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Mesmo após acidente com submarino, OceanGate ainda vende duas viagens para 2024

Mesmo após acidente com submarino, OceanGate ainda vende duas viagens para 2024 – Foto: Divulgação/OceanGate

Quase duas semanas após acidente do submarino que levava turistas ao fundo do mar para ver o famoso navio afundado Titanic, a OceanGate mantém anúncio de viagem igual à que terminou em catástrofe. A empresa responsável pelo submarino Titan, que implodiu e matou cinco pessoas, mantém em seu site de expedições o anúncio de duas viagens ao Titanic em 2024. A primeira deve ocorrer entre 12 e 20 de junho do ano que vem, enquanto a segunda será entre 21 e 29 de junho no mesmo ano.

O anúncio diz que a passagem custa US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1 milhão), valor similar ao da embarcação que implodiu no fundo mar há cerca de 10 dias. O anúncio diz que o passeio inclui um mergulho submersível; acomodações privadas; todos os treinamentos necessários; equipamento de expedição e todas as refeições a bordo.

O valor, porém, exclui hotéis e refeições antes da partida, além de seguro de viagem e pessoal. O portal norte-americano TMZ obteve um documento que isenta a responsabilidade da empresa por possíveis acidentes, como o que aconteceu neste mês de junho.

A Guarda Costeira dos Estados Unidos anunciou neste domingo (25) uma investigação sobre a implosão que destruiu o submarino Titan e matou as cinco pessoas que estavam em uma expedição até a área de destroços do Titanic. “Meu objetivo principal é evitar um incidente semelhante, fazendo as recomendações necessárias para aumentar a segurança marítima em todo o mundo”, disse o capitão Jason Neubauer, investigador-chefe da Guarda Costeira, em entrevista coletiva em Boston.

O órgão criou o que chama de conselho de investigação marítimo na última sexta-feira (23), disse Neubauer, e está trabalhando com o FBI em uma operação de resgate dos destroços, que estão a 488 metros da proa do navio naufragado em 1912, a quase 4 km de profundidade, e a 600 km da costa leste do Canadá. A Guarda Costeira está em contato com as famílias das vítimas para o caso de encontrar restos humanos. Neubauer disse que a investigação americana também pode recomendar eventuais sanções civis ou criminais, caso seja necessário.

O anúncio ocorre um dia depois que o Conselho de Segurança de Transporte do Canadá, país que também ajudou nas buscas do submarino, anunciou uma investigação sobre o acidente, que levantou questões sobre a regulamentação desse tipo de expedição. O Titan foi considerado desaparecido no dia 18 de junho. Para chegar até o local da expedição, o cargueiro Polar Prince, de bandeira canadense, rebocou o veículo para o mar no fim de semana anterior, mas perdeu contato com o submersível uma hora e 45 minutos depois que o submarino iniciou a descida para a área do naufrágio do Titanic.

Após uma operação multinacional de busca e resgate, a Guarda Costeira anunciou na quinta-feira (22) que as cinco pessoas a bordo do submersível morreram depois de uma “implosão catastrófica “. O empresário americano Stockton Rush, 61, dono da OceanGate, responsável pela expedição, esnobou diversos alertas de que o veículo não era seguro. Ele pilotava o veículo no momento do acidente e está entre as vítimas. Um dos alertas foi feito por Rob McCallum, especialista em exploração em alto mar. Em 2018, ele acusou Rush de colocar a vida de seus clientes em risco e sugeriu que o empresário suspendesse as expedições com o submersível Titan até que o veículo recebesse certificações de órgãos independentes.

“Você está colocando a si mesmo e a seus clientes em uma dinâmica perigosa”, escreveu McCallum, segundo troca de emails obtida pela rede britânica BBC. “Em sua corrida ao Titanic, você está espelhando o grito de guerra famoso: ‘[a embarcação] é inafundável'”, acrescentou, em referência à fama do transatlântico antes de naufragar.

No mesmo ano, o comitê de veículos subaquáticos da Sociedade de Tecnologia Marítima, grupo que reúne líderes da indústria de embarcações submersíveis, alertou em carta endereçada a Rush para possíveis consequências “catastróficas” nas expedições, em decorrência da abordagem experimental do veículo.

Internamente, a empresa também parece ter recebido avisos. Um funcionário da companhia foi demitido em 2018 após afirmar que o submersível não seria capaz de descer a profundidades extremas, de acordo com a revista americana The New Republic, que acessou os documentos da Justiça sobre o caso.

A companhia costumava justificar a falta de certificação pelo seu grau de inovação. “Quando a OceanGate foi fundada, seu objetivo era buscar o mais alto nível de inovação no projeto e na operação de submersíveis tripulados. Por definição, a inovação está fora de um sistema já aceito”, afirmou depois a companhia em uma publicação intitulada “Por que o Titan não é certificado?”.

