Jornal Folha Regional

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas

Cerca de 200 especialistas estão confirmados nesta edição; qualificação técnica garante isenção e dá credibilidade ao julgamento

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação

Juana Girolimini tem 27 anos e mora em um pequeno povoado, na província de Buenos Aires, na Argentina. Sempre interessada em queijos, se formou em técnica em laticínios (Córdoba) e se especializou na área na Universidade de Santiago de Compostela (Espanha); seguindo logo após para a França, onde teve a oportunidade de estudar no Centro Lácteo ENILBIO e na Universidade IUT Nancy Brabois. “Esta formação me permitiu conhecer, aprender e me especializar no fascinante aspecto técnico dos queijos. Inclusive aprendi o português para descobrir mais sobre a cultura queijeira do Brasil”, conta.

A argentina já participou como jurada de vários concursos de queijos, mas ressalta a importância do Concurso Internacional ExpoQueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards – como uma referência para o setor em todo o mundo. “É um evento de muita importância para os produtores do Brasil, mas também para os produtores estrangeiros, já que convoca produtores de diferentes países como Argentina, Uruguai, Itália e muitos outros. A ExpoQueijo é a reunião dos amantes do bom queijo, unidos para celebrar o trabalho diário. Tenho a honra de participar como jurada pelo segundo ano consecutivo”, destaca.

Juana representa bem o perfil dos quase 200 jurados que vão avaliar os mais de mil queijos inscritos nesta edição do concurso. “Temos a honra de dizer que todos os jurados são técnicos, especialistas na área. Aqui não temos produtores julgando queijos. A seleção é estritamente criteriosa e, muitos deles são indicados diretamente por entidades sérias e governamentais como o IMA e a Emater”, destaca a organizadora do evento, Maricell Hussein.

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação

O Concurso Internacional da ExpoQueijo Brasil será novamente coordenado pela equipe da EPAMIG – Instituto de Laticínios Cândido Tostes (EPAMIG ILCT), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa). Segundo o secretário da pasta, Thales Fernandes, além de um processo seletivo rigoroso, todos os jurados passam por um balanceamento junto aos profissionais da Epamig. “Temos um curso de formação especialmente elaborado para eles e que nos garante explorar ao máximo o conhecimento de cada integrante do corpo de jurados. Vale ressaltar ainda que, para cada etapa, haverá uma equipe diferente de julgadores, de forma a manter a credibilidade das notas.”, explica.

Experiência

Muitos jurados participam do Concurso Internacional da ExpoQueijo Brasil desde a primeira edição. É o caso da médica veterinária Valdeane Cerqueira, que atua na indústria de produtos de origem animal e correlatos há mais de 20 anos. “A primeira experiência como jurada na ExpoQueijo foi no final da pandemia, em 2021. O evento marcou para mim o regresso das atividades presenciais, foi inesquecível ter novamente o contato humano, a troca de experiências, as risadas, novas amizades…um grande recomeço”, relembra.

Para a especialista, participar do evento é sempre um marco. “A expectativa para a ExpoQueijo Brasil é sempre muito grande por se tratar de um evento que cresce a cada ano e que nos surpreende pela inovação no formato, mantendo a qualidade. É um concurso que destaca com notoriedade os produtores e suas histórias contadas através dos seus queijos. Será sempre um orgulho poder colaborar com o crescimento e reconhecimento deles”, ressalta.

A gastrônoma Sarah Biaggi participa do corpo de jurados pela terceira vez. Ela traz para o grupo, a experiência acadêmica e profissional. “Sabores, aromas, texturas, cheiros, gostos e suas combinações trazem possibilidades infinitas em harmonizações e tudo isso me cativou desde pequena. Cuidados no preparo, estética dos pratos e dos alimentos e a cultura alimentar de outros países são razões que motivaram para aprofundar o estudo da alta gastronomia e vários cursos na área de alimentos, entre eles o processamento do leite. Estou muito animada para, mais uma vez, dar o meu melhor!”, diz.

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação

Outras atrações

Além do Concurso Internacional, a ExpoQueijo Brasil 2024 – Araxá International Cheese Awards – conta com uma Feira Internacional de Negócios com estandes que valorizam o consumo de produtos da agricultura familiar. O Fórum Internacional desenvolve uma agenda de palestras, conferências e mesas de debate sobre inovações, métodos e práticas para melhorar a qualidade e agregar valor comercial ao queijo artesanal regularizado, entre outros produtos da gastronomia rural. A vila gastronômica e cultural promove uma experiência sensorial na degustação de queijos artesanais harmonizados com outras iguarias da culinária regional. Uma celebração dos sabores e da cultura, com música ao vivo, mostras e exposições.

