Jornal Folha Regional

Anvisa proíbe venda de “Metbala”, medicamento de tadalafila

Anvisa proíbe venda de “Metbala”, medicamento de tadalafila – Foto: reprodução

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda da bala de tadalafila chamada “Metbala”, fabricada pela empresa FB Manipulação Ltda.

Segundo a agência, a medida foi adotada porque o produto não tem qualquer tipo de regularização na Anvisa. Além disso, a empresa identificada não tem autorização da Anvisa para fabricar medicamentos.

A resolução com a medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (14). A proibição também se aplica a qualquer pessoa, empresa ou veículo de comunicação que comercializem ou divulguem o produto.

De acordo com a legislação, medicamentos só podem ser comercializados por farmácias e drogarias e precisam estar registrados na Anvisa. O registro é a comprovação de que o produto possui eficácia, segurança e qualidade.

A tadalafila é um medicamento sujeito à prescrição médica e o uso depende de uma avaliação sobre as condições específicas do paciente. A agência alerta que aqueles que fazem propaganda de produtos irregulares também cometem infração sanitária e está sujeito a penalidades.

Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024

Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024 - Foto: reprodução
Tadalafila: Genérico do remédio foi o 5º mais vendido no Brasil em 2024 – Foto: reprodução

“Sabe qual é o segredo pra aguentar a noite todinha? Tadalafila! Tadalafila!”. O trecho da música “Tadalafila”, da banda Barões da Pisadinha, que já alcançou quase 6 milhões de visualizações em dois anos no YouTube, dá o tom do uso indiscriminado e sem recomendação médica do composto entre homens brasileiros, o que tem preocupado a comunidade médica. Há relatos de quem usa o medicamento para melhorar o desempenho sexual ou até como pré-treino em academias.

O consumo indevido da tadalafila – indicada para tratar disfunção erétil, entre outras patologias – pode explicar o fato de a venda do remédio ter disparado no Brasil. Em 2024, o genérico foi o quinto mais comercializado no país, com mais de 61,2 milhões de unidades vendidas, conforme a pesquisa Pharmaceutical Market Brasil (PMB), da IQVIA, divulgada pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos). Foi a primeira vez que o medicamento ficou entre os cinco mais consumidos.

Com um aumento crescente nos últimos quatro anos, Minas Gerais foi o segundo Estado brasileiro que mais vendeu tadalafila em 2024, com mais de 7,6 milhões de unidades, o equivalente a 12,44% do total nacional e a uma alta de 47,3% em relação a 2023. São Paulo, com mais de 12,7 milhões (20,82%), lidera o ranking.

Veja mais

O temor dos médicos é que o uso da tadalafila sem prescrição médica é um risco à saúde. Urologista do Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais, Maxmillan Alkimin explica que, por ser um dilatador dos vasos sanguíneos, a tadalafila é indicada para tratar a disfunção erétil, a hipertensão arterial pulmonar e os sintomas da hiperplasia prostática benigna. 

“Temos observado uma maior procura entre os homens mais jovens, de 20 a 35 anos, sem nenhuma patologia, que querem performar melhor durante as relações sexuais. E isso é extremamente preocupante, já que pode trazer muitos efeitos colaterais, como dor de cabeça, alteração cardíaca e até dependência”, afirma o especialista.

Apesar dos riscos, a tadalafila é um medicamento de fácil acesso e pode ser comprada em qualquer farmácia, como explica a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), Márcia Alfenas. “Mesmo que haja a necessidade de apresentar prescrição médica para comprá-la, a receita não fica retida com o farmacêutico, o que acaba facilitando a compra”, comenta.

Facilidade confirmada por Marcelo*, que é jornalista. Morador de BH, foi em 2023, com 29 anos, que ele decidiu tomar tadalafila mesmo sem orientação médica. “Tive curiosidade de saber como seria minha performance e também queria estender as relações. Funcionou e continuei tomando. Meu desempenho melhora, e a ereção permanece por bastante tempo”, conta.

Segundo Marcelo, que atualmente tem 30 anos, ele costuma fazer uso do remédio em “ocasiões especiais” e consome doses pequenas para evitar efeitos colaterais. “Na primeira vez que usei, tive certo receio. Mas depois fiquei mais tranquilo”, afirma.

*Nome fictício para preservar a identidade.

Venda ilegal pode gerar punição

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que medicamentos só podem ser vendidos em farmácias e drogarias devidamente regularizadas, seja fisicamente ou por seus sites. O órgão também disse que a fiscalização in loco de estabelecimentos, para verificar a venda de remédios para fins diferentes dos indicados, é realizada pelas vigilâncias sanitárias municipais e lembrou, ainda, das responsabilidades do profissional farmacêutico, que, entre outras atribuições, deve zelar pelos controles exigidos à dispensação de cada medicamento.

Por fim, a Anvisa ressaltou que as punições para estabelecimentos que estejam infringindo as leis podem variar de acordo com a situação encontrada, o potencial do risco gerado e o porte da empresa, podendo haver multas de R$ 2.000 até R$ 1,5 milhão, interdição parcial ou total do estabelecimento e cassação do alvará de funcionamento.

Presidente do CRF-MG defende conscientização

Márcia Alfenas, presidente do CRF-MG, defende que a principal medida para evitar o uso indevido da tadalafila é a conscientização da população. Segundo ela, dificultar a venda não inibiria o uso indevido e geraria transtornos para quem precisa do remédio. 

“Mudar a tarja e o tipo de receita não é a melhor solução. As pessoas precisam ter acesso aos medicamentos, mas elas precisam entender que o remédio deve ser utilizado apenas para o que ele é destinado. Também estamos orientando os farmacêuticos sobre o uso indiscriminado”, explica.

Receber notificações de Jornal Folha Regional Sim Não
Jornal Folha Regional
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.