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Professor de escola municipal do Rio é preso suspeito de ter lançado garrafa que matou torcedora palmeirense

Professor de escola municipal do Rio e preso suspeito de ter lançado garrafa que matou torcedora palmeirense – Foto: redes sociais

Preso nesta terça-feira (25), o torcedor do Flamengo apontado como sendo o homem que lançou uma garrafa de vidro que atingiu e matou a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli Marchiano, de 23 anos, é professor concursado da Secretaria Municipal de Educação do Rio e não tem antecedentes criminais.

Jonathan Messias Santos da Silva, de 33 anos, tem um filho de 2 anos e estava em São Paulo no dia do incidente com um irmão e dois amigos, segundo a advogada do servidor municipal, Caroline Dias.

De acordo com a defesa, “ele não é ligado a nenhuma torcida organizada”, como disse a polícia paulista. Em nota, a Fla-Manguaça também informou que “o torcedor suspeito não faz parte ou envolvimento” com o grupo.

O professor foi encontrado em casa, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. No momento da prisão, estava dormindo. Segundo a Polícia Civil de SP, o homem foi identificado com auxílio do reconhecimento facial utilizado para acesso ao estádio do Palmeiras.

Gabriela foi atingida no dia 8 de julho, durante uma confusão entre flamenguistas e palmeirenses, e morreu dois dias depois.

Segundo Ivalda Aleixo, delegada-chefe do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o professor é o homem de barba e camiseta cinza que aparece em um vídeo atirando uma garrafa pelo espaço entre os tapumes que separavam as duas torcidas durante a briga.

A polícia excluiu a possibilidade de um palmeirense ter atirado o objeto que feriu Gabriela no pescoço, já que a perícia utilizou a sincronização do som para apontar de onde partiu a garrafa e em qual momento acertou a vítima.

A garrafa teria estilhaçado ao bater em um tapume de ferro, e seus estilhaços atingiram a palmeirense.

A jovem apresentava um corte de 3 centímetros no pescoço, segundo a polícia. Ainda de acordo com os investigadores, a reconstituição virtual realizada com imagens obtidas nos momentos que antecederam a morte de Gabriela indica que apenas o flamenguista atirou garrafas naquela direção.

Com essa conclusão, os agentes seguiram o trajeto feito por ele até ele entrar no estádio.

Segundo a Polícia Civil, imagens mostram que o homem chegou a trocar de blusa. Ele usava uma na cor cinza ao atirar a garrafa e já usava com uma do Flamengo ao entrar o estádio.

A polícia, no entanto, não acredita que a troca foi para se livrar do crime. A investigação então analisou diversas imagens do Allianz Parque até identificar e chegar ao professor.

Em silêncio

Jonathan não reagiu à prisão e permaneceu calado entre sua casa e a sede da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Barra da Tijuca. Na especializada, o professor também não quis prestar declarações.

Em seguida, ele foi levado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, para a audiência de custódia. O homem será transferido para a capital paulista em seguida.

De acordo com dados da Polícia Civil do RJ, Jonathan não tem passagens pela polícia. Existem apenas duas ocorrências em que ele aparece como vítima de furto.

Ao g1, a advogada Caroline Dias afirmou que ele havia ido à São Paulo com o irmão e uma dupla de amigos. A defensora destacou ainda que seu cliente “não faz parte de torcida organizada, é apaixonado pelo Flamengo desde criança e é uma pessoa super pacífica“.

“Ele estava com o irmão e isso nunca aconteceu. Ele está sendo acusado de um crime muito grave, e a defesa não teve acesso ao inquérito. Ainda não conversamos com ele em particular. Mas, as informações preliminares são que ele estava no estádio com o irmão e dois amigos. Pelo que entendi, foi uma fatalidade e poderia acontecer com qualquer um de nós”, disse a advogada.

A defesa comparou o ocorrido fora do estádio a um acidente.

“Ninguém se vê numa situação assim. É como um acidente de trânsito que pode vitimar alguém.”

Justiça manda soltar torcedor do Flamengo suspeito de jogar garrafa

Justiça manda soltar torcedor do Flamengo suspeito de jogar garrafa – Foto: reprodução

A Justiça revogou nesta quarta-feira (12) a prisão do torcedor do Flamengo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, preso pela morte da torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, no sábado (8). Santiago foi preso e indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por homicídio doloso consumado.

“Ao contrário do noticiado e afirmado pelo delegado de polícia, o autuado não confessou ter arremessado a garrafa contra os torcedores do time adversário. […] Em seu interrogatório negou que tivesse jogado qualquer objeto de vidro contra os torcedores palmeirenses, afirmado que tinha pedras de gelo nas mãos, as quais arremessou em revide a rojões que os palmeirenses teriam jogado contra os flamenguistas”, justificou a Marcela Raia de Sant’Anna, da 5ª Vara do Júri.

