Jornal Folha Regional

Presidente da AMM, Dr. Marcos Vinicius, orienta gestores públicos sobre o impacto do aumento do piso do magistério

“Não somos contra nenhuma categoria ou classe, mas é fundamental que os gestores municipais tenham cautela e compreendam a realidade financeira de suas cidades antes de tomar decisões”, alerta o gestor.

Presidente da AMM, Dr. Marcos Vinicius, orienta gestores públicos sobre o impacto do aumento do piso do magistério - Foto: divulgação
Presidente da AMM, Dr. Marcos Vinicius, orienta gestores públicos sobre o impacto do aumento do piso do magistério – Foto: divulgação

Preocupado com a saúde financeira dos municípios mineiros, o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM) e vice-presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Dr. Marcos Vinicius, emitiu nesta sexta-feira, 31 de janeiro, uma nota orientando os gestores públicos a avaliarem cuidadosamente o impacto do recente reajuste do Piso Salarial Profissional Nacional do magistério público da educação básica, antes de implementá-lo.

O novo piso salarial, definido pela Portaria nº 77/2025, foi reajustado em 6,27% e publicado nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União (DOU). Apesar de ser um direito dos profissionais da educação básica, sua aplicação exige que estados e municípios oficializam o valor por meio de norma própria, uma vez que os salários são pagos pelas redes de ensino.

Dr. Marcos Vinicius enfatizou que a orientação da AMM não é contrária à valorização dos professores, mas sim um alerta para que os municípios analisem suas capacidades financeiras antes de assumir o aumento.

“Não somos contra nenhuma categoria ou classe, mas é fundamental que os gestores municipais tenham cautela e compreendam a realidade financeira de suas cidades antes de tomar decisões que podem comprometer os cofres públicos. Ou dá aumento para todo mundo ou não dá aumento para ninguém. Estamos em um momento motivacional para começar o governo. Se você começar com disparidade, aumentando para uma categoria e outra não ganhando nada, terá problema. Não deem aumento neste momento de instabilidade, pois vão quebrar os municípios de vocês. Estes primeiros 100 dias são de planejamento”, pontuou Marcos Vinicius.

Segundo o presidente, de 2022 e 2024, a União publicou reajustes que totalizam 58,71% para a categoria, com impacto de R$61 bilhões apenas para os entes locais. Destaca-se, ainda, que a folha de pagamento do magistério municipal corresponde a 29% do total gasto com pessoal nos municípios.

“Quem vai pagar essa conta? Antes de implementar o reajuste, é imprescindível que os gestores municipais consultem a assessoria jurídica da AMM ou da CNM para garantir a sustentabilidade financeira. A portaria não é maior do que a lei, e cada município, como ente federado, deve avaliar sua situação específica”, reforçou.

Conforme dados do estudo feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), entre 2009 e 2024, o reajuste acumulado do piso nacional do magistério foi de 382,2%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) aumentou 144,9%, a receita do Fundeb cresceu 313,3% e o salário-mínimo foi reajustado em 203,7%.

As remunerações dos profissionais da educação básica são custeadas por prefeituras e estados com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), além de complementações da União. Contudo, cada estado e município precisa formalizar o valor por meio de legislação própria, respeitando sua capacidade orçamentária.

A AMM segue à disposição dos municípios para prestar o suporte técnico e jurídico necessário, garantindo que as decisões sejam tomadas com responsabilidade e equilíbrio fiscal.

Câmara de Passos aprova Piso da Enfermagem

Câmara de Passos aprova Piso da Enfermagem – Foto: divulgação

A Câmara de Passos aprovou na última segunda-feira (6), o projeto enviado pela prefeitura e referente ao Piso Nacional da Enfermagem. O projeto de número 109/2023, enviado pelo prefeito Diego Oliveira, foi aprovado em reuniões extraordinárias, realizadas no final da tarde. Antes, a Câmara realizou a 40ª reunião ordinária, onde foram votados cinco projetos de lei e 20 requerimentos.

