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STJ manda Igreja Universal pagar R$ 23 milhões por demolir casarões

STJ manda Igreja Universal pagar R$ 23 milhões por demolir casarões – Foto: reprodução

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que condenou a Igreja Universal do Reino de Deus a pagar mais de R$ 23 milhões como indenização por danos patrimoniais e morais coletivos, pela derrubada de três casas declaradas patrimônio cultural de Belo Horizonte (MG). 

A destruição dos imóveis, no bairro de Lourdes, no Centro-Sul da capital mineira, teve como finalidade a construção de estacionamento para os fiéis da igreja, de acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, autor da ação civil pública que gerou a condenação.

Os promotores destacaram que, em 2004, a Igreja Universal entrou com um pedido de intervenção nos imóveis para implantar um estacionamento para a “Catedral da fé” ou “Templo da fé”. Em dezembro do mesmo ano, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural iniciou o julgamento do pedido, porém, não autorizou a destruição das casas.

Os casarões foram derrubados pela Igreja Universal em 2005, quando já eram bens protegidos por atos administrativos de inventário e registro documental. Os órgãos de preservação histórica e cultural da cidade concluíram pelo tombamento integral dos imóveis.

Ao reconhecer que as casas destruídas estavam protegidas como patrimônio público, o TJMG fixou em aproximadamente R$ 18 milhões a indenização por danos patrimoniais causados ao meio ambiente cultural, e em R$ 5 milhões a reparação dos danos morais coletivos. O tribunal determinou, ainda, que a Igreja Universal construa memorial em alusão aos imóveis destruídos.

Em recurso especial, a igreja alegou, entre outros fundamentos, que não poderia ser condenada por prejuízos ao patrimônio histórico e cultural porque as casas foram derrubadas quando o processo legal de tombamento ainda não existia. A instituição também questionou o valor das indenizações.

Processo de tombamento já estava em trâmite no momento das demolições

A decisão mais recente é do ministro Sérgio Kukina, que em julho de 2021, por meio de decisão cautelar, havia proibido a igreja de implantar o estacionamento no local.

Na decisão que manteve acórdão do TJMG, Kukina explicou que, nos termos do artigo 216 da Constituição Federal, o tombamento não é a única forma de proteção do patrimônio cultural, de modo que a utilização da ação civil pública para a preservação de construções de valor histórico não está condicionada à existência de tombamento, sendo suficiente que o bem tenha os atributos que justifiquem a sua proteção.

Ainda assim, o relator destacou que, conforme apontado pelo TJMG, embora os imóveis não estivessem efetivamente tombados quando foram demolidos, já tramitava naquela época o processo administrativo para o tombamento – sobre o qual a igreja foi notificada –, e os imóveis estavam protegidos por decreto de intervenção provisória.

Em relação ao valor das indenizações, Sérgio Kukina comentou que o STJ só pode revisar o montante fixado pelas instâncias ordinárias quando for constatado que ele é exorbitante ou irrisório.

No caso dos autos, contudo, o ministro entendeu que os argumentos da igreja para reduzir o valor das indenizações – ela alegou, por exemplo, que os casarões estavam abandonados e não eram referência histórica ou cultural para a população – não foram objeto de análise pelo TJMG, não havendo como o STJ decidir a respeito, por força da Súmula 7 da própria corte e da Súmula 282 do Supremo Tribunal Federal (aplicada por analogia).

Pastor embolsa R$ 30 milhões da Igreja Universal e foge

A direção da Universal do Reino de Deus (Iurd) denunciou à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) um pastor que teria desviado cerca R$ 30 milhões da igreja.

Antigo morador de Ceilândia, o religioso, que é formado em arquitetura, foi um dos responsáveis pela construção do Templo de Salomão, erguido no bairro do Brás, em São Paulo. Ele também tocava as obras da nova sede da Universal, que ocupa uma área de 52 mil metros quadrados e fica às margens do Pistão Sul, em Taguatinga.

De acordo com a denúncia feita pelos advogados da Universal, o arquiteto e pastor teria direcionado contratos para uma construtora localizada em Portugal. Ele ainda estaria lavando dinheiro em solo estrangeiro.

Após constatar as irregularidades, a Universal entrou em contato com o suspeito, que fugiu. Até o momento, não há informações sobre o seu paradeiro. A PCDF optou por não divulgar o nome do arquiteto para não comprometer as investigações.

Novo templo

A versão candanga do Templo Salomão (projeção na imagem destacada) contará com heliponto, elevador privativo, espelho d’água, arborização, três andares de garagem subterrânea, vista livre para o céu e poderá ter até uma esteira para carregar o dízimo dos fiéis para um cofre. O novo centro terá capacidade para receber 5 mil pessoas.

No último dia 9, outra investigação envolvendo lideranças da Universal foi revelada. Pelo menos 12 ex-pastores são acusados de desviar ao menos R$ 3 milhões de dízimos e ofertas dos cofres da entidade religiosa.

Não existe qualquer denúncia ou notícia-crime sobre o assunto apresentada à Polícia Civil do Distrito Federal, ou para outra autoridade do DF;

Por meio de nota, a Universal contestou informações apresentadas na reportagem. Segundo a instituição, “o ex-pastor em questão não trabalhou nas obras do Templo de Salomão e não existe essa ‘esteira para carregar dízimo a um cofre’ que o texto menciona”.

O comunicado também classifica a denúncia como ato de “preconceito, maldade e desinformação” praticado “contra a Universal, seu corpo eclesiástico e 7 milhões de féis”.

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