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Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo

Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo - Foto: reprodução
Pandemia ainda impacta educação no Brasil, aponta estudo – Foto: reprodução

O Brasil ainda não se recuperou, na educação, dos impactos gerados na pandemia. O acesso à educação, que vinha melhorando, teve piora durante a pandemia e ainda não recuperou o mesmo patamar observado em 2019. A alfabetização das crianças, que tiveram as aulas presenciais suspensas, piorou e o percentual daquelas que ainda não sabem ler e escrever aos 8 anos de idade aumentou consideravelmente entre 2019 e 2023.ebcebc

As informações são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023, lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira 16. O estudo, que é baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação à educação, analisou as privações de acesso à escola na idade certa e alfabetização.

Os dados mostram que em relação ao acesso, ao longo dos anos houve oscilações, com avanços e retrocessos, muitos deles ocorridos no período de pandemia. Em 2017, 8,5% das crianças e adolescentes de até 17 anos estavam privados de educação de alguma forma. Essa porcentagem caiu para 7,1% em 2019, subiu para 8,8% em 2021 e caiu para 7,7% em 2023.

Ao todo, são quatro milhões de crianças e adolescentes que estão atrasados nos estudos, que repetiram de ano ou que não foram alfabetizados até os 7 anos. Apesar de representarem um percentual inferior a 2017, o país ainda não retomou o patamar que havia alcançado em 2019.

O estudo mostra ainda que há no país 619 mil crianças e adolescentes em privação extrema da educação, ou seja, que não frequentam as escolas. Eles correspondem a 1,2% daqueles com até 17 anos. Esse percentual, que chegou a 2,3% em 2021, na pandemia, é inferior ao registrado em 2019, 1,6%.

No Brasil, a educação é obrigatória dos 4 até os 17 anos é obrigatória no Brasil de acordo com a Emenda Constitucional 59 e com o Plano Nacional de Educação (PNE).

“Sabemos que na educação, leva-se muito mais tempo recuperar os impactos. Então, essa faixa é a que mais sofreu e os dados mostram realmente a importância de que se façam políticas mais focadas e se fortaleçam as que estão sendo implementadas”, diz a chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea.

Alfabetização

Já em relação à alfabetização, a pesquisa mostra que cerca de 30% das crianças de 8 anos não estavam alfabetizadas em 2023. Uma piora em relação a 2019, quando esse percentual era 14%.

“Esta disparidade sugere que as crianças que tinham entre 5 e 7 anos de idade em 2020, e que, consequentemente, experimentaram interrupções educacionais críticas durante a pandemia, enfrentam um dano persistente em sua alfabetização. O ensino remoto e as dificuldades associadas a ele, como falta de acesso a recursos educacionais adequados e suporte pedagógico, podem ter contribuído para essa defasagem significativa”, destaca o estudo.

O estudo também mostra que há maior disparidade entre as crianças que vivem em áreas rurais. “Notavelmente, para crianças de 7 a 8 anos de idade em áreas rurais, o percentual de analfabetismo em 2023 atinge cerca de 45%, demonstrando uma grave deficiência no acesso ou na qualidade da educação inicial nessas localidades”, diz o texto.

Renda familiar

Há ainda desigualdades de aprendizagem de acordo com a renda das famílias. Segundo a pesquisa, em 2019, os 25% mais pobres da população apresentaram um percentual de analfabetismo de 15,6%, enquanto o quintil (medida estatística) mais alto, ou seja, os 20% mais ricos, registrava apenas 2,5%. Em 2023, essa diferença aumenta. O quintil mais baixo passa para cerca de 30%, e o quintil mais alto aumenta ligeiramente para 5,9%.

“Este padrão sugere que crianças de famílias de menor renda foram desproporcionalmente afetadas pelas interrupções na educação causadas pela pandemia de Covid-19, enquanto aquelas em situações econômicas mais favoráveis tiveram mais recursos e resiliência para mitigar os impactos negativos no aprendizado. A crescente disparidade entre os quintis de renda destaca a necessidade urgente de intervenções educacionais direcionadas que possam fornecer suporte adicional às crianças das famílias mais vulneráveis”, diz o estudo.

A meta do Brasil de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece o que as crianças e os adolescentes devem aprender a cada etapa de ensino na escola, é que todas as crianças estejam alfabetizadas ao fim do 2º ano do ensino fundamental, ou seja, aos 7 anos de idade.