Segundo a Câmara, a aprovação do projeto do piso ocorre depois de longa discussão, onde o Legislativo teve participação decisiva para que o Executivo enviasse um novo texto. Até então, o pagamento adicional ao pessoal do setor estava condicionado à manutenção de repasses pela União. Com o novo projeto, a Prefeitura assumiu a responsabilidade pelo pagamento da complementação do piso, a seus servidores efetivos e contratados, ainda que a União não efetue previamente o repasse.

Nos pronunciamentos da votação, os vereadores destacaram que o projeto, que terá os pagamentos retroativos ao mês de maio, foi construído a várias mãos.

Presente na Câmara, o prefeito Diego recebeu das mãos da presidente da Câmara, Aline Macedo (PL), um pedido assinado por todos os vereadores para que a Prefeitura pague o abono de Natal a todos os servidores. Diego anunciou que todo o servidor vai receber abono de R$ 2 mil.

Em segundo turno o plenário aprovou projeto do Executivo que autoriza a concessão da isenção do Imposto sobre Transmissão der Bens Imóveis (ITBI) aos imóveis incluídos no programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

Também em segundo turno foi aprovado projeto de autoria da vereadora Aline Macedo, que dá nome de José Maria de Paula à atual rua um, localizada no loteamento Planalto Verde.

Em primeiro turno os vereadores aprovaram projeto do Executivo que reorganiza o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico. Foram aprovados também outros dois projetos do Executivo, um que trata da desafetação de área, e outro de aditivo de convênio com o Consórcio Ameg.

O projeto de lei do Executivo de número 100, que altera lei que disciplina o uso de bens materiais por terceiros, estava na ordem do dia para ser votado em primeiro turno, tendo sido retirado da pauta por conta de entrada de emenda de plenário do vereador Edmilson Amparado.

Ainda em extraordinária, os vereadores aprovaram projeto do Executivo que altera a Lei nº 3.889m que trata do Orçamento para 2023. (Clic Folha)

Câmara debate projeto sobre piso da Enfermagem em Passos

Câmara debate projeto sobre piso da Enfermagem em Passos – Foto: divulgação

A Câmara de Passos debateu nesta terça-feira, 30 de outubro, o Projeto de Lei nº 109, que regulamenta a Assistência Financeira Complementar, de acordo com a Lei Federal n° 14.434/2022, que estabelece o Piso Salarial Nacional para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras.

Segundo a Câmara, a pauta deve entrar em votação na próxima segunda-feira, 6, após a entrega dos pareceres das comissões.

De acordo com a Câmara, caso a União não forneça os recursos necessários, o município deve assumir a responsabilidade pelo pagamento dessa complementação.

Comissão de Orçamento analisa relatório do 2° quadrimestre

Câmara debate projeto sobre piso da Enfermagem em Passos – Foto: divulgação

A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Câmara de Passos realizou na tarde desta terça-feira, 31, uma reunião para debater o relatório de execução orçamentária e gestão fiscal da Prefeitura de Passos referente ao segundo quadrimestre de 2023.

Segundo a Câmara, a reunião foi conduzido pelo presidente da Comissão, vereador João Serapião, e que contou com a presença do vereador Alex Bueno, do secretário de Fazenda, Juliano Beluomini e do diretor de Contabilidade, Wenderson Garcia Coimbra.

Conforme informações do relatório apresentado, o IPTU arrecadação R$ 40,6 milhões em 2023, o ISS R$ 27,9 milhões e o ITBI 8,7 milhões, que somados chegam a R$ 77,4 milhões, em recursos de receitas municipais, somando R$ 77,4 milhões.

De acordo com o relatório, entre setembro do ano passado e agosto de 2023, a receita corrente total líquida foi de R$ 382,8 milhões no município.

Segundo informou o secretário de Fazenda, Juliano Beluomini, a Prefeitura de Passos deve fechar o ano com superavit, mas ainda sem estimativas de valores.

