Jornal Folha Regional

Estresse e sedentarismo acendem alerta para hipertensão em pessoas cada vez mais jovens

Mortes pela doença aumentaram 72% na última década; Na semana do Dia Nacional de Prevenção à Hipertensão Arterial (26/4), especialista destaca a importância de melhorar o bem-estar do corpo e da mente em todas as idades

Estresse e sedentarismo acendem alerta para hipertensão em pessoas cada vez mais jovens - Foto: reprodução
Estresse e sedentarismo acendem alerta para hipertensão em pessoas cada vez mais jovens – Foto: reprodução

A hipertensão, fator de risco cardiovascular que pode evoluir para doenças graves, como, por exemplo, infarto e AVC, deixa, em sua data nacional de prevenção (26/4), um alerta aos jovens.

Embora menos frequente na faixa etária, a enfermidade em pessoas entre os 30 e 40 anos está em ascensão. “Alguns dos principais motivos para esse fenômeno é a rotina cada vez mais intensa e exigente de trabalho, onde os jovens estão sempre conectados e disponíveis, associados ao sedentarismo e maus hábitos alimentares, que causam maiores níveis de tensão vascular, influindo na distribuição sanguínea do corpo”, explica o Dr. Roberto A. Vasques Jr., coordenador de Cardiologia do Hospital São Luiz Jabaquara. 

De acordo com o especialista, para não se chegar à velhice hipertenso, algo comum a 65% dos idosos, os mais novos devem se antecipar e agir preventivamente, incluindo ações funcionais, saudáveis e proativas ao bem-estar corporal, psicológico e espiritual.

“Dietas baixas em gordura, tais quais a mediterrânea, a vegetariana/vegana, a nórdica, além de uma ingestão baixa de carboidrato e sódio, trarão benefícios de longo prazo. Um apoio mental, de psicólogos/psicoterapeutas, e até mesmo espiritual, é igualmente recomendável. Tudo isso promoverá uma rotina mais saudável e equilibrada nesses dias corridos”, analisa.

No Brasil, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, o número de hipertensos está em expansão na última década. Em 2021 foram registradas 39.964 mortes pela doença, dado 72% superior em relação ao de 2011, com 23.233 óbitos por pressão alta.

“Podemos dizer que o Brasil vive uma transição epidemiológica de hipertensão arterial. A interpretação dos números sugere que as próximas gerações sofrerão com um incremento substancial na prevalência de hipertensos e suas complicações, como reflexo direto os maus hábitos atuais”, alerta Vasques.

Outro agravante é o fato da hipertensão arterial ser assintomática, já que menos de 10% dos portadores apresentam sintomas, como tontura, falta de ar, palpitações, dores de cabeça e alteração na visão. Essa característica da doença ressalta o papel primordial dos exames de rotina para diagnóstico precoce, fundamental para iniciar o tratamento adequado antes do surgimento de outras complicações.  

“É importante que o paciente esteja em dia com seus exames, mas também mantenha o zelo com a própria saúde. Ações como praticar esportes e atividades físicas, controlar o peso, não fumar, ingerir álcool com parcimônia e controlar o diabetes complementam a chave para não ter problemas arteriais na juventude e, por consequência, na maturidade”, finaliza o profissional do São Luiz Jabaquara.

Localizado na zona Sul da capital paulista, o hospital da Rede D’Or conta com um Ambulatório Cardiovascular e equipe altamente especializada. O serviço possui um parque tecnológico moderno e diversificado, pronto para a realização de consultas, exames e cirurgias, além de um pronto-socorro completo voltado a cuidados preventivos ao coração e artérias.

O que é pressão arterial?

Caracterizada pela elevação sustentada acima de 140×90 mmHg (milímetro de mercúrio) dos níveis de pressão nas artérias (principais canais por onde o sangue é distribuído), a hipertensão é um caso único na medicina, diagnosticada por uma medida matemática de razão/proporção, encontrada em simples checagens de contração braçal.

