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Parkinson: estudantes brasileiros criam luva que estabiliza tremores

Parkinson: estudantes brasileiros criam luva que estabiliza tremores - Foto: divulgação
Parkinson: estudantes brasileiros criam luva que estabiliza tremores – Foto: divulgação

Estudantes de uma escola técnica brasileira desenvolveram uma luva que combate um dos principais sintomas do Parkinson: os tremores. Tecnologia para melhorar vidas!

A ideia do grupo, da Escola Técnica Estadual (ETE) Professor Paulo Freire, em Carnaíba, Pernambuco, veio por uma causa nobre. Os alunos descobriram que a mãe de um professor do colégio sofre com a doença e resolveram ajudar.

Para chegar ao projeto final, os estudantes uniram conceitos de robótica e física que aprenderam durante o ano letivo. A luva tem um motor que funciona como um giroscópio, garantindo estabilidade para a mão e custa menos de R$ 100. As de mercado chegam a custar R$ 8 mil.

Professor motivou

A orientação do projeto, desenvolvido no clube de robótica da escola, ficou sob a responsabilidade dos professores Gustavo Bezerra e Carla Robecia.

Foi a partir de uma conversa com Gustavo que os estudantes Danilo Morais, Felipe Santos, Gustavo Henrique e Rayane Morais, se sentiram motivados.

“Eu tive que faltar alguns dias pra levar minha mãe a um tratamento de Parkinson e, quando cheguei lá no clube, comentei com os alunos que ela estava enfrentando essa necessidade. Então, os quatro estudantes do grupo discutiram a possibilidade de encontrar uma alternativa na robótica. Achei muito bacana, porque, por mais que eu sempre tenha desenvolvido projetos com os alunos para resolver problemas da comunidade, eu nunca imaginei que pudesse ser um problema tão próximo a mim”, explicou.

Estabilizando a mão

A partir do desafio, o grupo começou a trabalhar duro para construir algo que pudesse fazer a diferença na vida de muita gente. E eles conseguiram!

A primeira parte do projeto foi encontrar um motor de alta rotação. Essa peça seria usada para funcionar com um antitremor.

“Eles chegaram ao motor de HD de computador, disponível em algumas máquinas antigas lá na escola. A rotação desse motorzinho na superfície da mão vai fazer com que o portador evite realizar movimentos involuntários, tentando controlar os movimentos causados pelo Parkinson”, explicou o orientador.

O primeiro protótipo, além do motor, também leva componentes eletrônicos e uma placa programável. Tudo isso é acoplado a uma luva tradicional de academia.

Para polir, lixar e deixar o objeto mais perfeito possível, os estudantes usaram materiais disponíveis no Espaço 4.0 da escola.

Testes e prêmio

Parkinson: estudantes brasileiros criam luva que estabiliza tremores - Foto: divulgação
Parkinson: estudantes brasileiros criam luva que estabiliza tremores – Foto: divulgação

Segundo Rayane Morais, uma das estudantes envolvidas, a fase de testes é a mais delicada. Isso porque, de início, eles não poderiam testar a ideia com uma pessoa que tem a doença.

“A gente não poderia testar logo de cara em uma pessoa que tem a Doença de Parkinson, então um amigo nosso ia usando e dizia o que incomodava. O objetivo foi preservar a autonomia sem afetar o desempenho do nosso protótipo”.

Mesmo com todas as dificuldades, a luva foi um dos 50 melhores projetos de 2023 do Solve for Tomorrow, um prêmio da Samsung, e o primeiro lugar no QCiência, eventos e ciência e tecnologia da Universidade Federal de Pernambuco.

Além disso, para Rayne, o trabalho na pesquisa abriu portas. Antes de se envolver na fabricação, ela queria cursar letras, mas ao longo do trabalho descobriu a paixão pela tecnologia. Hoje ela cursa Sistemas de Informação na UFPE.

“Com a ajuda dos colegas, consegui me adequar melhor ao projeto. Essa oportunidade me mostrou uma área que eu consegui me identificar e que eu me sinto mais à vontade e mais confiante em atuar profissionalmente.”, conta a jovem, que antes planejava cursar licenciatura em letras.

Futuro da luva

Como grupo inicial concluiu o Ensino Médio, a luva agora está sob a responsabilidade de um outro time.

