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Minas amplia e estrutura rede de atenção à saúde dos pacientes queimados

Minas amplia e estrutura rede de atenção à saúde dos pacientes queimados - Foto: Milena Vieira Fotografias
Minas amplia e estrutura rede de atenção à saúde dos pacientes queimados – Foto: Milena Vieira Fotografias

A maioria – 70% das 13.363 pessoas passaram por internação hospitalar causada por queimaduras em Minas Gerais entre os anos de 2019 e 2023 – estava em casa.

Alerta para os riscos, principalmente entre crianças e idosos, a campanha Junho Laranja de 2024, promovida pela Sociedade Brasileira de Queimados, traz o slogan “Queimaduras. Na minha casa não!”. 

A iniciativa busca chamar a atenção das pessoas para a prevenção a queimaduras e conscientizá-las para os riscos dos acidentes domésticos.

“É necessário alertar a população sobre os riscos que podem passar despercebidos no dia a dia. E, ao mesmo tempo, organizar uma rede de atenção capaz de atender os acidentados com presteza, evitando sequelas severas e óbitos”, explica Letícia Freitas, coordenadora de Gestão de Cuidados Intensivos Hospitalares da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Em Minas, o cuidado com a parcela da população que sofre queimaduras tem ganhado mais atenção e investimentos. E é tida como prioritária. 

Nos últimos anos, o Governo do Estado está ampliando a rede de atenção aos pacientes queimados e qualificando a assistência. 

Em 2024, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) já empregou mais de R$23 milhões para ampliar e reestruturar a rede de atenção às pessoas queimadas no Sistema Único de Saúde (SUS) do estado. 

Mais assistência e leitos 

Os investimentos buscam melhorar as condições de promoção, proteção e recuperação da saúde das vítimas e garantir que os serviços estejam acessíveis em locais mais próximos às residências dos mineiros.

Até 2021, Minas Gerais contava com apenas três Centros de Tratamento de Queimados, localizados nos municípios de Montes Claros, Uberlândia e Belo Horizonte. 

Juntas, essas unidades possuíam um total de 14 leitos, dos quais somente nove eram exclusivos para atendimento do paciente queimado.

Com os novos investimentos, atualmente, existem 16 Centros de Tratamento de Queimados, que estão dispostos em 15 municípios  estratégicos de dez macrorregiões de saúde: Centro, Centro Sul, Extremo Sul, Oeste, Noroeste, Norte, Sudeste, Sudoeste, Triângulo do Norte e Vale de Aço. 

Foram investidos R$7,1 milhões nos nove Centros de Tratamento de Queimados Porte II e R$16 milhões nos sete Centro de Tratamento de Queimados Porte III. 

“Os recursos estão sendo utilizados para estruturar os leitos de UTI e enfermaria nestas unidades, estruturar a balneoterapia e adquirir insumos específicos”, detalha Letícia Freitas.

Segundo a coordenadora, além dos recursos de estruturação, a SES-MG faz o repasse de recursos para  garantir o cofinanciamento das diárias de leitos clínicos e de UTI destinados à assistência ao paciente queimado. 

O valor pode chegar a até R$77,7 milhões por ano. E, em 2023, foram repassados R$11,7 milhões aos Centros de Tratamento de Queimados para cofinanciamento das internações. 

“A linha de cuidado ao paciente queimado é prioritária para a saúde estadual. Isto porque esse paciente necessita de uma atenção específica e do atendimento de uma equipe multidisciplinar”, ressalta Letícia Freitas. 

Atendimento

Em caso de acidentes envolvendo queimaduras, a população pode acessar atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Os Centros de Tratamento de Queimados são hospitais  da Rede de Urgência preparados para prestarem o atendimento a esses pacientes. São nessas unidades também que ocorrem o atendimento inicial e a estabilização clínica do paciente médio e grande queimado.

Os pacientes médios queimados são encaminhados para um dos nove CTQ Porte II. Já os pacientes grandes queimados devem ser atendidos em um dos sete CTQ Porte III, que possuem estrutura física e equipe especializada para esses casos.