Segundo a decisão da Justiça:

  • “A pessoa que arremessou a garrafa contra os torcedores palmeirenses trata-se de um homem que possui barba, sendo, portanto, fisicamente diferente do autuado, além de vestir camisa clara, diversa da camisa do time do Flamengo que o autuado vestia quando foi preso”;
  • Tudo indica, portanto, que a garrafa que vitimou fatalmente Gabriella foi arremessada por outra pessoa que não o autuado, o que enseja a imediata revogação de sua prisão preventiva, com o prosseguimento das investigações para que o verdadeiro autor seja identificado, bem como para que eventual participação do autuado seja apurada”.

Além disso, a juíza determinou que o caso passe a ser investigado pelo DHPP.

“Diante da lamentável, para dizer o mínimo, postura do delegado de polícia, que se mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações, de rigor é a remessa dos autos ao DHPP, órgão especializado e preparado para a condução de investigações desta espécie”, destacou Marcela.

MP pediu liberdade

O Ministério Público de São Paulo havia pedido a liberdade na manhã desta quarta. De acordo com o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas não cravam que Santiago jogou a garrafa de vidro que atingiu o pescoço e matou Gabriela.

“Ao que tudo está a indicar, a garrafa que teria gerado a morte de Gabriella não foi lançada por Leonardo, mas por esse torcedor que apresentava o rosto barbado e vestia camisa cinza”, defende Leão, ao pedir a soltura de Santiago.

Em seu pedido à Justiça, o promotor alega que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) perdeu a credibilidade para seguir à frente do caso e pede que a investigação seja repassada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também da Polícia Civil de SP.

“Por outro lado, para além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga”, afirma Rogério Leão, ao se referir ao atual delegado responsável pela apuração do crime.

Investigação até aqui

Além de Felipe Santiago, a Polícia Civil investiga ao menos dez pessoas que jogaram garrafas na confusão entre torcedores que terminou com a morte de Gabriela. Os investigadores usam uma ferramenta de investigação de reconhecimento facial.

De acordo com o delegado Saad, todas essas imagens estão na unidade de inteligência. Os que forem identificados irão responder individualmente por possíveis crimes cometidos, informou o policial.

Entre os suspeitos está um homem de barba citado pelo promotor Leão em seu pedido de soltura do torcedor do Flamengo (veja abaixo). Ele vestia camiseta branca e foi flagrado em vídeos atirando um objeto contra a torcida do Palmeiras.

Desde o crime, Saad deu três coletivas de imprensa para falar sobre o caso — uma nova declaração está marcada para o começo da tarde desta quarta-feira (12).

Na terça (11), o delegado afirmou que o torcedor do Flamengo indiciado pela morte de Gabriela confessou ter atirado a garrafa e alterou a versão após ter conhecimento da gravidade do caso e do estado de saúde da jovem.

“Um outro ponto que é importante esclarecer: no momento da prisão do autor, ele, ali, ele informalmente, ele confessa que ele estava na briga, que ele estava na confusão e que ele teria arremessado coisas na direção da torcida do Palmeiras. Ele fala: ‘eu arremessei, eu joguei a garrafa'”, afirmou Saad.

Leonardo Felipe Xavier Santiago foi indiciado por homicídio doloso.

“Depois, na delegacia, quando ele estava sendo autuado, ele já sabendo do estado grave da Gabriela, ele no interrogatório diz que arremessou pedras de gelo. O que é importante é que as provas testemunhais validaram, foi importantíssimo, foi fundamental pra decisão da prisão em flagrante dele, e isso foi validado pelo poder judiciário”, disse o delegado.

Defensoria pede liberdade e Justiça nega

No domingo (9), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo apresentou um habeas corpus com pedido liminar para que Leonardo deixasse a prisão ao menos provisoriamente. Segundo a defesa, o suspeito não precisa ficar preso de forma cautelar pois não tem antecedente criminal e possui residência fixa.

“Não há elementos concretos a indicar que a permanência do paciente colocará em risco a ordem pública ou econômica, tampouco que criará embaraços à persecução penal ou aplicação da lei penal”, justificou a Defensoria.

No entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo indeferiu o pedido: “A liminar somente se justifica quando há flagrante de ilegalidade, hipótese não demonstrada, de forma inequívoca, até o presente momento, em vista das limitadas informações carreadas aos autos”, escreveu o relator da 10ª Câmara de Direito Criminal nesta segunda-feira (10).

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