Em 2023, o governo federal instituiu o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, para garantir o direito à alfabetização na idade certa e também para recuperar as aprendizagens das crianças do 3º, 4º e 5º ano do ensino fundamental afetadas pela pandemia.

O estudo diz que há indicações de “progressos significativos”, nos últimos dois anos. A taxa de analfabetismo entre crianças de 8 anos caiu de 29,9%, em 2022, para 23,3%, em 2024. Entre as crianças de 9 anos, houve uma redução de 15,7%, em 2022, para 10,2%, em 2024.

“É urgente que se tenha políticas públicas coordenadas em nível nacional, estadual e municipal para reverter o problema do analfabetismo e retomar essa aprendizagem. Muitas políticas e programas estão sendo desenvolvidos nos últimos anos. Como vimos, leva mais tempo para recuperar o que foi o impacto da pandemia, mas é importante continuar investindo nesses programas, como, por exemplo, o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que justamente tem como finalidade garantir o direito à alfabetização das crianças até o fim do segundo ano de ensino fundamental”, defende Chopitea.

Pobreza Multidimensional

Além da educação, o estudo, analisou outras dimensões que considera fundamentais para garantir o bem-estar de crianças e adolescentes: renda, acesso à informação, água, saneamento, moradia, proteção contra o trabalho infantil e segurança alimentar. Esta é a quarta edição desta pesquisa, realizada pelo Unicef.

Com pandemia, Brasil teve maior alta de mortes desde 1984

Conforme esperado, a pandemia da covid-19 contribuiu para o aumento no total de mortes no Brasil. No entanto, também houve queda nas taxas de natalidade e na quantidade de casamentos e uniões civis realizados nesse período, segundo a pesquisa anual Estatística de Registros Civis 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta quinta-feira (18). 

Feito com base em informações de cartórios, tabelionatos e varas de todo o país, o estudo mostra que 1.510.068 mortes foram registradas em todo o território brasileiro apenas no ano passado, com crescimento de 14,9 % (195.965 mortes a mais) em relação ao total de 2019. Tanto em percentual quanto em números absolutos, foi a maior alta desde 1984. 

O aumento percentual de óbitos entre os homens (16,7%) superou o das mulheres (12,7%). A maior parte dos óbitos foi na faixa dos 60 anos ou mais de idade. Para as idades abaixo de 20 anos, houve redução dos óbitos entre 2019 e 2020.

Cerca de 73,5% das mortes de 2020 ocorreram em hospitais, 20,7% em domicílios e em 5,8% em outro local de ocorrência ou sem declaração. Além disso, 99,2% dos 195.965 óbitos ocorridos a mais, de 2019 para 2020, foram óbitos por causas naturais.

Registros de casamentos caíram 26,1% em 2020

O número de registros de casamentos no Brasil teve uma redução de 26,1% entre 2019 e 2020 (de 1.024.676 para 757.179), a maior queda da série histórica. O movimento de queda vem sendo observado, anualmente, desde 2016, mas em 2020 essa variável foi afetada pelo isolamento social em decorrência da pandemia.

Do total de casamentos registrados, 6.433 ocorreram entre pessoas do mesmo sexo, uma queda de 29,0% ante 2019. Os casamentos entre cônjuges femininos representam 60,1% dos casamentos civis nessa composição conjugal.

Entre 2019 e 2020, registros de nascimentos diminuíram 4,7%

De 2000 para 2020, a proporção de registros de nasci­mentos cujas mães tinham menos de 30 anos caiu de 76,1% para 62,1%. Já os registros de nascimentos cujas mães tinham 30 anos ou mais subiu de 24,0% para 37,9%.

Em 2019, a estimativa de sub-registro de nascimentos foi de 2,1%, caindo 2,4% frente a 2018. Já o sub-registro de óbitos ficou em 3,8%, frente a 4,0% em 2018.

São informações das Estatísticas do Registro Civil, que investigam registros de nascimentos, casamentos e óbitos em cartórios. Excepcionalmente, as informações sobre divórcios em 2020, serão divulgadas em momento posterior.

Fiocruz projeta possível ‘fim da pandemia’ para o início de 2022

Com o avanço da vacinação em todo o Brasil, os tempos de restrições por conta da pandemia de Covid-19 parecem estar contados. Pelo menos é o que aponta o boletim quinzenal divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Diante do cenário de estabilidade e queda nas ocupações dos leitos de UTI em todo o país, a entidade afirma que há “fortes motivos para se acreditar no fim da pandemia até os primeiros meses de 2022”.