ExpoQueijo Brasil

Principal evento do segmento nas Américas, a ExpoQueijo Brasil 2024 – Araxá International Cheese Awards tem reconhecimento e participação dos principais países produtores, atraindo a atenção da comunidade internacional, de especialistas e da imprensa. O encontro conta com uma grande estrutura montada no pátio principal e nos luxuosos salões do Grande Hotel e Termas de Araxá, patrimônio cultural e histórico de Minas Gerais.

Neste ano, a ExpoQueijo será realizada entre os dias 27 e 30 de junho e se prevê que tenha um impacto positivo em diversas áreas, como o turismo, varejo, agropecuária, logística, indústria alimentícia e de suprimentos e relações internacionais.

O evento é realizado pela Bonare Eventos, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura; Ministério da Cultura, Governo Federal e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Governo de Minas Gerais. Conta com o patrocínio da CBMM, Copasa, Cemig, McCain, Sebrae, Sistema Ocemg e Sicoob Crediara. Tem parceria com associações de produtores de queijos e apoio de todas as instituições de fomento do agronegócio, com destaque para o Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Superintendência Federal de Agricultura MG; Governo de Minas, por meio da Seapa – Emater-MG, Epamig, IMA; Entreposto de Laticínios São Pedro, CCPR, Senar, Faemg e Prefeitura de Araxá. A Epamig – Instituto de Laticínios Cândido Tostes (EPAMIG ILCT), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) – Governo de Minas Gerais – é a entidade mantenedora da Expoqueijo Brasil 2024.

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação

Serviço

ExpoQueijo Brasil 2024 – Araxá International Cheese Awards

Data: 27 e 30 de junho

Local: Grande Hotel e Termas de Araxá. Rua Águas do Araxá, sem número – bairro Barreiro, Araxá (MG)

Mais informações: www.expoqueijobrasil.com.br

ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas - Foto: divulgação
ExpoQueijo Brasil: jurados nacionais e internacionais se preparam para o maior concurso das Américas – Foto: divulgação

PRF apreende carga de uma tonelada de queijo canastra impróprio para consumo

PRF apreende carga de uma tonelada de queijo canastra impróprio para consumo - Foto: divulgação/PRF
PRF apreende carga de uma tonelada de queijo canastra impróprio para consumo – Foto: divulgação/PRF

Um caminhão carregado com uma tonelada de queijo da canastra foi apreendido na madrugada da última quarta-feira (12) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-153, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. O produto estava armazenado em um caminhão baú com placas de Minas Gerais.

Segundo a PRF, os produtos estavam em condições precárias de armazenamento, com moscas, odor forte e material de uso pessoal sobre a carga.

A mercadoria não tinha notas fiscais e nem documentos que comprovassem a origem do produto.

Mais de 900 peças de queijo não possuíam nenhum rótulo e 80 possuíam rótulo de embalagem com selo de inspeção e CNPJ de uma empresa que não tinham autorização para comercializar produto de origem animal.

De acordo com informações da PRF, os produtos seriam comercializados no município de São José do Rio Preto.

A vigilância sanitária da Prefeitura de Rio Preto inspecionou a carga e confirmou que o transporte estava irregular.

Todo queijo foi apreendido e destinado para descarte.

Produtores da Canastra participam do Festival do Queijo Artesanal de Minas, no Expominas

Evento será promovido de 13 a 15 de junho, em BH, com o intuito de apresentar a variedade da produção no estado e valorizar o trabalho de pequenos produtores

Por Thiago Carvalho

Produtores da Canastra participam do Festival do Queijo Artesanal de Minas, no Expominas - Foto: divulgação
Produtores da Canastra participam do Festival do Queijo Artesanal de Minas, no Expominas – Foto: divulgação

Sete produtores de queijo da região da Canastra, apoiados pelo Sebrae Minas, vão participar da 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas, entre os dias 13 e 15 de junho, no Expominas, em Belo Horizonte. O evento, que divulga as características únicas dos queijos produzidos no estado, confere ainda mais visibilidade à região que reúne as cidades de São Roque de Minas, Medeiros, Vargem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis, Bambuí e Piumhi.

O produtor Miguel Marcelio Faria, de São Roque de Minas, é um deles. A receita do legítimo queijo Canastra está na família dele há gerações. Ele conta que aprendeu a produção com os pais que, por sua vez, receberam o aprendizado dos avós dele. “Na minha infância, a produção era de 1 kg de queijo por dia. Na época das águas (chuva intensa), chegava a 3 kg. A gente comia queijo três vezes ao dia: no café da manhã, no almoço com macarrão ou abóbora, e à noite. O amarelinho (queijo curado) era vendido”, lembra.