Questionado pelo contador da Câmara, Antonio Cardoso, sobre os números dos balanços em torno de restos a pagar, Juliano explicou que há ações judiciais de fornecedores em andamento e que há também pagamentos para serem feitos em inventários de servidores já falecidos.

O vereador Alex Bueno indagou sobre o pagamento de emendas impositivas dos vereadores. Segundo o secretário, a Fazenda vem liberando as emendas quando determinadas pelos ordenadores de despesas.

Ainda segundo Juliano, o município tem sofrido queda na arrecadação dos repasses da União e do Estado, por conta do momento econômico atual, mas a perspectiva é de crescimento diante dos investimentos feitos em Passos. (Clic Folha)

Senado autoriza governo a não cumprir o piso da saúde

Senado autoriza governo a não cumprir o piso da saúde – Foto: reprodução

O Senado Federal aprovou, na última quarta-feira (4), um projeto de lei que permite que o governo Lula não cumpra a exigência de pagar o piso da saúde para 2023. Foram 63 votos a favor e apenas dois contrários. A proposta segue para sanção do presidente.

O dispositivo estava inserido em um projeto de lei que autoriza a compensação de receita a estados e municípios em decorrência da redução do ICMS sobre os combustíveis, que vigorou entre junho e dezembro de 2022.

A possibilidade de revogação do teto da saúde foi inserido pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), ainda quando o projeto tramitava na Câmara dos Deputados. A proposta não estava prevista na pauta desta quarta pelo Senado, mas foi aprovada como pauta extra.

Com a possibilidade de não se cumprir o piso da saúde, o texto retirou a obrigatoriedade de destinar 15% da receita corrente líquida (RCL) para a saúde. Para a saúde, seria preciso desembolsar mais R$ 20 bilhões.

A senadora Tereza Cristina (PP-MS) protocolou um destaque ao projeto — para votação posterior –, com objetivo de retirar o artigo que previa o governo descumprir o teto, mas acabou sendo vencida durante a votação no plenário.

“A exclusão desse artigo é uma medida crucial para assegurar que as políticas governamentais estejam alinhadas com os princípios e compromissos legais estabelecidos pelo Congresso, promovendo a transparência, a credibilidade e a sustentabilidade das finanças públicas”, afirmou a senadora.

Dentre os votos contrários ao projeto, apenas os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Carlos Portinho (PL-RJ) se negaram a aprovar a proposta que prevê o descumprimento do teto. Outros seis parlamentares do PL foram favoráveis ao projeto. Todos os senadores do PT votaram para aprovar a proposta.

Tratativas do governo

Na semana passada, o Ministério da Fazenda enviou uma consulta ao Tribunal de Contas da União (TCU) para deixar de aplicar, em 2023, o valor mínimo constitucional de investimento em saúde e educação.

Na consulta, o ministério questiona se o piso constitucional deveria ser aplicado já em 2023. O arcabouço foi aprovado pelo Congresso em agosto. O governo quer saber se a obrigatoriedade do piso não valeria só a partir de 2024.

Também nesta quarta-feira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que é mais fácil para o governo aumentar a arrecadação por meio de novas medidas do que cortar gastos.

“É mais fácil até aumentar a arrecadação, como agora está sendo votado taxação de ‘offshores’, do que cortar gastos. Em um país tão pobre, não é uma decisão tão simples. É preciso ter coragem para fazer isso. Na pior das hipóteses, melhorar qualidade dos gastos. Tirar de quem não merece e dar para quem precisa. Se conseguirmos virar essa chave, teremos um novo Brasil”, declarou Tebet.

Piso da enfermagem: Congresso aprova projeto para viabilizar pagamento

O Congresso Nacional aprovou na última quarta-feira (26) o projeto de lei que garante a abertura de crédito especial no orçamento federal deste ano para o pagamento do piso da enfermagem. O PLN 5/2023 vai à sanção. Pelo texto, será assegurado o valor de R$ 7,3 bilhões para ajudar no pagamento do piso, que foi criado pela Emenda Constitucional 124.