De acordo com o documento divulgado no início do mês pela fundação, os dados obtidos em 27 de setembro mostram o predomínio de “pequenas quedas ou relativa estabilidade no indicador (ocupação das UTIs) nos estados, com 25 das 27 unidades da Federação fora da zona de alerta (taxas inferiores a 60%)”.

Em Minas Gerais, o nível de ocupação das unidades de tratamento intensivo estava em 22% no fim de setembro, segundo a Fiocruz, ficando fora da zona de alerta. Já Belo Horizonte está entre as 23 capitais que também saíram do estado de alerta, já que a ocupação na capital no fim do mês passado era de 53%.

Medidas de prevenção ainda são necessárias

Apesar da “luz no fim do túnel”, a Fiocruz lembra que medidas como o uso de máscaras, distanciamento físico e higiene constante das mãos, continuarão sendo importantes por algum tempo, principalmente em ambientes fechados ou naqueles abertos com aglomeração.

“O momento exige cautela para se evitar reveses indesejáveis. O fim da pandemia não representará o fim da ‘convivência’ com a Covid-19, que deverá se manter como doença endêmica e passível de surtos mais localizados”, diz o boletim.

A fundação disse ainda que o passaporte vacinal vem estimulando uma maior adesão à vacinação, além de propiciar uma proteção coletiva, constituindo-se em política pública a ser mais amplamente incorporada.

“Em termos globais, é fundamental que a vacinação se expanda em países de baixa renda, onde os percentuais da população vacinada ainda são muito baixos. O mundo não estará livre da Covid-19 enquanto ela for uma ameaça em algum lugar do planeta”, finaliza a entidade.

VOCÊ SABIA? Lei que atenua os efeitos da crise decorrente da pandemia da COVID-19 nos setores de turismo e de cultura

Você sabia que em 14/07/2021 foi publicada uma Lei que atenua os efeitos da crise decorrente da pandemia da COVID-19 nos setores de turismo e de cultura, e apresenta várias vantagens a empresas e aos consumidores e/ou passageiros?

A Lei nº 14.186/2021, que alterou a Lei nº 14.046/2020 existente desde Agosto de 2020, prorroga o prazo para a utilização pelo consumidor do crédito disponibilizado pelo prestador de serviços ou para a obtenção da restituição do valor pago e também prorroga o prazo para remarcação de serviços.

Desta forma, se ocorrer adiamento ou cancelamento dos serviços, das reservas e dos eventos, incluídos shows e espetáculos, entre 01/01/2020 e 31/12/2021, em decorrência da pandemia da COVID-19, o prestador de serviços ou a empresa não serão obrigados a reembolsar os valores pagos pelo consumidor.

Contudo, tais sociedades empresariais ou prestadores devem assegurar aos consumidores:

1) a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados; ou
2) a disponibilização de crédito para uso ou abatimento na compra de outros serviços, reservas e eventos disponíveis nas respectivas empresas.

Deverão ser respeitados os valores e as condições dos serviços originalmente contratados, bem como a data-limite de 31/12/2022 para a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados.

Se o consumidor optar pelo reembolso, o crédito poderá ser utilizado até 31/12/2022.

Por último mas não menos importante, a Lei também respalda os consumidores no sentido de terem restituídos seus valores até 31/12/2022, somente se os prestadores de serviços ficarem impossibilitados de oferecer a remarcação dos serviços ou a disponibilização de crédito, conforme detalhado anteriormente.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre Março e Agosto de 2020, o setor de turismo perdeu 49,9 mil estabelecimentos, com vínculos empregatícios, sendo que foram extintos 481,3 mil postos formais de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) (https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-10/cnc-turismo-perde-quase-50-mil-empresas-em-6-meses-de-pandemia).

Recentemente a CNC informou também que as atividades turísticas, no Brasil, já atingem um prejuízo de 395 bilhões de Reais desde o agravamento da Pandemia até Junho de 2021 tendo ainda uma grande ociosidade de aproximandamente 57% da sua capacidade mensal de geração de receitas. (https://www.istoedinheiro.com.br/turismo-acumula-prejuizo-de-r-3956-bi-na-pandemia-calcula-cnc/).