Hoje, o Queijo do Miguel é reconhecido em todo o país. Há sete anos, conquistou o Selo Arte – assegura que o produto alimentício de origem animal é elaborado de forma artesanal. O produtor também foi um dos primeiros a receber o Selo de Caseína, que traz informações sobre a origem do queijo, o método produtivo, e resguarda e valoriza a conquista das chancelas de Indicação Geográfica (IG), dos produtores de queijo da Canastra, no Centro-Oeste do estado. A estratégia apoiada pelo Sebrae Minas evita falsificações e promove diferenciais competitivos no mercado.

No festival, o produtor vai expor peças do queijo Canastra Tradicional e do Extra Maturado, com variações de maturação entre seis meses e um ano. “Participei de todas as edições do Festival. O apoio do Sebrae Minas fortalece ainda mais os produtores da Canastra, por isso, não perco essa oportunidade”, afirma.

De acordo com o gerente executivo da Associação dos Produtores do Queijo Canastra (Aprocan), Higor Freitas, a participação dos produtores no Festival do Queijo Artesanal de Minas tem o objetivo de promover uma experiência cultural e gastronômica para todos os visitantes do evento. “O queijo da Canastra tem mais de 200 anos de tradição, e se mantém ‘vivo’ a cada geração. Esperamos agradar a todos os paladares com o sabor único e especial do queijo artesanal produzido na nossa região, e possibilitar uma conexão entre o consumidor e o produtor”, destaca.

PRODUTORES DO QUEIJO CANASTRA PARTICIPANTES DO FESTIVAL:

Queijaria Pedacin da Serra – Medeiros

Produtora: Francielle Cristina Leite

A queijaria Pedacin da Serra existe desde março de 2020, mas o queijo está presente na família da produtora há cinco gerações. Após atuar por dez anos no setor de Engenharia Civil, ela optou por se dedicar 100% à queijaria, que teve o produto premiado com medalha de Ouro no Mundial do Queijo do Brasil 2024, em São Paulo. “Acredito que teremos uma boa visibilidade, assim como ocorreu em edições anteriores, com acesso a novos mercados”, ressalta.

Queijaria Pontevelhano – Medeiros

Produtor: Marcos da Cunha Lana

A produção do queijo é feita na fazenda que pertenceu ao avô do produtor, adquirida em 1984. No ano de 2015, Marcos Lana passou a residir em Medeiros, realizando diversas melhorias na propriedade. Cinco anos depois, a queijaria foi inaugurada, e a conquista do Selo Arte veio em 2022. “Será a primeira participação no festival. Além de apresentar nossos produtos para o público de BH, quero estabelecer uma rede de relacionamento com produtores e comerciantes”, conta.

Queijaria Capela Velha – São Roque de Minas

Produtor: Guilherme Henrique Silva

A queijaria surgiu da necessidade de agregar valor à maturação do queijo Canastra, em uma infraestrutura adequada à legislação federal para produtos artesanais. A expectativa com o evento é gerar novos negócios, além do relacionamento direto com o cliente final e com produtores de outras regiões do estado. “Será uma oportunidade de trocar experiências e memórias com os amigos queijeiros. O público é intenso e a organização grandiosa, fato que torna o festival o maior evento queijeiro do estado, e um dos principais do país”, diz.

Tradição da Canastra – São Roque de Minas

Produtores: José Gabriel da Silva e Edna Barreto

O negócio teve início em 2015, idealizado pelo produtor José Gabriel, nascido em São Roque de Minas. Aos 17 anos, ele foi estudar Engenharia, em Belo Horizonte, e a família continuou no interior, dedicada à produção do queijo Canastra. Após a morte dos pais, a fazenda foi vendida. Tempo depois, José Gabriel retornou à cidade, comprou parte da propriedade que foi dos pais e iniciou a produção de leite. Hoje, produzindo queijo, mantém a tradição da família e a memória dos antepassados. “Espero poder divulgar nosso queijo para todo o estado, com bons resultados de vendas e novos contatos”, conta.

Queijaria Irmãos Faria – São Roque de Minas

Produtores: Leonardo Faria, Fernando Faria e Rafaela Faria

A queijaria Irmãos Faria nasceu há cinco anos, mas a tradição do queijo Canastra na família tem muitas décadas. O início foi com o bisavô dos irmãos Leonardo, Fernando e Rafaela. “Esta é a primeira vez que participamos do festival. Vamos levar nosso melhor queijo, premiado com a medalha Super Ouro, no Mundial do Queijo realizado no Brasil. Esperamos conhecer outros produtores e trocar experiências em BH”, destaca Leonardo.

Queijaria Lobeira – Bambuí

Produtora: Mariana Urquiza Veloso

A empresa surgiu da paixão da produtora pela iguaria. Na época, Mariana Veloso era advogada e morava em São Paulo. Em 2019, decidiu mudar de vida, adquiriu a fazenda e investiu na queijaria. “O Festival é o maior evento queijeiro do nosso estado. Será uma excelente oportunidade para apresentar meus queijos, conhecer outras regiões queijeiras e estabelecer contato com produtores, clientes e lojistas”, afirma.

