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Previdência: Governo de Minas quer aumentar contribuição dos militares

Previdência: Governo de Minas quer aumentar contribuição dos militares - Foto: reprodução
Previdência: Governo de Minas quer aumentar contribuição dos militares – Foto: reprodução

O projeto de lei enviado pelo Governo de Minas à Assembleia Legislativa para alterar o modelo de contribuição dos militares para a Previdência Social causou descontentamento em entidades ligadas à segurança pública. A proposta tem o objetivo de socorrer o Sistema de Proteção Social dos Militares (IPSM), que assim como o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), passa por problemas de financiamento. 

Hoje, os militares pagam uma alíquota única de 10,5% para o sistema de previdência, sem qualquer repasse vinculado à saúde. A proposta do governo é aumentar essa contribuição para 13,5%, adicionando 3 pontos percentuais para financiar os serviços dos hospitais militares. 

Além disso, entidades representativas ouvidas pela reportagem garantem que o projeto quer diminuir a contribuição do governo estadual para o setor: de 16% para 1,5%. Essa alteração não foi informada pelo Executivo na última segunda-feira (15), quando a gestão disparou à imprensa uma nota informativa sobre o PL. 

Na versão do governo, porém, não há diminuição, mas um acréscimo. De acordo com a administração pública, hoje o Estado não faz contribuição para a previdência dos militares. Portanto, passaria a fazer com a cota de 1,5%.

O texto oficial ainda não tem número, pois ainda não foi lido em plenário. A expectativa é de que isso aconteça na tarde desta quarta-feira (17), quando uma reunião ordinária está marcada para as 14h. 

Na última segunda, entidades representativas da segurança pública se reuniram com o deputado estadual João Magalhães (MDB) para discutir a questão. Magalhães é o atual líder do governo na Assembleia. O bate-papo ainda foi preliminar, mas ficou combinado entre as partes que um novo encontro será feito com a presença do presidente da Casa Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho. 

“A consequência disso é a insatisfação da categoria. A depender, se a gente não conseguir melhorar essa questão dentro da Assembleia Legislativa, eu não descarto a paralisação. Eles estão tirando dinheiro do bolso e deixando a gente sem saúde. Ele quer arrecadar conosco entre R$ 350 e R$ 400 milhões por ano”, diz o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra/PMBM), subtenente Heder Martins de Oliveira. 

Representante da Associação Central Única dos Militares Estaduais de Minas Gerais (Cume), o subtenente Wesley da Silva Soares acompanha o colega. “É mais uma dificuldade apresentada pelo governo. A gente não está em posição de aumentar nossa contribuição para a saúde, sendo que a vida financeira de muitos não está assegurada. Esse governo está realmente querendo acabar com a segurança pública. É um sucateamento do nosso IPSM”, diz. 

Em contato com a reportagem, o líder de governo João Magalhães disse que a reunião da última segunda foi inicial, portanto há possibilidade de discussão sobre o teor do projeto. “Se veio para a Assembleia e isso aqui é uma casa política, naturalmente vai ser discutido. Vamos aguardar e ver quais as reivindicações. Não conversamos nada sobre o projeto ainda. Temos que fazer isso até a primeira semana de julho, uma vez que vem aí o período eleitoral. Temos um problema de calendário. Temos que aprovar isso, em tese, até o fim de setembro”, afirma o parlamentar. 

Reajuste

Para além da contribuição para o Sistema de Proteção Social dos Militares (IPSM), a segurança cobra um reajuste salarial da categoria neste ano. Em agenda na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o coronel Rodrigo Piassi, comandante-geral da Polícia Militar, disse que tem articulado por um aumento salarial. 

Presidente da comissão, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) defendeu um incremento de 41,6% da remuneração para recuperar perdas iniciadas em 2015, data do último reajuste real da categoria. Esse índice chegou a fazer parte de um acordo com o governador Romeu Zema (Novo) em 2019, mas não foi cumprido.