“No caso de qualquer queimadura, é essencial buscar o atendimento de saúde. Os pacientes são atendidos por demanda espontânea nos hospitais gerais ou via regulação, encaminhados pelo Samu 192 ou transporte similar, dependendo de cada caso e da gravidade do acidente, nos CTQ. As queimaduras de grande extensão, as químicas e elétricas, por exemplo, geralmente são encaminhadas aos centros”, explica Letícia Freitas.  

Os CTQ estão sendo preparados e equipados para receber os pacientes de todo o estado, considerando o fluxo de atenção dentro da rede de assistência à saúde e os acordos estabelecidos entre os municípios. Um protocolo regulatório específico é utilizado pelos serviços de saúde para fazer a transferência dos pacientes, de forma que os casos mais graves tenham acesso prioritário aos leitos.

Santa Casa passa por adequações para ampliar atendimentos na ala de queimados em São Sebastião do Paraíso

Santa Casa passa por adequações para ampliar atendimentos na ala de queimados em São Sebastião do Paraíso – Foto: reprodução

A Santa Casa de São Sebastião do Paraíso (MG) está em fase de adequações para receber pacientes com queimaduras mais graves. Hoje a unidade atende apenas quem teve até 30% do corpo atingido por fogo.

Desde que foi inaugurada, no começo do ano, a ala de queimados da Santa Casa já recebeu mais de 40 pacientes, mas como o hospital não está habilitado para realizar procedimentos de alta complexidade, tem paciente que ainda precisa ser transferido para outras unidades, com o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.

A ala de queimados passa por readequações para ser classificada como tipo 3. Isso significa mais leitos clínicos e de UTI e atendimento ainda mais especializado.

“Por mais que a rede esteja se reorganizando, a gente ainda tem essa dificuldade de encaminhar paciente para Belo Horizonte, porque o João XXIII continua com um volume alto de atendimentos, então a gente fazendo parte dessa rede como tipo 3, assim como eles, a gente vai conseguir dar um alívio para o estado. Apesar de que, nessa movimentação, outros hospitais serão credenciados dentro do estado, no tipo 3 e tipo 2, e também os tipo 1”, explicou o superintendente da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso, Jean Marco do Patrocínio.

Se isso acontecer, a ala de queimados passará a ter 10 leitos clínicos e seis de UTI. O superintendente da Santa Casa acredita que a reforma para atender às exigências será concluída em até dois meses. Além das adequações, as equipes vêm passando por treinamentos.

“A princípio, a gente tem atendido a macrosul inteira e o que a gente tem disponível de leitos tem sido suficiente, mas a proposta do governo do estado é de ampliar a nossa área de abrangência também, de pegar mais um pedaço do estado e a ideia é que nós fiquemos na mesma tipificação do Hospital João XXIII, que é a referência do estado”, completou o superintendente.

Santa Casa passa por adequações para ampliar atendimentos na ala de queimados em São Sebastião do Paraíso – Foto: reprodução

Para o médico Guilherme Silveira Castro, da Santa Casa, ter um tratamento ainda mais completo significa que os pacientes vão receber um atendimento mais rápido, o que faz toda a diferença.

“Sendo habilitado aqui no hospital é uma grande vantagem pra gente já poder fazer o atendimento da maioria dos casos, os casos que ainda precisarem de uma abordagem mais complexa, a gente conta com o João XXIII. O fato da gente ter esse suporte e o hospital estar se qualificando cada vez mais para o atendimento do queimado influi muito, porque o principal problema que o queimado tem é no primeiro atendimento, ele precisa ser estabilizado e cuidado de forma adequada, senão ele nem consegue fazer o processo de reabilitação futura dele”, disse o médico.

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais informou que esse processo do convênio entre o Estado e a Santa Casa encontra-se em andamento. O hospital precisa agora enviar alguns documentos que serão analisados.

A secretaria explicou ainda que os hospitais que atendem queimados na região são além da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso, a Santa Casa de Poços de Caldas, o Hospital das Clínicas de Itajubá e o Hospital Bom Pastor, em Varginha.

Os pacientes são encaminhados para essas e outras unidades de acordo com o fluxo regulatório.

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