Festival do Queijo Artesanal de Minas

A 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas é promovida pelo Sebrae Minas e Sistema Faemg Senar, com o apoio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais (Seapa) e da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo). A programação inclui palestras e seminários técnicos, oficinas de harmonização, Agenda de Relacionamento e votação popular para escolha do melhor queijo do festival. Haverá, ainda, a venda de produtos da agroindústria mineira, além da degustação de pratos preparados por chefs renomados, que utilizarão os queijos produzidos em 13 regiões do estado como ingredientes principais. Informações: festivalqam.com.br.

SERVIÇO

6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas

Local: Expominas (Av. Amazonas, 6020 – Gameleira, Belo Horizonte)

Data: 13/6 – 12h às 22h

14/6 – 12h às 22h

15/6 – 10h às 22h

Mais informações e ingressos gratuitos: www.festivalqam.com.br

Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais

Estratégia, apoiada pelo Sebrae Minas, oferece mais segurança para o consumidor e garante a rastreabilidade dos produtos

Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais - Foto: reprodução
Produtores da Canastra e do Serro usam selo de procedência para assegurar a origem dos queijos artesanais – Foto: reprodução

Para resguardar a origem dos Queijos Minas Artesanais (QMA) e valorizar a conquista das chancelas de Indicação Geográfica (IG), produtores de queijo da Canastra, no Centro-Oeste do estado, e do Serro, no Vale do Jequitinhonha, apoiados pelo Sebrae Minas, estão utilizando selos de procedência para evitar falsificações e criar diferenciais competitivos no mercado.

Tanto o Serro como a Canastra conquistaram, respectivamente em 2011 e 2012, a IG na modalidade de Indicação de Procedência (IP), conferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A chancela reconhece a autenticidade dos queijos produzidos em determinada região, valorizando a cultura e a tradição local, impulsionando o desenvolvimento econômico do território e fortalecendo a reputação regional.

“O reconhecimento de regiões produtoras delimita as áreas de produção e permite que os produtores se organizem e direcionem ações para a conquista de novos mercados. Ao mesmo tempo, viabiliza o apoio de instituições e entidades de fomento e extensão rural. Além disso, a notoriedade do queijo e as características de cada região permite que o consumidor passe a valorizar não só o produto em si, mas as histórias e tradições de onde ele é originado”, afirma o analista do Sebrae Minas, Ricardo Boscaro.

Em 2017, após uma missão internacional para a França, lideranças da Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan) conheceram uma nova tecnologia para evitar a falsificação de queijos. A solução trata-se de uma etiqueta a base de uma proteína comestível do próprio leite (caseína) e carbono vegetal, incorporados ao queijo durante o processo de produção. A etiqueta de caseína da Canastra é o próprio Selo da Indicação de Procedência, que contém um código numérico único, que ao ser inserido no site da Aprocan, identifica o produtor,  local de origem e o dia da fabricação.

“O objetivo da etiqueta de caseína é controlar e proteger a produção do legítimo queijo da Canastra, funcionando como uma ferramenta de identificação de cada peça produzida, que é única. Permite aos produtores comprovar a procedência e a legitimidade dos queijos produzidos nos municípios que, reconhecidamente, fazem parte da região da Canastra – São Roque de Minas, Medeiros, Vargem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis, Bambuí e Piumhi -, além de inibir a falsificação e permitir sua rastreabilidade”, explica Boscaro.

Para receber o selo, o produtor tem que cumprir uma série de requisitos do Caderno de Especificações Técnicas da IG, entre elas, apresentar registro sanitário e seguir os padrões sensoriais do produto.  Atualmente, cerca de 45 dos 800 produtores da região utilizam o selo da Indicação de Procedência (IP).

Fortalecimento do território

Em março deste ano, quatro produtores de queijo da região do Serro, receberam os primeiros selos que comprovam a procedência e a legitimidade do modo de fazer queijo artesanal em 10 municípios que formam a área delimitada pela IG. Como na Canastra, o selo permite a rastreabilidade do produto inibindo possíveis falsificações.

O selo de procedência – adesivado na embalagem dos produtos – possui a marca da região, a identidade da Indicação de Procedência (IP), um QR Code e um código numérico, que identificam o produtor e a peça fabricada, e que podem ser consultados no site da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs).

Outros quatro produtores já estão em processo de análise. Aqueles que produzem queijo na região e queiram pleitear o selo devem cumprir as normas estabelecidas no Caderno de Especificações Técnicas, além de passarem por visitas de verificação que comprovem que o produtor segue as especificações exigidas. “Os selos valorizam a origem e fortalecem a representatividade do queijo do Serro no mercado, possibilitando o aumento da renda do produtor e, consequentemente, a melhoria da sua qualidade de vida”, conta Boscaro.