No último dia 1º, servidores da segurança chegaram a fazer uma manifestação na porta da casa do governador Romeu Zema para cobrar o cumprimento do acordo. Nas mensagens, os sindicatos dos servidores afirmavam que estão há sete anos sem reajuste e cobram uma resposta do governador.

Demais servidores

A proposta do Governo de Minas também tenta socorrer o Ipsemg a partir de mudanças na contribuição dos demais servidores do Executivo. Com o aumento da arrecadação, a promessa é que haja abertura de leitos, melhorias na infraestrutura, além da ampliação da assistência eletiva e nos exames ofertados pela rede em todo o Estado. Para esse ano, o Ipsemg tem um déficit estimado de R$ 200 milhões.

Segundo o texto do projeto, haverá mudanças no piso e no teto pago pelos usuários. A previsão é que haja um acréscimo de 81,8% na tarifa. De acordo com a proposta, o piso passará de R$ 33 para R$ 60, enquanto o teto aumentará de R$ 275,15 para R$ 500. Já em relação a contribuição dos usuários com idade a partir de 59 anos, será criada uma alíquota adicional de 1,2%.  

O PL prevê também o fim das isenções para filhos menores de 21 anos. A alíquota de contribuição será de 3,2% e irá abranger dependentes até 38 anos – hoje a assistência é válida para os filhos com até 35 anos. A estimativa do Ipsemg é que atualmente mais de 140 mil crianças e adolescentes utilizam a rede sem contribuição.

Outro ponto previsto na proposta é em relação aos valores pagos por cônjuges. A alíquota permanecerá de 3,2% da remuneração do titular, mas o teto de R$ 500 irá considerar a contribuição dos dois servidores. Hoje, cerca de 40 mil cônjuges não pagam o valor completo da contribuição por conta do teto. A distorção acontece, principalmente, para os servidores com maiores salários, já que na estrutura de financiamento atual, à medida que a remuneração aumenta, a contribuição reduz.  

INSS perde ação judicial e terá que pagar R$ 2,4 bilhões em atrasados; confira

Sede do INSS — Foto: Agência Brasil/Divulgação

Os segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que ganharam ação de concessão ou revisão do benefício calculadas em até 60 salários mínimos, chamadas de RPVs (Requisições de Pequeno Valor), podem ter direito de sacar os valores. Em abril, o CJF (Conselho da Justiça Federal) liberou R$ 2,4 bilhões para pagar atrasados previdenciários e assistenciais a 257,9 mil beneficiários que ganharam 205,6 mil processos contra o instituto. Após a liberação, o repasse aos segurados ou seus advogados é feito pelos TRF (Tribunais Regionais Federais), que abrem contas em nome dos beneficiários e disponibilizam o dinheiro.

Para entrar no lote que foi liberado em abril, o processo precisa ter chegado totalmente ao final, sem nenhuma possibilidade de recurso por parte do INSS. Além disso, a ordem de pagamento do juiz deve ter uma data do mês de março. A consulta para saber se teve o dinheiro liberado é feita no site do TRF de sua região. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a checagem é feita pelo site do TRF-3 (Tribunal Regional da 3ª Região): trf3.jus.br. Segundo o tribunal, os pagamentos liberados em abril já passou pela etapa de processamento. Isso significa que já foram abertas contas e o dinheiro está disponível.

As contas são abertas no Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil em nome do segurado ou de seu advogado. Isso porque processos abertos no Juizado Especial Federal de até 60 salários não precisam de advogado como representante do beneficiário, a não ser que o INSS recorra. Neste caso, é preciso nomear um defensor. As RPVs deste ano terão dois limites. Até o dia 30 de abril, valem R$ 78.120, com salário mínimo em R$ 1.302 que vigorou no país de 1º de janeiro até então. A partir de 1º de maio, com o reajuste do mínimo publicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que subiu para R$ 1.320, o valor muda para R$ 79,2 mil.