Faltam 28 dias: Justiça Eleitoral adota medidas sanitárias diante da pandemia de Covid-19

A pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, fez com que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adotasse uma série de medidas para preservar a saúde dos eleitores, mesários e candidatos das Eleições 2020, adiadas para os dias 15 e 29 de novembro para se conciliar democracia com saúde pública.

A partir de uma consultoria gratuita prestada por especialistas da Fiocruz e dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, o Tribunal elaborou o Plano de Segurança Sanitária para o pleito deste ano. Conforme o documento, o uso de máscara para proteção da face virou item obrigatório nas seções eleitorais.

Os mesários também receberão álcool em gel de uso individual e viseiras plásticas, com a recomendação para guardar as máscaras substituídas na embalagem do material que receberam. Depois, já em casa, a orientação é para que descartem os produtos usados na lixeira. Seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, a máscara deve ser trocada a cada quatro horas.

Cada local de votação tem as suas peculiaridades; porém, como norma geral, o eleitor será orientado a não jogar fora a sua máscara na seção. Caso alguém insista, receberá a instrução para higienizar as mãos e descartar o produto na lixeira do banheiro, dentro de alguma proteção, como um saco plástico ou enrolado em papel toalha. Em seguida, ele deverá desinfetar as mãos com álcool 70% ou com água e sabão.

Haverá álcool em gel nas seções eleitorais para a higienização das mãos dos eleitores antes e depois da votação. Os mesários também terão o produto para uso individual. Serão afixados cartazes de orientação sobre as medidas. Os itens de segurança sanitária foram doados por um grupo de cerca de 30 empresas.

Além disso, será recomendado que os eleitores mantenham a distância mínima de um metro dos demais e dos mesários. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, tem reiterado que as regras do protocolo de segurança são obrigatórias.

Além da máscara, é recomendado ao eleitor levar sua própria caneta para assinar o caderno de votação. A Justiça Eleitoral sugere ainda que o eleitor não esteja com crianças ou outros acompanhantes no local de votação. Não será permitido comer, beber ou fazer qualquer atividade que exija a retirada da máscara.

O horário preferencial para as pessoas do chamado grupo de risco para a Covid-19 e prioridades legais (idosos e pessoas com deficiência ou com dificuldades de locomoção, entre outros) será das 7h às 10h. Ninguém será proibido de votar nesse horário, mas o ideal é que, se possível, quem não for do grupo de risco nem estiver entre as prioridades legais compareça em outro momento, lembrando que o funcionamento das seções se dará das 7h às 17h.

Os eleitores ou mesários que estiverem com febre ou que tenham testado positivo para a Covid-19 nos últimos 14 dias anteriores à data da eleição deverão permanecer em casa. No caso dos eleitores, é possível justificar a falta por esse motivo. Já os mesários precisam comunicar o fato imediatamente à sua zona eleitoral, para que seja escalado um substituto.

Fonte: TSE.

Webinar discute violência sexual de crianças e adolescentes em tempos de pandemia

Um webinar realizado por FURNAS nesta sexta feira (9), apresentou dados sobre o aumento dos casos de violência sexual de crianças e adolescentes durante a pandemia do novo Coronavirus. Eva Cristina Dengler, Gerente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil, foi a convidada para falar sobre o assunto, apresentar dados e dizer como todo cidadão pode ajudar. A Childhood Brasil é a filial brasileira da entidade global fundada pela Rainha Silvia da Suécia, que atua para garantir a defesa dos direitos de crianças e adolescentes, com foco na prevenção e no enfrentamento da violência sexual.

Também participaram do evento a Superintendente de Comunicação e Relações Institucionais de FURNAS, Ana Claudia Gesteira, e a Assistente Social da Gerência de Responsabilidade Sociocultural, Claudia Tenório. Em 2009 FURNAS assinou um pacto apoiando várias iniciativas da Childhood Brasil, inclusive o Programa Na Mão Certa, mobilizanco funcionários, fornecedores e sociedade para denunciar casos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas.

“Diante do cenário atual de isolamento, temos vivido um aumento dos casos de abuso de crianças e adolescentes, abusos que na maioria das vezes acontecem dentro de casa. Com as crianças passando mais tempo na internet e sem a rede de apoio de professores e orientadores que a escola oferece, essas crianças estão mais expostas a riscos e a material pornográfico. Eu quero convidar nossos empregados e colaboradores a desenvolver um olhar mais cauteloso para as crianças à sua volta e a denunciar. Não podemos ser omissos, temos que esgotar todos os nossos recursos para garantir o direito dessas crianças serem ouvidas e protegidas”, disse Ana Cláudia.