QMA

Atualmente, 15 regiões de Minas Gerais produzem queijos artesanais a partir do leite cru (in natura) e sem nenhum processo mecânico/industrial. Dessas, 10 regiões – Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro – produzem o tipo Queijo Minas Artesanal (QMA), em pequenas propriedades rurais, utilizando receitas tradicionais e familiares, que preservam a identidade cultural do povo mineiro. 

Para preservar essa tradição e garantir a qualidade do produto, o ‘modo de fazer’ do QMA tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008. No final deste ano, esse reconhecimento poderá ser internacional com a conquista do título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A candidatura é apoiada pelo Sebrae Minas.

Festival 

O Sebrae Minas e o Sistema Faemg Senar promovem, entre os dias 13 a 15 de junho, a 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas (FQAM). O evento é realizado no Expominas, em Belo Horizonte. A programação do festival é voltada tanto para produtores de queijo quanto para apreciadores da iguaria. Entre as atividades, palestras e seminários técnicos, oficinas de harmonização, Agenda de Relacionamento votação popular para escolha do melhor queijo do festival, venda de produtos da agroindústria mineira, além da degustação de pratos preparados por chefs renomados, que utilizarão os queijos produzidos no estado como ingredientes principais. Informações: festivalqam.com.br.

SERVIÇO

6º Festival do Queijo Artesanal de Minas (FQAM)

Dias 13 e 14 de junho (quinta e sexta-feira), das 12h às 22h, e dia 15 de junho (sábado), das 10h às 22h.

Expominas – Avenida Amazonas, 6.200 – Gameleira

Belo Horizonte/MG

Inscrições: festivalqam.com.br

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

A cidade de Ipanema, no Vale do Rio Doce, registrou, neste sábado (1/6), o recorde de maior queijo padrão do mundo. A marca de 2.870 quilos foi alcançada durante a realização da 14ª Festa do Queijo, maior e mais importante evento do município.

Ainda durante o evento, os produtores locais também superaram os recordes de maior doce de leite, maior queimadinha e, pela primeira vez, do maior pão de queijo feito no planeta. As novas marcas registradas substituem os resultados obtidos no ano passado e que já pertenciam a cidade.

Todos os produtos foram pesados e auditados por representantes do livro dos recordes.

O vice-governador Professor Mateus esteve na cidade em uma série de compromissos e destacou a importância da Festa do Queijo de Ipanema no calendário de eventos de Minas Gerais. Para ele o evento une dois dos principais potenciais do estado, a agropecuária e a gastronomia.

“Para nós é uma alegria saber que Ipanema vem se destacando em tantos setores. Essa é uma festa muito bacana, que celebra, de uma só vez, duas das marcas mais relevantes de Minas Gerais. Por um lado, a sua produção da agropecuária, tanto o nosso doce de leito, quanto a queimadinha, quanto o pão de queijo, quanto o queijo em si, são fruto da nossa produção agrícola, que representa 25% de toda a riqueza produzida nesse estado. Por outro, temos a nossa cozinha, que é talvez a maior riqueza reconhecida de Minas Gerais”, celebra.

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, participou do momento de pesagem e partilha dos produtos para os turistas e moradores que lotaram a Praça da Paz, no centro de Ipanema. Ele destacou a importância da festa no calendário cultural de Minas.

“Ter a Festa do Queijo no nosso calendário é muito importante, pois ela sintetiza muito Minas Gerais, com o maior queijo, o maior doce, a maior queimadinha, e agora o maior pão de queijo. É a certeza de sucesso, porque mexe os nossos corações”, destaca.

Recordes

Em 2024, a empresa ‘Laticínio Dois Irmãos’ produziu o maior queijo do planeta, usando 28 mil litros de leite, a fim de quebrar o recorde do ano passado, com utilização de 26 mil litros. A expectativa era que o peso do queijo ultrapassasse os 2,7 mil quilos, atingidos em 2023. E a meta foi alcançada, a peça passou dos 2,8 mil quilos.

Para Matheus Nascimento, gerente do laticínio detentor do recorde, todo ano eles tentam se superar para não deixar que o título de maior queijo do mundo saia de Ipanema.

“É muita responsabilidade, e a gente fica muito apreensivo, porque é um recorde que é nosso, mas a gente sempre busca bater ele mesmo. Por mais que a gente planeje tudo, fica ainda naquela ansiedade, ‘será que vai bater, será que não vai, como que vai ser’. Mas, graças a Deus, até hoje a gente conseguiu obter e o sucesso nos recordes”, conta.

O doce de leite é outro produto que também ficou famoso na festa pelo seu tamanho e sabor. A fábrica de doces Nhá Nair é a responsável por confeccionar, desde 2013, o maior doce de leite do mundo. Neste ano, para superar a marca anterior, foi utilizado cerca de 2,5 mil litros de leite e 700 quilos de açúcar.