O objetivo é melhorar cada vez mais o dispositivo.

“Dentre essas melhorias, a gente visa diminuir o tamanho dela para ficar mais confortável para o portador da doença, substituindo o Arduino Uno por um Arduino Nano, além de deixar ela mais automatizada, acoplando baterias recarregáveis, o que vai facilitar a locomoção das pessoas com a luva”, explicou Gustavo em entrevista à Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.

SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência

SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência - Foto: reprodução
SUS passa a fornecer rivastigmina, medicamento autorizado para Parkinson e demência – Foto: reprodução

O Ministério da Saúde publicou, na última sexta-feira (21), a portaria de incorporação da rivastigmina, único medicamento com registro em bula no país para tratamento de pacientes com doença de Parkinson e demência. Com recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) , o tratamento tem se mostrado eficaz para o controle dos sintomas cognitivos da doença e sua oferta no SUS representa um grande ganho para pessoas que convivem com a condição.

O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, sendo menos frequente apenas do que a doença de Alzheimer – condição que já conta com a rivastigmina na rede pública de saúde. Dados do relatório avaliado pela Conitec revelam que há entre 100 e 200 casos de doença de Parkinson para cada 100 mil indivíduos com mais de 40 anos, e essa quantidade aumenta significativamente depois dos 60 anos de idade.

Cerca de 30% das pessoas que vivem com a doença desenvolvem demência por associação. Nesse caso, não havia, até o momento, tratamento medicamentoso disponível no SUS. A demência causa lentidão cognitiva, déficits de atenção e memória, bem como alucinações, delírios e apatia.

Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde , Carlos Gadelha, a decisão de incorporação tem foco em melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares. “Sabemos que o envelhecimento da nossa população já é uma realidade. A doença de Parkinson não tem cura e tem afetado parcela significativa de brasileiros e essas pessoas, seus familiares e cuidadores precisam contar com o SUS para terem acesso a tratamentos que propiciem uma vida melhor”, afirmou.

De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Parkinson, os principais objetivos do tratamento são deter a progressão da doença e diminuir os sintomas. A rivastigmina, recentemente incorporada, estará indicada para pacientes com demência associada, mas o SUS já conta com tratamentos medicamentosos e fisioterapêuticos, implantes de eletrodos e geradores de pulsos para estimulação cerebral para pessoas que vivem com a doença de Parkinson.

Pacientes com mais uma opção de tratamento

Na última semana, foi publicada a incorporação do pamoato de pasireotida, medicamento para controle de tumor, dos sintomas e redução de complicações em pacientes com acromegalia. O medicamento será incluído no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença para pessoas que não conseguiram respostas ou possuem contraindicação em realizar as demais opções de tratamento disponibilizadas no SUS, incluindo a cirurgia para retirada do tumor e o tratamento medicamentoso.

A acromegalia é uma doença rara e crônica de desenvolvimento lento e silencioso, causada pela produção excessiva de hormônios de crescimento. Essa alteração hormonal pode causar efeitos diversos, sendo mais característico o crescimento exagerado de partes do corpo como mãos, pés, nariz, lábios, língua, queixo, testa e orelhas. A doença também pode provocar alterações visuais, paralisia de nervos cranianos, dores de cabeça, insuficiência cardíaca, entre outros. A maior parte dos casos da acromegalia são decorrentes de tumor benigno na hipófise, glândula responsável pela síntese de hormônios de crescimento.

A condição reduz a expectativa de vida em até dez anos e afeta bastante a qualidade de vida. Pessoas com acromegalia tendem a lidar com limitações importantes na rotina e na realização das atividades cotidianas e, consequentemente, com a perda de autonomia.

O tratamento com a passireotide busca controle dos hormônios e da proteína relacionada ao crescimento e redução do tamanho tumoral, reduzindo sintomas e comorbidades dos pacientes com a doença. O medicamento demonstrou benefícios nessa linha de tratamento, como redução do tumor e controle da doença para pacientes com contraindicação ou sem boa resposta com os demais tratamentos ofertados, contribuindo para melhora na qualidade de vida.