O texto foi aprovado por unanimidade no Senado e recebeu o apoio da maioria dos deputados. O Partido Novo registrou voto contrário.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que aprovação do piso foi uma decisão política do Parlamento e do Poder Executivo em reconhecimento à importância de enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares:

— Somos sabedores que é difícil a fixação de piso salarial no Brasil, mas a enfermagem foi objeto de opção política feita pelo Senado, pela Câmara e pelo Poder Executivo, de ontem e de agora, para se dar a esses profissionais um piso minimamente razoável. Sabemos o que enfermeiros, técnicos e auxiliares enfrentaram na pandemia. Foram verdadeiros guerreiros. Muitos morreram na frente de batalha da covid. Hoje, mais uma etapa foi cumprida pelo Congresso Nacional — destacou.

O dinheiro previsto no PLN 5/23 será usado para o Ministério da Saúde auxiliar estados, municípios e o Distrito Federal no pagamento dos pisos a partir de maio. Os recursos virão de superávit financeiro apurado em 2022 pelo Fundo Social. Em exposição de motivos, o governo afirmou que a medida não tem impacto na meta de resultado primário fixada para 2023. Além disso, a despesa já foi retirada do teto de gastos criado pela Emenda Constitucional 95.

Ao todo, 867 mil profissionais serão beneficiados. A Lei 14.434/2022 define que o piso salarial dos enfermeiros será de R$ 4.750. Os técnicos de enfermagem deverão receber 70% desse valor (R$ 3.325); e os auxiliares de enfermagem e as parteiras, 50% (R$ 2.375).

Reconhecimento

Relatora do projeto na Comissão Mista de Orçamento (CMO), a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) destacou que a categoria luta há décadas por valorização e que a sua atuação foi fundamental durante a pandemia da Covid-19.

— Hoje estamos finalizando uma caminhada de mais de 20 anos no Congresso Nacional para garantir a valorização e o reconhecimento de uma categoria que tem hoje cerca de três milhões de profissionais. Desse universo, 85% são mulheres. Mais de 4500 famílias perderam seus entes queridos, profissionais da enfermagem, durante a pandemia. Hoje estamos tornando realidade uma caminhada de muita luta, uma caminhada árdua— enfatizou a relatora, que destacou também o empenho do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco e de outros parlamentares para viabilizar o pagamento.

Enfermeiro de formação, o deputado federal Bruno Farias (Avante-MG) comemorou a aprovação e afirmou que a luta pelo piso da enfermagem chegou ao seu capítulo final: 

— O Congresso faz justiça hoje ao garantir um piso necessário aos enfermeiros, técnicos e auxiliares deste Brasil. […]Essa novela está chegando ao final hoje. No mês de maio, o piso da enfermagem tem que estar na conta, porque a enfermagem foi que salvou este país, a enfermagem que vacinou este país, a enfermagem que cuida dessa sociedade— ressaltou. 

Autor do Projeto de Lei (PL) 2.564/2020, que institui o piso salarial nacional da enfermagem,  o senador Fabiano Contarato (PT-ES) fez um apelo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que revogue a suspensão da Lei 14.434/22, que estabeleceu o valor dos pisos. Em setembro do ano passado, o STF concedeu medida cautelar proposta pela Confederação Nacional de Saúde para suspender os efeitos da lei até que sejam esclarecidos os impactos financeiros da medida.

Em dezembro, o ministro do STF Roberto Barroso decidiu que, mesmo com a aprovação da Emenda Constitucional 127, que tratou das fontes de recursos no setor público, é necessária a regulamentação da assistência complementar da União por uma outra lei federal.

— Eu faço uma apelo ao Supremo Tribunal Federal: para que imediatamente o STF revogue a suspensão da vigência da lei que instituiu o piso. É uma lei. É um direito dos trabalhadores— sustentou Contarato.