O responsável pela produção do doce, Marlúcio Venância, destaca que, além do tamanho do doce, eles prezam também pela qualidade. Mesmo sendo uma peça gigante, o sabor continua sendo irresistível.

“Ele não pode ser só o maior, tem que ser o melhor também. A intenção é manter a qualidade, a gente busca manter o sabor dos nossos produtos, mesmo sendo uma quantidade muito alta. É uma oportunidade de adoçar a boca de todo mundo”, explica.

Nesta edição, o maior doce de leite do mundo pesou 1.210 quilos, superando 1.070 quilos do ano passado. Por sua vez, o queimadinho produzido em Ipanema atingindo a marca de 1.550 litros.

Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo - Foto: Marco Evangelista
Cidade mineira bate recorde de maior queijo do mundo – Foto: Marco Evangelista

Novidade

Um outro produto tipicamente mineiro também entrará no livro dos recordes neste ano. O pão de queijo de 4,03 kg, feito pelo salgadeiro Heraldo Borelli e sua esposa, foi considerado o maior já produzido no planeta. Pela primeira vez, a iguaria do nosso estado tem destaque na festa em Ipanema.

“Esse experimento de fazer o pão de queijo gigante está sendo um desafio pra gente, tem dois meses que estamos testando. Está sendo muito grandioso, como experiência pra gente. Eu pedi a Deus que abençoe essa novidade da festa. Que está todo mundo esperando”, conta Borelli.

Festa do Queijo

A ideia inicial, na primeira edição, em 2010, era criar um evento de valorização e desenvolvimento agropecuário, uma vez que Ipanema está situada em uma bacia leiteira importante para o estado. 

A secretária de Comércio, Indústria e Turismo da Prefeitura de Ipanema, Ana Carolina Alencar Queiroz Rodrigues, contou que a Festa do Queijo, além de alcançar o que pretendia no início, “foi ganhando mais notoriedade, incentivou o aumento da produção e melhorou a qualidade do leite. A festa traz empreendedorismo, valoriza o artesanato local e o produtor rural”. 

O evento é gratuito, organizado pela Prefeitura Municipal de Ipanema, e conta com o apoio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Durante os dias de festa, teve shows e partilha dos produtos (queijo, doce de leite, queimadinha e pão de queijo) entre as atrações.

O IMA, autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), registra e inspeciona estabelecimentos que processam produtos de origem animal, e participou ativamente de toda etapa de produção – desta e das edições anteriores. 

PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG

PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG - Foto: Divulgação/PMMA
PMMA apreende mais de meia tonelada de queijo impróprio para consumo e sem nota fiscal em MG – Foto: Divulgação/PMMA

Na última sexta-feira (17), a Polícia Militar de Meio Ambiente apreendeu 530 kg de queijos durante uma operação na BR-352, na zona rural de Pitangui (MG). Dois homens que transportavam os produtos em uma caminhonete foram detidos.

A operação aconteceu em parceria com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Segundo a PMMA, durante abordagem, os militares constataram que cerca de 50 queijos possuíam rótulos com selos falsificados do IMA. Os produtos também não tinham nota fiscal e não estavam em condições de consumo humano.

A carga foi inutilizada com creolina, antisséptico e descartada no aterro controlado de Pitangui.

O motorista e passageiro da caminhonete foram encaminhados para a delegacia.

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional - Foto: divulgação
Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O queijo brasileiro Morro Azul, produzido no Laticínios Pomerode, em Santa Catarina, foi eleito o melhor do mundo em uma competição internacional.

O 3° Mundial do Queijo do Brasil foi realizado em São Paulo e avaliou mais de 1.900 produtos com um júri de 300 especialistas do ramo.

Feito com queijo de leite de vaca, o Morro Azul é super cremoso e tem uma casca mofada. Além do produto, outros queijos brasileiros tiveram destaque na competição. Veja o ranking dos 15 melhores abaixo!

Morro Azul

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O Morro Azul é produzido na cidade de Pomerode, pelos irmãos Juliano e Bruno Mendes.

Acumulando prêmios em várias competições, o produto foi eleito como o Melhor Queijo da América Latina, em 2023, no World Cheese Awards, Noruega.

Enrolado em uma cinta de madeira, o Morro Azul é um produto muito suave e cremoso.

Predominam notas manteigas e lácteas, o queijo é livre de lactose, uma vez que a mesma é eliminada naturalmente durante a maturação.

A premiação

Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional - Foto: divulgação
Queijo brasileiro é eleito o melhor do mundo em competição internacional – Foto: divulgação

O concurso foi realizado em duas etapas. Na primeira, o Mundial premiou 598 queijos e produtos lácteos com medalhas.

Ao todo, foram distribuídas 99 medalhas Super Ouro, 149 de Ouro, 150 de Prata e 200 de Bronze.