O primeiro número refere-se à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração. Já o segundo tem a ver com a força do movimento de diástole, quando o coração relaxa e espalha sangue novo na corrente.

A condição pode ser primária, quando genética e determinada por histórico familiar, ou secundária, decorrente de outras comorbidades, como questões renais, da tireoide, diabetes, estresse e colesterol alto. 

Infartos são mais comuns às segundas-feiras, revela estudo

Infartos são mais comuns às segundas-feiras, revela estudo – Foto: Divulgação

Um curioso estudo irlandês descobriu que casos graves de infarto agudo do miocárdio são mais comuns às segundas-feiras. No total, os dados foram coletados por mais de cinco anos em hospitais da região. O porquê dessa relação ainda é desconhecida, mas a evidência sobre os ataques cardíacos no começo da semana deve servir de alerta para os serviços locais de emergência médica.

“Agora, precisamos desvendar o que há em certos dias da semana que os tornam mais prováveis [para o infarto]”, afirma Nilesh Samani, diretor médico da British Heart Foundation (BHF), em nota. “Isso deve ajudar os médicos a compreenderem melhor essa condição mortal e fazer com que possamos salvar mais vidas no futuro”, acrescenta.

Os resultados do estudo foram anunciados, oportunamente, na última segunda-feira (5), durante a conferência anual da British Cardiovascular Society (BCS), na Inglaterra. A pesquisa completa ainda não foi publicada em nenhuma revista científica.

Risco de ataque cardíaco no Brasil

Antes de seguir, vale mencionar que o infarto agudo do miocárdio é uma causa de morte bastante comum no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registra entre 300 a 400 mil casos anuais de ataque cardíaco. Em média, é um óbito para cada cinco ou sete casos.

O desfecho do caso está intimamente ligado ao atendimento de emergência médica nos primeiros minutos, o que aumenta significativamente a probabilidade da pessoa ser salva. O procedimento mais comum nesses casos graves é a angioplastia de emergência, que “reabre” a artéria coronária (artéria do coração) entupida, liberando o fluxo sanguíneo. 

Infarto do miocárdio e a “temida” segunda-feira 

O estudo que relaciona a segunda-feira com o pico de casos mais graves de infarto na Irlanda e na Irlanda do Norte foi desenvolvido por pesquisadores do Belfast Health and Social Care Trust e do Royal College of Surgeons, entre os anos de 2013 e 2018.

No total, a equipe analisou dados de mais de 10,5 mil pacientes que foram internados no hospital em decorrência de um ataque cardíaco por mais de cinco anos. Especificamente, só foram incluídos casos de Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do ST (Iamcsst), que é um dos tipos mais graves da condição.

No geral, foi possível identificar o aumento nas taxas de ataques cardíacos do tipo no início da semana de trabalho, mas as taxas mais altas eram observadas exclusivamente às segundas-feiras.

“A causa provavelmente é multifatorial, no entanto, com base no que sabemos de estudos anteriores, é razoável presumir um elemento [envolvido com o ritmo] circadiano”, sugere Jack Laffan, do Belfast Health and Social Care Trust. Apesar da suspeita, defende a necessidade de mais estudos sobre a questão.

Conheça os fatores de risco para o infarto do miocárdio

Oficialmente, a segunda-feira não é um fator de risco para os infartos, já que os dados foram recolhidos exclusivamente em uma população europeia e faltam evidências dessa correlação no Brasil, por exemplo.

Hoje, estes ainda são os principais fatores de risco, segundo o Ministério da Saúde:

Estresse em excesso;
Tabagismo;
Sedentarismo;
Colesterol alto;
Alimentação não saudável.

Cabe destacar que esses hábitos são associados com outras doenças e condições, além do infarto, como hipertensão, Acidente Vascular Cerebral (AVC), obesidade, diabetes e depressão. Inclusive, o Canaltech já compartilhou um especial sobre como mudar hábitos que estão associados com as doenças cardíacas, destacando alimentos que podem ser incluídos na dieta e a importância do sono.

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