A senadora Zenaide Maia (PSD-RN), que é médica, destacou a luta de enfermeiros, técnicos, parteiros e demais profissionais da área.

— Finalmente os recursos vão chegar ao contracheque dessa categoria que é talvez a única que está presente da hora em nascemos até a hora em que morremos. Enfermagem brasileira, vocês merecem. Essa luta é para fazer justiça. Não estamos pedindo privilégio— celebrou.

Os deputados João Daniel (PT-SE), Jorge Solla (PT-BA), Abilio Brunini (PL-MT) e outros parlamentares comemoraram também a aprovação do PLN 5:

— Temos orgulho de ter PLNs aqui que fazem parte da política do governo do presidente Lula, que é reconstruir este país, olhar para categorias da classe trabalhadora, dos servidores públicos, a exemplo da enfermagem, dar dignidade e atender às reivindicações históricas – afirmou João Daniel.

Piso da enfermagem será debatido nesta terça na Câmara dos Deputados

O imbróglio do novo piso da enfermagem, suspenso no Supremo Tribunal Federal (STF), será discutido nesta terça-feira (18) em audiência pública na Câmara dos Deputados. Foram convidados para o debate a ministra da Saúde Nísia Trindade, Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento). Estão confirmadas as presenças de representantes do Conselho Federal de Enfermagem e de associações de hospitais públicos e privados, como a CNSaúde, autora do pedido que levou à suspensão do piso.

O encontro acontece em um momento de pressão por parte dos enfermeiros que aguardam a liberação dos novos salários. O piso foi sancionado em agosto do ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e suspenso pelo STF em setembro.

As associações que representam os hospitais tentam derrubar a lei que estabeleceu remuneração mínima de R$ 4.750 para enfermeiros. Técnicos em enfermagem devem receber 70% desse valor, e auxiliares de enfermagem e parteiros, 50%.

Em dezembro, o Congresso promulgou uma PEC que destravou fundos públicos para custear os hospitais públicos e redes de atendimento ao SUS. As instituições de saúde, no entanto, afirmam que ainda não há fontes de custeios perenes para solucionar o problema, e o rombo pode ultrapassar R$ 13 bilhões, segundo estimativa da Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf).

O governo Lula promete editar uma medida provisória para regulamentar o pagamento dos recursos, mas ainda não há data prevista para a publicação do texto. 

Senadores querem liberar jogos de azar no Brasil para custear piso da enfermagem

Senadores querem votar logo o projeto que legaliza jogos de azar no Brasil. Parlamentares favoráveis à ideia têm pressionado o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD/MG) a colocar a proposta em pauta ainda neste ano, após o período eleitoral. Eles usam o piso nacional de enfermagem como argumento. Propõem destinar parte do lucro de cassinos e outros estabelecimentos do setor para viabilizar o projeto que garante renda mínima a profissionais de saúde.

O piso da enfermagem foi aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto, porém o governo federal não indicou qual seria sua fonte de custeio, o que levou à suspensão da medida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido de entidade que representa empresas do setor de saúde. O novo piso salarial seria de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos e R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras.

A sugestão mais recente para viabilizar o pagamento do piso partiu de lideranças partidárias que estiveram reunidas com Pacheco na segunda-feira (19), no momento em que o Congresso busca soluções para viabilizar o pagamento do piso nacional da enfermagem. Esse grupo de parlamentares, alguns deles ligados a empresas do setor hoteleiro, defende a aprovação do projeto de lei número 422, de 1991, que legaliza jogos de azar no Brasil, incluindo cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas esportivas. 

De autoria de Renato Vianna, ex-deputado por Santa Catarina, o projeto foi encaminhado ao Senado após a Câmara ter concluído a votação dele, em fevereiro de 2022, com a rejeição de sete destaques que alterariam o texto da proposição. Os deputados mantiveram o parecer do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que concede licenças permanentes ou temporárias para explorar a atividade. Cada estado poderá ter um cassino, à exceção de Minas Gerais e Rio de Janeiro, que poderão ter dois, e São Paulo, três.