Após a primeira seleção, os 99 queijos Super Ouro receberam notas de 3 a 7, e o mais bem pontuado foi o Morro Azul.

Mas ele não estava só, os brasileiros marcaram forte presença entre os 15 primeiros.

Top 15 dos melhores queijos do mundo

Abaixo do Morro Azul ficaram os suíços, Le Gruyère AOP Rèserve, Guillot Vincent e Le Gruyère d’alpage AOP7, Stefan Konin.

Veja o top 15 abaixo:

  1. Morro Azul, Pomerode Alimentos, Brasil
  2. Le Gruyère AOP Rèserve, Guillot Vincent, Suíça
  3. Le Gruyère d’alpage AOP7, Stefan Konin, Suíça
  4. Doce de Leite Du’Vale, Rodrigo Do Vale Nogueira, Brasil
  5. Le Gruyère AOP Classic, Loic Pillor, Suíça
  6. Gigante do Bosque Florido, Heloisa Collins, Brasil
  7. Queijo Irmãos Faria, Rildo de Oliveira Faria, Brasil
  8. Vale do Testo, Pomerode Alimentos, Brasil
  9. Quina, Erico Kolya, Suíça
  10. Le Gruyère d’alpage AOP, Famille Cèdric Rochat, Suíça
  11. Manteiga Ghee Delícia da Cabrita, Marcelo Lopes, Brasil
  12. Ancestral das Vertentes, Edson da Costa Cardoso, Brasil
  13. Névoa das Vertentes Premium, Edson da Costa Cardoso, Brasil
  14. Azul Britânnia, Carolina Vilhena, Brasil
  15. Queijo Rouelle, Alisson Hauck Dornellas de Castro, Brasil

Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente

Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente - Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula presenteia presidente da França com queijo de Piumhi, premiado internacionalmente – Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva presenteou o presidente da França, Emmanuel Macron, com cinco queijos brasileiros premiados, entre eles está o queijo Canastra do Serjão, produzido em Piumhi (MG).

O queijo do Serjão foi bronze no Mondial Du Fromage na França em 2019 e, em 2021, ganhou o Super Ouro na mesma competição.

Produzido por Sérgio de Paula Alves, tem a casca crocante e enrugada devido ao mofo branco que se instala naturalmente no queijo.

Desde 2008, o queijo Canastra é considerado patrimônio cultural imaterial brasileiro, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além do Queijo Canastra do Serjão, Lula também incluiu na seleção outros queijos mineiros, como o Goa Moderado de Aiuruoca, o Maranata Bronze de Virgínia, e o Lua Cheia de Bueno Brandão, bem como o Queijo da Ilha de Marajó (PA) e o Cuesta, de Pardinho (SP).

“Presenteei o presidente Macron com cinco dos melhores e mais premiados queijos brasileiros, inclusive reconhecidos na França, para que ele possa me dizer o que achou deles. Acho que ele vai gostar”, comentou Lula.

O presente foi dado na quinta-feira (28) em um evento em Brasília (DF) que marcou o último dia da passagem de Macron pelo Brasil.

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado - Foto: Divulgação / Acifranca
Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado – Foto: Divulgação / Acifranca

De casca ‘florida’ pelo mofo naturalmente formado pela microbiota da Serra da Canastra e maturação de 30 dias, o queijo “Névoa da Canastra”, produzido pela Queijaria Quintal do Glória, em São João Batista do Glória, conquistou medalha de prata na 6ª edição do Mondial du Fromage, em Tours, na França e tem atraído a atenção de especialistas e dos consumidores.

De acordo com informações do Portal da Associação do Comércio e Indústria de Franca (ACIF), o concurso foi realizado em setembro do ano passado e teve cerca de 1,6 mil queijos inscritos. “Já enviamos o queijo até para os Estados Unidos”, conta a produtora Nilseia dos Santos Rosa Vilela, 47, que começou a produção há seis anos, quando decidiu, junto com o marido, Renato Vilela, ir morar no sítio da família, atuar com produtos orgânicos e comercializá-los nas escolas da cidade.

“Fui atrás da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) para tratar dos orgânicos e eles estavam precisando de pessoas para completar a turma de fabricação de queijos. Fui. Meu tio, que mora próximo ao nosso sítio, comentou com o Renato que não me via há alguns dias e quis saber se eu estava doente, mas, meu marido contou que eu estava envolvida com as atividades do curso e ele se surpreendeu, perguntou se iríamos fabricar queijo. O Renato disse: que jeito, tio Célio? A gente não tem dinheiro nem ‘pra’ comprar as vaquinhas. No outro dia, lá chegou o tio Celio com cinco delas. E não é tradição na minha família, ninguém nunca fabricou queijo, então eu nunca tinha imaginado produzir. Pensei: se as vacas estão aqui, deve ser um recado de Deus, deixa eu começar a fazer”, conta Nilseia.

