma Cláudia Fernanda Andrade, diretora assistencial do Complexo Hospitalar de Especialidades da Fhemig.

Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica.  — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig
Pessoas que perderam a laringe e as cordas vocais na luta contra o câncer podem voltar a falar com a ajuda de um pequeno aparelho: a laringe eletrônica. — Foto: Jean de Jesus/ACS da Fhemig

O HAC é da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e referência em oncologia. No primeiro semestre de 2023, foram feitos mais de mil atendimentos oncológicos, sendo 250 de câncer de laringe.

Prevenção

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que a cada ano são registrados cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Somente para este ano estão previstos quase oito mil novos casos de câncer de laringe no país.

O tabaco e o álcool estão entre as principais causas da doença. Quem fuma aumenta em dez vezes as chances de desenvolver a enfermidade e, quando também há ingestão de bebidas alcoólicas, a possibilidade de incidência sobe 43 vezes.

Mais um anestesista é preso por estuprar mulheres em cirurgias; homem se gravou abusando delas

A Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) prendeu, nesta segunda-feira (16), o anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, por estuprar pelo menos duas pacientes sedadas durante cirurgias — caso semelhante ao de Giovanni Quintella Bezerra, cujo julgamento já começou.

Andres Eduardo se gravou abusando das vítimas. Em uma delas, ele esfregou e introduziu o pênis na boca da mulher e guardou o registro.

A Justiça expediu o mandado de prisão provisória e busca e apreensão contra Andres por estupro de vulnerável. O anestesista ainda é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil em um inquérito remetido para a Vara Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes — a partir do qual a polícia descobriu os abusos.

Andres Eduardo estava legal no país e com a documentação em dia — ele atuava tanto em hospitais públicos quanto particulares.

O médico foi preso na Barra da Tijuca, em casa — a mulher dele abriu a porta para os policiais, que acordaram Andres ao lhe dar voz de prisão.

Até a última atualização desta reportagem, a polícia não informou o que Andres disse em sua defesa ao ser preso.

Como a polícia descobriu os crimes

As investigações da Dcav, que contou com apoio da inteligência da Polícia Civil, tiveram início em dezembro, a partir do compartilhamento de informações do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal (PF).

À época, a PF identificou a possibilidade de vasta movimentação de arquivos pornográficos em posse de Andres e encaminhou o caso à Polícia Civil.

Diante das suspeitas, foi autorizada a quebra de dados em compartimentos do celular do suspeito, onde foram encontrados, de fato, mais de 20 mil mídias de abusos infantis.

Mas três arquivos feitos pelo próprio médico chamaram a atenção dos investigadores.

“Quando vimos, logo de início, tratamos como casos de estupro, partindo do princípio de que ele mesmo teria produzido. Mas precisávamos avançar na identificação das vítimas e materializar os crimes. Pelos metadados dos vídeos, certificamos a localização do suspeito no ato da gravação, identificando os hospitais e descobrindo os dias. Aí partimos para a tentativa de descobrir as mulheres ali sedadas. Com as listas de pacientes operados nos dias, fomos buscando características físicas e eliminado possibilidades até chegar às pacientes”, explicou o delegado titular da Dcav, Luiz Henrique Marques.

Os vídeos que Andres gravou foram mostrados às vítimas, que se reconheceram, mas não tinham ciência de que haviam sido estupradas.

O primeiro crime aconteceu no dia 15 de dezembro de 2020 no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Região dos Lagos, durante a realização de uma cirurgia de laqueadura.

O segundo foi em 5 de fevereiro de 2021 em uma das salas de cirurgia do Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ, durante um procedimento para retirada de útero.

Sedação muito forte

Uma delas contou que a sedação foi tão intensa que era semelhante à de um parto de cesárea, tendo ela ficado totalmente desacordada por mais de duas horas.

Outro fato que chamou a atenção dos investigadores é que em uma das cirurgias, por exemplo, Andrés sequer estava escalado. De acordo com informações repassadas pelo hospital, uma outra anestesista era a responsável pelo procedimento. Contudo, a unidade ponderou aos policiais que é comum a substituição dos profissionais durante o procedimento e que o médico poderia ter participado da operação.

Além dos estupros, o suspeito praticou os crimes previstos nos artigos 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (aquisição/posse/armazenamento de pornografia infantojuvenil) e 240 (produção de pornografia infantojuvenil).

Para esses fatos, a Dcav instaurou um outro inquérito que foi remetido para a Vara Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes.

O que dizem as autoridades

A Polícia Civil espera avançar nas investigações, detalhando todas as unidades nas quais o médico trabalhava, e encontrar novas possíveis vítimas.

A direção do Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth informou que colaborou com a Polícia Civil na investigação que levou à prisão do médico anestesista. “Todas as informações solicitadas pela polícia foram levantadas e repassadas. O médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021”, disse.

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho afirmou que “o médico Andres, colombiano, não atua mais na unidade”.

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