Submarino implodiu e todos a bordo morreram, diz Guarda Costeira dos EUA

Submarino implodiu e todos a bordo morreram, diz Guarda Costeira dos EUA – Vítimas da implosão do submarino da OceanGate

A empresa OceanGate confirmou nesta quinta-feira (22) que os cinco tripulantes do submarino que estava em uma expedição turística para ver os destroços do Titanic morreram. O submersível sumiu no domingo (18) e os destroços foram encontrados nesta quinta. De acordo com a Guarda Costeira dos Estados Unidos, o veículo implodiu.

A implosão foi confirmada porque os destroços que foram achados mostram que a cabine que protegia as pessoas da pressão do mar foi perdida. Ainda não se sabe em qual momento e por qual motivo a embarcação implodiu.

Foram encontrados um cone que ia na frente do submarino, além de um pedaço da parte da frente e outro da parte de trás da cabine de pressão.

As peças foram encontradas a cerca de 500 metros dos destroços do Titanic e estavam a uma profundidade de cerca de 4.000 metros

Não se sabe ainda se haverá uma busca pelos corpos, no entanto — o local é muito inóspito, segundo as autoridades.

Os ruídos que foram captados pelas equipes de buscas nos últimos dias aparentemente não tinham nenhuma relação com o submersível.

A implosão deve ter gerado um som forte, segundo a Guarda Costeira, mas esse barulho não foi captado pelos navios e sonares que participavam da operação de resgate. Isso sugere que a implosão ocorreu antes do começo da operação.

Submersível Titan, em foto sem data — Foto: OceanGate Expeditions/Divulgação via REUTERS
Submersível Titan, em foto sem data — Foto: OceanGate Expeditions/Divulgação via REUTERS

Anúncio da morte

Pouco antes da entrevista coletiva da Guarda Costeira, a OceanGate, a empresa do submarino, afirmou em um comunicado que todos os passageiros tinham morrido.

As vítimas são:

  • o diretor-executivo da OceanGate, Stockton Rush, piloto do submarino;
  • o empresário paquistanês Shahzada Dawood;
  • Suleman Dawood, que é filho de Shahzada;
  • o bilionário e explorador britânico Hamish Harding;
  • e o ex-comandante da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet, principal especialista no naufrágio do Titanic.

Destroços encontrados

A descoberta dos destroços nas áreas de buscas pelo submarino Titan foi feita por uma sonda perto de onde estão os restos do Titanic.

“Uma área com destroços foi descoberta dentro da área de busca por um veículo não tripulado perto do Titanic. Especialistas do comando unificado estão avaliando as informações”, disse na manhã desta quinta o comando Nordeste da Guarda Costeira norte-americana, que coordena as operações de busca.

Os restos do Titanic estão a 3.800 metros abaixo do mar, em um ponto do Oceano Atlântico cerca de 600 quilômetros distante da costa do Canadá.

Fim do oxigênio

Pelas estimativas das equipes de buscas, se o submarino ainda estivesse inteiro na manhã desta quinta-feira, o oxigênio no interior da embarcação teria acabado por volta das 6h (horário de Brasília).

Desaparecimento

Confira, a seguir, um resumo com as principais perguntas e respostas sobre as buscas do submarino que desapareceu no Atlântico Norte.

🚢 Qual o objetivo da expedição? Ver os destroços do Titanic, que afundou em 1912, no Oceano Atlântico.

🧭 Onde estão os destroços do Titanic? A cerca 3,8 mil metros de profundidade, a 650 km da costa do Canadá.

💵 Quem organiza o passeio e quanto custa? A expedição é organizada pela empresa de turismo marítimo OceanGate Expeditions, que cobra US$ 250 mil (R$ 1,19 milhão) de cada passageiro.

🗓️ Quando o submarino desapareceu? A expedição começou na sexta-feira (16), partido de Newsfoundland, no Canadá. A descida propriamente dita teve início no domingo (18). A expectativa inicial era que demorasse cerca de duas horas para chegar aos destroços do Titanic, mas o módulo perdeu comunicação após 1 hora e 45 minutos de viagem.

🎮 Como era submarino? Chamado Titan, ele:

  • tinha 6,5 metros de comprimento por 3 metros de largura;
  • pesava mais de 10 toneladas e era feito de fibra de carbono e titânio;
  • era guiado por um joystick que se parece muito com um controle de videogame;
  • moveiase a uma velocidade de 3 nós (5,5 km/h) e é impulsionado por quatro propulsores;
  • podia levar até cinco pessoas;
  • e não era autônomo, como um submarino de grande porte, razão pela qual precisou ser carregado na superfície do mar por 643 km até a região da descida.
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