Implante revolucionário na medula espinhal faz paciente com Parkinson há 30 anos andar normalmente

Implante revolucionário na medula espinhal faz paciente com Parkinson há 30 anos andar normalmente – Foto: Divulgação

O francês Marc Gauthier, 63 anos, diagnosticado com Parkinson avançado, conseguiu caminhar novamente com fluidez e estabilidade após receber um implante na medula espinhal. Andar sem cair era algo que ele não conseguia fazer desde que a doença evoluiu. Mark sofre as consequências do Parkinson desde os 36 anos de idade.

A tecnologia experimental foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL). O resultado foi publicado na revista Nature Medicine nesta segunda-feira (6/11).

O dispositivo é implantado na região lombar, sobre a medula espinhal lombossacral. Ele estimula a área com pulsos elétricos que ativam os circuitos neurais disfuncionais das pernas e foi implantado no Hospital Universitário de Lausanne (CHUV), na Suíça.

Para o experimento, os cientistas personalizaram os estímulos colocando sensores nos pés e pernas de Marc, e demonstrou-se que o equipamento melhora a marcha. A mesma técnica é usada também de forma experimental em pessoas com paralisia provocadas por lesões na medula espinhal. Elas conseguiram ficar de pé sozinhas e caminhar por curtas distâncias.

Marc conta, em entrevista ao site da universidade, que liga o dispositivo oito horas por dia, e desliga quando vai ficar sentado por muito tempo ou está indo dormir. “Ele me permite andar melhor e ficar estável. Agora, não tenho medo nem das escadas mais. Todo domingo eu vou ao lago e caminho por seis quilômetros. É incrível”, afirma.

Os médicos envolvidos no estudo acreditam que a tecnologia poderia ser usada de forma mais ampla em pacientes diagnosticados com Parkinson avançado que sofrem com problemas de mobilidade.

“Acreditamos firmemente que muitos indivíduos poderiam se beneficiar desta terapia”, afirma o médico Grégoire Courtine, professor de neurociência no EPFL, na Universidade de Lausanne e no CHUV, em entrevista à agência Reuters.

Cirurgia de Parkinson é realizada pela 4ª vez na Santa Casa de Passos

Confirmando a vocação de pioneirismo e inovação técnica do Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Passos, desde a sua fundação, em 1978, pelo neurocirurgião Vivaldo Soares Neto, realizou-se neste mês, pela quarta vez no hospital, a cirurgia para tratamento da doença de Parkinson. O procedimento foi realizado em uma paciente de Passos, com sucesso, tendo à frente o neurocirurgião da Santa Casa, Matheus Schmidt Soares, auxiliado por uma equipe multiprofissional, especializada em cirurgia de Parkinson de Belo Horizonte – composta por médicos e técnicos.

“Mais uma vez, pudemos sentir o êxito dessa cirurgia que é indicada – não para todos os casos de Parkinson -, mas para os casos que são previamente selecionados”, explica Matheus Schmidt, detalhando que os pacientes passam por testes pré-operatórios rigorosos em que são selecionados aqueles que têm um potencial de melhora com a cirurgia e que não apresentem contraindicações”. Os pacientes são avaliados por uma equipe multiprofissional composta por neurologista, neurocirurgião e neuropsicólogo. Durante a reabilitação, além desses profissionais, os pacientes passam também pelo atendimento de fisioterapeuta e fonoaudiólogo, conforme destaca o neurocirurgião.

Assim, esses pacientes, que são rigorosamente selecionados, passam por uma cirurgia de altíssima complexidade, lembrando que não é em qualquer serviço de neurocirurgia de hospitais do país que se faz esse tipo de procedimento, conforme detalha com orgulho, Matheus Schmidt. Segundo pontua, o procedimento realizado pela Santa Casa consistiu na implantação de um eletrodo (como se fosse um chip implantado dentro do cérebro do paciente). Existem alvos específicos dentro do encéfalo os quais esse eletrodo irá estimular por impulsos elétricos, inibindo o funcionamento de alguns alvos e estimulando outros, fazendo com que os sintomas da doença melhorem.

