O número 190 da Polícia Militar de Passos (MG) recebe, cerca de 1,8 mil trotes por mês, uma média de 60 por dia. O número representa 25% do total de atendimentos mensais.
O principal canal de comunicação de emergência da PM , atende Passos e mais 15 cidades da região e o que é considerado por muitos uma brincadeira, pode prejudicar o atendimento de uma emergência.
“A partir do do momento que o policial recebe essa ligação e se trata de um trote, você está ocupando uma linha. Então poderia estar atendendo uma pessoa que está numa situação de emergência e acaba sendo ocupada com uma situação que não tem nada a ver”, afirmou o capitão Diogo da Silva Rosa, comandante da PM de Passos.
Os mais de 21 mil trotes anuais também representam gastos desnecessários para a corporação.
“Tem um prejuízo ainda de deslocamento da equipe policial. Então, você tem ali uma viatura, nós temos recursos humanos e logísticos deslocados para uma ação que não tem nada a ver com a atividade de emergência e policial”, disse o comandante.
Para minimizar os prejuízos, os policiais recebem treinamento para poder detectar quando uma ligação é trote e fazem uma série de perguntas quando atendem um pedido.
Não é brincadeira, é crime
O trote aos serviços de atendimento de emergência, como Polícia Militar, Samu e bombeiros é crime previsto no Código Penal com penas que podem chegar até 5 anos de prisão.
Em maio, uma mulher foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a um ano, seis meses e 11 dias de reclusão, em regime aberto por passar trote ao Samu, em Boa Esperança (MG).
De acordo com o capitão Diogo, em Passos já houve casos de indivíduos presos por denúncia falsa de crime e passar trote.
Como boa parte dos trotes é aplicado por crianças, o comandante pede que os pais estejam atentos ao comportamento dos filhos.
“A gente solicita aos pais que orientem as crianças e adolescentes, deixem o celular ou telefone travado para evitar que a criança ou adolescente faça a ligação ao 190, porque pode estar prejudicando uma pessoa que está numa situação de emergência e talvez não consegue fazer o contato com a Polícia Militar”, disse o capitão.
Outro comportamento que prejudica bastante o trabalho da polícia são ligações para pedir informações.
“Tem pessoa que pede endereço de estabelecimento e outras informações que podem ser obtidas na internet e, repito, acaba ocupando a linha a e prejudicando uma pessoa que está numa situação de emergência. O 190 é para situação de emergência. Então, se você é vítima de infração penal ou você está visualizando uma testemunha, pode ligar que a polícia tem que atuar e realizar os procedimentos ali, seja uma prisão de flagrante ou prestação de socorro”, reforça o capitão Diogo.
Via: G1