Curso feito, vaquinhas no pasto, foi o momento de iniciar a fabricação. Em casa, ainda sem muita estrutura, separou uma pia na varanda, fez a higienização do espaço, cercou com tela, organizou o armarinho de maturação e mãos à massa. “Gente… não dava certo”, lembra ela. “Joguei muito queijo fora. Mesmo assim, eu pensava: eu não vou desistir. Eu fazia muito curso no Sebrae e fui orientada a participar de uma palestra que eles trouxeram ‘pro’ Glória com o Ivair (Oliveira), do famoso Queijo do Ivair, de São Roque de Minas”.

A intenção, segundo Nilseia, era conversar com o palestrante ao final do evento para relatar as dificuldades e pedir dicas para que sua produção, enfim, funcionasse. O plano não deu certo e o palestrante se foi sem que a conversa acontecesse. No entanto, por intermédio dos agentes do Sebrae, o telefone da produtora foi enviado ao palestrante, que a surpreendeu com uma ligação.

“De repente, meu telefone toca e quem é? Ivair, me perguntando como ele poderia ajudar e eu disse que meus queijos não estavam dando certo. Ele nos convidou para ir até a fazenda dele, em São Roque de Minas, no sábado seguinte, para acompanhar o processo desde a ordenha até a produção e assim a gente fez”.

Após o ‘intensivão’ em São Roque de Minas, Nilseia e Renato decidiram investir na estrutura. “Não adianta, são muitos os cuidados, precisa ter um local apropriado e, a partir do momento que viemos para a queijaria, tudo mudou e os queijos começaram a dar certo”. De lá para cá, a queijaria Quintal do Glória foi premiada cinco vezes, recebendo medalhas de bronze e prata em concursos nacionais e na França.

“Eu não sei explicar muito bem a minha sensação. É um misto de satisfação, gratidão, muita coisa misturada. É um orgulho levar o nome da minha cidade”, diz Nilseia.

Leite cru, ‘pingo’ (fermento natural colhido do próprio queijo) e coalho. A receita é simples e seguida, sem alterações, por mais de 200 anos, tornando-se um patrimônio cultural e imaterial da região da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Mas, se a receita é a mesma, a região também, o que torna o Névoa da Canastra um queijo a ser premiado?

De acordo com a produtora, o processo é que faz toda a diferença. O extremo cuidado com a higiene durante todo o processo, desde a ordenha, a escolha do gado, a qualidade da água dada aos animais, a força no braço no momento da manipulação da massa, temperatura: tudo influencia no resultado final e cada queijaria tem o seu modo de aplicar os processos a uma receita universal.

“Apesar de estarmos todos na Canastra e termos o mesmo Terroá, leva-se em consideração o gado escolhido, o corte da massa, a força de quem espreme e cada particularidade faz um queijo ser único”, conta Nilseia.

Na Queijaria Quintal do Glória, o gado escolhido foi o 100% Jersey, cujo leite possui bom teor de gordura. Atualmente, o sítio em que se localiza a queijaria conta com 60% de mata nativa, 34 vacas e capacidade para produzir até 25 peças de queijo ao dia.

Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado - Foto: Divulgação / Acifranca
Queijo produzido em São João Batista do Glória conquista prêmio e mercado – Foto: Divulgação / Acifranca

Via: Clic Folha

Queijo Canastra está entre os três queijos mineiros na lista dos melhores do mundo

Queijo Canastra está entre os três queijos mineiros na lista dos melhores do mundo – Foto: reprodução

Três queijos brasileiros estão na lista dos 100 melhores do mundo do site “Taste Atlas”, espécie de enciclopédia online da culinária global. Na posição mais alta entre as opções do Brasil, está o mineiro Canastra, em 24º. Abaixo dele, estão o queijo coalho (85ª posição) e o queijo Minas (93ª).

O ranking leva em conta 1.378 queijos catalogados e 24.296 avaliações dos usuários do site, que classificam as opções de 0,5 a cinco. O Canastra alcança 4,47; o coalho, 4,3; e o Minas, 4,28. Veja a lista completa, em inglês.

Os três primeiros lugares da lista ficam com queijos italianos. Em primeiro, está o Parmigiano Reggiano, cujo sabor é descrito pelo site como “de acastanhado a robusto e levemente picante, dependendo do quanto maturou”. Em segundo, está a muçarela de búfala Campana e, em terceiro, o cremoso Stracchino di Crescenza.

Minas também foi lembrada pelo “Taste Atlas” na lista de 100 melhores regiões gastronômicas do mundo. O Estado aparece em 30º lugar, com destaque para o pão de queijo, o tutu de feijão, o feijão tropeiro, a vaca atolada e o biscoito de polvilho.

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