Cassinos poderão ser instalados em resorts integrados a shoppings e centros de convenção

De acordo com o texto, os cassinos poderão ser instalados em resorts como parte de complexo integrado de lazer que deverá conter, no mínimo, 100 quartos de hotel de alto padrão, locais para reuniões e eventos, restaurantes, bares e centros de compras. O espaço físico do cassino deverá ser, no máximo, igual a 20% da área construída do complexo, podendo ser explorados jogos eletrônicos e de roleta, de cartas e outras modalidades autorizadas.

Para a determinação dos locais onde os cassinos poderão ser abertos, o Poder Executivo deverá considerar a existência de patrimônio turístico e o potencial econômico e social da região. É o caso, por exemplo, das cidades de Araxá e Poços de Caldas, em Minas Gerais, que abrigaram grandes cassinos, até a proibição dos jogos de azar no país. Cidades históricas também podem almejar receber os empreendimentos. Caldas Novas, em Goiás, já têm até projetos para cassinos.

Em localidades classificadas como polos ou destinos turísticos, será permitida a instalação de um cassino, independentemente da densidade populacional do estado em que se localizarem. O texto define esses locais como aqueles que têm identidade regional, adequada infraestrutura e oferta de serviços turísticos, grande densidade de turistas e título de patrimônio natural da humanidade, além de ter o turismo como importante atividade econômica.

Pelo projeto, cada grupo econômico poderá deter apenas uma concessão por estado, e o credenciamento será feito por leilão público na modalidade técnica e preço. Adicionalmente, o Poder Executivo poderá conceder a exploração de cassinos em complexos de lazer para até dois estabelecimentos em estados com dimensão superior a 1 milhão de quilômetros quadrados (Amazonas e Pará).

Cassinos também poderão ser instalados em barcos com navegação em rios

Novidade em relação a versões anteriores do texto é o funcionamento de cassinos em embarcações fluviais, sendo um para cada rio com 1,5 mil km a 2,5 mil km de extensão; dois para cada rio com extensão entre 2,5 mil km e 3,5 mil km; e três por rio com extensão maior que 3,5 mil km.

Essas embarcações não poderão ficar ancoradas em uma mesma localidade por mais de 30 dias consecutivos, e a concessão poderá ser para até dez estabelecimentos. Esses navios deverão ter, no mínimo, 50 quartos de alto padrão, restaurantes e bares e centros de compra, além de locais para eventos e reuniões.

Bingos poderão funcionar em cidades com mais de 150 mil habitantes

No caso do bingo, o texto permite sua exploração em caráter permanente apenas em casas de bingo, permitindo-se a municípios e ao Distrito Federal explorarem esses jogos em estádios com capacidade acima de 15 mil torcedores.

As casas de bingo deverão ter capital mínimo de R$ 10 milhões. A área mínima é de 1,5 mil metros quadrados, onde poderão ficar até 400 máquinas de videobingos. Caça-níqueis serão proibidos.

Pelo texto, será credenciada, no máximo, uma casa de bingo a cada 150 mil habitantes. Os lugares licenciados contarão com autorização de 25 anos, renováveis por igual período.

Operadores do jogo do bicho terão licença por 25 anos, renovável pelo mesmo período

Para a legalização do jogo do bicho, o texto exige que todos os registros da licenciada, seja de apostas ou de extração, sejam informatizados e com possibilidade de acesso em tempo real (on-line) pela União, por meio do Sistema de Auditoria e Controle (SAC).

Os interessados deverão apresentar capital social mínimo de R$ 10 milhões e reserva de recursos em garantia para pagamento das obrigações e deveres estipulados no projeto, exceto a premiação, podendo ser na forma de caução em dinheiro, seguro-garantia ou fiança bancária.