Eva Cristina afirmou que o primeiro passo para proteger crianças e adolescentes é compreender as formas de violência às quais elas estão sujeitas. Basicamente a violência é classificada em quatro grupos. A primeira é a negligência, isto é, qualquer tipo de descuido ou abandono, ou falta de política pública ou de garantia de direitos. “Estamos falando de ausência de educação, saúde, convivência familiar ou comunitária, cuidados pessoais. Toda criança que convive com adultos que são negligentes com esses cuidados que uma pessoa em desenvolvimento precisa é enquadrada como vítima de negligência. Muitas das denúncias que existem hoje no país estão dentro desse grande guarda-chuva da negligência”, completa Eva.

As outras formas são a violência física, a psicológica – que tem se intensificado por conta das questões on-line; o bulling por exemplo é uma das grandes violências psicológias – e, por fim, a violência sexual. “Se a gente parar para pensar, vai perceber que a violência sexual é uma consequência da negligência, da violência física e principalmente da violência psicológica. A violência psicológica é a grande arma do abusador” explica ela.

A violência sexual se divide em abuso sexual e exploração sexual. A exploração sexual de crianças e adolescentes está dentro de um contexto de prostituição, que pode ser no turismo, nas estradas, em grandes empreendimentos, grandes obras, terminais logísticos, portuários, polos industriais e outros lugares de grande circulação de pessoas. A exploração sexual de crianças e adolescentes também tem conexões com o tráfico de pessoas, tanto interno quanto internacional, e também com o uso dessas crianças em materiais pornográficos, uma prática que vem crescendo dentro desse novo ambiente online.

O abuso sexual é aquela situação em que uma criança ou adolescente está sendo usado para satisfação sexual de uma ou mais pessoas mais velhas. “É importante esse conceito porque você pode ter uma situação de abuso sexual acontecendo de um adolescente de 16 anos abusando de uma criança de 8. Nenhum dos dois é adulto ainda, mas ambos estão em uma faixa de idade em que deveriam estar protegidos e já está havendo uma violação entre eles. Nem sempre quem abusa de uma criança é um adulto” explica Eva.

O abuso sexual vai sempre envolver uma questão de ameaça ou sedução, para manter um pacto de segredo, porque geralmente ele é cometido por alguém que a criança conhece ou confia. Grande parte das vezes o abusador é da família, mas mesmo quando o abuso é extrafamiliar, é alguém que a criança conhece e confia, e pode acontecer com ou sem contato físico. “Pode ser alguém de um curso que a criança esteja fazendo, pode ser alguém do condomínio, da rua onde ela mora, da comunidade onde ela vive” diz Eva.

Ao contrário do abuso, a exploração sexual envolve um pagamento, é um ato comercial geralmente praticado por adultos. Esse pagamento pode ser dinheiro, um prato de comida, uma carona, um presente ou até mesmo o ingresso em uma boate ou clube da moda. Trata-se de uma troca comercial, está dentro de um ambiente de prostituição, mas não é prostituição.

“No Brasil a prostituição é uma profissão reconhecida e considerada legal quando exercida de maneira independente por uma pessoa maior de 18 anos. Quando uma criança exerce isso, muitos enquadram do ponto de vista legal como trabalho infantil. Nós dos Direitos Humanos qualificamos isso como uma violação de direitos. Não foi uma escolha, a criança foi colocada naquela situação”, comenta Eva.

As consequências são devastadoras para a vida dessa criança. A violência sexual afeta todo o desenvolvimento físico e social desse indivíduo, sua autoconfiança, sua capacidade de confiar nos outros, além dos riscos de desenvolvimento de doenças sexualmente transmissíveis, de alcoolismo e uso de drogas, a evasão escolar, a gravidez precoce, o alto índice de tentativa de suicídio por crianças que não sabem lidar com isso e a perpetuação do ciclo continuo de violência.


Dados

Os dados da Childhood Brasil são assustadores:

  • 51 % das crianças abusadas no Brasil tem entre 1 e 5 anos.
  • 23 mil casos de violência sexual foram registrados no Brasil nos últimos cinco anos pelo Ministério da Saúde.
  • 49 mil denúncias de pornografia infantil na internet no mesmo período.
  • A cada hora, cerca de quatro crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil.
  • Apenas sete de cada 100 casos são denunciados.
  • O Brasil é o sétimo país em gravidez na adolescência e quarto em casamento infantil no mundo.
  • Um em cada três indivíduos on-line hoje são crianças e adolescentes.
  • Existem cerca de 75 mil denúncias de pornografia infantil apenas em 2019.
  • Atualmente há mais de 46 milhões de imagens e vídeos de abuso sexual de crianças nos arquivos da Europol.