Schmidt compara esses eletrodos a fios elétricos, que saem da cabeça debaixo da pele, ou seja, pelo subcutâneo, e se conectam a um gerador, como um marca-passo que fica no tórax do paciente, tudo por baixo da pele. Depois, já no pós operatório, o neurologista ou neurocirurgião programa esse aparelho. E em seu consultório, utilizando um tablet, por bluethooth, controla e regula o aparelho usado no paciente. Finalmente, o neurocirurgião o aproxima do marca-passo cerebral – denominado DBS – em inglês, estimulação cerebral profunda. O profissional tem o controle total desse aparelho, liga, desliga e o regula, como necessário, para que os sintomas melhorem.

Conforme especifica o neurocirurgião da Santa Casa, “sem dúvida, esse equipamento melhora muito a qualidade de vida dos pacientes, sobretudo porque o médico consegue – e muito – abaixar a dosagem das medicações. É que geralmente os pacientes com Parkinson avançado, antes da cirurgia, usam uma quantidade muito grande de medicamentos, mas já no pós-operatório é reduzida significativamente essa quantidade”.

Dessa forma, com a redução desses medicamentos, reduzem-se também os efeitos colaterais. Assim, o paciente tem uma melhora significativa e fica melhor em relação aos sintomas, com pouco remédio, comemora Matheus.

ENTENDENDO O PARKINSON

A doença detectada em 1817 pelo médico cirurgião inglês, James Parkinson, é uma doença degenerativa do sistema nervoso central em que há uma morte de neurônios de uma região do encéfalo que se chama substância negra e, por consequência, reduz-se nessa região a concentração de um neurotransmissor (importante para o movimento). Segundo detalha Matheus Schmidt, “a dopamina fica em níveis baixos, muito reduzida, ocasionando ao paciente sintomas parkinsonianos específicos, sendo os mais conhecidos ou que chamam mais a atenção de todos: os tremores do Parkinson – que podem ser de um só lado do corpo ou dos dois lados (geralmente começam de um lado e depois passam para o outro).

Na verdade, no Parkinson os sintomas são sempre piores de um lado, no qual geralmente começou a doença. Além dos tremores, existe a rigidez dos movimentos, assim o paciente vai ficando rijo, “endurecido”. Existe ainda a lentidão dos movimentos, denominada bradicinesia, o paciente vai ficando lento, cada vez mais lento, sobretudo para movimentar os braços e as pernas.

Outra manifestação é a perda da expressão facial, a hiponimia facial. Normalmente, no Parkinson avançado quando o neurologista olha para o rosto do paciente, já desconfia ou já diagnostica o Parkinson só de olhar o rosto do paciente, logicamente é confirmada a doença por meio de exames e históricos detalhados. Outros sintomas que aparecem são a dificuldade de fala, que normalmente vai se tornando baixa. Os passos também sofrem alteração: vão ficando curtos, há uma grande dificuldade de marcha progressiva. Há também a dificuldade de deglutição, muitos engasgos e outros sintomas não motores como, a perda de olfato, intestino preso, variações bruscas de pressão arterial, dores difusas, enfim, muitas vezes a doença no início é também associada à depressão.

Felizmente com a cirurgia para o tratamento do Parkinson todos os sintomas motores tendem a ter uma melhoria visível e notória”, arremata Matheus Schmidt que acredita que, com o abrandamento da pandemia, muitas outras serão realizadas pelo Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Passos.

NOVOS TEMPOS

Foi-se a época em que o Parkinson causava desalento e temor sobretudo aos familiares dos pacientes dessa doença. Hoje, ela já conta com procedimentos, como essa cirurgia realizada na Santa Casa que – embora não traga a cura – controla a doença que é degenerativa e progressiva, com tendência de ir piorando à medida que o tempo passa. Assim sendo, essa cirurgia oferece um maior bem estar a quem sofre dessa enfermidade.

Conforme lembra Matheus, a grande vantagem ainda é que o aparelho é programável, assim o médico o reprograma sem a necessidade de uma nova cirurgia. “Enfim, esse procedimento melhorou muito a rotina dos pacientes parkinsonianos permitindo a eles muitos anos a mais de qualidade de vida do que se obtinha antes apenas com o tratamento clínico. “Tudo isso nos dá um alento enorme, pois é muito bom saber que a Santa Casa de Passos é um dos hospitais no Brasil que realiza essa cirurgia. Sem dúvida é um procedimento que nos traz grande esperança”, ressaltou Matheus Schmidt.

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