COMO FAZER A CONSULTA PARA SABER SE VOU RECEBER MINHA RPV?

A consulta é feita no site do tribunal informando CPF do segurado ou número da OAB do advogado. Também é possível fazer a conferência por meio do número do processo. Para saber se vai receber neste lote, é preciso observar o mês que aparece no campo “Data protocolo TRF”. Recebem em março os segurados que tiveram o atrasado liberado pelo juiz em fevereiro. Após o pagamento, aparecerá a informação “pago total ao juízo”.

QUEM TEM DIREITO AOS ATRASADOS DO INSS?

Têm direito aos atrasados os segurados que processaram o INSS e ganharam a ação, sem possibilidade de recurso. Além disso, o dinheiro só sai após a ordem do juiz para que se pague o valor. É preciso que o processo seja de até 60 salários mínimos, pois atrasados com valores maiores viram precatórios, que têm um outro sistema de pagamento, com liberação em apenas um lote por ano.

As RPVs são referentes à concessão ou revisão de:

  •  Aposentadoria
  •  Pensão por morte
  •  Auxílio-doença
  •  BPC (Benefício de Prestação Continuada)

Para o trabalhador que pede a revisão do benefício, os valores atrasados são de até cinco anos antes do pedido, seja no INSS ou na Justiça. O beneficiário ganha, de forma acumulada, a soma das diferenças mensais entre o benefício que estava recebendo e a quantia correta a que tinha direito.

Já quem aguarda a concessão do benefício, recebe os atrasados desde a data inicial do pedido. Veja ao lado o calendário completo de pagamentos dos atrasados.

POR QUE AS RPVS SÃO CHAMADAS DE ATRASADOS?

Porque se tratam de valores que deveriam ter sido pagos pelo INSS em determinado momento, mas não foram liberados na data correta. Isso ocorre quando o instituto libera um benefício de valor menor, mas o cidadão tinha direito a renda maior, ou quanto o INSS nega a concessão, mas, depois, a Justiça reconhece o direito. Como esse dinheiro é pago somente depois da data em que o cidadão tinha direito, geralmente após processo judicial, o montante é chamado de valor atrasado ou valor retroativo.

Quando pede um benefício e a concessão demora a ser feita, há direito ao pagamento pela espera. No posto do INSS, esses valores caem na conta do benefício. Mas, quando é preciso procurar a Justiça, o processo é diferente. É preciso ganhar a ação, ter ordem de pagamento emitida pelo juiz e, só então, a RPV é gerada. (CRISTIANE GERCINA/Folhapress)

QUANTO SERÁ PAGO DE ATRASADOS DO INSS EM CADA REGIÃO DO PAÍS?

TRF da 1ª Região (DF, MG, GO, TO, MT, BA, PI, MA, PA, AM, AC, RR, RO e AP) 

  •  Geral: R$ 1.225.520.120,82
  •  Previdenciárias/Assistenciais: R$ 945.532.207,50 (86.388 processos, com 100.876 beneficiários)

TRF da 2ª Região (RJ e ES)

  •  Geral: R$ 251.883.055,26
  •  Previdenciárias/Assistenciais: R$ 194.028.422,79 (16.796 processos, com 21.796 beneficiários)

TRF da 3ª Região (SP e MS) 

  •  Geral: R$ 606.603.561,41
  •  Previdenciárias/Assistenciais: R$ 383.350.121,44 (22.104 processos, com 27.974 beneficiários)

TRF da 4ª Região (RS, PR e SC)

  •  Geral: R$ 689.759.168,80
  •  Previdenciárias/Assistenciais: R$ 586.930.560,97 (58.724 processos, com 72.874 beneficiários)

TRF da 5ª Região (PE, CE, AL, SE, RN e PB) 

  •  Geral: R$ 344.214.053,25
  •  Previdenciárias/Assistenciais: R$ 255.937.061,97 (21.618 processos, com 34.384 beneficiários)
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