O credenciamento será por prazo de 25 anos, renovável por igual período se observados os requisitos. Poderá haver, no máximo, uma operadora desse jogo a cada 700 mil habitantes do estado ou Distrito Federal. Naqueles com menos de 700 mil habitantes, deverá haver apenas uma credenciada para o jogo do bicho.

O resgate de prêmios até o limite de isenção do Imposto de Renda não precisará de identificação do apostador.

Modelo de tributação dividiu a Câmara, que aprovou o projeto da jogatina

A tributação dos jogos esteve entre os pontos mais polêmicos da votação na Câmara. Um dos destaques do Partido dos Trabalhadores (PT), rejeitado pelos deputados, queria aumentar a alíquota da Cide de até 17% para 30%, com a incidência sobre a receita bruta no lugar do lucro. 

Na ocasião, Carreras ponderou que o modelo tributário deveria permitir a atração de investimentos. Segundo o relator, a alíquota ainda será menor do que a do setor de entretenimento, com incidência de 16,33%. Deputados da oposição também reclamaram de dispositivo que isenta a exploração de jogos e apostas de quaisquer outras contribuições ou impostos.

Paralisação dos enfermeiros prevê manifestação em Passos

Profissionais da enfermagem devem fazer uma paralisação de 24 horas. A previsão é que o movimento seja realizado das 7h desta quarta-feira, 21, até as 7h de amanhã em protesto contra a suspensão do piso da categoria, definida pelo Supremo Tribunal Federal na última sexta-feira, 16. A lei que estabeleceu o piso prevê mínimo de R$4.750 para enfermeiros, 70% desse valor para técnicos e 50% para auxiliares e parteiras.

Em Passos, segundo informações do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais (Seemg), está previsto um ato em defesa do piso nacional, a partir das 9h, em frente ao Paço Municipal. Após a concentração, os manifestantes devem fazer uma caminhada em direção à Santa Casa. Na Parte da tarde, também está marcada uma mobilização em frente ao hospital, às 14h.

“Nos setores gerais, como hospitais, clínicas e demais estabelecimentos com menos complexidade, terá uma paralisação de 70% e haverá apenas 30% de funcionamento. Também estamos orientando aos postos de saúde e prontos-socorros a trabalharem com esse percentual. Nos setores críticos, como blocos cirúrgicos, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), UTI neonatal e demais unidades do tipo, estamos orientando a trabalharem em 40% e, em alguns casos, com avaliação dos profissionais, até 45%, mas orientamos, no geral, para que 40% dos profissionais estejam no ambiente de trabalho”, afirmou o presidente do Seemg, Anderson Rodrigues.

Segundo Rodrigues, o mesmo percentual vale para o período de trabalho noturno e, em relação ao restante dos profissionais, devem participar da paralisação.

“É uma luta que esses profissionais vêm fazendo há anos por esse piso salarial. Então a gente espera que o ato cause um efeito muito bom e que se torne um marco da primeira paralisação para que as próximas possam vir. Estamos pensando realmente que as próximas serão por mais dias e que haverá uma boa adesão de todo o estado, uma vez que várias cidades já estão aderindo, sendo o interior de Minas Gerais, o norte, leste, região Zona da Mata Mineira e o centro-oeste também está apoiando, ou seja, várias cidades estão realmente se mobilizando”, disse Rodrigues.

Ele afirma que será necessário verificar como vai acontecer a paralisação para definir os próximos passos do movimento. Rodrigues disse acreditar que outras manifestações e paralisações devem ocorrer no país.

“A gente explicou todo o processo, então acredito que é bom dar um aviso, explicar para toda a população para que ninguém fique prejudicado também. Precisamos ainda de um ministro do STF para dar um próximo passo e há outros trâmites. Por isso, acho interessante esse aviso antes de realizar outros movimentos”, disse.

Na última quinta-feira, 15, foi realizada uma assembleia online, com a participação de enfermeiros convocados por edital, na qual foi aprovado o estado de greve e a paralisação nacional de 24 horas. (Clic Folha)

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.