A Assistente Social de FURNAS, Claudia Tenório foi a responsável por organizar as mais de 20 perguntas feitas durante o webinar. No geral as pessoas queriam saber como contribuir para diminuir essas estatísticas. 

“Todos nós temos crianças próximas. São filhos, sobrinhos, afilhados, ou convivemos com filhos de vizinhos, de colegas de trabalho, etc. A primeira coisa necessária é construir uma relação de confiança com essa criança. Converse com as crianças, explique os perigos, explique as partes do corpo que não podem ser tocadas, construa, junto com a criança, uma autonomia, a autoconfiança para dizer não. Lembre-a que ela pode se comunicar com você no caso de alguma agressão” explica Eva.

Segundo Eva, a forma mais importante de reconhecer se a criança está sendo vítima de algum abuso on-line é se aproximar. Conhecer os sites, conhecer os jogos, acompanhar a navegação dessas crianças e acessar tudo que a criança navegou e tudo que ela está fazendo. Mostrar interesse em conhecer, procurar saber quais crianças ela conhece pessoalmente e quais só virtualmente. “O contato muitas vezes acontece com adultos que se passam por crianças na internet. O acompanhamento e a denúncia são fundamentais”, complementa ela.

“Acessem no site da Childhood (childhood.org.br) uma série chamada “Crescer sem violência” com filmes para várias faixas etárias. Como abordar o tema com diferentes graus de profundidade. É preciso despertar nela a autoproteção. A chave é dizer para a criança que não existe segredo com nenhum adulto, sejam eles pais, tios, conhecidos ou desconhecidos”, recomenda Eva.


Por: Fernanda Pontual / Furnas

Mulheres deixam de fazer mamografia na pandemia por medo da Covid19

No Outubro Rosa, mês em que se reforça a importância do autoexame e da prevenção contra o câncer de mama, um fator tem chamado atenção: a queda no número de diagnósticos da doença. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), enquanto em 2019 foram registrados 5.455 novos casos desse tipo de câncer em Minas Gerais no ano todo, de janeiro a julho deste ano foram apenas 1.324 confirmações.

A redução, no entanto, não significa que o câncer de mama tenha acometido um número menor de pessoas nem que a doença tenha deixado de provocar mortes. Segundo especialistas da área, a queda nos registros tem outro motivo: o medo de contrair o novo coronavírus durante uma consulta médica ou realização de exame.

“Percebemos que muitas mulheres têm deixado de ir ao consultório por medo da Covid-19, mas postergar a mamografia pode impactar seriamente o tratamento dos casos confirmados”, alertou a mastologista Natália Sadi, do Hospital Madre Teresa e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia.

Espera. Por outro lado, pacientes relatam também dificuldade de marcar o exame na rede pública. A autônoma Edna da Silva Cachoeira, 57, relata que procurou neste ano o centro de saúde do bairro São Gabriel, na região Nordeste da capital, para marcar a mamografia, mas não conseguiu. “A funcionária disse que a prioridade eram os pacientes com coronavírus. Falei com ela que não é só coronavírus que mata. Câncer de mama e de colo de útero também matam”, disse Edna.

A Secretaria Municipal de Saúde de BH informou que as unidades básicas de saúde seguem a rotina habitual e atendem todo tipo de queixa clínica. Em relação à denúncia de Edna, o órgão diz que a mamografia foi marcada para 27 de agosto, mas que ela não compareceu. Edna afirma que não foi avisada do agendamento.

OUTUBRO ROSA

Exame. A Secretaria Municipal de Saúde de BH ampliou a estrutura para realizar cerca de 2.000 mamografias a mais durante o Outubro Rosa. Para agendar, basta procurar um posto de saúde.

Desconto. O Hospital Madre Teresa, em parceria com a SBM, está oferecendo neste mês desconto de 50% em consultas a quem não possui plano de saúde. Para marcar consulta, o telefone é (31) 3339-8455. 

Tatuagem 3D. Dezesseis mulheres vão reconstruir gratuitamente os mamilos e aréolas no Complexo Hospitalar São Francisco.

Fonte: O Tempo.

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